(18) Salvação

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— Pare de dar uma de mocinha indefesa, Susana! — Ordenei a mim mesma. — É só um bosque... E você está sozinha... E Devon pode achá-la a qualquer hora...

Certo, isso não está ajudando.

Eu caminhava devagar. Estava com medo e com frio. A garoa era fina, porém, tão gelada que parecia que estavam caindo agulhinhas sobre mim, e já era tarde. Ninguém poderia estar fazendo algum tipo de passeio ou caminhada naquele local. Eu estava completamente isolada.

Amedrontada ou não, continuei meu trajeto pela mata. Algo me dizia que eu estava muito longe da saída. Provavelmente, eu entrava cada vez mais naquele lugar. Sei que passei uns bons vinte minutos andando, o que, mesmo com o frio que estava fazendo, deixou algumas gotas geladas de suor escorrerem pela minha testa. Segurei todo o meu cabelo e o enrolei, como se fosse fazer um coque, e o coloquei de lado.

É inútil. Eu nunca sairei daqui, e Devon me achará.

A sola da minha sapatilha era muito fina, e isso a tornava ineficaz para se caminhar no "meio do mato", já que quando eu pisava em certas pedras, ou elas machucavam meus pés, ou acabavam entrando dentro do sapato. Além disso, vez ou outra entravam formigas dentro delas também, e eu tinha que ficar tirando-as para retirar as formigas, que, obviamente, já tinham me picado.

Pelo menos são apenas formigas.

Passei a mão em minha perna, pois sentira algo nela, mas não havia nada, na verdade, fora apenas uma impressão -uma impressão muito ruim.

Estava submersa num cansaço intenso. E o sono me consumia também. Mas eu não desistiria de lutar. Não podia desistir. Já perdera pessoas demais, e, se dependesse de mim, eu não perderia Jack também.

                                                                          

                                                                           ***

Narrado por Jack



— Ficou louco? E o nosso acordo? — Perguntei, furioso.

Ele riu de forma áspera.

— Não foi um acordo verdadeiro.

Meu coração estava acelerado. E não era só pelo medo que estava sentindo. Havia um alto grau de adrenalina dentro de mim também. Eu havia treinado durante anos para fazer o melhor que podia nas situações graves que encontraria em meu caminho.

Treinara anos para ser o melhor.

Antes de conhecer Devon, eu não sabia que tipo de aberração era, mas sabia, com toda a certeza, que não era normal. Conhecer Devon tinha sido uma vantagem, na verdade, pois ele me ajudara a saber quem eu realmente era.

E o que era capaz de fazer.

E eu sabia, mesmo com um pouco de receio, que era capaz de derrotar o adversário que investia contra mim naquele exato momento. Desviei de um soco, e pude ver a espada de Luca cravada numa das árvores do lugar. Ele viera mesmo preparado para me matar.

Então, uni toda a força que pude em meu punho e, sem hesitar, soquei a mandíbula do anjo caído, o que, mais uma vez, abriu um pequeno corte em seu lábio. Inevitavelmente, sorri.

— É a última vez que faz isso. — Luca passou o dedo indicador no canto da boca.

— Pode apostar que não. — Provoquei-o, partindo para cima dele novamente.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz