24. SALINHA ESCONDIDA

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ENRIQUE TERMINOU a série de simulações e voou para o Bar do Berto, onde o doutor Janson o aguardava com Sarah. Bastou ele se aproximar e Sarah, já muito sensível à presença do companheiro, avisou ao Lorde que ele estava chegando. Quando Enrique entrou na salinha escondida, sua namorada e seu preceptor interromperam subitamente o assunto, olhando-o com caras bem risonhas. Ele avermelhou até as orelhas e avisou:

- Eu não quero nem saber do que vocês estavam falando, principalmente porque tenho uma boa ideia do que era!

Beijou Sarah na face, puxou uma cadeira para o lado dela, passou o braço pelos ombros da garota e aproximou-a bem de si e disse, direto:

- Espero que não se importe por eu ter contado ao doutor Janson sobre o que você me disse sobre... Bem, sobre você. Ele é terrível quando resolve extorquir uma informação da gente! O que vocês estão fazendo escondidinhos aqui? Comendo tudo que o Berto tem de bom, ou esperando um batalhão, considerando a quantidade de comida que tem nessa mesa?

- O doutor Janson estava me falando sobre a importância do seu trabalho. Eu fiquei impressionada. Não tinha entendido que as consequências iam tão longe!

- Ah, Sarah, vai ser espetacular! Em mais uns anos vamos ter naves indo e vindo entre a Terra, Lua e bases espaciais do mesmo jeito que acontecia com os navios, no começo da exploração! Vai ter risco envolvido, é claro, mas nada desse risco doido nem dessa dificuldade imensa que tem hoje! Vai dar pra passear lá em cima! Pode imaginar?! Ver a Terra do espaço, sem ser um astronauta superespecializado que viveu a vida toda se preparando pra isso?! - Abraçou-a mais forte, muito feliz. - Eu pretendia mostrar o laboratório a você, mas está entulhado de gente da Engenharia de Espaço lá dentro agora, por causa das simulações da tarde. Estão examinando os resultados tão abestalhados que daqui a pouco um diz dããã, então a gente pode usar a gravidade pra ajudar, em vez de ser atrapalhado por ela?, e eu vou cair na risada na cara da criatura, e isso não vai ser nem um pouquinho educado. Dá pra deixar a visita pra outro dia?

- Sem problemas! Parece que foi uma tarde de muito sucesso. O doutor Janson estava justamente me dizendo que você estava tão distraído hoje que todo mundo estava me considerando uma péssima influência para o gênio local.

- Mudaram de ideia de tarde - garantiu ele, rindo e pegando alguns petiscos da mesa. - Porque começo com felicidade geral e termino em inspiração total! E como você pôde me abandonar no almoço daquele jeito cruel?!

- Fácil: sendo cruel.

- Sarah! - protestou ele, enquanto o doutor Janson ria, avisando que seu instinto de psicólogo avisava que estava na hora de cair fora.

- Acho que nós vamos ficar mais um pouquinho, doutor Janson, enquanto Enrique come tudo que tem na mesa. - Enrique protestou. Ideias davam fome! - Depois vamos passear na cidade, porque aqui no campus não vai dar.

- Mantenha contato, Enrique.

- Sim senhor, doutor!

O homem saiu e Sarah sorriu, comentando:

- Ele gosta demais de você.

- E eu gosto demais dele. É uma pessoa incrível! Sabe tanto de tanta coisa, e está sempre rindo e brincando, sem nada daquela coisa de esnobe insuportável! Olha, a gente pode sair agora, se você quiser. Dá pra esvaziar mesas em outro lugar, se bem que esses petiscos do Berto são sensacionais!

- Quero que você me conte o que fez de tão extraordinário no laboratório, hoje.

- Sério?! Você quer mesmo saber?! Ah, deuses, eu vou derreter de tanto amor! Você não existe!

Olho do FeiticeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora