Lover of Mine | Luke Hemmings

By finelinerhemmo

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Um acidente premeditado é uma execução? Eu deixei que ele me usasse desde o dia em que nos conhecemos. Fui u... More

Trailer
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Presentinho de Final de Ano
POV Luke
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Epílogo

Capítulo 42

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By finelinerhemmo

"É um milagre que tenhamos nos conhecido"

Calm se tornou o meu lugar feliz. Dos poucos dias que ainda me restavam na costa oeste, eu aproveitei cada um deles naquele veleiro.

Voltei à marina até que o homem grisalho já soubesse o meu nome e eu soubesse o dele: James. Sentávamos para conversar sempre que eu voltava do meu passeio curto pelo mar californiano.

Contei à James sobre a minha mãe e a minha vida na Austrália. Contei até sobre Luke, Calum, Mike e Ash. Ele ficou fascinado com a ideia de viajar o mundo com rockstars.

Mostrei algumas das minhas bandas favoritas e compartilhamos nossos amores por Pink Floyd, Lynyrd Skynyrd, Fleetwood Mac e tantos outros. Aquele senhor era a minha companhia de muitas tardes.

Não sabia como dizer à ele que eu iria voltar pra Sydney em poucos dias, então fingi até pra mim mesma que sempre voltaria no dia seguinte. Ele era como o avô que eu nunca tive, nem por parte de mãe nem de pai.

- Essa é a garota do Calm? - um homem de meia idade e com a barriga saliente perguntou com um sorriso largo enquanto se aproximava de nós.

Estávamos sentados em cadeiras de praia, banhados no sol dourado das cinco da tarde.

- Andou falando de mim, velho? - sussurrei antes do homem chegar perto o suficiente para apertar as nossas mãos.

- Prazer, Julie - me apresentei quando ele esticou a mão.

- Bem-vinda, eu sou o Sr. Foster, sou dono do Queen ali e do Harriet - ele apontou os veleiros - James me contou que você só pega o Calm, certo?

- Seus veleiros são muito bonitos, Sr. Foster.

Era verdade.

- Mas não são o Calm, né? - ele levantou uma sobrancelha.

- Não são - ri.

- Tudo bem, menina. Eu sei como é me apaixonar por barcos - ele me entendeu.

Depois de um pouco de conversa sobre o clima e óleos que precisavam ser trocados, o homem se despediu e foi embora.

- Hoje você vai conhecer o dono do Calm - James quebrou o silêncio agradável -  É um moço bonito, acho que você vai gostar - riu por baixo da barba espessa.

Virei de leve pra ele.

- Ta me chamando de encalhada?

- Você tá viajando o mundo com quatro músicos e não fisgou nenhum deles! Essa vai ser a minha caridade do ano.

Velho safado.

Olhei pra ele com a minha expressão mais insultada possível.

- Você não vale essa cachaça barata que você toma!

Ele riu aberto.

- Quer um pouco? - me ofereceu da garrafinha de metal.

- E morrer de cirrose junto contigo? - levantei a sobrancelha.

Jogamos conversa fora por mais algum tempo até eu notar que já era bem tarde.

James queria me fazer aguardar pelo dono do veleiro, mas eu preferi perder a oportunidade.

- Estranho, ele sempre aparece antes da noite cair. Hoje não é seu dia de sorte, garota - James lamentou.

- Eu vou chorar as minhas pitangas no caminho de volta pro hotel, não se preocupe - garanti à ele antes de continuar a caminhada de volta pro meu solitário quarto.

O céu já tinha escurecido enquanto eu pegava a direção nas ruas que já conhecia.

Durante todo o meu "retiro", não fui à casa dos garotos e nem tive vontade. Tudo ali parecia confuso demais para a nova Julie.

Eu estava leve demais para lidar com bagagem alheia. Troquei algumas mensagens com Calum, mas ele respeitou o meu afastamento.

Quem mais me viu nesses dias foi Josh, muito pelo motivo de que trabalhávamos juntos e as nossas visitas à Jam House de L.A. eram constantes.

Avistei um novo restaurante de comida japonesa sendo inaugurado na esquina da avenida principal, a dois quarteirões do hotel. Será que meus chinelos brasileiros eram apropriados para entrar lá e pedir alguma coisa pra viagem?

Los Angeles é uma cidade costeira, mas todo mundo tá sempre muito bem arrumado, era difícil escolher uma peça de roupa pra sair de casa. Como meu único compromisso depois de certo horário era velejar sozinha e conversar com um idoso abusado, eu estava me vestindo com roupas leves o suficiente para operar o veleiro e cobertas o suficiente pra não parecer destapada quando eu parasse na padaria.

Mas essa não era uma noite para padaria. Tinha um baita de um restaurante lindíssimo me fazendo aguar de vontade.

Fui em direção à faixa de pedestre para atravessar.

Aconteceu rápido demais.

Em um segundo eu tentava enxergar a lotação entre as pilastras de madeira dentro do restaurante, no outro a rua estava de cabeça pra baixo e tudo escureceu.

Escuro. Tudo escuro.

Ouvi um ou dois barulhos, portas se abrindo. Vozes que eu não conhecia.

Silêncio. Bip bip e mais silêncio.

Porta abrindo e fechando. Bip Bip Bip Bip Bip...

Algo repuxando a minha veia.

"Ela tá acordada?"

Eu queria dizer que estava, mas era como se eu não mandasse no meu corpo.

Mais portas, mais vozes. Um toque na minha mão. Um aperto na minha mão.

Bip Bip Bip.

Silêncio. O silêncio era o que mais durava.

"Ela escuta?"

Se eu escuto? Claro que eu escuto.

Eu não ouvia a voz do meu pai. Onde ele tava? Nem Hannah.

"Dra. Stone, já administrei o calmante mais leve"

Barulho da TV, algum desenho animado, notícias do dia, bip bip.

Silêncio.

"Vocês não podem demorar"

Haviam vários sotaques, falas misturadas.

Uma mão na minha mão, outra e outra e outra.

Alguém chorando. Quem estava chorando?

Quis mexer a minha mão para pedir pra pessoa parar de chorar. Era uma mulher.

Silêncio. Longo silêncio no escuro.

Bip bip.

"Você precisa ir embora, o horário de visitas acabou"

Porta fechando.

"Os sinais são bons"

Silêncios, bips.

"Tente falar com ela"

"Eu não sei o que falar"

Silêncio, silêncio, silêncio. Bip.

- Julie, eu sou a Dra. Stone, você consegue me ouvir? - ela colocou a mão na minha - Aperte a minha mão uma vez para sim e duas vezes para não. - a voz dela era calma, não era a da mulher que sempre chorava.

Sim.

Bip bip. Mais silêncio. A Dra. Stone voltava cada vez com mais frequência e as perguntas ficavam cada vez mais complexas. Eu gostava, era menos tempo no silêncio.

- Você sabe qual a sua idade? Aperte uma vez para vinte e um, duas vezes para dezenove e três vezes para vinte.

Vinte um.

- Você sabe onde você está? Aperte uma vez para Sydney, duas para Los Angeles e três para Londres.

Sydney.

A Dr. Stone suspirou pesado.

Não sei quanto tempo depois, enquanto eu ainda esperava a volta da minha médica, meus olhos começaram a doer.

A luz era muito forte, muito branca, mas eu queria ver o rosto da Dra. Stone quando ela chegasse. Queria perguntar onde meu pai estava.

Alguém entrou no quarto e eu me forcei a enxergar. Havia uma parede com um vidro gigante, uma TV com o desenho animado que eu já não aguentava mais.

A mulher estava de costas para mim, mexendo em alguma coisa.

- Dra. Stone?

- Julie!

Ela virou o rosto pra mim e abriu um sorriso antes de me colocar à par do acontecido.

Aparentemente, eu tinha sofrido um acidente. Algum filho da puta furou o sinal e me atingiu em cheio há pouco mais de uma semana.

- Você sabe onde está? - ela perguntou enquanto anotava algo em uma prancheta.

- No hospital?

- Sim, mas em qual cidade?

- Sydney, Austrália, Hemisfério sul, planeta Terra?

A expressão no rosto simpático dela vacilou.

- Acertou uma! - ela comemorou.

Como assim?

- O quê eu errei? - franzi a testa.

Ela ajeitou a postura. Notei o quão nova parecia.

- Julie, você está em Los Angeles.

Ah, era um sonho. Só podia.

- Como assim? Isso não faz sentido. O que eu estou fazendo em Los Angeles? Meu pai está aqui?

Ela não me respondeu.

- Qual a última coisa que você lembra?

Forcei a minha mente a juntar as peças que voavam soltas.

- Eu estava em casa...- lembrei da maciez da cama, o celular pousado ao lado do travesseiro - deitada no quarto depois de voltar do trabalho, sentindo o cheiro da comida do meu pai invadindo a casa.

- O quê o seu pai estava cozinhando?

- Hum... não sei. Alguma receita mirabolante.

Dra. Stone botou uma mecha do seu cabelo escuro para trás da orelha e continuou a sua anotação.

- E quando foi isso?

- Ontem? - eu não tinha certeza de nenhuma das minhas respostas.

Ela mediu a minha pressão e fez alguns testes antes de olhar o relógio.

- Jules, tem algumas pessoas aqui querendo te ver. Tudo bem se eu deixá-las entrar?

Fiz que sim com a cabeça. Devia ser Hannah e mais alguém.

As pessoas não entraram de imediato quando a médica saiu. Demorou tanto que eu quase não resisti à um cochilo.

- Julie, eu trouxe algumas pessoas para te ver - a doutora voltou a aparecer na porta com um sorriso.

Ela abriu mais a porta e quatro caras entraram. Encarei eles.

- Você os conhece? - ela perguntou.

Aquilo era uma brincadeira? Eu era australiana e trabalhava em um grande estúdio musical. Claro que eu sabia quem eles eram.

- Sim - confirmei - Eles são a 5 Seconds of Summer.

A expressão no rosto de cada um deles. Testas franzidas, mãos no rosto, suspiros pesados.

O guitarrista, Michael Clifford, certo? Michael foi o primeiro a se aproximar. Ele esticou a mão até a minha parecendo com medo de que eu fosse quebrar.

Eu nunca o tinha visto tão perto. Ele era tão bonito, as cores no seu rosto tão vivas, mas ele parecia tão preocupado. Era comigo?

- Julie - ele disse.

- Oi - respondi, mas sem ideia do porquê ele falava comigo como se me conhecesse.

Aquela cena toda era muito confusa.

O baixista, Calum Hood, parecia ao ponto de chorar. Ele abria a boca pra falar, mas desistia no segundo seguinte.

Ele até tentou evitar olhar pra mim. Quando finalmente cedeu, ele respirou devagar pela boca.

- Como você se sente? - Ashton Irwin, o baterista, deu um passo a frente.

Será que o carro que me atropelou era deles?

- Eu estou...bem.

Tudo se desenrolava muito devagar e a tensão era visível.

- Vocês me conhecem? - finalmente perguntei.

Eles se entreolharam pelo que pareceu uma vida inteira, e nada de resposta pra mim.

A Dra. Stone, que acompanhava tudo de perto, resolveu tomar a frente.

- Eles apenas vieram ver como você está - ela sorriu.

- Por quê?

Foi a vez dela olhar pra eles.

Será que...?

- Dra. Stone, que dia é hoje?

Ela gesticulou algo para Calum antes de se virar pra mim.

- Julie - a morena sentou do meu lado - devido ao acidente, você pode estar tendo uma experiência de perda de memória. Você bateu a cabeça muito forte. Ainda é cedo para definirmos se é momentâneo ou permanente.

Ela havia assumido uma postura mais profissional, séria. Eu não sei explicar, mas aquelas palavras não me assustavam.

- Não fui eu que cantei que queria acordar com amnésia, mas aqui estamos - brinquei, tentando aliviar o peso do quarto.

Mas ninguém riu.

Depois de mais alguns minutos embaraçosos, a banda e a doutora iam se despedindo de mim.

Notei que o vocalista principal, Luke, sequer tentou falar comigo como os outros. Na verdade, acho que ele nem me olhou.

Na fila da saída, ele era o último. Antes de passar pela porta, ele me olhou rápido, mas não disse nada.

Quando se virou com a mão na maçaneta, eu o chamei.

- Hey.

Ele me olhou relutante e assustado.

- Hey.

- Não vai tentar falar nada?

O olhar dele mudou para confuso.

- Você...quer que eu fale algo? - ele franziu a testa.

- Sei lá.

Ele me encarou totalmente sem saber o que fazer.

- Ok. Talvez a gente possa tentar um outro dia - eu não ia pressionar ele a falar com uma desconhecida, só era estranho ele quietão.

Luke Hemmings balançou a cabeça em confirmação.

- Outro dia.

E assim ele passou pela porta, ainda mais hesitante que antes. O que tinha de errado? Fiquei com aquela visita na cabeça durante um longo tempo.

Os bips ainda estavam lá, mas eu agora via quem entrava e saía pela porta e conseguia dar rostos às vozes.

___

Notas da autora

Quem não esperava levanta a mão, quem esperava dá um mortal pra trás.

- Iza 👽

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