125 - NAS ÁGUAS

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É um capítulo curtinho,

mas, ao menos, vocês não ficam na mão...

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APESAR DE EMERSO, o Arquipélago estava sob o bloqueio oceânico. Na superfície, apenas as Casas e Linhagens superficianas mais atentas perceberam o monumental estouro de poder.

No Império, o impacto se alastrou – uma onda vermelha de luz e ódio.

A maior parte dos imperiais, sem as habilidades mentais de seus antepassados, não era capaz de sentir o poder. Mas viram. E, do fundo do coração, da mente, do instinto, fosse o que fosse, compreenderam.

Os Palácios dos Reinos Independentes, escudados por cristal e poder, acusaram o choque; mas, como há muito haviam bloqueado Relana, tudo foi mantido do lado de fora. Linhagem, letrados e estudiosos constataram, com horror, que o poder do vermelho era muito maior do que o estimado. E que a mais sensata das providências havia sido ouvir as advertências de Durina e Moolna, e se afastar daquele louco.

As Mansões dos Lordes ficavam bem próximas do Palácio de Relana e do Arquipélago. Sentiram o impacto com muito mais força do que os Palácios, mas seu poder era particularmente eficiente em bloquear Relana. No entanto, a força do Imperador Jamion era tão absurda que, por cautela, os Lordes fecharam-se em seus Salões de Tronos e aguardaram nos próprios Tronos o desenrolar dos acontecimentos. A prioridade era assegurar a sobrevivência de suas Linhagens. Lamentavam as centenas de vidas perdidas, mas enfrentar o vermelho era apenas suicídio. Era melhor viver para lutar outro dia.

A única exceção foi a Mansão de Moolna.

Como a Imperatriz e Senira, Moolna compreendera que a Guarda Imperial estava com os dias contados. Seus informantes avisaram sobre a partida do Imperador com toda a Guarda, oficialmente para enfrentar os renegados que destruíam uma vila de sem-donos depois da outra.

Carl, o Lorde, não recebeu o aviso. Estava nos Tronos, cego e surdo, absorto num contato profundo com a Mansão. Mais uma vez, procurava soluções para a maldição que o filho carregava.

A Lady recebeu a mensagem. Apenas por um momento, hesitou.

(– Suas ordens, milady.)

(– Afastem-se do Arquipélago. Levem suas famílias para o mais longe possível. Imediatamente.)

(– Sim, milady.)

Em vez de interromper o contato do companheiro com a Mansão, ela chamou os sogros. Matriarca e Patriarca surgiram juntos. A Lady repassou a eles o aviso do Arquipélago.

– Fez bem, filha – disse tranquilamente a Matriarca. – Vamos adormecer os meninos e aguardar.

– Gostariam de fazer isso, senhora?

– Por certo. – A Matriarca sorriu de leve e, com o companheiro, dirigiu-se para a ala dos netos.

Os meninos brincavam e aprendiam com um preceptor. A chegada dos avós interrompeu o estudo e, rindo, correram para abraçá-los. Lucas, como sempre, foi o primeiro a chegar, atropelando os avós com as novidades aprendidas. Leonard deu espaço ao irmão mais novo e cumprimentou quando ele deu uma folga.

– Mas não era dia de virem, vovô.

– A Mansão tem uma tarefa complexa a executar. Viemos apoiar seus pais. E vocês...

– Temos que dormir! – protestou Lucas. – Puxa, vovô, quando vão deixar a gente estar junto numa coisa dessas?

– Quando forem um pouco mais velhos. Agora, cama.

Olho do FeiticeiroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora