Hot tub, nice butt

By fairiesbox

151K 14.9K 42.6K

LIVRO FÍSICO VENDIDO PELA LUO EDITORA [CONCLUÍDA] Crescer e se tornar um adulto é uma aventura. Aventura essa... More

⭒ 𝔸𝕧𝕚𝕤𝕠𝕤 ⭒
inúteu, a gente somos inúteu
meu docinho de coco, tá me deixando louco
é pior que cobra cascavel, seu veneno é cruel
superfantástico amigo, que bom estar contigo
eu tenho a minha fama de sofredor, então não conta pra ninguém
pane no sistema, alguém me desconfigurou
desde quando você se foi me pego pensando em nós dois
a amizade é muito importante e quando estamos juntos somos semelhantes
diz pra eu crescer, mas no fundo me vê como o seu neném
eu perguntava: do you wanna dance?
eu quero mais que um, mais que mil e mil e um
deixa acontecer naturalmente
e se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou
você me deixa louquinho, chorando baixinho, louquinho de amor
a gente pega fogo, se entraga sem cansar
vamos aproveitar o tempo que nos resta pra gente se agarrar
queria por um dia conseguir mudar, deixar de ser errante
formamos um belo casal, somos dois namorados
se isso for verdadeiro me entrego de corpo inteiro
só ele faz minha pupila dilatar
ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor
é tão particular o meu encontro quando é com você
meu sorriso se foi, minha canção também
eu não existo longe de você e a solidão é o meu pior castigo
me cerco de boas intenções e amigos de nobres corações
eu gosto de você e gosto de ficar com você
pra gente se devorar na órbita do seu umbigo
quero poder jurar que essa paixão jamais será palavras, apenas palavras
até encontrar o nosso caminho neste ciclo, é o ciclo sem fim
é só isso, não tem mais jeito, acabou, boa sorte
o destino me trouxe até aqui, minha intuição me diz pra continuar
HTNB LIVRO FISICO!

os seus problemas são meus também e isso eu faço por você e mais ninguém

1.8K 278 215
By fairiesbox


S O O B I N

Até que ponto você é capaz de ir para ajudar um amigo?

Eu nunca fui bom de briga, mas eu já me meti em uma para defender Beomgyu de uns garotos idiotas que implicavam com ele. Nós dois terminamos muito ferrados no final, mas estávamos lá um pelo outro.

Beomgyu nunca foi bom com palavras, mas do seu jeitinho especial ele conseguia me animar e mostrar que sempre estaria lá para mim.

Nós sempre fomos esse tipo de amigos, que se zoam o tempo inteiro e implicam um com o outro, mas que se importam e se preocupam, se amam de verdade.

Ele é meu melhor amigo, meu irmão de outra família, e eu faria tudo por ele. Tudo mesmo.

É por isso que assim que eu desliguei o telefone já estava decidido a voltar para casa naquele mesmo minuto. Não me importava se o mundo caía do lado de fora em forma de água, eu entraria no primeiro Uber louco o bastante para seguir naquela chuva torrencial por duas horas inteiras, só para que eu pudesse chegar rápido em Seoul e consolar a pessoa que mais precisava de mim naquele momento.

Soquei minhas roupas de qualquer jeito dentro das malas, separando apenas um moletom para vestir por cima do pijama, porque minha pressa era tanta que nem trocar de roupa eu queria.

Tudo dentro de mim havia se tornado uma bagunça de um minuto ao outro, eu já não conseguia nem raciocinar direito ou fazer as coisas devagar, meu cérebro começou a trabalhar em função do tempo, me fazendo agir e fazer coisas o mais rápido que eu conseguia.

Acabei chutando o pé da cama dezenas de vezes no meu vai e vem de arrumação, também deixei cair meu telefone enquanto procurava algum motorista no aplicativo. Em resumo: eu estava fazendo barulho pra caralho e não estava me importando.

— Garoto, o que tá rolando aqui? — meu tio apareceu que nem um bebado na porta do quarto. A roupa e a cara amassadas e os cabelos tudo pro alto.

— Vou voltar pra casa. Agora, nesse instante. — terminei de fechar minha última mala, ela parecia a ponto de explodir.

— O que? Por que? — aquilo pareceu desperta-lo de seu semi-sonambulismo.

Ele olhou para as minhas coisas todas arrumadas, minha roupa — que era só um moletom surrado em cima de um pijama de patinhos — e a touca vermelha em minha cabeça. Seus neurônios deviam estar pegando fogo enquanto ele tentava raciocinar, mas eu não tinha tempo para aquilo.

Tentei passar por ele, mas ele me pegou pelo capuz e me puxou de volta. Uma mala ficou no meio do corredor e as outras duas continuaram em cima da minha cama.

— Vai me contar o que tá acontecendo? Por que você quer ir embora do nada e no meio de uma puta tempestade? — eu não tinha como escapar, ele ainda me segurava pelo capuz e estava parado no meio da porta.

— Beomgyu precisa de mim, agora mesmo. — eu fazia parecer uma questão de vida ou morte. E poderia até ser.

— Ele não pode esperar? O que é tão importante que ele precise que você saia daqui embaixo de chuva pra ir lá pra puta que o pariu ajudar ele?

— E-eu acho que ele foi expulso de casa. — dizer isso é diferente de pensar, parece que se torna mais real. Imaginar que meu amigo havia passado por algo tão fodido apenas me deu mais vontade de sair correndo para seu encontro.

— Quem foi expulso de casa? — minha avó apareceu do nada atrás do meu tio, olhando para mim por cima do ombro dele.

Eu não consigo explicar o que senti quando olhei para a cara dos dois, ambos parecendo preocupados comigo, e comecei a chorar, mas chorar mesmo.

Acho que foi o medo misturado com a preocupação que eu estava sentindo e logo depois me veio um sentimento quente e acolhedor, porque no meio daquele furacão eu percebi que eles estavam ali por mim também, querendo me ajudar e me socorrer para que eu não fosse levado pelos ventos fortes.

Meu tio ficou sem palavras quando me viu aos prantos e fez a última coisa que eu imaginei que ele faria, ao menos comigo. Ele me abraçou, mas não aquele tipo de abraço que é bem típico dele, foi um abraço forte e acolhedor, talvez fosse o jeito dele de me mostrar que estava tudo bem e que ele estava disposto a me ajudar. Minha avó se juntou a confusão de braços e deitou a cabeça sobre a minha, suspirando pesadamente e me apertando também.

Nunca me senti tão próximo deles.

Fomos todos juntos até a cozinha, minha avó puxou um banquinho de madeira para mim e eu me sentei, fungando e soluçando, mas não mais chorando.

O silêncio se seguiu enquanto ela preparava alguma coisa numa leiteira, apenas o som da colher misturando seja lá o que fosse e vez e outra raspando no fundo da panela. Quando o cheiro atingiu minhas narinas eu me senti uma criança outra vez, ela estava fazendo chocolate quente.

Minha mãe também tinha o costume de preparar chocolate quente quando eu estava triste, não importava a estação do ano.

Até mesmo bolota pareceu perceber que havia algo errado, porque o gato gordo apareceu miando na cozinha e se esfregando minhas pernas, logo depois sentando em meu pé esquerdo.

— Eu disse a ele que ia ficar tudo bem. — digo, encarando a caneca de chocolate quente a minha frente.

— Você não pode prometer algo assim, Soonin. — vovó se esforça para me consolar.

— E-eu não prometi, eu só disse que ficaria, porque... porque eu pensava que os pais dele eram pessoas boas, que eles entenderiam e o aceitariam. — todo esse tempo eu pensei que os dois fossem legais, mas parece que não sei julgar o caráter das pessoas mesmo.

— Não se culpe, ok? E nem fique pensando muito nisso essa noite. — meu tio acaricia minhas costas de forma um pouco bruta, imagino que seja porque ele não é muito carinhoso. — Amanhã de manhã eu mesmo te levo pra casa. Não vou deixar você sair a essa hora e embaixo de chuva, não quero que o pior te aconteça.

Sem tentar debater com qualquer um deles, termino minha bebida quente e fico um tempo sentado, pensando, mas ligo me levanto e desejo uma boa noite sem qualquer entusiasmo, saindo da cozinha e voltando para o meu quarto.

Acho que nem preciso dizer que eu não preguei os olhos a noite toda.

Enviei mil mensagens para Beomgyu de madrugada, mas ele não as respondeu, então supus que ele poderia estar dormindo. Até pensei em ligar para Yeonjun, mas era óbvio que ele deveria estar descansando de seu dia cansativo, também cogitei ligar pro Kai, mas imaginei que seria ainda mais dramático e que ele sairia até descalço de casa para ir correndo até a minha casa para socorrer Beomgyu.

E tinha Taehyun.

Sinto que, mesmo que tenhamos passado um tempo considerado juntos, não temos tanta intimidade assim, mas de qualquer forma, Beomgyu é namorado dele, então pensei que ele saberia de alguma coisa ou pudesse fazer alguma coisa.

Eu:
Taehyun-ssi, o gyu falou com você?

Obviamente não recebo qualquer resposta, e acho que o fato de ter passado das três da manhã contribui pra isso.

Taehyun:
geralmente conversamos sempre
mas hoje ele apenas me mandou um "bom dia"
aconteceu alguma coisa?

Meu sangue gela ao que sou respondido alguns muitos minutos depois, porque eu realmente não esperava que ele estivesse acordado.

Sua mensagem deixa claro que Beomgyu não havia contado nada e eu até imagino que tenha sido para não preocupa-lo, mas por causa da minha preocupação eu posso ter feito besteira.

Acho que não é meu papel contar a Taehyun que o namorado dele havia sido expulso de casa por ter se assumido para os pais, sem contar que Beomgyu ficaria deveras chateado comigo caso eu desse com a língua nos dentes sobre um assunto que deveria ser debatido entre eles apenas, e não ser um feat Soobin.

Penso um pouco sobre o que responder, minha cabeça latejando de dor e meu cérebro sendo incapaz de colaborar comigo. Não quero dar motivos para ele se preocupar, mas também não quero que ele pense que o Gyu o estava ignorando todo o tempo.

Eu:
ah, ok 😔
é que meu aniversário tá chegando e eu queria saber se ele comentou alguma coisa com você sobre uma festa surpresa kkk
ele sabe que eu odeio festas surpresa

Nem eu mesmo consigo acreditar na minha velocidade para conseguir pensar em uma desculpa tão boa como essa. Com certeza meu cérebro murchou depois dessa de tanta força que eu fiz.

Taehyun:
haha não hyung, sinto muito
e não é como se eu fosse te contar caso ele tenha
mas ele não falou com você hoje?
estou preocupado

Eu:
agora fiquei com a pulga atrás da orelha kkk
ele quase não fala comigo, esse escroto
aposto que ficou maratonando algum anime, relaxa

Eu sou uma máquina de contar mentiras pelo visto.

Taehyun:
é bem provável
ligarei para ele amanhã

Não prolongamos muito a conversa depois disso, eu disse a ele que precisava dormir e ainda brinquei que ficaria de olho sobre a tal festa surpresa, ele mandou mais um "haha" e me desejou uma boa noite.

Embora eu tenha sido um grande ator ao fingir que estava mesmo curioso sobre minha festa de aniversário, eu ainda podia sentir que Taehyun continuava preocupado, mas talvez ele tivesse o mesmo pensamento que eu, ele não queria me preocupar junto.

Ah se tu soubesses, Taehyun-ssi.

Quando o mundo lá fora clareou, sem qualquer resquício de luz solar, eu já estava fora da cama há muito tempo. Coloquei minhas malas na sala e corri para usar o banheiro, tomando um banho a jato e escovando os dentes, ansioso para que meu tio acordasse e me levasse para casa.

Era como ter oito anos de novo e estar ansioso para um excursão escolar, muito embora a minha ansiedade não estivesse misturada com a animação.

Meu tio me olhou torto quando se arrastou até a sala e me viu sentado no sofá, pronto para partir. Ele nem me deu bom dia, apenas seguiu seu caminha até a cozinha para, acho eu, preparar seu café da manhã. Enquanto isso, eu estava tão nervoso que nem fone eu sentia.

Fiquei assistindo televisão durante o tempo que meu tio levou para se aprontar, zapeei todos os canais e não consegui deixar em nenhum, sempre voltando do início e passando todas os filmes e séries sem nem ao menos prestar atenção neles.

Levo um pequeno susto quando minha avó se senta ao meu lado e me oferece uma cabeça de café. Ainda sou um pouco resoluto sobre beber café, mas na atual situação acho que seria bom beber uns golinhos para continuar acordado.

— Uma pena que você tenha voltar tão cedo, meu filho. — ela parece realmente chateada com a minha partida e isso quase me faz querer ficar. Quase.

— Talvez eu volte, vovó. — não tenho tanta certeza disso.

— Não precisa se preocupar com isso, Soonin. — suas mãos de idosa acariciam meu rosto e ela sorri para mim. — Só me prometa que não vai demorar para vir nos visitar, está bem?

— Eu prometo, vovó. — disso eu tenho certeza.

— Vamos, garoto? — finalmente meu tio se aprontou. — Mãe, vou deixar a cargo do Changho abrir o hall e tudo o mais, mas qualquer coisa a senhora me liga.

— Eu sei me virar, Sejin. — ela revira os olhos para ele e eu sorrio para os dois. Gosto dessa relação meio bruta deles, é bem eles.

Meu tio me ajuda com as malas, levando duas e deixando que eu carregue minha mochila e a última mala. O hall está vazio quando passamos por ele, e do lado de fora está o o tal do Changho com uma cara de quem não está nem um pouco contente por ter sido acordado cedo.

— Sabe o esquema, né? — meu tio parece relutante em entregar as chaves ao outro homem, como se estivesse pondo um bem precioso nas mãos do inimigo.

— Não é a primeira vez que eu fico encarregado das suas tarefas, cara. — um pouco irritadiço, Changho pega as chaves do meu tio e entra para começar seus trabalhos.

Colocamos as malas na caçamba da picape e meu tio cobre com uma lona preta, provavelmente para que não peguem chuva no caminho.

Eu entro no carro já me tremendo feito vara-verde, ficando cada vez mais ansioso a cada minuto que passa. Minha perna não para quieta, talvez o carro inteiro esteja balançando por causa disso.

— Soonin, espera. — minha avó vem em direção a caminhonete tida encolhida em um sobretudo felpudo e daquela cor que vocês bem sabem. — Como não vou conseguir te entregar um presente, toma.

Ela me entrega um envelope pela fresta aberta da janela, a palavra "PAGAMENTO SOONIN" está escrita em letras grandes no verso e por um instante eu me sinto adorável. É sempre bom receber seu dinheirinho depois de dias de trabalho duro — nem tão duro, já que só comecei a trabalhar quando meus amigos foram embora —.

Sem delicadeza alguma eu abro o envelope, não para checar se está tudo certo, até porque eu nunca soube muito bem quanto que eu deveria receber de fato, mas é notável que há mais dinheiro ali do que deveria ter e isso me faz olhar a senhora encolhida do lado de fora com cada de espanto.

Enquanto isso ela me sorri como se estivesse me pregando uma peça. Só falta eu estar caindo em uma pegadinha e ter dinheiro do banco imobiliário no meio.

— É seu pagamento mais o presente de aniversário. — ela parece orgulhosa de si mesma, deve pensar que arrasou no presente. E arrasou mesmo.

— Obrigado, vovó. Vou fazer bom uso disso. — quem eu quero enganar? Sei que no final vou gastar tudo em short com estampa escrota.

— Leva o seu namoradinho pra comer fora. — minha cara esquenta e eu sorrio minimamente. Pensar em bancar um encontro com o Yeonjun me deixa realmente feliz. — Faça uma boa viagem e eu espero que de tudo certo pro seu amigo.

— Obrigado. — abro mais a janela e me debruço quase todo para fora, apenas para conseguir dar um beijo no rosto dela. — Você é demais, vó.

— Eu sei, eu sei.

Ela continua do lado de fora quando meu tio entra no carro e dá a partida, e pelo retrovisor eu a vejo sozinha, encolhida em seu sobretudo azul e acenando para o carro. Fico triste por pensar que não há ninguém lá para acompanhá-la para dentro.

Como de praxe, meu tio liga seu rádio e deixa que seus rocks das antigas inundem toda a cabine com uma agitação que destoa completamente com o clima do lado de fora.

Uma chuva fina e chatinha de iniciou no meio do caminho, pegamos um pequeno trânsito na entrada de Seoul e um maior ainda quando já estávamos na cidade. Eu não preguei os olhos um segundo sequer, muito embora meu corpo implorasse para um descaso, eu não consegui aquietar minha mente o suficiente nem mesmo para um cochilo, quando percebi que faltava pouco para chegar em casa ficou ainda mais complicado.

Quando o carro estacionou na frente do portão de casa eu simplesmente desci e corri até lá, avenidona mochila às pressas para pegar a minha chave e escancarando a passagem para quem quisesse entrar. Passei pela porta da sala no desespero mesmo, parando no hall de entrada e finalmente me dando conta que estava em casa depois de dois meses longe.

Meu pai é quem aparece assustado na sala por conta de todo o barulho que fiz. Nossa, como eu senti falta de seu pijama marrom horrível e os óculos fundo de garrafa, era como se eu o visse depois de vinte anos longe.

— Soobin? — ele está surpreso em me ver e com certeza aliviado por não ser um ladrão invadindo sua casa tão cedo pela manhã.

— Pai! — por um instante eu esqueci o real motivo de ter voltado para casa e corro para abraçar o meu velho, só acreditando que não era sonho quando o cheirinho de alfazema que tinha em todas as suas roupas invade minhas narinas. — Que saudades.

— Também senti sua falta, filho. — do seu jeito sem jeito ele retribui meu abraço, acariciando minhas costas. — Mas por que voltou tão de repente?

É nesse momento que meu cérebro reconectar e eu lembro o motivo de estar ali. Vou às pressas até a cozinha, crente que eu encontraria meu melhor amigo sentado à mesa tomando café com a minha mãe, mas não há ninguém lá.

— Garoto, eu não sou seu chofer não. — meu tio entra todo atrapalhado. Ele deu um jeito de conseguir carregar todas as minhas malas de uma vez, talvez para poupar tempo. — Bom dia, Ed.

— Bom dia, Sejin. — meu pai apenas fica mais confuso a cada minuto que passa. — Aconteceu alguma coisa?

— Cadê o Gyu? — o coração batendo a mil e eu ficando com medo de ter saído às pressa de Sokcho para chegar em casa e descobrir que o bonito já tinha ido embora.

— Ah, agora eu entendi. — os neurônios dele se iluminaram e ele sorri de um jeito triste. — Acho que ele está dormindo no seu quarto.

Aceno em concordância e deixo os dois para trás, marchando até meu quarto e abrindo a porta bruscamente.

Meu quarto é três vezes maior e mais bagunçado do que o cubículo de Sokcho e minha cama cabem quatro pessoas sem que uma quase caia para fora, e Beomgyu dormia encolhido bem no meio dela, daquela jeito que ele sempre ficava quando estava com medo de alguma coisa ou triste demais.

Era como ver o Beomgyu de dez anos que se encolhia em dias de chuva com medo dos trovões lá fora.

Triste pensar que os anos passaram e seus pais viraram seus trovões.

Largo minha mochila no chão, não me importando em fazer barulho, e tiro meus sapatos com os pés mesmo, indo até a minha cama e apenas me deitando ao lado dele, o abraçando apertado.

— Sua mãe tava certa. — a voz dele não é de alguém que acabou de acordar, mas sim de alguém que passou a noite em claro externando a própria dor. — Você seria mesmo doido de voltar por minha causa.

— Você é meu melhor amigo, Gyu, eu seria capaz de atravessar o mundo por você.

— Isso é porque você é um idiota. — ele tenta disfarçar sua mágoa forçando sua personalidade divertida, mas eu o conheço bem demais.

Leva dois segundos para que sua mão se agarre ao meu moletom e eu perceba que ele está chorando com o rosto afundado em meu peito. Não me movo ou digo coisa alguma, apenas deixo que ele desconte toda a sua tristeza em meu casaco, amassando-o entre seus dedos e molhando-o com suas lágrimas.

Eu não sei o que é ser bissexual, e Beomgyu está descobrindo agora também, mas eu vejo muita gente na internet falando sobre o preconceito para com essa orientação sexual. Claro que eu sei que o preconceito existe com toda a comunidade, não sou cego e muito menos ignorante, mas o destaque aqui é para pessoas bis.

Nunca imaginei que alguém do meu circulo de amigos sofreria da descriminação e falta de informação alheia, muito menos que esse alguém seria meu melhor amigo, mas a gente não tem bola de cristal para imaginar o que vai acontecer na nossa vida, que dirá na dos outros.

Ele me contou o que de fato aconteceu e eu fiquei bem surpreso de descobrir que ele saiu de casa por conta própria, os pais não precisaram expulsá-lo, ele saiu antes que tivessem a chance.

O que acontece é que Beomgyu pensou como eu, ele acreditou que seus pais seriam tolerantes e o aceitariam de braços abertos, mas infelizmente o mundo não é um conto de fadas, na verdade ele está cheio de madrastas más disfarçadas de fadas madrinhas.

Meu amigo criou coragem para chamar os pais para conversar, sentou com eles no sofá da sala de sua casa e explicou toda a situação, contou sobre Taehyun e sobre seus sentimentos, deve ter dito o real motivo para ele se deslocar para Sokcho sem mais nem menos e depois soltou a bomba que estava namorando um cara. E acho que aí que as coisas complicaram para ele.

"Eu sabia que isso aconteceria alguma hora" foi o que o pai dele disse, de acordo com ele mesmo, "você fica andando com esses viados e agora está agindo como um deles" e nesse momento eu mesmo senti vontade de chorar, porque sempre tive um carinho tão grande pelos pais do meu amigo, mas parece que isso pouco importava para eles, no final eu servi apenas como um motivo para eles destilarem ódio em cima do próprio filho.

— Minha mãe disse que eu tô confuso e que daqui há um mês eu vou aparecer com uma garota em casa. — ele já estava um pouco mais calmo, havia me soltado e olhava para o teto do meu quarto. — Eu tentei argumentar que tinha certeza de que isso não aconteceria, mas aí ela disse "você não tem certeza nem do que quer fazer da vida, Beomgyu". Isso doeu na alma.

— Sinto muito, Gyu, ninguém merece passar por esse tipo de coisa. — busco sua mão sobre o colchão e entrelaço nossos dedos. Não sei o que devo dizer sobre tudo isso, me sinto abalado e desiludido.

— Meu pai tentou me obrigar a terminar com o Tae e depois disse que era melhor eu me afastar de você antes que... enfim, não quero repetir o que ele disse, foi escroto demais. — nem eu sei se teria estômago para ouvir o que ele disse. — E minha mãe concordou com tudo aquilo, disse que eu deveria tirar um tempo para pensar melhor e que eu ia perceber minha confusão depois de ficar longe disso tudo.

— Foi aí que você resolveu sair de casa? — me sinto um pouco mais aliviado por saber que aquilo havia sido escolha dele e não um ultimato dos dois surtados.

— É. — ele se vira para ficar de frente para mim. A ponta de seu nariz está vermelha e seus olhos fundos pelo choro e a noite em claro. — Sabe, eu poderia ter ficado em casa se eles só tivessem ficado putos por eu estar namorando um cara, mas depois que eles falaram pencas de merda sobre o Tae e sobre você, eu decidi que não ficaria nem mais um minuto naquela casa.

— Eu estou bem chateado com essa situação também, não esperava que eles fossem esse tipo de gente. — me sinto ofendido, magoado e irritado. — E se alguém tem culpa de despertar a sua viadagem, esse alguém é o Taehyun.

— Se não fosse ele, eu tenho certeza que outro cara iria despertar isso em mim. — ele faz uma breve pausa e sorri pequeno. — Mas fico feliz que tenha sido ele.

Eu espero que essa nuvem de tempestade na vida do meu amigo passe logo, porque vê-lo tão acabado destrói o meu coração frágil.

— Falando no príncipe de Buckingham, você não falou pra ele sobre isso, né? — me lembro da madrugada e como ele parecia realmente preocupado, mesmo que tivéssemos trocado poucas mensagens.

— Eu não queria que ele ficasse preocupado, muito menos que se sentisse culpado. Vou ligar pra ele mais tarde, acho que eu queria falar com você antes também, sabia que isso me acalmaria um pouco mais.

Descobrir que você é uma espécie de porto seguro para o seu melhor amigo não tem preço mesmo.

Ficamos deitados na cama por tanto tempo que nem percebi quando acabamos pegando no sono. As mãos ainda unidas, sua cabeça em meu ombro e a minha apoiada sobre a sua, uma posição não tão confortável para uns, mas que parecia ideal para nós dois. Foi uma madrugada turbulenta para nós e acho que precisávamos de um bom descanso.

Seria uma longa caminhada, mas eu estaria ao lado dele. Como sempre.



🍑
Música do capítulo:
Amigo estou aqui - Toy Story

Ufa! Inhai, meu povo, tudo tranquilo com vocês? Como que tá o coração?

Preciso dizer que eu gostei bastante desse capítulo, fluiu tudo muito que bem, mesmo que eu tenha escrito na pressa, porque a minha internet caiu e eu tive medo de não conseguir postar a tempo. Felizmente o cara lá de cima iluminou a minha internet e ela voltou pra nós.

É nesse clima gostosinho que eu lhes pergunto: e o mv de Drama, hein moa?
KIMI NO DRAMA, caraio.

Fortes emoções nesse capítulo, me digam o que vocês acharam sobre tudo isso e me deixem saber o que vocês esperam que aconteça no próximo.

MERCHAN!
Ontem (07/08) postei um novo capítulo da minha outra fic, caso não tenham visto e tals kk quem quiser ir lá dar aquela conferida básica. Vamo aproveitar enquanto ainda tá lá, porque a autora é doida, menines!

Então, é isso!
Até a próxima

Meu Twitter
beombril

bye bye

Continue Reading

You'll Also Like

86.4K 4.9K 6
Sakura está cansada da sua vida amorosa, e então em meio a chuva encontra no prateado o caminho para o prazer.
97.6K 13.3K 13
[CONCLUÍDA]Yeonjun se pegou apaixonado por Soobin depois de tantos anos de amizade. Obviamente não lhe parecia recíproco e estava cogitando a ideia d...
33K 4.3K 29
O sangue jovem que corre pelas nossas veias um dia envelhecerá, e tudo o que restará dessa fase da vida serão míseras lembranças. Portanto, crie boas...
764K 23K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...