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Final da aula. Meu último horário não foi junto com o Mike. Me sentia fraca sem ele. Saí no meio da multidão procurando por ele.

Talvez ele esteja me esperando na saída.

Mas me deparei com a pessoa que eu menos desejava parado no portão, o "senhor Plaesonn". Droga. Mil vezes droga.

Vou passar direto.

Mas é claro que o indivíduo ia segurar meu braço.

   -Me solta.- disse friamente, jogando o meu melhor olhar de ódio que consegui.

   -Vamos conversar, Amy.- ele falou ainda segurando meu braço.

   -Me solta, agora.- será que ele não entende que não quero conversar com ele? Quando é que ele vai sacar isso? O que tenho que fazer para ele me deixar em paz de uma vez? Que garoto chato.

   -Me escuta, por favor, meu amor.

   -Não me chama de amor, seu idiota. Guarda a sua fofura para a Âmbar, afinal vocês se amam, não é?- falei irônica.

   -Eu amo você, entenda isso. A Âmbar armou aquilo tudo, eu não amo ela, nunca amei e nunca vou amar. Você é a mulher da minha vida. Por favor, eu não não consigo ficar sem você. Você mudou minha vida. Eu me apaixonei de verdade por você, Amy.

Nesse ponto ele já tinha se aproximado de mim e abraçava minha cintura. Já podia sentir seu perfume delicioso e seu corpo estava quente. Só conseguia olhar para seus lindos olhos.

Que ótimo, ele ainda causa a mesma sensação em mim.

Eu ainda o amo. Se controle, Amy.

   -Acha que sou burra? Que vai ficar falando que me ama pra me ter em suas mãos e de vez em quando ir lá dar uns beijos na Âmbar?- tentei falar firme mas ficar tão perto dele me deixava meio atordoada. Pelo menos a voz saiu.

   -Amy, por favor deixa eu te explicar o que aconteceu. Eu jamais trairia você. Chega de bancar a durona, você sabe que também me ama.

Ele foi se aproximando cada vez mais até que me beijou. Eu não impedi. Não consegui impedir. Meu corpo não estava me obedecendo mais.

Um beijo lento e doce. Tão doce. Achei até que ia desmaiar então enrolei meus braços em volta do pescoço dele e ele me abraçou mais forte. Parecia que eu estava voando. Que coisa mais incrível. Não queria sair dali nunca mais.

Era melhor que o álcool e do que me mutilar, fazia eu esquecer qualquer coisa. Que maravilha. O beijo esquentou um pouco e um Damon angelical passou pela minha cabeça.

Empurrei o Robert na hora. Ele me olhou assustado e confuso. Não poderíamos ficar juntos. Nunca mais. Meus pensamentos cruéis não ia deixar. Tinha um Damon e uma Âmbar que não deixaria. Eu me sentia culpada por ter me entregado ao Damon, eu tinha acabado de terminar com o Robert e ainda o amava. Eu sou uma pessoa horrível.

   -Não vamos mais voltar. Por favor, não me procure mais. Está tudo acabado. Me esquece.- falei com uma voz de choro ao perceber que minha consciência estava mais pesada que cinco mil elefantes. Em seguida saí correndo o mais rápido que podia.

   -Amy, espera!- ouvi o Robert gritar. Mas não olhei para trás.

Quando cheguei em casa subi direto para meu quarto, me fechei no closet sem nem tirar minha bolsa do ombro, tapei a boca com as minhas roupas que estavam penduradas nos cabides e gritei o mais alto que podia, com toda minha força, as roupas abafando o som. Depois chorei até me dar dor de cabeça e meus olhos ficarem inchados e vermelhos.

Não tinha forças pra sair do closet. Então fiquei ali por sei lá quantas horas, meus pensamentos me destruindo por dentro.

Você é a pessoa mais cruél que existe, meu subconsciente me torturava.

Ainda estava no closet quando alguém entrou no meu quarto.

   -Filha?- demorei um tempo até entender que era meu pai. Abri a porta do closet e olhei para ele assustada.- Está doente?- neguei balançando a cabeça.- Tem um amigo seu da escola aqui.- ele falou e saiu do quarto, logo em seguida um Mike radiante entrou.

   -Mike?- perguntei sem acreditar.

   -Em carne e osso, querida. Você sumiu no final da aula então vim aqui. Lembrei do caminho daquele dia da festa que te trouxe até aqui.- então foi ele que me trouxe pra casa aquele dia.- Você andou chorando? Está com uma cara horrível, amiga.- ele me lembrava tanto a Gina, ele me acalmava com seus assuntos sem fim igual ela.- E porque está dentro do closet? Enlouqueceu?

   -Que bom que você está aqui.- sai de dentro do closet.

  Conversamos sobre várias coisas, na verdade eu não falava quase nada, deixei essa "diversão" para o Mike que aproveitou bastante. Ele falava tão rápido que era difícil acompanhar tudo. Mas estava sendo legal. Só faltava a Gina ali. Eles bem que se pareciam, devem se dar bem.

Fizemos brigadeiro e assistimos dois mega filmes de terror. Mike quase infartou. Ficou morrendo de medo do início ao fim. Já eu não. Eu amo filmes de terror. Além do mais não existia filme de terror pior que a minha vida.

Depois da sessão terror e de o brigadeiro ter acabado Mike resolveu ir embora. Eu até insisti pra ele ficar. Ok, eu não insisti. Mas no fundo não queria que ele fosse. Mas ele se foi.

Meu pai já tinha voltado a trabalhar, ele não ficava mais de meia hora em casa. Isso quando ele estava em casa. Voltei para o meu quarto. Não estava com sono apesar de já ser um pouco tarde. Sentei na minha cama e pensei no que fazer. Quando me dei conta já estava entrando num bar qualquer e comprando uma garrafa de vodka.

Sentei ali por perto e deixei o álcool preencher o vazio que estava dentro de mim.

Que lixo que eu sou... Droga.

Voltei para casa já bêbada, tropeçando nos próprios pés, a cabeça rodando. Já era bem tarde e as ruas estavam vazias.  Eu ria sozinha e cantarolava uma música que ouvi a Gina cantar num outro dia. Quando abri a porta para minha surpresa meu pai estava na sala assistindo TV. Será que estou tão bêbada a ponto de ver coisas impossíveis?

   -Amy? Achei que estava no seu quarto.- meu pai falou dando uma breve olhada para mim depois voltando a TV. Sou tão invisível a ponto dele nem notar minha ausência? Uau. Mas também não é culpa dele, eu mal saio do meu quarto e não temos intimidade o suficiente pra ele entrar no meu quarto e checar se estou mesmo lá. -Está tudo bem?- respondo com um simples "Urrum" ainda travada na entrada, sem saber o que fazer, me escorando na porta para me manter de pé.- Então tudo bem. Eu pedi pizza, se quiser está lá na cozinha. Estou com uma dor de cabeça um pouco forte por isso cheguei mais cedo do trabalho, se precisar de algo é só chamar.

Que coisa mais estranha. Será que não apaguei pelo caminho e estou sonhando?

Eu mal conheço meu pai. Desde a separação não temos uma relação muito próxima. Ainda mais depois que parei de passar os verões aqui. A gente meio que perdeu o contato de pai e filha.

Respondi com um "tá" e subi as escadas correndo, torcendo para não tropeçar nos degraus e rolar escada a baixo, assim meu pai iria descobrir que estou completamente bêbada. O que ele iria dizer de sua filha estranha de 16 anos bêbada? Por sorte cheguei ao meu quarto sã e salva. Ok, sã não mas salva sim.

Me joguei na minha incrível e acolhedora cama. Tudo rodava demais. Uma sensação bem estranha. Pelo menos eu não conseguia pensar em nada e meu subconsciente estava desmaiado de tanto álcool. Perfeito. Podia dormir em paz.

Logo fui eu que desmaiei sem nem tirar meu coturno. Simplesmente apaguei, sem pensar em nada.

Amy-O Mundo Não é Seguro (CONCLUÍDO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora