Eu me servi do Chilli que Kitty havia feito e me sentei em um dos bancos da bancada na cozinha.
Quando eu comecei a comer ela entrou na cozinha e se sentou a minha frente.
- Então? – ela fez a minha feição preferida.
- Está uma delícia. – eu disse apontando pra minha pequena tigela com Chilli.
Ela sorriu.
- Eu sei que sim, mas eu não estava me referindo a comida. – ela disse.
Eu também sorri.
- Eu só queria te pedir desculpas de novo por mais cedo. – eu disse.
- Está tudo bem, Massimo. – ela ia se levantar.
- Eu não acabei. – apontei pro banco.
Ela revirou os olhos e se sentou.
- Kitty, eu sei que a gente não se conhece direito, eu não sei nada sobre você ou você sobre mim, mas como eu te disse ontem no hospital... eu quero muito conhecer você. – falei. – E quero que você me conheça também, por isso eu vou te explicar o motivo de eu ter reagido daquela forma quando você me acordou.
Ela me encarou.
- Você usa drogas? – ela perguntou sem nenhuma hesitação na voz.
- Não. – falei. – Mas já usei... muito. Eu sou um ex-viciado.
- Em qual? – ela quis saber.
- Cocaína. – falei.
- A quanto tempo você está limpo? – ela perguntou.
- 15 anos, mais ou menos. – respondi.
- Jesus! Quantos anos você tem? – ela arregalou os olhos.
- 27.
Eu percebi que ela contava mentalmente.
- Você usava desde os 12 anos? – perguntou incrédula.
- Não... eu parei com 12 e me viciei com 10. – respondi.
Ainda ouvi ela murmurar um "Jesus!".
Eu ainda não contaria sobre Ricardo ou os "serviços" que eu fazia pra ele.
- Se você não usa a 15 anos porque estava agindo como se você tivesse usado hoje de manhã? – perguntou curiosa.
Como ela sabia?
- Você já usou cocaína, Kitty? – perguntei com cautela.
- Uma vez, mas não usei mais. – ela disse. – Eu não uso nada que me tire do ar. Eu não confio nas pessoas e no que elas podem fazer comigo enquanto estou "fora".
- Que bom! – dei um gole no meu suco. – É um maldito vicio.
- Eu sei... – ela suspirou.
- Sabe?
- Minha mãe... er... era viciada. – agora ela estava hesitante.
- Onde está sua mãe, Kitty?
- Morreu... – ela deu de ombros. – Overdose de cocaína.
- Eu sinto muito. – lamentei.
- Não sinta... – ela disse rápido. – Eu mesmo não sinto.
Ficamos em silêncio.
- Voltando a hoje de manhã... eu tive um sonho. Na verdade eu tenho ele frequentemente – eu disse. – Nesse sonho eu volto a usar cocaína e sempre acordo desse jeito. – passei a mão pelos cabelos. – Eu não sei explicar o porquê, mas eu acordo com a sensação da droga no meu corpo, acordo com vontade de usá-la, com vontade de voltar ao Broklyn e cheira toda cocaína colombiana que eu encontrar. – suspirei. – Por isso, fiquei agressivo e perdi o controle... você devia ter me parado.
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Only hope
RomanceMassimo é um médico solteiro e bem sucedido, mas o seu passado o atormenta. Numa noite ele conhece Laura, de uma forma nada convencional. Um tempo depois ele descobre que a cura para os seus fantasmas é aquela mulher com rosto de menina.