Capítulo 2 - Nicholas Sparks? Não mesmo...

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Ontem as coisas saíram um pouco do nosso controle. Todos nós, sem exceção tomamos drogas e se me lembro bem – e eu espero que não - a casa ficou uma lixeira. Por isso, hoje depois do almoço mandei mensagem às miúdas para que dessemos um jeito lá.

A Chrystal e a Rachel disseram que não podiam, mas prometeram que ajudavam à noite se eu decidisse esperar. Quanto à Gaby, sei que ela saiu da cidade com os pais depois de almoço para visitar os tios. Eles moram quase a uma hora daqui. Ela disse que queria que eu tivesse ido com ela mas como era só uma visita rápida e não se viam há muito tempo, os pais não tinham autorizado. Seca…

Por estas razões, a tarefa tinha sobrado para mim. Na verdade, eu não me importava. Este lugar era perfeito para passar algum tempo sozinha. Já não tinha receio uma vez que tínhamos passado aqui toda a semana e ninguém tinha aparecido. Para além disso, eu simplesmente gostava deste lugar. Por isso é que o tinha escolhido.

Esperemos que o dono da casa não se lembre de repente que também gosta deste lugar… Nah, não vai acontecer. Provavelmente, pertence a alguém que faleceu e cujos herdeiros não têm qualquer interesse neste monte de madeira. O que é muito conveniente!

Eram agora três horas da tarde. As limpezas estavam feitas e eu estava sentada numa carpete velha que eu e a Gaby tínhamos trazido para cá um dia à noite. Sim, nós fizemos mesmo isso…

Roemo-nos de medo essa noite. Acabamos por sair daqui a correr, como se algum louco estivesse a perseguir-nos. Muito sinceramente, eu acho que as únicas loucas aqui somos nós mesmas. Andar pelo meio da floresta a meio da noite…

De qualquer maneira, onde é que eu ia? Ah! U-hum…

Neste momento, estou sentada na carpete que trouxemos. Está em frente a uma janela. Erguendo a cabeça, consigo ver as partículas de pó a caírem delicadamente diante de mim. É contraditória toda esta calma, considerando que o livro que tenho em mãos retrata um episódio de guerra. Assim que lia ansiosamente sobre a situação peculiar em que as personagens se encontravam, sobressaltei-me quando uma voz profunda me soou aos ouvidos.

“Hey!” Já sabia a quem pertencia: Jason.

Fechando abruptamente o livro e empurrando-o para debaixo do sofá no qual tinha encostado as costas, tentei recuperar a minha postura. Estava ainda petrificada, tentando perceber se tinha sido bem sucedida a esconder o livro ou não. Por fim, olhei na direção da voz.

“Oi.” Respondi, franzindo as sobrancelhas. Porque razão tinha ele vindo aqui?

Trazia umas jeans pretas apertadas – mas não demasiado – com uma t-shirt branca estampada e umas vans azuis escuras. Apenas sorriu, ainda à entrada da sala, sob o vão da porta.

“Então, o que estás a fazer?” perguntou casualmente, com as mãos dentro dos bolsos.

“Não,” disse, ignorando totalmente a sua pergunta. “o que é que tu estás a fazer?” questionei, enfatizando o pronome “tu”. Desencostando-se da parede, deu alguns passos na minha direção. “E caso não te tenhas apercebido, estás a invadir o meu espaço.” Apontei tal como se tivesse a dizê-lo a uma criança de 5 anos.

“Certo.” Disse ele, parando a meio do caminho. “Tu sabes muito sobre invasão de propriedade, não é Abby?” retorquiu ele, com um leve tom de ironia. Respirando fundo, à medida que o via aproximar, falei novamente.

“O que foi mesmo que vieste cá fazer?” perguntei não disfarçando de modo algum o desejo de o ver longe daqui.

“Vim ver como vocês estavam.” Cruzando os braços sobre as costas do sofá, vi-me forçada a olhar para cima para que pudesse olhá-lo.

Peripécias da Vida de AbbyWhere stories live. Discover now