diz pra eu crescer, mas no fundo me vê como o seu neném

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S O O B I N

Quando somos crianças temos muitos medos irracionais, como por exemplo: o bicho papão embaixo da cama, o homem do saco, do escuro; mas nenhum desses medos supera aquele medo que é bem real, o que a gente sente na pele e implora para que nunca aconteça.

O medo da chinelada.

E eu fui uma criança que levei muita chinelada da minha mãe, até meus quatorze anos, por fazer muita merda mesmo.

Agora, aos vinte e um anos de idade, sinto aquele frio na espinha que se alastra até a cabeça, as pernas bambas e o coração acelerado, aquela sensação de que fiz merda e fui descoberto. E por que eu me sinto assim? Porque a digníssima senhora minha mãe viajou duas horas de carro numa manhã fria para vir até Sokcho mandar um esporro. Tem como não tremer na base com isso?

O problema maior é que eu nem ao menos sei o que eu fiz que pudesse causar essa sua cara de quem chupou limão siciliano três vezes seguidas.

— Choi Soobin! — ela diz meu nome entre dentes, claramente pronta para pular no meu pescoços e arrancar minha cabeça com suas unhas bem feitas.

O som do seu ódio acaba por despertar às duas únicas pessoas que ainda estavam dormindo na casa.

Meu tio e Beomgyu saem de seus quartos e vão até a sala, os dois se arrastando e bocejando, deixando claro que a fofoca é a única coisa poderosa o bastante para conseguir levantá-los tão cedo.

Meu tio, que vem coçando a bunda, para no meio do caminho ao perceber a figura de sua irmã na sala, ele a encara por um tempo e depois olha para mim, sua expressão deixando bem claro que ele está tentando ligar os pontos. Provavelmente deve estar achando que ou eu contei para ela que ele me "perdeu" ou que ela usou de seu sexto sentido para perceber isso. Eu, por outro lado, tenho quase certeza de que não tem nada a ver com isso.

Beomgyu, ao contrário do meu tio, não se abala com a chegada da minha mãe e simplesmente se joga no sofá, apoiando o cotovelo sobre o braço do mesmo e ficando daquele jeito como se esperasse algum espetáculo da Broadway.

— Mãe, o que você veio fazer aqui? — pergunto depois que todos já estão na sala acompanhando o capítulo da novela.

— Eu tive que vir checar se você ainda está vivo, já que você não me manda um sinal de vida há dias. — ela tira seu celular do bolso e me mostra a tela. Seu papel de parede é uma foto minha de quando eu era bebê. — Ia te doer muito falar com a sua mãe, Soobin? Eu estou lá na casa do caralho quase arrancando meus cabelos de preocupação.

— Bem, eu to aqui a trabalho né, não de férias. — murmuro, mas ela me ouve mesmo assim.

— É mesmo? E o que o Beomgyu está fazendo aqui? Trabalhando também?

Nesse momento eu volto a atenção pro meu amigo, largado feito um saco de batatas no sofá, o queixo apoiado sobre o punho e os olhos fechados, com certeza mais pra lá do que pra cá.

Como que eu digo pra minha mãe que ele estava ali pra conversar com o garoto que ele ficou e resolver a própria sexualidade? Acho que ela riria na minha cara e me dava um sopapo.

— Ele disse que tava com saudades de mim. — dou de ombros. Não é mentira, ele que disse mesmo.

— Eu também estou com saudades do meu binbin, mas não estou vendo você ligando pra isso. — minha mãe, uma mulher adulta, cruza os braços e faz bico, como se tivesse apenas cinco anos.

— Mamãe... — digo tão manhoso que chega a dar nojo.

No segundo seguinte eu estou em seus braços, recebendo um abraço quentinho e muitos beijos no rosto enquanto ela repete várias vezes como sente falta de mim e como me levar para Sokcho tinha sido uma péssima ideia. Claro que a essa altura do campeonato eu já não concordo tanto com ela, mas não vou estragar a alegria da minha mãezinha.

Hot tub, nice buttWhere stories live. Discover now