Capítulo 5 - Acção-Reação

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Os dois dias seguintes foram estranhamente calmos. A minha mãe tinha-se mantido ocupada com o novo trabalho e a lida da casa. Ela ainda continua a procurar um trabalho que corresponda às suas capacidades. Ela vai encontrar alguma coisa.

A minha irmã Mia tem passado os dias a saltar, literalmente, pela casa e ontem tive de a ir buscar a casa de uma amiguinha da escola. Não me custou nada. Para além disso, o sorriso que tinha estampado na cara indicava o quanto ela estava feliz.

Quanto ao John… ele mal apareceu em casa nestes dois últimos dias. Pergunto-me onde é que ele anda a dormir. Ugh… agora penso melhor, acho que uma boa ideia esquecer essa pergunta.

Penteando o cabelo numa calma quase inquietante, lia atenciosamente a matéria para o próximo teste de biologia e geologia. Embora fosse sexta-feira, eu sabia que não podia deixar a matéria toda para estudar no fim de semana. Inclinando a cabeça à medida que lia, conclui que a matéria não me parecia complicada.

Não podia falhar a disciplina nenhuma. Estava definitivamente fora de questão. Era por isso que hoje planeava passar o meu dia enfiada em casa a estudar.

Ti-ti-tick!

Olhando na direcção da minha bolsa, rezei para que não houvessem planos para hoje. Mordendo o lábio, fui buscar o telemóvel e cliquei no botão “ler”. Era uma mensagem da Rachel. Podia ler: “Olá, pessoal! Eu estava aqui a pensar e... alguém tem planos para hoje a noite?”

Franzindo a testa, li uma vez mais aquela mensagem. Oh, oh… ela escrevera “pessoal”. Será que isso significava que ela também tinha mandado mensagem para os rapazes? Porque razão não tinha escrito alguma coisa como “olá, meninas”? Era o que escrevíamos sempre. Curiosa, decidi ligar-lhe.

“Olá Rachel,” cumprimentei.

“Hey!” respondeu ela.

“Hum… quem, exatamente, está incluído em ‘pessoal’?” perguntei sem mais rodeios. “E sim, estou livre.”

“Boa! Eu queria referir-me a nós e aos rapazes.” Oh… certo. Certo… Então isso significa que o Jason vai lá estar.

“Perfeito!” disse ironicamente. “E quais são os planos?”

“Hum… pronta para apanhar uma constipação?” perguntou ela tentando esconder o riso.

“O quê? Mas afinal onde é que queres ir?” perguntei mais confusa do que nunca.

“Isso só vais saber mais logo.” Afirmou. “Tenho de ir agora…”

“Não! Hum… levo sapatos de salto?” perguntei. Desta vez ela riu ainda mais. Qual era a piada?

“Eu não faria isso… Xau, Abby!” pi, pi, pi…

Na altura eu não entendi a mensagem. Não fazia sentido nenhum. Mas, de qualquer modo, eu decidi ir embarcar nesta saída mistério … de sapatilhas, claro. Sabia que a Gaby ia lá estar. Para além disso, precisava de me distrair um pouco depois de ter passado o dia com a cara enfiada nos livros.

Assim, disse à minha mãe que ia dormir em casa da Gaby e só vinha à hora de almoço. Ela deixou-me mas a Mia fez-me prometer que no dia seguinte eu lhe contava duas histórias para adormecer. Sorrindo, tinha-lhe prometido que o faria.

Antes de sair de casa, despejei todo o conteúdo da minha mala em cima da cama. Tencionava levar o mínimo de coisas possíveis, isto é: telemóvel, fones, lenços, batom, rímel, lápis para olhos, as chaves de casa… o que eu não esperava, era encontrar um pequeno papel perdido no meio de tanta tralha. Não me lembrava de ter posto aqui nada.

Peripécias da Vida de AbbyWhere stories live. Discover now