(11) Meu Criador de Sonhos

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— Só... em livros. — Respondi baixinho.

Ele começou a andar pelo quarto com as mãos para trás.

— Realmente, inventam muitas histórias sobre nós.

Nós? Não pode ser...

Meu coração disparou.

— Isso não é possível...

— Histórias sobre como Lúcifer caiu, histórias sobre anjos vingadores... Ah, sim, há também histórias sobre anjos caídos que se apaixonam por bonequinhas de barro. — Ele praticamente gritou as últimas palavras. — Sabe o que eu gosto nos humanos?

Balancei a cabeça negativamente.

— Não.

— Eles têm uma criatividade incomparável. Adoro ouvir as histórias que inventam sobre nós, são divertidas... — Ele me encarou. — Mas a inteligência e criatividade de vocês se tornam ordinárias se pensarmos no que são capazes de fazer uns com os outros.

Você é louco.

— Devon, eu...

— Srta. Bontempo, por que não passa seus belos olhos cor de avelã sobre as roupas que estão dentro desse guarda-roupa? — Ele apontou com um dedo magro para o móvel claro. — Acredito que lhe servirão perfeitamente, como se tivessem sido feitas especialmente para você. Ah... isto é uma ordem.

Encarei-o. Como ele conseguia mudar de um assunto tão tenebroso para outro fútil com tanta facilidade?

Ele se virou, saiu pela pequena porta e a fechou, deixando-me sozinha no quarto. Olhei para a cama, os lençóis pareciam estar limpos e aconchegantes, sem pensar duas vezes, joguei-me neles e enterrei meu rosto no travesseiro. Estava presa numa casa estranha, com um louco como sequestrador. Ele realmente pensava que era um anjo? Jack estaria me procurando? Quanto tempo eu suportaria tudo aquilo?

Não demorou muito para meus pensamentos tortuosos cessarem. Comecei a pensar no quão forte abraçaria Enrique, Lúcia, Jack, Filipe e Scarlett, se conseguisse fugir daquela prisão. Alguns minutos se passaram e eu adormeci, ainda com lágrimas nos olhos.

                                                                            

                                                                                 ***


Despertei e, com relutância, sentei-me na cama. Olhei à minha volta, e imediatamente notei que não estava em meu "novo quarto", como Devon falara, mas estava em meu antigo e verdadeiro quarto.

Estou... em casa!

— Oh, meu Deus... Não acredito... — Sorri. — Scarlett! — Gritei.

— Não está em sua casa. Não realmente.

Tive um sobressalto ao ouvir a voz de Luca. Olhei para todas as direções, ele não estava no quarto.

— Onde você está? — Indaguei, indo até a porta para olhar o corredor.

— Aqui.

Virei-me e dei de cara com ele. Eu estava a menos de dois centímetros dele e podia sentir seu perfume muito bem, entrava pelas minhas narinas como as fragrâncias das flores da Flores de Monteiro, era... entorpecente.

— Como assim não estou em casa? — Questionei-o com ironia. — Olhe em volta. Você me tirou de lá? — Sorri para ele, extremamente agradecida.

Feche os olhos, Anjo (livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora