pane no sistema, alguém me desconfigurou

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S O O B I N

Lista de coisas impossíveis de acontecer:

1. minha avó largar a cor azul!
(acho que já deu pra perceber que ela ama essa cor com todas as forças)

2. meu tio parar de fumar
(ele tentou uma vez, mas ficou que nem eu quando fiquei duas horas sem internet)

3. meu pai conseguir sorrir por mais de um minuto
(não é impossível, mas é tão raro quanto a passagem de um cometa)

4. hyuka parar de gostar de bichos de pelúcia
(sério!)

5. Choi Beomgyu beijar um cara
(mas vamos ter que riscar esse da lista)

Sabe quando tudo na sua vida parece se tornar uma mentira? Tipo quando você descobre que os Power Rangers não são de verdade e que o Barney é só um cara usando uma estúpida fantasia de dinossauro roxo, ou quando você chega numa idade e te contam que os bebês não são entregues pela cegonha.

Bem, é exatamente desse jeito que eu me sinto enquanto estou parado na entrada do quarto 107 ainda não acreditando que eu peguei o meu melhor amigo, que eu sempre pensei que fosse hétero, todo molhado e beijando Taehyun. Na boca.

Sei lá, a sensação que eu tenho é que um buraco se abriu bem embaixo dos meus pés e eu estou caindo e nunca chego ao fundo, e tudo o que me resta é cair continuamente. Eu só consigo ficar parado olhando pros dois com cara de paisagem, enquanto os dois parece que foram pegos tentando esconder um assassinatos. Não sei dizer quem está mais chocado nesse momento.

— Hyung. — Beomgyu é quem reage primeiro, dando um passo na minha direção.

Meu instinto é dar um passo para trás, sentindo o vento frio do lado de fora ricochetear minhas costas. Eu sinto vontade de fugir, mas só de lembrar o pé d'água que cai lá fora me torno imóvel feito uma montanha.

— Bin? O que foi? — a voz de Yeonjun vem de trás de mim, então eu viro o pescoço bruscamente, sentindo uma dor. — O que aconteceu?

É olhando em seus olhos que eu percebo que ele está mais perdido do que eu, o que chega a ser um alívio para mim, porque significa que não fui o último a saber e que ainda tenho alguém em quem confiar nesse momento tão... inacreditável da minha vida.

Yeonjun está parado do lado de fora, segura o guarda-chuva de bolinhas e uma bolsa de notebook embaixo do braço, o pijama dele é daqueles de velho que é cor única e parece seda, mas eu não consigo raciocinar direito nem mesmo pra zombar de sua escolha. Minha única reação é me enfiar embaixo do guarda-chuva junto com ele, ficando mais perto do que a lei da física permite e torcendo para que ele entenda o meu silêncio como um pedido desesperado para que ele me tire de lá, me ajude a fugir.

Mas ele não se mexe. Um grande lesado.

— Vamos pro meu quarto. — digo seco. Ele não merece que eu seja ignorante com ele, mas não consigo controlar isso. — Esse tá ocupado.

Minha mente está completamente enevoada, como um espelho embaçado depois de um banho quente. Eu não consigo pensar direito, tudo parece uma bagunça sem fim.

É como se eu tivesse enfiado um monte de coisa dentro de um armário e de repente alguém chegou e abriu a porta, fazendo tudo cair pra fora de uma vez. Ao mesmo tempo que eu tento procurar um motivo, eu também discuto com meu subconsciente, mandando ele calar a boca e parar de tentar ser racional, porque eu não quero ser racional. Eu quero explodir, eu quero gritar, eu quero voltar a chorar, tudo isso porque eu me sinto traído.

Então era por isso que ele estava me ignorando, me deixando de lado, foi isso que ele contou pro Kai, mas não contou pra mim. Beomgyu, que sempre foi meu melhor amigo, não era hétero coisíssima nenhuma e ele não teve a capacidade de me contar isso, de sentar comigo e falar "poxa cara, eu beijo caras".

Hot tub, nice buttWhere stories live. Discover now