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2 meses depois...

   Charlie
Já faz uns dias que ando notando um comportamento estranho da Amy. Ela pensa que nunca presto atenção em nada porque estou sempre trabalhando.

Outro dia passei em frente a porta do quarto dela e ela estava conversando sozinha em seu quarto. Dizia algo sobre borboletas e liberdade.

E sempre que a vejo está com os olhos vermelhos e rindo à toa. Quando pergunto se ela está bem ela responde com um "sim" e sai andando. Numa dessas vezes ela saiu dizendo que "a vida é incrível e ela não enxergava isso". Estranhei mas não questionei, afinal se ela estava feliz era o que importava.

Mas Amy desde quando entrou em depressão precisa de uma certa atenção especial. Todo cuidado é pouco e talvez as coisas estejam saindo um pouco do controle.

Amy morava em Los Angeles com minha ex mulher e sua filha mais nova que teve em outro relacionamento. Sempre foi uma menina sorridente e animada. Rodeada de amigos, nunca deu trabalho, sempre foi uma adolescente muito estudiosa e responsável. Era a melhor aluna de sua antiga escola. Simplesmente uma garota incrível e inteligente.

Se comportava como qualquer outra garota de sua idade, gostava de fazer compras, de sair com as amigas pra tomar sorvete ou ir ao cinema, sempre queria aquele sapato que estava na moda.

Todo verão vinha pra minha casa. Não tinha muitos amigos aqui mas todos vizinhos a adoravam. Sempre muito simpática com todos. Adorava ir no clube aonde passava quase o dia todo, tendo uma piscina pra ela estava ótimo.

Até que conheceu um garoto, seu primeiro amor. E adolescentes quando se apaixonam é uma coisa complicada.

Amy mudou um pouco. Quando vinha pra cá passava boa parte do tempo no celular falando com o namorado. Depois de um tempo parou de vez de vir.

A mãe dela começou a reclamar, coisa que até então não acontecia. Dizia que Amy estava chegando tarde, que passava muito tempo fora de casa com o tal garoto, que ficou mais estressada e quase não conversava em casa.

Até que as reclamações foram ficando mais preocupantes. Amy chegou em casa com um roxo no braço. Amy passou o dia no quarto chorando. Amy não está comendo direito. Começamos a desconfiar que o tal namorado estava a agredindo. Pedi a Carina, mãe da Amy que exigisse conhecer o garoto.

Amy o levou para a mãe conhecer e ela me contou cada detalhe. Se chamava Josh e tinha 18 anos o que já não me agradou. Amy tinha apenas 14 anos na época. Ele já era um cara experiente enquanto ela apenas uma criança.

Carina também disse que ele se mostrou um cara esnobe e dominador. Contou de uma hora de quando todos estavam reunidos na mesa e Josh demonstrou seu lado possessivo com Amy, sem se importar com quem estava perto.

Tivemos a certeza de que ele estava agredindo Amy. Carina tentou conversar com ela e eu também liguei para conversar com a Amy. Tentamos alerta_la para ela afastar dele o mais rápido possível, eu enfatizei que homem que bate em mulher é covarde e se isso não parasse imediatamente eu mesmo ia lá resolver.

Mas Amy já estava perdidamente apaixonada por Josh. Ela se recusou a terminar o namoro e disse que Josh não batia nela, e que eles só tinham algumas brigas mas que era normal nos relacionamento.

Carina parece não ter percebido a gravidade do assunto e disse que era melhor não proibir o namoro deles ou ia ser pior. Tentei faze_la mudar de idéia mas ela não voltou atrás. Ela é a mãe e além de tudo Amy morava com ela então ficou por isso mesmo.

Depois de um tempo parece que as coisas estavam indo bem. Amy não apareceu com outros hematomas e parecia feliz. Josh passou a frequentar a casa da Carina mais vezes e Amanda parecia gostar bastante dele além dele tratar ela muito bem.

Me acalmei mas sentia falta da Amy aqui nos verões. Tentei convence_la a vir e trazer o Josh mas ela disse que Josh não gostava do Texas. E sem ele ela não viria.

Até que num fim de semana tudo pareceu desabar de uma vez. Carina me ligou desesperada dizendo que Amy estava no hospital. Ela havia tentado pular de uma ponte, alguns policiais conseguiu segurar ela mas perceberam que Amy estava com cortes profundos nos dois braços e a mandaram direto para o hospital. O motivo de tudo isso? Josh.

Carina não havia me contado ainda mas Amy o havia pego na cama com uma das garotas de sua escola quando foi até sua casa. Pra mim não foi nenhuma surpresa. Sem nem conhecer pessoalmente Josh já sabia o tipo de cara que ele era só de ouvir Carina contar sobre ele. Eu sabia que ele iria fazer minha Amy sofrer mas eu não pude fazer nada. Não pensei nem duas vezes e fui para Los Angeles direto para o hospital onde Amy estava.

Carina ficou em estado de choque com toda aquela situação e resolveu que seria melhor Amy morar comigo um tempo, "ficar longe de tudo isso" foi o que ela disse. Mas tenho certeza que ela só estava com medo de Amy tentar suicídio outra vez.

Desde quando Amy veio pra cá ela não fez nada parecido com o ocorrido em sua antiga cidade. Às vezes me culpo por não passar mais tempo com ela, mas talvez ela queira espaço. Pelo menos assim eu pensava.

Eu trabalho em uma empresa e quase não paro em casa. Saio de manhã e só volto a noite, às vezes passo em casa mas passo boa parte do tempo na empresa. Porém talvez esteja na hora de mudar isso, de prestar mais atenção na Amy e deixar um pouco o trabalho.

Amy já foi para a escola. Tiro o dia pra ficar em casa hoje, mais tarde passo na empresa.

Subo até seu quarto para dar uma vasculhada. Tentei não pensar nisso mas talvez Amy esteja usando drogas. Pelo comportamento estranho dela isso explicaria tudo.

Olho no closet. Depois vou até o banheiro. Encontro cinzas na pia. Talvez fosse de cigarro. Mas encontro uma bituca atrás da pia. E não era de cigarro. Desembrulho a seda e pelo cheiro reconheço: maconha.

Aconteceu o que eu temia: Amy está se drogando. Volto para o quarto, decepcionado. Vou até sua cama e por impulso olho embaixo do colchão. Encontro dois embrulhos suspeitos. Um pelo cheiro já reconheço como maconha, estava enrolado de qualquer jeito numa folha de caderno e em pouca quantidade. O outro me deixou mais curioso estava em mais quantidade pelo peso e estava bem embrulhado em duas folhas de caderno
Assim que desenrolei me deparei com um saquinho, dentro um pó branco.

Não pode ser. Disse a mim mesma. Não queria acreditar. Fiquei alguns segundos olhando para aquele saquinho. Até conseguir confirmar pra mim mesmo que aquilo era cocaína. Amy estava usando maconha e cocaína. Estava sem reação. Eu já estava me preparando para isso mas agora que realmente descobri tudo não parecia ser verdade, não conseguia me conformar.

Saio de casa meio atordoado. Entro no carro e vou direto para a escola.

-Olá, boa tarde sou o Charlie, pai de uma aluna, Amy Lowenstein.- digo já na secretaria.

-Olá, senhor Charlie. Boa tarde. Em que posso ajudar?- diz uma moça morena simpaticamente.

-Quero falar com a minha filha.

Digo qual sala ela estuda e a moça vai chama_la. Logo ela retorna.

-Senhor Charlie, sua filha não veio a aula hoje.

Fico alguns segundos processando o que ela disse.

-Mas se ela não está aqui, aonde ela está?- pergunto em voz alta mesmo sabendo que aquela moça não teria uma resposta para me dar.

Amy-O Mundo Não é Seguro (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora