Izack Campos
Minha infância era perfeita. Mas não era só perfeita, porque era uma época de criança, era perfeita por causa de alguém.
Esse alguém era o meu pai, ele era a luz da família, era a luz da vida da minha mãe como ela mesma diz. Mas ele partiu dessa vida e junto com ele levou a luz e o amor da minha mãe. Desde então ela ficou amarga só pensa em dinheiro, e a importância da sua imagem perante a sociedade.
Quando meu pai morreu os negócios do escritório jurídico da minha família ficou sobe a responsabilidade do seu sócio e minha mãe. Porém ela não tinha formação para isso, por tanto ela só cuidava da parte burocrática da sociedade, e da herança.
Quando tudo aconteceu eu tinha apenas 12 anos de idade, durante todo esse tempo minha mãe já falava que assim que eu terminasse o colegial eu iria fazer direito.
Terminei a escola e dei um duro danado para passar na federal. Durante todos os 5 anos de curso minha mãe exigia: "tem que ser o melhor", você é herdeiro da nossa família e blá, blá, blá!
Foi anos sobre pressão, hoje estou aqui com 28 anos, tomando conta do escritório da família.
Logo depois que terminei a faculdade fiz o exame da ordem e passei de primeira. Eu vivia para estudar, então não tinha motivos para não passar. Minha especialidade é penal. Virei uns dos advogados mais famosos do estado do Rio de Janeiro, assim como o sobrenome ficou bem conhecido.
Hoje em dia fiz sociedade com meu melhor amigo de infância, Miguel. A especialidade dele é trabalhista, e em um escritório, é sempre bom ter mais de uma especialidade.
O antigo sócio amigo de meu pai logo depois de um tempo que eu comecei a trabalhar no escritório quis se aposentar, disse que já trabalhou de mais na vida dele e que agora é minha vez. Então ocupei a vaga dele com Miguel, e foi ótimo.
Estou saindo, Anastácia. - Digo passando pela secretaria do escritório.
Ela assente com a cabeça e apenas me olha.
Chego em frente ao elevador e espero ele chegar, quando ele se abre mostra a figura da pessoa que eu menos queria que aparecesse agora, Isabella, minha ex.
- Izack! Que sorte a minha te encontrar aqui na entrada. - Ela fala sorridente fazendo charme dentro do seu belo vestido vermelho decotado.
- Pois, é! - Digo passando a mão na nuca. - Mas estou com pressa no momento, Isa.
- Ah, poxa! E eu tinha vindo aqui só para te ver! - Ela diz chegando perto fazendo beicinho.
- Então... Estou indo.- Digo me desviando dela e entrando no elevador.
- E vai me deixar aqui Izack? - Ela cruza os braços.
- Vou ter que deixar - Falo apertando o botão do térreo.- Mas o Miguel está dentro da sala dele. Se quiser pode ir lá bater um papo.
Termino de falar e o elevador se fecha. Deixo ela falando sozinha.
Parece que essa mulher não larga do meu pé. Já disse que não tem mais nenhuma chance entre nós, mas parece que tudo que lhe digo, entra por um lado do ouvido e sai por outro. Ela não se toca, mulher chata!
Meu celular toca:
- Alô! - Falo indo em direção ao carro e logo girar a chave.
- Izack, onde você está? - É minha mãe. - Temos que terminar de fazer as fotos para o seu evento de amanhã.
- Mãe, logo, logo chego!
- Você ta dizendo isso à 1hr, ver se vem logo Izack!
- Ok!- E desligo friamente sem nem dizer tchau.
Na verdade, ela nem se importa. Eu não tenho uma boa relação entre mãe e filho com ela, e é até difícil as vezes ter que aturar o gênio dela. Ela é mandona, autoritária e fútil. Deus me livre se um empregado olhar ela nos olhos, é rua na certa. Não sei o porque ela ficou tão amarga depois da morte do meu pai, Tá, eu sei que é doloroso perder o grande amor da sua vida, mas é necessário ser assim? Acho que não!
- Agora só mais um pouco para a esquerda dona, Glória.
Morris o fotógrafo direcionava as nossas posições.
- Um pouco mais para a esquerda, Gael, olha bem centrado ao meio. - Ele pedia.
Nossa posição era minha mãe ao meu lado esquerdo, Gael no meio sentado em uma poltrona, e eu na direita, com braços cruzados.
- Perfeito! - Por hoje é só pessoal!
Morris diz com um sorriso.
- Que ótimo, Morris!
- Amanhã quero essas fotos perfeitas o fotógrafo! - Minha mãe fala em tom autoritária.
- Sim senhora, dona Glória.
- Gael, as empregadas já deixou seu terno azul em seu quarto. - Ela avisa. - Quero você impecável.
- Ok, só não fica no meu pé amanhã e a noite toda! - Gael fala fazendo careta. - Vê se arruma um namorado e para com esse mau humor. - Ele diz indo para escada.
- Como é que é ? Seu menino atrevido? Você me respeite que sou sua mãe!
Ela ajeita o vestido e cruza os braços.
- Vou subir. - Aviso e ela assente com a cabeça.
Entro no meu quarto já tirando a gravata e sapatos, estou exausto, vou preparar um banho de banheira para mim.
Depois de um tempo, logo entro nela e relaxo tirando todo estresse do dia, não é fácil atender quase dez clientes por dia e cada um com seus problemas, e eu tendo que peticionar cada peça de cada um. É foda, porém prazeroso.
Ultimamente nem tenho ido na academia por conta do trabalho, parece que toma mais conta do meu dia do que qualquer outra coisa. Às vezes dou umas fugidas com Isabella, mas ultimamente nem para isso tenho tempo, mas se bem que é até bom, porque essa mulher é um pé no saco!
A dois anos atrás tive um relacionamento sério com ela, mas, a descarada inventou de me trair! Logo eu descobri as traições, mas depois que eu soube nem fiz questão, pois meu sentimento por ela nunca foi recíproco, era mais sexo, e da parte dela era o interesse por dinheiro, pelo meu dinheiro.
Escuto alguém bater na porta.
- Quem é?
- Sou eu mano!
- Entra, Gael!
- Preciso sair e queria saber se você me ajuda com a mamãe? - Ele coloca a mão na nuca e depois na cintura.
- E para onde você vai?
- Vou sair com uma gata! - Ele diz com cara de quem vai aprontar.
- Hum... E então nossa querida mãe, Glória não sabe dessa tal gata?
- Não, não mesmo, e nem pode saber!
- E porque não?
- Por que ela é a filha da zeladora da minha escola! - Ele baixa a cabeça com a mão na cintura. - Mas porra! Izack! Estou muito loucão por essa garota! - Ele diz com um brilho no olhar e pode se notar que esta apaixonado.
- Pois bem. Sei bem como nossa mãe é, e pode deixar que te cubro nessa irmãozinho! - Digo e lhe dou um sorriso.
- Valeu cara! - Ele diz todo alegre e vem fazer nosso toque de irmãos. Depois sai do banheiro passando pelo quarto.
- Esses jovens... - Volto a relaxar.
Depois de um tempo escuto outro barulho.
Alguém bate na porta novamente:
- Pode entrar!
- Izack você viu o Gael? - Minha mãe entra perguntando.
- Na verdade sim, mas posso dizer que ele não está em casa, foi fazer um trabalho de literatura com um grupo de amigos.
- Ah, sim! Mas ele nem me avisou nada!
- Ele não lhe achou, por isso veio me avisar.
- Então ta bom, vou me deitar. - Ela diz e sai do quarto.
Sempre que da eu cubro meu irmão, Gael é o único ser da família que transmite alegria nessa casa, quando nosso pai se foi desse mundo ele tinha apenas 2 anos, e com isso ele não se lembra muito. A dor dele foi bem menos que a minha e de minha mãe. Ele não passou por um luto muito doloroso, mas também sentiu a falta de uma presença paterna. Hoje em dia ele ta com 18 anos, último ano do colegial, ainda não sabe o que ele realmente quer seguir, mas se for o mesmo curso que o da nossa família decidiu seguir, vou dar todo apoio do mundo.
Acho que o único apoio que não vou precisar dá, é com as mulheres. A final nesse quesito mamãe e papai souberam nos fazer bem direitinho.