Capítulo 24 - O monstro no interior

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"Gaby?" chamei. "Estás aí?"

"Sim, sim. Espera um minuto." Pediu. Estava ao telemóvel com ela há cerca de dez minutos e tinha finalmente conseguido explicar-lhe o que tinha acontecido em casa do Isaac. O aparelho estava pousado no meu ombro enquanto eu percorria o painel do tumblr. "N-não, mãe." Ouvi do outro lado da linha. "Não! Já comi sopa ontem..." ri-me baixinho. "Ugh! Está bem, eu como." Finalmente voltou a dirigir-se a mim. "Abby?"

"Ainda aqui estou!" afirmei, sorrindo. À medida que a Gaby falava era perceptível que tinha um sorriso no rosto.

"Desculpa. Abby..." hesitou ela. "Alguma vez consideras-te a possibilidade de sentires alguma coisa por ele?" perguntou cuidadosamente.

"O quê?!" ri. A minha voz tomou um tom bastante cético. "Já verificas-te a tua temperatura, Gaby? Acho que estás a delirar..." comentei.

"Hey, eu não estou a dizer que gostas do Jason!"defendeu-se. "Estou só a dizer que... é notável que ele te afecta de alguma maneira. Asseguro-te que não sou a única a reparar."

"Claro que ele me afeta! Ele faz-me querer arrancar os olhos fora para que nunca mais tivesse que ver a sua cara estúpida!" exclamei. Depois, suspirei. "Ugh... Gaby, isto nunca me tinha acontecido com nenhum outro rapaz antes. Não sei o que se passa..."

"Ouve, Abby. Eu sei que não sou a melhor pessoa para te aconselhar no que toca a rapazes. Quer dizer... eu mal consigo estar à beira da espécie masculina..."

"Hey!" interrompi. "O teu gato é macho e estás sempre com ele!" brinquei. Ela riu-se.

"Oh, estou a falar a sério!" protestou ela. "Acho que devias deixar as coisas fluir - como eu tenho tentado fazer." O meu cérebro imediatamente me fez reviver as memórias do baile da escola. Lembrava-me perfeitamente dos minutos em que tinha dançado lentamente com o Jason e do modo como ele tinha proferido palavras semelhantes. "Deixa-te ir, Abby." Um ligeiro arrepio percorreu a minha espinha e regressei rapidamente ao presente.

"Certo. Vou pensar nisso." Afirmei. "Tenho de ir agora. Obrigada, Gaby. És a melhor ouvinte!" Ela riu novamente. Eu realmente adorava o facto de ela ter um riso fácil. Podia jurar que este fazia maravilhas ao meu estado de espírito.

"Beijos. Vejo-te amanhã!" E assim, desligou. Pousando o telemóvel na secretária, levantei-me e, quando me virei, surpreendi-me ao ver que a Mia estava a espreitar pela porta entreaberta. Cerrei ligeiramente os olhos.

"Mia... estavas a espiar-me?" inquiri. Ela imediatamente se apercebeu do meu estado de espírito brincalhão e soltou um pequeno riso de entusiasmo. "Estavas?"

"Não." Respondeu ela sorridente, prolongando a letra "a".

"Eu acho que estavas..." murmurei. "O que é que eu faço agora?" perguntei, aproximando-me. Ela riu outra vez.

"Não sei!"

"Pois eu sei!" E soltando um enorme rugido de leão - ou pelo menos tentando - caminhei a passos largos até ela, apanhando-a a meio do corredor e fazendo de conta que a ia comer viva sem qualquer piedade. Ela gritou, rindo-se continuamente, o que me fez rir também. Parei, depois de alguns segundos. "Estavas a espiar-me?" perguntei outra vez.

"Não! Não estava!" afirmou ela, dificilmente controlando os risos que lhe escapavam.

"De certeza?" perguntei.

"Sim!" respondeu, sorrindo.

"Hum! Acho bem." E com isto, deixei-a ir. Ela desceu as escadas um pouquinho depressa demais apesar dos meus avisos. Abanei a cabeça, dirigindo-me também ao andar de baixo.

Peripécias da Vida de AbbyWhere stories live. Discover now