Hot tub, nice butt

ou fingir estar sempre bem, ver a leveza das coisas com humor

S O O B I N

Sofrer por antecipação é um saco. Não sei se isso se enquadra em ansiedade ou eu que sou emocionado demais, mas apenas pensar que logo estarei sozinho no Éden, só com a minha avó e meu tio, já me faz virar um poço de tristeza e melancolia.

Bem dramático mesmo, porque eu não sei ser de outro jeito que não seja esse.

Pra piorar meu estado de tristeza profunda os dias restantes com o meu melhor amigo passaram na velocidade da luz, foi como se eu tivesse só piscado e de repente eu estava o ajudando a arrumar as malas.

Os três dias que se seguiram após o anúncio de Beomgyu eu agi feito um carrapato, grudado nele como se fôssemos gêmeos siameses, fazendo manha para que ele ficasse apenas comigo ao invés de aproveitar o resto do tempo com o namoradinho. Puta egoísta, eu sei.

Quando dei por mim já estávamos na última noite, nós quatro deitados na cama de casal na casa de vovó e no mais completo silêncio. Acho que de todos eu era o mais pensativo, embora eu soubesse que Kai também estava chateado com o fato de que nosso amigo ia embora antes de nós, mas são sentimentos bem diferentes.

Claro que eu estou chateado, mas também estou um pouco assustado, porque só agora eu me toquei que não estou aqui de férias, minha estadia não é datada como a deles, eu fui mandado para o Éden para trabalhar e aprender a ser gente, eu posso ficar aqui por um ano ou mais, talvez até pra sempre — essa parte é bem drama mesmo, relaxem —, mas eles podem ir embora e voltar a viver a vidinha normal deles. O que eu vou fazer quando eles forem embora?

Digo, desde o primeiro dia que cheguei em Sokcho eu não tenho estado sozinho um minuto sequer. Beomgyu apareceu no dia seguinte e eu já estava sendo puxado pela energia positiva de Yeonjun, em momento algum fomos só eu, meu tio e minha avó, como serão as coisas quando isso realmente acontecer? Será que o clima vai ficar estranho? Eu vou ter mais trabalho a fazer? Vovó vai tentar me empurrar para alguém na esperança de eu fazer novos amigos?

É com isso que a minha cabeça está cheia, é essa preocupação que me veio assim que Beomgyu disse que iria embora. Todos eles vão embora em algum momento e eu vou ficar. Como eu fico?

— Vai ser bem estranho voltar pra casa depois de tanto tempo. — e é justamente ele quem quebra o silêncio massacrante que está o quarto. — Eu sentia como se tivesse me mudado pra cá, sei lá.

— Vai ser estranho aqui sem você, Beomie. — geralmente nesse ponto é quando eu começo a ficar bem triste e carente, então provavelmente eu vou acabar agarrando alguém pra me sentir melhor.

— Eu to aqui pensando... — pausa dramática. — Quando eu voltar pra casa eu vou meio que ficar sozinho, né? Tá todo mundo aqui.

— Verdade. — Kai dá o ar de sua graça. — Mas eu devo ir embora semana que vem, então a gente marca de fazer alguma coisa, sei lá.

— Assistir aquele anime que tínhamos marcado, mas eu pulei fora pra vir pra cá. — eles riem. E eu continuo em silêncio, apenas ouvindo.

Eles já estão fazendo planos. Será que se eu ligar pra minha mãe e pedir para ir pra casa ela deixa? Provavelmente não.

— Acho que vou embora em breve também. — minha prima, que está abraçada em mim como se eu fosse um urso de pelúcia gigante, me aperta em seus braços. — Vou viajar com a minha mãe início do mês e não comecei a resolver nada.

— E por que veio pra cá mesmo? — eu tento fingir que estou indiferente com a partida dela, mas a verdade é que machuca também. Não sei quando nos veremos de novo no fim das contas.