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Quando tenho a certeza de que Gustavo está fora de vista, começo a correr pela calçada, desesperada para chegar logo a um lugar seguro para chorar. Como eu pude ter sido tão burra? Será que é porque ele dedicou tanta atenção a mim? Eu deveria ter sido mais inteligente.

Quantas vezes eu não me policiei, não disse a mim mesma que não queria ser aquele tipo de pessoa. E agora estou aqui, apaixonada por um cara que ama outra pessoa.

Como eu sou estúpida. Me deixei enganar por um rosto bonito.

Chego na Avenida Santo Amaro e paro, olhando para os lados. A rua do restaurante apenas desce, então se ele quiser me seguir, vai ter que fazer o retorno por outra rua. Eu não acredito que ele vá fazer isso - ele também não parecia muito feliz comigo.

Não quero arriscar, de qualquer maneira, então entro em uma rua próxima, evitando a avenida - com meus curativos, sou um alvo fácil na rua para ele me localizar. Eu poderia pegar um táxi para casa, mas preciso desse tempo na rua, andando sozinha, para colocar minha cabeça no lugar.

As lágrimas ainda descem, e eu não sei dizer se são de vergonha ou tristeza. O que eu esperava? Que ele estivesse disponível? Eu não acredito que me deixei apaixonar por uma pessoa que não conheço. Se tivesse sido cautelosa, como normalmente sou, não estaria chorando, perdida no meio da rua.

Eu sei que acabei sendo influenciada pelo sonho que tive, e também pelo anel. Mas como eu poderia segurar esse sentimento dentro de mim, quando todo meu mundo parece girar ao redor dele quando estamos próximos? Eu achava que ele também sentira, ou pelo menos sentira como as coisas não são normais conosco.

Eu estou enganada, e estou com raiva. Raiva por ter permitido que ele me enganasse dessa maneira. Mas o que mais dói é saber que ele ama outra pessoa. Que alguém pode ter o amor, a atenção, o corpo dele e não eu.

Como ele se atreve a me oferecer a mão quando existe outra em seu coração? Como ele pode me abraçar e secar minhas lágrimas e logo depois falar para outra pessoa que a ama?

Pego meu celular com as mãos tremendo e acho o número de Larissa, porque acredito que ela é a única pessoa no mundo que vai conseguir me acalmar no momento.

Quando está no quarto toque, minha ansiedade está transbordando. Ela atende sussurrando - eu deveria saber que ela estaria trabalhando naquele horário.

Alô? More? Está tudo bem?

─ Larissa... eu sou uma idiota! Eu não acredito que deixei ele fazer isso comigo. Você sabia que sua amiga é uma covarde imbecil? E o pior de tudo, ainda sou uma traidora! Mesmo sem saber que eu era! ─ minha voz sai tão alta, que eu não me admiro que as poucas pessoas que passam por mim me olham assustadas.

More, calma. Não entendi absolutamente nada do que você disse ─ Larissa parece estar correndo também, provavelmente indo para algum lugar onde possamos conversar.

Ela trabalha numa faculdade, e não é permitido que ela atenda ligações enquanto está na secretaria. Provavelmente ela estava desafiando algumas regras para conversar comigo naquele momento. Me odiei um pouco mais por coloca-la nessa situação.

─ Ele tem uma namorada, Larissa! Quem sabe seja até sua noiva, vai saber. Eu não fiquei muito tempo para perguntar exatamente o que ela era.

Paro para respirar, ciente de que estou ofegante e perdendo a cabeça. Eu preciso me acalmar, existem coisas muito mais importantes para lidar do que surtar por causa do advogado da empresa que eu trabalho.

Mas no fundo eu sei que ele tem razão - ou pelo menos ele conseguiu me convencer disso - e não tem nada que eu possa fazer por meus pais da sala de espera do hospital. Só que isso só faz com que a minha cabeça fique cheia de Gustavos e remorsos.

A Chance do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora