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Entrei dentro do carro tentando manter a calma. Até que me lembrei de um amigo de escola da Amy que foi uma vez lá em casa.

Ele havia me dito o endereço aonde morava, disse que era novo na cidade havia se mudado recentemente com a família.

Decidi ir até lá, talvez a mãe dele ou alguém da família podia saber aonde Amy estava já que eu não fazia idéia.

Chegando lá toquei a campainha e esperei. Uma moça de cabelos curtos e olhos claros abriu a porta.

-Olá, sou o Charlie. Minha filha Amy é amiga de escola do seu filho.

-Ah, sim. Amy é uma menina adorável. Mas por favor, entre.

Entrei e sentamos no sofá.

-Então, senhora...

-Kelly. Mas só Kelly por favor, não me chame de senhora.- disse ela sorrindo.

-Claro. Então Kelly, eu fui até a escola agora e me disseram que Amy não está lá. Mas ela saiu de casa dizendo que ia para a escola. Não tenho idéia de aonde ela possa ter ido então pensei que você ou alguém de sua família, já que Amy e seu filho são amigos, podia saber pra onde ela foi.

-Me desculpa, Charlie mas eu não sei aonde Amy pode ter ido. Meu filho, Mike foi para a escola também. Mas meu outro filho está no quarto. Amy e ele também são amigos.

-Quem? Eu não sabia que você tinha outro filho.

    Amy
Damon espia pelo vão da porta e tenta ver quem está lá embaixo.

-Não consigo ver.

-Sai daí, deixa eu olhar.- empurro ele.

-Quem? Eu não sabia que você tinha outro filho.- reconheço a voz com um susto.

-Puts, sujo. É meu pai.- fecho a porta.

-Teu pai? Porque ele tá aqui?

-Coisa boa que não é. Ele deve ter ido na escola. Droga. Eu tô ferrada.- pego a minha bolsa.- Preciso sair daqui e chegar antes dele em casa ai finjo que estava no banheiro, sei lá.

-Tenho uma idéia.- Damon vai até a janela e a abre.

-Você não está esperando que eu pule, né?

-Você tem alguma idéia melhor?

-Droga.- digo ao perceber que não tem outra saída. Vou até a janela examinar a altura. Tem um telhado e dá pra mim descer por ele.

-Boa sorte.

Reviro os olhos o ignorando. Primeiro me certifico se é seguro então dou um impulso e vou descendo com cuidado pelo telhado, vejo que tem uma escada mais adiante. Quase escorrego e meu coração quase sai pela boca. Essa foi por pouco, penso e finalmente chego até a escada.

    Charlie
Kelly vai até o segundo andar chamar seu outro filho que ainda não conheço. Ela logo volta com um garoto magro e um pouco maior que Amy. Me levanto para cumprimenta_lo.

-Charlie, esse é meu filho Damon. Damon, esse é o Charlie pai da Amy.

-Olá, senhor.- diz o garoto calmo. Mas algo em seu rosto me diz logo de cara que ele sabe de alguma coisa.

-Olá, prazer Damon. Sua mãe estava me contando que você e Amy são amigos, eu não sabia disso. Ainda não tínhamos sido apresentados.

-Vejo Amy às vezes, senhor.

-Filho, não seja mentiroso.- Kelly sorri delicada.- Você e Amy se vêem praticamente todos os dias. Parece até que nasceram grudados.

-Você está sendo modesta, mãe.- diz o garoto olhando de um jeito meio frio para sua mãe.

-Não, não estou.- Kelly responde, ainda sorrindo delicadamente, em seguida parece meio confusa e desconfiada.- Damon, você tem alguma coisa para nos contar?

-Tipo o que?

-Tipo se você sabe aonde Amy está nesse exato momento.- digo, agora tendo quase certeza de que ele esconde algo.

-E porque eu saberia?

-Não sei. Me diga você.

-Eu não sei aonde o senhor está querendo chegar.

-Damon, Charlie só quer saber se você sabe aonde Amy está. Talvez ela tenha lhe falado alguma coisa.- diz Kelly gentilmente.

-Não, eu não sei.- responde ele me olhando sem expressão alguma. Aquilo me deixou meio intrigado.- Agora se me dão licença, vou voltar para o meu quarto.- ele sobe a escada sem dizer mais nada.

-Ah, me desculpa. Esse é o jeito dele. Sempre foi assim.- Kelly ri.- Mas ele não sabe de nada, se soubesse falaria.

Algo não me deixou acreditar nisso. Dou uma última olhada para a escada e sinto uma sensação estranha. Volto a me sentar no sofá.

-É claro, não tenho dúvidas disso.

-Sabe, depois que o pai dele, meu ex marido, foi preso ele...mudou um pouco. Passamos uma fase difícil, o pai dele começou a usar drogas, depois começou a roubar para comprar as drogas e pagar as infinitas dívidas que ele se enfiava. Até que me separei dele, não estava mais aguentando pois ele estava transtornado. Damon sentiu muito com a separação mas sentiu bem mais quando ele foi preso. Foi um trauma muito grande. Desde então ele fica assim, trancado em seu quarto sem conversar com ninguém. Eu quase não o vejo praticamente, às vezes ele saí e eu nem vejo de tão silencioso que se tornou.

-E, desculpa a pergunta, você não tem medo dele seguir os passos do pai? Quer dizer, de repente começar a usar drogas também.

-Não, não mesmo. Damon não seria capaz. Ele é um bom garoto. Aliás ele viu o fim de seu pai, ele sabe como esse caminho pode ser doloroso.

-Amy tem agido meio estranho, entende?- penso se devo dizer sobre as drogas encontradas no quarto de Amy, mas não tenho coragem, ela parece tão confiante que seu filho jamais mexeria com isso e talvez ela tenha razão, não vou trazer problemas a essa família que acabei de conhecer.- Na verdade ela tem agido estranho já tem um bom tempo. Amy morava com a minha ex mulher em Los Angeles quando seu primeiro namorado a traiu. Amy ainda era uma criança, não estava acostumadas a essas coisas, não estava preparada para tudo isso. Foi um baque muito forte. Amy acabou entrando em depressão, chegou até tentar suicídio. Foi parar no hospital com vários cortes nos braços, enfim foi uma situação bem complicada.

-Nossa, que horrível.

-Por fim a mãe dele quis que ela viesse morar comigo. E eu acho que não estou me saindo como um bom pai. Amy tem estado meio diferente nesses últimos dias e eu não estou sabendo como lidar com isso.

-Mas e sua ex mulher, você tem falado com ela? Talvez ela saiba como te ajudar, afinal ela é a mãe.

-Carina mora com sua outra família. Estava até pensando em ligar pra ela mas não sei o que falar.

-Eu entendo. Mas você deveria ligar pra ela, sim. Mas me conta mais o que está acontecendo com a Amy, talvez eu possa ao menos dar alguns conselhos. Eu percebo que você está bem aflito com tudo isso.

-Eu trabalho muito, entende? Quase não paro em casa. Mas a alguns dias veio notando um comportamento estranho da Amy. Por causa da depressão ela se tornou muito fechada, de poucos amigos, de pouca conversa, sempre ficava em seu quarto praticamente o dia todo. Mas agora ela anda saindo de direto, sempre que passo em casa ela não está e agora possivelmente nem mesmo está indo pra escola. Aonde ela tem ido tanto? O que ela anda fazendo?

    Amy
Corro para casa o mais rápido que consigo, minhas pernas doem mas eu ignoro. Chego e entro devagar indo direto até a garagem. Por sorte o carro do meu pai ainda não estava ali.

Passo na cozinha, pego um saco de cookies e subo para o meu quarto jogando a bolsa num canto. Deito na minha cama aliviada e como alguns cookies tranquilamente. Consegui.

Amy-O Mundo Não é Seguro (CONCLUÍDO)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang