Capítulo 1

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"Oh, I beg you, can I follow?
Oh, I ask you, why not always?"

I follow rivers - Lykke Li


Thomas LeBlanc Pollock
(4 anos antes)

- Fala logo, Luiz! Já deu de tanto suspense

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- Fala logo, Luiz! Já deu de tanto suspense. - diz Valerie dando um empurrãozinho no braço do meu amigo. Ele disse que queria contar algo, mas fica enrolando.

Eu estou em um restaurante chinês daqui de Londres com meus melhores amigos. Conheci eles quando entramos no ensino médio, e desde então somos inseparáveis.

Valerie Morgan, a garota do cabelo colorido, que sempre foi muito excêntrica e fala tudo que vem na sua cabeça. Adora uma farra, bebe e dança muito. Temos que arrastá-la das festas quando passa dos limites. O que acontece com frequência.

Por mais contraditório que pareça, ela também ama ficar em casa jogando games. Inclusive, se formou em design de jogos. Ela sempre sonhou em trabalhar com isso e criar sua própria empresa. Como ainda não pode criar, trabalha na Spela onde está desenvolvendo um jogo de RPG.

Luiz Henrique Albuquerque é o cara mais palhaço que já vi, faz piada com tudo, mesmo em momentos inapropriados. Veio com os pais do Brasil para a Inglaterra quando tinha 7 anos, pois seu pai conseguiu uma grande oportunidade de trabalho aqui em Londres.

Ele ama cozinhar. Sempre que vai nas nossas casas se oferece para fazer a comida. Não reclamamos, claro. Ele finalizou seu curso de gastronomia, mas ainda não trabalha na área.

- Calma, Curupira! - Luiz responde. Não entendi do que ele está falando e ao olhar para Valerie percebo que ela também está com uma expressão confusa. O que é isso que ele disse?

- Ahh... - Luiz parece se dar conta de algo. - Esqueci que vocês não conhecem o folclore brasileiro. - ainda estamos confusos sobre o que ele disse - Esquece. Eu ia falar com vocês sobre um projeto que estou pensando a um tempo...

- Sério? Qual é? - pergunta Valerie animada tirando o cabelo vermelho do olho.

Atualmente o cabelo dela está vermelho. Porém, não por muito tempo. Valerie pinta o cabelo de uma cor diferente toda hora. Reclama que vai cair, mas continua. E a cada tom novo, Luiz inventa um apelido para ela. Inclusive esse último, que não entendi.

- Eu vou construir um restaurante! De comida brasileira, é claro. - diz com um sorriso largo no rosto.

Só de pensar na comida brasileira, lembro da feijoada que ele fez no ano passado. Achei que não iria gostar, mas me surpreendi. Mesmo que Luiz tenha passado a maior parte da sua vida na Inglaterra, seus pais sempre o mantiveram perto da cultura do Brasil.

Eu já fui para vários países pelo mundo, mas nunca pro Brasil. Tenho muita vontade ir, pelo que meu amigo fala é um lugar muito bonito.

- Ótima notícia! Agora vou poder comer de graça fora de casa sempre que quiser. - Valerie brinca.

- Mas falando sério, estamos muito felizes por você, cara. - falo realmente feliz por ele, minha amiga concorda.

- Valeu, gente. Acho que em dois anos já estará pronto e vocês serão os primeiros convidados.

- Aí sim! - exclama a ruiva, levantando o copo para um brinde no mesmo momento em que o garçom traz os nossos pedidos.

Pedimos um yakisoba para cada um. Toda vez que estamos aqui esse é o nosso pedido. É quase um ritual virmos aqui na segunda terça-feira de cada mês.

>>>

Comemos, conversamos mais e decido ir embora, pois depois do almoço tenho uma reunião na empresa da minha mãe. Valerie e Luiz ainda vão ficar aqui por mais um tempo.

- Então é isso, vou indo. - digo me levantando da mesa. Sinto uma mão em meu braço.

- Espera aí, amigão. - olho na direção de Luiz - Você se esqueceu do seu biscoito da sorte. - reviro os olhos, ele sempre me lembra disso. - Não joga fora.

Pego o biscoito, me despeço de cada um e saio em direção ao meu carro, que está do outro lado da rua.

Não estou muito feliz de ir à reunião, mas como irei trabalhar junto com Krystal Leblanc, minha mãe, é necessário. Falta pouco para eu me formar em administração, logo trabalharei com ela.

A LeBlanc é uma empresa de jóias francesa desde 1850, e tomamos conta da parte na Inglaterra. Enquanto isso, outros da minha família estão na França, cuidando da sede.

Agora que está chegando mais perto de eu me tornar o vice-presidente fico apreensivo. Não sei se é isso que quero pra minha vida. Ficar preso no escritório olhando milhares de papéis. Faço administração e sou bom com números, mas não é algo com o qual eu me empolgue muito. Acho que algo falta em minha vida, só não sei ainda o que é.

Por enquanto, o que sei é que tenho que ajudar a minha mãe. A empresa é tudo pra ela, e ela não consegue dar conta sozinha. Meu pai é o advogado da empresa então fica encarregado dos assuntos jurídicos. Por enquanto, porque ele está perto de se aposentar.

Ao sair pela porta resolvo dar uma chance para o que o bilhete dentro do biscoito chinês tem a me dizer.

Nunca dou muita atenção para o que escrito. Normalmente fala algo sobre sucesso no trabalho ou a importância de perdoar quem te magoou. Mas dessa vez é diferente.

"Pare de procurar eternamente; a felicidade está bem à sua frente"

Que besteira! Até parece que...paro no meio do pensamento quando levanto a cabeça e olho para frente. Uma mulher de cabelos castanhos está andando na rua da outra calçada. Ela usa uma blusa curta branca, com uma calça preta e jaqueta de couro. Ela exala confiança ao andar e parece estar com pressa.

Ela é linda. Não consigo tirar os olhos dela. Embora esteja vendo de longe, não tenho dúvida de que me encantaria ainda mais de perto. Algo nela me atrai imensamente.

Ela levanta os olhos, mas não parece me notar, está virando a esquina e vou perdê-la de vista. Saio do meu transe e sigo em sua direção.

Apresso o passo, mas ao chegar à esquina não consigo encontrá-la. A rua tem duas saídas e não faço ideia de qual ela escolheu. Nem sei o que ia falar com ela...apenas senti que não podia deixá-la escapar.

O biscoito chinês me vem a cabeça. Porra, será que era dela que o bilhete está falando? Ela é a minha felicidade? Até parece. É óbvio que não, eu nem conheço ela e provavelmente nunca mais vou vê-la. Que besteira.

Deixo a esquina e vou em direção ao meu carro. Dirijo até a empresa ainda pensando no que aconteceu.

×××

O que acharam do Thomas? Será quem é a morena misteriosa...

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Meu destino favorito - Livro 1 da série Os FavoritosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora