Capítulo 8

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Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé – Lao-Tsé



Eudine passou a mão pela crina do animal e o sentiu tranquilo, como se já estivesse acostumado ao seu toque. Algo que a fez pensar que ele não precisava estar preso do lado de fora do estábulo. Porém, não quis contrariar Mack, pedindo que o soltasse.

Diante do ocorrido, qualquer outra pessoa teria ficado com pavor de andar a cavalo, mas esse não era o caso dela. Apesar dos pesares, ainda confiava mais nos animais do que nas pessoas. Por isso, a única coisa que fez, principalmente porque ele estava pesado ao carregar suas provisões, que se resumiam a duas mudas de roupa, comida e água, foi verificar se a sela estava bem presa.

Aquele era o melhor momento, não havia dúvidas. O rei e Gael haviam convocado os homens que ficaram no castelo para falarem sobre as providências a serem tomadas contra Leishter e sua horda.

— Hão de dar falta do cavalo, Eudine! Além disso, Mellt apesar de grande e pesado, é muito rápido. Ele é um cavalo de combate, não de passeio! Se um animal desses cair sobre você pode ser fatal — Mack a advertiu. Até ela aparecer no estábulo, o jovem não tinha acreditado que fosse mesmo capaz de fazer o que havia lhe falado e estava triste por saber que estava enganado. Queria fazer com que mudasse de ideia.

— Mellt é a montaria que preciso e não me dará problemas. Acha que eu teria alguma chance se saísse daqui com um cavalo de passeio? — Eudine perguntou obstinada, voltando seu olhar ao jovem — E, além do mais, se eu me machucar, pode ter certeza de que não será por culpa dele.

— Gael saberá que o levou — Mack insistiu, tentando sua última cartada para impedir que ela se fosse — E me castigará novamente.

Eudine saiu de perto do cavalo e caminhou em direção ao jovem. Ela usava roupas masculinas, pois acreditava que um vestido a atrapalharia, e trazia os cabelos presos. Assim, moveu-se rapidamente e parou diante dele, apanhando-o pelos dois ombros, como se fosse sacudi-lo, mas em vez disso, fez com que ele a encarasse.

— Se o lhe ameaçar, cite o meu nome. Diga que sabe o que eu sei e que e, se algo te acontecer quando eu voltar, porque voltarei — ela prometeu — Eu não manterei o meu silêncio.

Mack arregalou os olhos.

— Acha realmente que isso vai detê-lo?

— Eu sei que vai — confiante não desviou seus olhos dos dele.

— Você quer que eu ameace o homem mais poderoso do reino depois do rei, sem ter a mínima ideia do que esteja falando? — Mack continuava reticente.

— O importante não é a sua ignorância, mas a ciência dele — Eudine o encarou — Você confia em mim ou não?

— Confio — Desta vez não houve hesitação. Confiar, na verdade, era pouco. Ele a amava.

— Então, faça o que eu estou te pedindo! Só há uma coisa que faz um homem poderoso recuar: alguém acima dele. Por esse motivo, ele não te fará nada.

— Está me dizendo que o que sabe tem relação com o rei? — Mack olhou-a desconfiado.

— Sem arroubos de inteligência agora, Mack — Eudine pediu — Nem sempre ganha quem tem as melhores cartas, mas sim quem sabe convencer o oponente que as tem. Só estou te pedindo para fingir.

Ele pensou em retrucar, mas ela o impediu, falando antes dele.

— Tenho que ir, antes que o duque chegue e antes que os homens voltem aos seus postos — ela olhou para os lados, sua partida só dependia da chegada de Hank.

Rainha Negra (Somente Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora