(27) Flagra

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O beijo foi duradouro e acompanhado por afagos em minha cintura. Eu não queria me afastar. Decidi que não hesitaria mais, não negaria mais, pois estava realmente atraída por ele. Não porque era bonito ou atraente, mas porque se importava.

Ele se importava.

Luca havia trazido minha mãe de volta, mesmo que em sonho... E como se isso já não fosse um motivo bom o suficiente para que eu me jogasse em seus braços, ainda confrontara o próprio pai por mim! O que ele havia visto de especial em uma adolescente totalmente imperfeita? Eu realmente não sabia.

Entrelacei meus dedos em seu cabelo macio, e logo os senti gelar, pois as madeixas dele estavam molhadas -e bagunçadas agora. Luca apertou minha cintura com as duas mãos e encarou-me.

— O que foi? — Indaguei.

— Eu não sei o que você tem, mas não é como outras garotas.

— Como assim?

Ele balançou a cabeça levemente.

— Não sei explicar, mas é... forte.

— Forte? — Franzi a testa.

— Seu cerne. É intenso demais, eu sinto. E é quase impossível resistir a isso... Você é como uma brisa suave... — Ele sorriu de um jeito leve. — Mas sei que é capaz de se tornar um vendaval, se quiser.

— Acha mesmo?

— Tenho certeza.

Fiquei feliz com o que Luca disse. Sempre havia detestado pessoas que me achavam vulnerável demais, incapaz demais... Eu era forte, sabia disso. Talvez não fisicamente, mas emocionalmente, sim.

Nessa hora, tracei o contorno de sua boca com o dedo indicador, e ele pareceu gostar, então me colocou no sofá ao seu lado. Quase sem perceber, nos deitamos e continuamos a nos beijar, e como minha camiseta estava um pouco erguida, podia sentir uma parte do abdômen nu dele junto ao meu.

Espero que ele não tenha o poder de ler pensamentos...

Luca começou a beijar meu queixo, meu pescoço, minha clavícula... E parou por aí. Ou melhor, tornou a beijar-me nos lábios, no início com suavidade, depois com intensidade. Acredito que era uma maneira de me provocar. Ele se afastou um pouco, mas ainda estava sobre mim e eu não conseguia me mexer. Fazia algum tempo que não tinha a boa sensação de desejar alguém -mais precisamente três meses, desde que havia terminado meu relacionamento com Igor, um garoto da minha escola.

Luca se levantou e gesticulou para que eu me sentasse, depois, sentou-se ao meu lado e falou para eu apoiar minha cabeça em seu colo, e eu o fiz.

— Está com fome? — Perguntou.

— Não...

— Tenho uma curiosidade. — Comentou, fazendo-o erguer os olhos para ele, que pressionava um lábio no outro.

— O que você pretende fazer estudar?

A pergunta me pegou de surpresa, pois eu esperava algo menos... normal.

— Bom... eu gostaria de cursar Letras. Eu acho que ensinar é um dom, e é algo maravilhoso, sabe... compartilhar conhecimento.

— Eu entendo perfeitamente. — Luca sorriu. — Cursei Letras há muito tempo, como se fosse um humano... — Ele fitou algo ao longe. — Incentivado por... uma pessoa, e continuei, mesmo depois que ela, bom... Foi a melhor decisão que eu tomei.

— Luca, tudo bem, pode dizer o nome dela, eu sei que foi uma pessoa importante para você. — Afirmei, sinceramente.

Seus olhos escuros fitaram os meus.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora