(23) Enfim... juntos

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— Como assim?

Luma se virou para Jack.

— Fique aqui, vou dar uma volta com Susana.

— Beleza.

Embora curioso para ouvir a história de Luca, o nefilim assentiu e jogou-se no sofá como se morasse ali há anos, pegou seu celular e começou a jogar. Luma me guiou até a porta e nós saímos de seu apartamento. Descemos as escadas e fomos para fora do prédio em silêncio.

— Ninguém mora aqui? Quer dizer, ninguém... além de você? — Perguntei ao anjo, notando que o lugar era isolado.

— Não. As pessoas daqui acreditam que esse lugar é assombrado.

— Sério?

— Sério.

Eu a segui até um banco de concreto que havia perto de algumas árvores há poucos metros do prédio. Nós nos sentamos e ficamos alguns segundos em completo silêncio.

— Então? Qual é a história por trás da queda de Luca?

Luma se ajeitou um pouco no banco.

— Helena.

— Helena?

Lembrei-me de Helena Portinari, a garota obcecada por Jack.

— Sim. Susana, vou lhe contar toda a história, e peço que, por mais absurda que ela pareça... — Seus belos olhos âmbar encararam os meus. — Peço que acredite em mim.

— Tudo bem... Vou tentar.

— A história dele começa com seu pai. Devon era o braço direito de Caleb, ou Deus, como vocês o chamam... assim como era muito fiel a Lúcifer, também, consequentemente, quando ele se rebelou, Devon ficou ao seu lado. Mas, a inveja que ele tinha de seu superior era maior que sua lealdade, então, Devon seduziu sua mulher, e com ela teve um filho...

— Luca. — Deduzi.

— Sim. Ariel, a esposa de Lúcifer, era boa e justa, porém, por causa do amor que sentia pelo marido, também caiu. Quando teve o filho de Devon, jurou não revelar a Lúcifer que o menino não era seu filho, e colocou seu nome de Luca, pois acreditava que a criança seria como uma luz nas trevas. Bem, e foi... Desde pequeno, Luca era forte em poder, e muito bondoso, tanto que Caleb decidiu levá-lo ao céu...

— Como assim?

— Caleb se agradou dele e o tirou do Castelo das Trevas, apagando suas lembranças, para que ele não se lembrasse dos horrores da sua vida como demônio. Lúcifer se irou quando soube que Ariel havia permitido tal acontecimento. Ele jurou matá-la e ela lhe disse que não havia motivos para ele estar tão furioso, pois, afinal, o menino era filho de seu mais fiel soldado, não dele.

— Meu Deus...

— É claro que Lúcifer a matou, e Devon, como a amava, decidiu se vingar. Dizem que ele o matou, mas sinceramente? Não acredito nisso... Algum tempo passou e, quando Luca completou vinte e um anos, a idade em que nós, anjos, chegamos à maturidade, Caleb lhe deu seu primeiro trabalho como anjo, o de criar sonhos para os humanos. — Luma sorriu. — Ele era o melhor no que fazia, nunca houve outro que criasse sonhos tão reais. Muitos anos depois, ele teria de criar um sonho para uma humana, que não podia ser considerado agradável, então...

— Para Helena?

Ela assentiu.

— Depois do sonho, Luca sentiu pena dela, então decidiu encontrá-la no sonho seguinte para reconfortá-la. É claro que não foi uma péssima ideia. Eles se encontravam todas as noites. Luca lhe contou sobre o que realmente era, sobre seu trabalho no Paraíso... E a moça lhe contou sobre o seu, de como amava ensinar às crianças... Os dois se apaixonaram, e como alguns anjos sempre haviam sentido inveja de Luca por seu poder e glória, contaram a Caleb tudo o que sabiam. Então, mesmo relutante por amar Luca como a um filho, exilou-o do Paraíso. Na Terra, Luca ao menos pensou que poderia ficar com Helena, e ficou... por apenas alguns meses.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Where stories live. Discover now