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No outro dia...
(17:20 da tarde)

Acordei com os olhos inchados de tanto chorar. Queria ficar sozinha. Então decidi que não ia pra escola. Estou nem aí. Não ia e pronto. Não estava a fim. Tentei dormir de novo, porém não estava conseguindo. Queria dormir o dia inteiro mas meus pensamentos estavam a mil por hora. Não queria pensar no Robert, na Âmbar, no beijo deles, mas era simplesmente impossível esquecer isso. E eu ia ficar louca.

Me levantei, percebi que ainda estava com a roupa que fui a escola ontem. Não tive forças para nada a não ser chorar.

Fui até o banheiro (meu quarto era suíte), me olhei no espelho. Senti raiva daquele reflexo. Abri o armário procurando minha escova de dente mas parei o olhar numa lâmina. A peguei observando.  Respirei fundo olhando e sem pensar muito, passei algumas vezes no meu braço, então vi o sangue escorrer dos cortes e pingar na pia. Senti arder um pouco mas achei bom, como se toda minha tristeza saísse naquele sangue.

Voltei para a cama, agora o corte ardia muito e eu estava adorando. A dor era a saída pra não me lembrar daquela cena horrível.

Ao anoitecer tomei um banho, passei uma maquiagem bem pesada, penteei o cabelo molhado e segui para aquela boate que ficava no centro da cidade. Queria beber e beber muito até não saber meu próprio nome. O álcool também ajudava a esquecer tudo aquilo.

Fui logo ao balcão e me sentei num dos bancos, me sentindo meio desconfortável. Tinha muita gente ali mas tentei me controlar. Precisava beber.

Pensava no que ia pedir quando uma garota sentou ao meu lado.

-Olá.- ela disse toda sorridente. Vestia um shorts curto, uma mini blusa mostrando sua barriga perfeita e um piercing no umbigo, reparei que também estava de salto alto. Ela era linda, o longo cabelo castanho claro combinando com o look. Me senti horrível perto dela, eu estava com um dos meus jeans largo e um casaco preto cobrindo meu braço recém mutilado. Além de tudo ela tinha um corpo tipo "uau!" o que fez eu me sentir gorda.- Vai beber?

Balancei a cabeça concordando. Ela pediu alguma coisa ao homem atrás do balcão que voltou com dois copos e nos entregou.

-Se divirtam, garotas.- o cara falou ao entregar nossa bebida e foi atender outra pessoa.

-E então qual seu nome?

-Amy.- respondi meio sem jeito.

-Eu sou a Aline. Tu está sozinha, Amy?

Olhei a minha volta pra ter certeza que estou sozinha.

Sim estou. Como sempre.

-Sim.

-Legal, então se junte a mim e meus amigos. Eu estou com uma turma ali. -ela apontou pra um canto.- Fui ao banheiro e te vi aqui sozinha. Sei como é chato ficar sozinha numa festa. Mas e aí você topa colar com a gente?

E eu tinha outra escolha? Não sabia nem mesmo que bebida pedir. O melhor era me juntar a um grupinho qualquer.

-Eu topo.- e já ia me colocando de pé mas a Aline segurou no meu braço.

-Calma aí, não vai tomar a sua dose?- ela perguntou olhando para o copo a minha frente. Ela riu, pegou seu copo e virou de uma vez. Caramba. Ok, se ela conseguiu eu consigo. Peguei o meu copo e olhei para o líquido transparente que tinha um cheiro meio forte e sem pensar muito virei o copo de uma vez também.

Me arrependi na hora. Tinha me esquecido da primeira vez que estive aqui e fiz a mesma coisa. Me lembrei nesse momento. Desceu queimando a garganta. Mas essa que a Aline pediu foi bem mais forte. Muito pior. Desceu caindo no estômago como uma bomba explodindo com uma força brutal. Os estilhaços da "bomba" subiu para o cérebro causando ainda mais estrago. Me senti meio tonta na hora. E meu estômago queimava.

Amy-O Mundo Não é Seguro (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now