Devil Eyes • jjk&pjm

By Astraeaphia

674K 70.3K 58.3K

[CONCLUÍDA] [NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESTA OBRA] Olhos nos olhos dele: diabólicos, provocantes, do tipo que sab... More

BDSM
Book trailer
Cast + avisos
Mídia
🔥 playlist ❄️
[00] Prologue
[01] Bratty?
[02] Fated souls
[03] What if I fall in love?
[04] On your feet
[05] It's good for me
[06] Good boy
[07] Bad and exciting boy
[08] Initial experience
[09] Rules of worship, game
[10] Doctor hope
[11] Go back in time
[12] A snack and some information
[13] With self esteem, jikook
[14] Honey + spittle = paradise
[15] Young forever
[16] Through warmer eyes
17 [ Revelations ]
18 [ O pedido ]
Instagram's jikook
19 [ My love? ]
20 [ Baise moi, daddy ]
21 [ Eudaimonia ]
22 [ Flogger and paddles and amour ]
24 [ Inverter? ]
25 [ #pensei_que_ia_casar ]
26 [ Aceita, meu bem? ]
27 [ Waxplay, Safeword, Exibicionism ]
Grupo de leitores
28 [ Je vais te baiser comme un chaton ]
29 [ A good kitten ]
Epilogue: Jungkook & Jimin
Q&A
livro físico de DE

23 [ Love is not random, we are chosen ]

11.5K 1.1K 1.7K
By Astraeaphia


❄️

Dedicado a SKJinx.

ㅡ Como ele tá? ㅡ É a primeira coisa que Tae pergunta, parado no batente da porta.

Eu reviro os olhos, porque como imaginei, a tristeza de Tae passou em menos de um dia porque o seu deboche ultrapassou qualquer resquício que houvesse.

ㅡ Oi pra você também ㅡ e digo, entrando para dentro, assim como ele.

A chuva se inicia mansa lá foram. Ultimamente tem chovido muito em Daegu.

ㅡ Bem é óbvio que ele não tá, né ㅡ resolvo responder sua pergunta, o vendo fechar a porta com a pontinha do pé, porque além de estar com um óculos super redondo e estranho, um sobretudo que famosos usam e com uma boina estranha, ele também arrasta duas malas super grandes puxadas pelas mãos. E, ah, ele pintou o cabelo de um azul meio verde e eu não sei porque isso não me surpreende. ㅡ Cara, você vai passar um dia aqui ou vai morar pelo resto da vida? ㅡ Questiono, arqueando as sobrancelhas.

Ele tira sua concentração do arrastar de bagagem para parar no meio da sala, apoiar a mão na cintura e me olhar com deboche.

Finalmente encostando sua tralha na beira do sofá pra vir se sentar ao meu lado em passos curtos e rápidos, ele ainda têm a audácia de perguntar: ㅡ Vocês não transaram nesse sofá aqui não, né? ㅡ E aponta para o estofado, com uma careta de nojo. Eu respondo um não com tranquilidade, porque ainda não transamos. ㅡ De qualquer forma, quanto a sua implicância sobre minha estadia nessa humilde e ㅡ olha ao redor, analisando a sala por completo ㅡ minúscula residência, só digo duas coisa: Eu venho quando eu quiser porque a casa não é sua, ainda, pelo menos; E vai se foder.

Ignoro o ainda pelo menos, porque a naja que habita em mim é atiçada com o último insulto de meu amigo da onça.

ㅡ Não, obrigado. Eu tenho um namorado pra isso, ao contrário de algumas pessoas... ㅡ Insinuo enquanto cruzo minhas pernas e sorrio provocativo para ele.

No entanto, Tae abaixa o óculos na ponta do nariz e me olha por cima deles. ㅡ Sério que você vai jogar na minha cara que eu tô sem meu macho? ㅡ Ainda com a mesma expressão, espera uma resposta.

Eu sorrio bem largo e confirmo com a cabeça.

ㅡ Te amo ㅡ então ele se joga para cima de mim, me agarrando em um abraço. ㅡ Quem largou foi ele, então quem está perdendo não sou eu ㅡ e diz, se referindo ao ex-namorado-maluco-de-Nárnia, vulgo Seokjin.

Também retribuo, sentindo o perfume importado coçando meu nariz de modo que eu tenha que sair de seu aperto gostoso pra espirrar.

ㅡ Sorte a sua que o Jun é cheiroso por natureza e não usa perfume, caso contrário você ia mais espirrar do que foder ㅡ abre a matraca que nunca para de cuspir asneira. ㅡ Pensa que legal seria ㅡ ele gargalha, me fazendo franzir o cenho enquanto coço o nariz. ㅡ Uma sentada e uma espirrada. Ia amar ver isso.

ㅡ Puta merda, Taehyung. Será que pode guardar seus pensamentos pra você? ㅡ Peço, nada disposto a parar de relembrar que às vezes seria melhor se ele só pensasse.

ㅡ Não. ㅡ Também cruza as pernas, se preparando para dizer mais alguma porcaria logo em seguida, mas um barulho atrás do balcão toma nossa atenção.

É Jungkook, ainda com as roupas que o ajudei a vestir ontem, tomando água.

Não me assusta o fato de que ele é silencioso o suficiente para caminhar até o balcão sem nos permitir perceber.

Na verdade, eu não só ajudei-o a vestir as roupas ontem, como também a passar um hidratante em meu corpo dolorido depois que o auxiliei em nosso banho, tomando parte do trabalho que ele geralmente tem para me lavar e se lavar.

Na realidade, Jun não está nem um pouco bem com a morte de sua mãe, quanto menos conformado.

Ontem...

ㅡ É injusto, você não acha? ㅡ Quando estou quase pegando no sono, escuto sua voz que faz seu peito silencioso se mover devagar.

Passo o nariz em sua clavícula, inalando o perfume natural e quente que é só dele.

ㅡ O quê? ㅡ Eu questiono, ciente de sua dor da qual tomei parte para mim enquanto penso no que ele quer falar.

Instantes depois de um silêncio, ele sorri amargo. Eu não vejo completamente devido a pouca luz, mas posso observar seus olhos brilhando enquanto lágrimas ameaçam transbordar como numa premissa.

ㅡ Não existe adeus pior do que o que damos para alguém que já não está mais aqui. ㅡ E é o que ele diz, entregando a quem se referia.

Mais uma vez, eu comprimo os lábios enquanto fecho os olhos e respiro fundo, voltando a olhar para cima.

Quando o olho, eu digo: ㅡ Vai ficar tudo bem, Jun... ㅡ Por fim, acabo por aninha-lo em meu peito enquanto acaricio seus cabelos, porque me sentir burro a ponto de não saber o que lhe falar é um fato subalterno a minha vontade de cuidar dele.

Aos poucos, eu começo a ouvir os soluços outra vez, suas lágrimas molhando meu peito nu.

E eu nem preciso dizer que sou emotivo o bastante para chorar porque o amor da minha vida chora, o meu anjo da guarda, a razão do meu sorriso mais sincero... É, eu também chorei.

Assim, nós dois permanecemos curvados em um encaixe de posições fetais, chorando até que adormecemos, mas não antes de eu lhe dizer: ㅡ Eu estou aqui.

E ele, falho, responder: ㅡ Eu estou aqui.

Por agora, essa é a nossa maneira mais sincera de dizer "Eu te amo"

Em tempos difíceis, devemos nos apoiar em quem está por nós quando não podemos estar.

Sobre a morte... Eu já sabia que era por isso, já que Tae havia me contado naquela noite em que dormi em seu quarto sobre a mãe de Jun ter câncer em fase terminal, e claro, porque fui bisbilhotar a casa do pai de meu namorado.

ㅡ E aí, cobra do pintinho! ㅡ É Tae quem se levanta, correndo em direção a Jun para então se jogar em cima dele.

Ele tenta segurá-lo, sem muito ânimo como seu irmão.

ㅡ Nossa mãe morre e você fica assim? ㅡ Ele questiona a Tae, com a voz firme. É a primeira coisa que diz no dia.

Eu, entro em estado de alerta ao observar a interação dos dois.

ㅡ Ah, qual é, eu nem cheguei a conhecer ela direito. Você sempre foi o preferido. ㅡ E deixa um beijo estalado na bochecha de Jungkook, nada chateado por sua última constatação, já que é um filho adotivo que foi adotado quando a mãe já havia descoberto a doença e por isso não teve muito contato devido o tratamento distante que ela fazia.

O fato de maior relevância é que Tae é prático e realista o suficiente para aceitar numa boa que Jun sempre foi o queridinho e ele não, e também que a vida funciona assim e a gente tem que aceitar se não quiser afundar no poço.

Meu dom não diz nada. Apenas lava o copo que usou e o deixa pendurado no suporte para caminhar para longe do irmão e vir em direção a mim, que do sofá, observo toda a cena de Tae meio amuado por Jun ter deixado-o para trás.

Eu analiso sua aparência esgotada. As olheiras são bastante visíveis e isso faz com que eu assimile que Jun não dormiu toda a noite como eu havia imaginado e... É por isso que ele acordou agora, às uma da tarde.

ㅡ Você quer ir no velório comigo, amor? ㅡ Ele então pergunta, ainda pouco expressivo, mas muito mais afetivo do que ontem.

Então, sorrio fechado, quase reconfortante. ㅡ Você quer ir? ㅡ Eu quem questiono, observando se isso é uma real vontade dele.

ㅡ Eu devo isso a minha família. ㅡ Enquanto acaricia minha bochecha, ele força um sorriso fechado que não chega aos seus olhos, e que provavelmente não passará disso até que tudo volte a se normalizar.

Suspiro.

ㅡ Por mim tudo bem ㅡ e concordo, ainda deixando uma brecha caso ele desista. ㅡ Você não vai comer nada? Eu ia levar café da manhã na cama mas você estava num sono tão gostoso que eu nem ousei te acordar. ㅡ Devido a minha constatação eu sorrio, lembrando de seu rosto tão puro acima dos lençóis e travesseiros, todo amassadinho pelo sono, logo pela manhã.

No entanto, ele apenas afaga meus fios de cabelo uma vez para dizer, antes de caminhar de volta de onde veio e supostamente "dormiu" por onze horas seguidas: ㅡ Eu vou descansar agora, tudo bem? Me acorde às três, se puder. E esteja pronto. Deixarei as roupas separadas em cima do baú que compõe nossa cama. ㅡ Instrui.

Nossa cama.

Desta vez abro um largo sorriso, fazendo um sim frenético com a cabeça, mesmo que ele não tenha respondido minha pergunta, provavelmente porque não quer iniciar uma discussão sobre a necessidade de sua alimentação estar em dia.

Mas antes que ele me deixe no sofá, de repente, Tae aparece entre nós dois, interrompendo nosso contato visual.

E ainda com Jun acariciando minha bochecha como se acarinhasse seu bichinho de estimação, eu reviro os olhos ao ver o gesto que Tae está fazendo.

ㅡ O que é isso? ㅡ Jun deixa de me tocar para olhar as mãos de seu irmão, ingenuamente confuso.

Uma das palmas está estendida, enquanto a outra mão em forma de jóia é apoiada nela e uma expressão entendida está moldada em seu rosto.

ㅡ O que mais seria? É uma vela, ora bolas ㅡ rola as orbes negras pela sei lá que numerada vez, olhando para Jun logo em seguida.

Quando ele percebe que ninguém achou graça, joga o corpo no sofá, suspirando.

ㅡ Vocês também são tipo uma foda ruim, credo. Só tô tentando amenizar o clima. ㅡ Suspira mais uma vez, cansado.

Eu não digo nada, pois apenas presto atenção em meu namorado e em sua expressão inexpressiva.

ㅡ O clima não está apto para brincadeiras, Kim Taehyung. Mas acredito que você não tenha percebido, já que insiste em prosseguir com elas. ㅡ Jungkook diz, caminhando para longe de nós no instante seguinte.

Eu espalmo uma mão em minha própria cara, depois, na medida que a deslizo por ela, olho para Taehyung. Entretanto, sou interrompido com uma almofadada.

ㅡ Taehyung! ㅡ Grito baixinho, saindo do sofá para pular em cima dele no instante seguinte.

Depois de uma batalha silenciosa de tapas calculados na intenção de não machucar de verdade, mordidas de carinho selvagem e puxões de cabelo que teria nos deixado careca se no fim das contas não tivéssemos nos encarnado em papéis de teatro, caímos lado a lado no sofá, sentados, com a respiração ofegante.

ㅡ Que saudade bateu agora do Jin... ㅡ Ele diz, a voz um pouco alta demais.

Desta vez lhe acerto um tapa de verdade na testa.

ㅡ Ai, seu cocô de pato. O que é?! ㅡ Todo dramático ele responde.

Por que de pato?

ㅡ Fala baixo porque o Jun tá dormindo, inferno! ㅡ E lhe dou mais um tapa por ele ter falado alto. Quando abre a boca para dizer mais alguma palhaçada, eu levanto a mão e ameaço lhe dar outro, o que o faz se encolher como um feto na barriga da mãe contra o sofá.

ㅡ Quem é Jin? ㅡ Questiono quase num sussurro, por fim, voltando a me jogar no sofá.

ㅡ O Seokjin, oras. Tipo Jun de Jungkook. ㅡ Explica.

Eu arregalo os olhos em decreto de morte para ele.

ㅡ Nem ouse comparar Jun com Jin de Nárnia. ㅡ Quase enfio o dedo na sua chapola de nariz, o ameaçando não de verdade mas quase se ele ousar repetir isso mais uma vez.

ㅡ Sua implicância é infundada ㅡ sorri, me provocando de volta com um sorriso neste tom.

Depois, sai debaixo de meus dedos para se ajeitar no sofá como o culto e jovem pintor que acha que é.

ㅡ E sua insistência em repetir figurinha é não só infundada, mas ridícula. ㅡ Digo, me referindo a sua saudade de ex.

Ali, ficamos em silêncio por um longo momento. Cada qual com seus próprios pensamentos e tiques neuróticos.

E não é como se o silêncio entre nós fosse incômodo, porque na verdade não é nem um pouco, já que ambos sabem que ele incomoda aqueles que não são autosuficientes com o próprio intelectual.

Esse silêncio se prolongou por um longo tempo, até que eu comecei a rolar o feed de notícias do Instagram e Twitter e depois Taehyung dormiu com a cabeça no lugar que encosta o braço no sofá que esqueci o nome, babando ali.

Uma hora se passou, Taehyung não acordou e eu resolvi ir me arrumar. E como o folgado deixou os pés com a meia que queria poder dizer ter chulé mas que na verdade são até cheirosas, em meu colo, tive que tomar o maior cuidado pra não acordá-lo quando me movi para sair do sofá.

Vê-lo dormir assim, com a expressão tão inocente, me faz ver como Tae é mesmo isso, mesmo que não pareça.

Digo isso porque ele é daquele tipo meio avoado, meio inteligente de um modo suave e pode ser engraçado apenas para algumas pessoas como é para mim.

Conviver com Taehyung é estar em constante aceitação do novo e do racional e, ao mesmo tempo, envolto em uma bolha de amizade verdadeira e louca.

Sei lá, não dá pra explicar ao certo... Mas ele é uma das poucas pessoas importantes na minha vida. Ele só é ele e a gente se completa como melhores amigos em qualquer circunstância, estando longe e sem contato, perto e com contato (digamos que é possível gerar uma terceira guerra mundial assim).

É como naquela música...Contanto que você me ame, eu serei sua platina. Maleável e dúctil, e ainda, preciosa.

Nós temos essa amizade do tipo louca, mas no fim somos eu ele, sempre.

Tipo soulmates.

Ainda refletindo sobre Kim Piunalonga Taehyung (porque ele fez um Instagram também e teve a audácia de colocar nosso sobrenome de Young Forever no user do aplicativo virtual-social), eu tomo uma ducha no banheiro de fora do meu quarto e de Jungkook para evitar acordá-lo. Depois me enxugo quando entro no quarto de fininho, pelado na frente da carinha de Jun apagada pelo sono e tento mais uma vez fazer o máximo de silêncio possível pra não acordá-lo com uma cena dessas.

Enfim, depois de vestir uma calça preta com camiseta e jaqueta também de mesma cor, coloquei os sapatos e deixei um cachecol aleatório em cima do criado mudo juntamente a um óculos escuro para em seguida checar as horas, vendo que já deveria acordar meu namorado dali a dois minutos.

Esperando esses dois minutos, eu acabei por ver seu celular em cima do móvel o qual deixei meu cachecol em cima, e movido em um impulso eu pensei na possibilidade de fuçar nele mas me contive, lembrando do que minha última invasão de privacidade causou.

Tudo bem que eu gostei e não gostei da punição ao mesmo tempo, mas foi merecido e eu faria o mesmo (na verdade teria feito bem antes) se fosse eu no lugar de Jun.

Portanto, assim que me aproximo para chamá-lo baixo e acordá-lo, seu celular vibra e o sensor acende, indicando uma nova mensagem, a qual logo aparece junto as outras na tela acesa.

É do Whatsapp.

E está escrito, acima da mensagem que diz "Jun, você vai vir na despedida?", o nome Lalisa com um coração vermelho. Sua foto indica uma mulher sofisticada, batom vermelho e cabelo oxigenado.

Minha mão está parada no ar, acima do rosto de Jungkook ao momento no qual automaticamente minha cabeça da um giro mortal sobre a adoração por chamar meu dom de Jun.

Por que ela chama ele de Jun? Quem é ela? Por que têm um coração vermelho no contato dela?

São essas as primeiras das muitas perguntas que passam pela minha turbulenta cabeça.

Mais uma vez olho para Jun, vendo sua expressão tão serena sobre o travesseiro...

ㅡ Acorda porra! ㅡ É Taehyung quem arreganha a porta e grita, correndo para abrir as cortinas finas no instante seguinte, fazendo Jun se remexer e coçar os olhos sobre a cama, atordoado ao acordar com o barulho.

Eu movo minha coluna para cima, ajeitando a postura sem nem mesmo precisar da ajuda de minhas mãos enquanto tento fingir que não vi nada.

ㅡ Já está na hora de acordar. ㅡ É o que digo, forçando um sorriso que não chega aos meus olhos que nunca são tão sorridentes como o de Jun.

Meio atordoado, ele se levanta e olha com dificuldade para Taehyung, que está vibrante.

ㅡ Que é? Eu dormi de dia e isso quase nunca acontece. ㅡ Alisa o peito, todo pomposo. ㅡ Me sinto renovado. Agora se levanta e vai se arrumar pra gente ir. ㅡ É o que diz para Jungkook, que instantes depois de analisar Taehyung com a expressão de quem fala "Tem demência ou é impressão minha?", me olha também, desta vez me analisando.

Eu desvio o olhar, sem coragem para fitá-lo como de costume.

E é claro que, mesmo estando afetado por tudo, ele percebe minha relutância em olhá-lo.

Mas ao contrário de dizer algo aqui, com Tae, ele diz: ㅡ Pode levar uma toalha depois? ㅡ Embora não posso ver, sinto seus olhos pesarem em observação acima de mim.

Ainda com meus olhos desviados, eu travo o maxilar para conseguir dizer: ㅡ Você pode levar agora, junto com suas roupas.

Ele olha ao redor devagar, tentando checar o que há de errado.

Instantes depois ele nota o sensor de seu celular indicando novas notificações, e então ele o pega, deslizando o dedo apenas para entender o que houve.

Taehyung, ao notar o clima, sai do quarto sem dizer nada.

Com os dedos apertando os próprios olhos, Jungkook pressiona o celular entre os da outra mão antes de jogá-lo na cama.

ㅡ Depois nós vamos conversar. Preciso tomar um banho para ir ao velório, antes que o perca. ㅡ É o que diz, sem completar com mais nada antes de sair dali.

O que eu sinto no momento é um alívio enorme que me faz curvar a coluna e me sentar na cama em um solavanco, passando os dedos trêmulos por minha testa suada nesse clima frio enquanto pondero tudo que vi.

Sem saber e sem nem querer pensar o que minha mente insiste em dizer por ordem natural das coisas, eu seguro a própria manga de minha jaqueta com força para sair dali, completamente na defensiva contra meus próprios pensamentos.

Ao chegar na sala, a primeira coisa que ouço é: ㅡ O que houve com vocês? ㅡ É Taehyung quem pergunta.

ㅡ Não quero conversar. ㅡ E é o que eu determino, por fim.

Depois de Jungkook se arrumar e Tae não insistir mais no assunto, porque assistiu um pouco do ocorrido para depois sair e nos deixar no quarto, nós entramos no carro de Jeon e fomos diretamente ao velório, em total silêncio. Muito incômodo.

Quando chegamos, ele estendeu a mão para mim e disse baixinho: ㅡ Foi um mal entendido.

Eu segurei sua mão, mesmo sem me convencer do que ele disse e sabendo que depois tudo estaria explicado quando chegássemos em casa, porque Jungkook não faria nada assim comigo, isso é fato. Mas isso não quer dizer que a oxigenada faria.

Enfim, então, caminhamos enquanto cumprimentamos seus parentes chorosos.

Vi pessoas soluçando, vi outras chorando lágrimas de jacaré, vi gente ainda em estado catatônico encostada em parede enquanto possivelmente fazia alguma reflexão sobre morte e vida. E também vi a mãe de Jungkook.

Os traços de seu rosto esgotado e branco como neve ainda eram eminentes o suficiente para eu perceber que os de Jun foram herdados dela mesma. Gostaria de tê-la conhecido quando a vida não havia fluído de seu corpo.

Não vi seu pai, e imagino que ele não deva ter ligado ou estava muito abalado a ponto de não conseguir ir. Duas hipóteses divergentes, já que não o conheço bem.

Também vi Jungkook chorar mais uma vez ao ver o rosto da mãe e deslizar os dedos sempre firmes por seu rosto, acima do véu. Nesse momento, mais uma vez, chorei.

Chorei em um misto de insegurança, tristeza e dor por ele. Foi um choro quase surreal e irrefreável, mas quando Jungkook pediu para que eu o deixasse um pouco sozinho com sua mãe já sem vida, eu fui me sentar em um canto afastado que ainda me permitia enxergar perfeitamente sua imagem composta por roupas pretas e nada sociais, como se fosse o menino da mamãe, encostado no caixão enquanto suas lágrimas caiam.

Pouco tempo depois, comigo ali em estado quase lunático e sem vida, com a cabeça cheia de várias das coisas que seres humanos não deviam pensar, uma loira alta com um tubinho preto e batom vermelho caminhou até o lado de Jungkook, acariciando-lhe o ombro de modo afetivo.

Por naturalidade de meu instinto, rapidamente associei sua imagem idêntica a do perfil o qual vi a mensagem que enviou para Jeon.

Lalisa.

Então, quando as batidas de meu coração adquirem uma velocidade descomunal, ela deixa um beijo na bochecha dele, sem rodeios.

Um.

Beijo.

Na.

Bochecha.

Do.

Meu.

Namorado.

Travo o maxilar, vendo a marca vermelha de seu batom manchar a pele do meu Jungkook quando ela se afasta, nada proposital, apenas porque o beijo foi cessado.

E o pior, é que ele nem reclama. Aliás, o pior ainda é que ela diz algo pertinho do ouvido dele e ele sorri.

Ele sorriu pra ela.

O primeiro sorriso do seu dia foi pra ela.

Puxa.

Eu me pergunto como a palma de minha mão pode ter tantas terminações nervosas, porque nesse instante ela está formigando na mesma intensidade que meu olhos ardem.

Mais uma vez olho para eles; um bonito e autoritário casal.

Minha cabeça me relembra de que ele é bissexual, que ela é linda para um caralho, e que eu...

Eu sou eu.

ㅡ Viu um fantasma? ㅡ É Taehyung quem pergunta, surgindo de Nárnia logo ao meu lado, se jogando em uma das cadeiras.

Nada respondo, mas ele olha na mesma direção que eu. Meus olhos estão parados na cena da loira de lábios vermelhos, agora, apoiando a cabeça no ombro de Jungkook, totalmente confortável, assim como ele. Escuto apenas minha respiração que sai pela boca, anulando tudo ao redor em um vulto torto.

ㅡ Ah, não... ㅡ Ouço o tom de cansaço quando ele diz as palavras de modo que tivesse entendido o que houve no momento em que me levanto em um solavanco para sair dali; tremendo, inseguro, e me auto depreciando como nunca.

Taehyung sabe que não deve vir atrás de mim em um momento assim, então apenas continua lá enquanto rumo a porta do salão, pegando meu celular no instante seguinte para chamar um táxi.

Por sorte ainda tem uma mínima porcentagem de bateria, já que esqueci de carregá-lo, e eu consigo ligar para a agência de táxis antes que alguém venha atrás de mim, para me apartar para dentro como se isso fosse um drama.

Já dentro do táxi, eu começo a chorar como um condenado, sôfrego e soluçante, logo após ter dito o endereço ao motorista.

Sem forças para responder a pergunta do taxista se eu estou bem quando obviamente não estou, eu aceno um sim com a cabeça enquanto ele olha pelo retrovisor e eu peço: ㅡ Dirige mais rápido, se der. ㅡ Como minha voz sai falha, isso o faz entrar em estado de alerta e acatar meu pedido.

Rapidamente já estou na casa que Jungkook alugou, e por um instante, penso em voltar para o meu apartamento.

Mas não. Eu quero saber exatamente o que foi aquilo.

O que foi tudo isso que aconteceu?

Eu não sei.

Quando entro para dentro após acertar a corrida, corro para o quarto de Taehyung e me jogo na cama, chorando até que, sem perceber, em meio a deduções absurdas e hipóteses mais ainda, eu adormeço.

O bastante para ter pesadelos e ser acordado deles quando escuto a porta do quarto sendo aberta.

Dela, surge Jungkook, o rosto inchado de tanto chorar por horas, acima de tudo fodidamente fofo. Mas agora não é hora para constatar esse fato irremediável e, sim o outro de mesma veracidade que indica a marca vermelha do batom ainda em sua bochecha.

Entretanto, ele é o primeiro a dizer: ㅡ O que houve, meu bem? ㅡ O nariz meio ocluso o faz perguntar em uma voz fanhosa.

Me levantando da cama, sorrindo amargo.

ㅡ Parece que aquela loira te fez voltar ao normal. ㅡ É o que respondo, então, saindo dali como um jato para fora, em direção à sala.

Não demora muito mais para Jungkook chegar no cômodo no qual ando de um lado para o outro em estado de inação.

ㅡ Taehyung me disse que você ficou abalado. ㅡ Pondera, passando a mão pela testa em um ato perdido. ㅡ Então por isso que você veio embora? ㅡ Me olha, ainda tateando a testa. ㅡ Ela só prestou os sentimentos pelo falecimento ㅡ tenta explicar, aparentemente cansado de tudo.

ㅡ Olha pra ela, Jungkook ㅡ faço um gesto com a mão como se indicasse ela ao meu lado, invisível, enquanto o olho nos olhos depois de horas, mas com uma decepção que nunca imaginei que olharia. ㅡ Ela é perfeita, e eu...

ㅡ E você é Park Jimin. O homem mais lindo que conheço na vida, a pessoa com quem escolhi superar todos os meus medos, o rapaz que encantou até o cerne de meus ossos e que me causa prazer na mesma intensidade que me mostra cada vez mais o que é amar alguém do fundo da alma. ㅡ Faz uma pausa, a expressão chorosa em minha direção, como se ele não fosse capaz de aguentar mais uma perda. ㅡ Eu sei que eu te amo da sola dos pés à ponta da cabeça, Jimin. Saberia disso todas as vezes que te visse pela primeira vez. Saberia até se estivesse morto. Eu te amo. E é só isso que importa. Ela só mandou uma mensagem para perguntar se eu ia me despedir, e o que você viu no velório... Aquilo foi só uma maneira de me confortar.

Derrotado, eu caio de joelhos no chão.

O amor dói. Meus lábios formam um beiçinho como o de uma criança decepcionada pelos pais, mesmo que eu tente controlar isso.

Juntando minhas mãos enquanto lágrimas caem sobre elas, por mais que eu queira aceitar essas palavras que Jungkook me diz com tanta clareza e sentimento, a insegurança se prova mil vezes maior.

Sinto-o caminhar rápido até mim, depois, me puxar para um abraço do qual me distancio, me levantando ao sair dali para ir ao "nosso" quarto.

Não quero ficar em sua presença, porque não consigo imaginá-lo com outra pessoa, mesmo que na minha cabeça esteja tão claro que minha idiotisse de pensar que Jun me trairia é uma mera conclusão de meus pensamentos pessimistas.

Tudo bem, existem pessoas melhores e mais bonitas que eu... Mas de todo eu não sou o errado, não é?

Eu falo tudo que ele gosta de escutar e toda vez ele sorri. Isso não parece provar que sou errado pra ele.

Entro no quarto, fechando a porta logo em seguida.

Preciso me distanciar, antes que jogue tudo no lixo por causa da minha merda de autoestima.

ㅡ Amor... ㅡ É ele do outro lado da porta, cuidadoso ao quase suplicar que eu o ouça, provavelmente encostado na madeira enquanto tenta falar comigo.

Um silêncio se instala ali, e só é possível ouvir os soluços de meu choro.

E esse vácuo no som permanece por segundos porque eu não digo nada.

Pior do que ver aquela moça linda beijando a bochecha de Jungkook, é perceber que o primeiro sorriso do dia foi dado a ela.

Na verdade ㅡ de modo algum isso é uma cobrança ㅡ, o que parece mil vezes mais ruim é o fato de que quem cuidou de Jun fui eu, e eu, Park Jimin, quem esperei um sorriso o dia todo pra preencher a tristeza dentro de mim sobre ele estar tão distante.

Arrasado, me levanto e abro o guarda-roupas, puxando dali todas as minhas roupas enquanto as coloco dentro da mala.

Todas.

Não.quero.ficar.mais.nem.um.segundo.aqui.

ㅡ Amor, por favor... ㅡ É ele novamente.

Oh. Por favor?

Fecho o zíper da mala, a coloco no chão e vou em direção a porta, sem me importar se esqueci algo.

Porém, quando a abro, a cena que vejo me faz deixar a mala cair no mesmo instante.

Jungkook está de joelhos no chão, o rosto entre as mãos enquanto soluços quase inaudíveis saem por sua garganta.

Quando ele me vê, seus olhos vão diretamente para a mala atrás de mim, no chão, em seguida os volta para os meus. E diferente de todas as vezes em que nos comunicamos pelo olhar, desta ele apenas me observa sem nenhum tipo de questionamento.

ㅡ Você vai? ㅡ E então pergunta, em voz embargada.

Eu desvio meu olhar e travo o maxilar enquanto tento parecer firme com a cena de Jun aos meus pés, os olhos molhados em lágrimas enquanto eu também choro, mas limpo uma das bochechas com uma mão.

ㅡ Eu entendo que eu devo aceitar que pessoas incrivelmente melhores que eu participam da sua vida. Mas foi inaceitável você sorrir para ela e não para mim, que esperei um sorriso o dia todo em conforto ㅡ volto a pegar a mala enquanto ele se levanta, mas sem o fitá-lo, o nariz vermelho e inchado deixando sua expressão fofa enquanto tenta captar meus olhos. ㅡ Mas tudo bem, isso não é uma cobrança. É sério. Seus sorrisos são naturais e se você sorriu pra ela é porque ela te disse algo que te fez fazê-lo. ㅡ Tento sorrir fechado e conformado, mas parece mais um comprimir de lábios quando o faço, ainda sem olhá-lo. ㅡ Mas de qualquer forma, eu preciso ficar sozinho pra aceitar isso. Ainda é tudo muito novo pra mim.

Desta vez, então, Jungkook toma meu rosto entre mãos.

Sem força nenhuma para fugir do toque repentino e macio, aquele toque quente em que sua mão me reconforta... Aish.

ㅡ Amor... ㅡ Ele pede mais uma vez.

Eu quero fingir que seu toque não me nocauteia, mas é impossível.

Mais lágrimas escorrem pelo meu rosto de expressão dolorida quando olho em seus olhos e acato seu pedido mudo.

ㅡ Para... ㅡ Peço em voz embargada, desviando meus olhos lacrimejantes, mas sem coragem para impedir seu toque.

ㅡ Por favor, eu não tenho psicológico pra te explicar isso agora. Só... ㅡ Ele limpa uma de minhas bochechas, tateando meu rosto todo com os olhos. ㅡ Fica. Eu preciso de você. É um suplício do fundo do meu coração.

Então eu sorrio.

Sim, eu desvio os olhos e sorrio em descrença.

ㅡ Então guarde seu suplício para você.

E com uma das mãos tiro as suas de meu rosto, segurando firme a mala de roupas enquanto saio dali, tateando meu bolso para pegar o celular.

Desta forma, quando o pego no instante em que já estou fora da casa, percebo que está descarregado.

ㅡ Eu te levo ㅡ é Jungkook quem surge porta afora, apressado ao carregar consigo a chave do carro enquanto limpa as lágrimas.

ㅡ O quê? Claro que não. ㅡ Caminho ao seu encalço para tentar impedí-lo.

Assim que ele entra no carro, gira a chave e o vira na rua para que eu entre, numa rapidez quase descomunal, eu bufo, ainda meio choroso.

ㅡ Pensei que você não tinha psicológico pra dirigir também ㅡ eu digo quando me debruço na janela, ainda magoado, antes de entrar.

Ele balança a cabeça em um breve não, terminando de limpar o resquício das lágrimas antes que sequem e marquem seu rosto bonito, o qual têm, agora, uma marca borrada do batom vermelho da loira bonita.

ㅡ Por você eu faço qualquer coisa em qualquer circunstância. ㅡ Comenta, então.

Eu rio em escárnio.

ㅡ E vai dizer o que? Que agora tem psicológico pra me explicar? ㅡ Desafio, então.

Com uma expressão firme como não havia visto durante todo esse tempo, ele me fita em um ato rápido que está longe de ser raiva, mas sim, sadismo.

Um fluido de epinefrina invade meu peito em satisfação.

ㅡ Pare de me atacar e entra no carro. ㅡ É o que ele ordena, então.

Sem pestanejar nem um segundo eu entro, mas imponho logo após jogar a mala no banco de trás e antes de colocar o cinto: ㅡ Então limpa essa marca vermelha na sua bochecha. ㅡ Indico sua maçã do rosto que agora não quero nem tocar senão depois de ser lavada.

Com as sobrancelhas franzidas Jungkook se olha no retrovisor central, e depois que nota a marca, então, a limpa enquanto pede: ㅡ Me desculpe, eu não tinha visto.

ㅡ Tá pedindo desculpa por que? A bochecha é sua, oras ㅡ e coloco o cinto, tentando não me importar com o fato de que o batom manchou a blusa branca.

Se eu tiver a oportunidade, quero colocar fogo nessa blusa e fazer um ritual satânico depois de rezar cinquenta terços invertidos.

ㅡ Eu já mandei parar de me atacar. ㅡ Jungkook relembra em tom de aviso, e eu reviro os olhos enquanto faço um bico indiferente e me recosto no banco.

Em seguida, solto uma risadinha nasal. ㅡ Pena ㅡ e digo em um fio de voz, num tom de deboche.

Quando ele gira a chave, enfim, o motor é brevemente acelerado enquanto saimos do lugar.

ㅡ Vou ter que ser mais rigoroso, porque pelo visto você não tomou exemplo da punição. ㅡ Comenta, sem tirar os olhos da pista.

ㅡ Quando vai ter de novo? Eu até gostei. ㅡ Jogo de volta, nada disposto a perder a ponta da meada.

ㅡ Não foi isso que aparentou. Pelo menos não totalmente. ㅡ Continua a dirigir, desta vez esperando uma velhinha atravessar a rua quando prossegue: ㅡ De qualquer forma, existem outros tipos de punição.

Ah, não.

Desta vez eu fico quieto, porque não quero nem pensar na possibilidade de uma punição psicológica.

Sendo assim, nós seguimos o caminho no silêncio, Jun fitando a pista sem desviar nenhum segundo e eu com os braços cruzados, um bico emburrado e uma carranca no rosto.

ㅡ Essa é a música que você cantou quando... ㅡ De repente, em algum lugar no percurso, ele liga o som que toca a música As Long Youn Love Me mas não completa a frase e, sim, muda a rota do assunto: ㅡ Eu fiz o download dela ontem, quando você dormiu. Ouvi por um tempo. A letra é realmente bonita. Mas o que mais me chamou atenção foi q outra que estava sendo indicada depois que essa terminou, que se chama Infinity ㅡ ele conta, e desta vez deixo meus braços caírem sobre o colo, um pouco menos na defensiva.

Aos poucos a música Infinity do Jaymes Young começa a soar baixa nos auto falantes do carro de Jungkook, enquanto é possível ouvir também, apenas, o barulho dos pneus se chocando com os asfalto.

Apenas me mantenho no silêncio enquanto ouço a letra estar prestes a começar, a qual é impossível resistir a cantar uma vez que você sabe o significado de cala palavra em inglês.

O que torna mais impossível ainda é entendê-la como se fosse minha música e do Jungkook.

Baby, este amor, eu nunca vou deixá-lo morrer... ㅡ Inicio a canção. ㅡ Ele não pode ser tocado por ninguém. Eu gostaria de vê-lo tentar. ㅡ Nesta última frase, eu ouço a voz de Jeon ressonar também, completando a frase.

Eu olho para ele, que me devolve o olhar antes de continuar: ㅡ Eu sou um homem louco pelo seu toque. Garoto, eu perdi o controle...

Pasmo com a voz de anjo que nem sabia que Jun poderia ter para cantar, eu acabo por continuar: ㅡ Eu vou fazer isso até o infinito. Não me diga que é impossível...

Porque eu te amo até o infinito...

Eu te amo até o infinito...

Então, mais uma vez a música repete nossas últimas duas frases citadas e aquela batida romântica e universal faz meu peito se encher de uma emoção muda mas que ultrapassa os olhos que fitam Jun, esperando ele conseguir uma brecha para me olhar através dos seus, tão intensos, finalmente.

Quando nossos olhares se cruzam, é como se fosse pela primeira vez de novo.

Eu penso em como há quase oito bilhões de pessoas no mundo tentando se encaixar, e eu me encaixei, com Jun.

Oh, querido, minha alma ㅡ eu continuo ao trocar o querida por querido. ㅡ Você sabe que dói pela sua ㅡ completo a frase, sorrindo bobo ao ver que Jun está disposto a continuar, ciente do efeito que ela tem neste momento difícil pra gente.

E você tem preenchido esse buraco desde que você nasceu...

Porque você é a razão pela qual eu acredito no destino. Você é o meu paraíso...

Eu farei qualquer coisa para ser seu amor ou ser seu sacrifício...

Porque eu te amo até o infinito...

Eu te amo até o infinito...

Então a parte das batidas aconchegantes se repete.

Encantado e em estado de solitude com Jun, espero que o fim da música chegue para cantarmos enquanto também entramos no bairro onde moro.

Encontre-me no fundo do oceano, onde o tempo está congelado... ㅡ Prossigo, sorrindo aos ares.

Onde todo o universo está aberto... O amor não é aleatório, somos escolhidos... ㅡ Jungkook, então, é quem sorri.

E nós poderíamos usar a mesma coroa, continue a abrandar seu coração...

Nós somos deuses agora...

Porque eu te amo até o infinito...

Eu te amo até o infinito...

A música ainda toca no rádio quando ele estaciona ao lado da calçada de apartamento no qual moro, que em vista de ser em um lugar um pouco mais movimentado, agora se encontra solitário como todos os outros imóveis dessa rua.

Antes de descer, eu olho uma última vez para Jun, que sorri conformado ao pedir: ㅡ Você pode me dar um beijo? Eu não quero dormir sem. Você me deixou mal acostumado. ㅡ E sorri.

É em momentos assim que eu admiro o modo como Jun sabe que uma pessoa com tendência sádica também é humana como todo mundo.

Sem hesitar, eu levo minha mão até seu rosto até que o puxo para um breve beijo, que se torna mais demorado quando ele empurra sua língua contra a minha, iniciando um ósculo sem nenhum resquício de malícia ou algo assim. Quando nos afastamos por um breve momento, ainda me dando beijinhos, ele diz: ㅡ Ela é minha prima. A conheço desde que nascemos. E ela só disse que eu me vesti quando me vestia aos quinze, que era quando minha mãe me chamava de homenzinho da mamãe, e por isso eu sorri. ㅡ E explica então, distante ao relembrar de acontecimentos passados e nostálgicos.

Eu paro, com seu rosto entre mãos para olhá-lo nos olhos, ciente de tudo que ele deve estar sentindo com uma lembrança tão significativa.

ㅡ É sério? ㅡ E questiono, em uma metamorfose entre surpresa, ataque de fofura e um orgulho descomunal. Ele faz que sim com a cabeça, para então voltar a me beijar depois de encarar meus lábios por um instante.

Bem mais aliviado pela informação, eu cedo ao deixar que sua língua macia adentre por meus lábios para tocar a minha e unir nossas bocas mais uma vez, em movimentos calmos e nada apressados.

Só a união de duas pessoas completa e perdidamente apaixonadas. Mais do que isso; amadas.

Aos poucos, eu viro a cabeça para trocar de posição enquanto sinto seu gosto em minha língua, o puxando para um beijo quase necessitado, cheio de carinho e de nós.

Cheio de Jungkook e Jimin. Do nosso amor, do nosso afeto o qual imaginava que nunca chegaria a sentir e da nossa paixão irrefreável e de intensidade que me faz pensar que o amor é eterno.

Enquanto me envolvo mais ainda em seu beijo suave e extenso, meus pensamentos não param por um segundo sequer, e talvez o último deles antes que eu o soltasse para deixá-lo ir, tenha consistido na minha auto comprovação de que o destino é incrível quando une casais.

ㅡ Vêm me ver amanhã, namorado. ㅡ Deixo um beijinho em sua bochecha. ㅡ Caso se sinta confortável, pode dormir aqui, se quiser... ㅡ Digo, assim que ele me entrega a mala.

Sorrindo, então, ele confirma nossa certeza de que pessoas precisam de espaços mesmo que estejam em relacionamentos, já que cada um possui uma vida acima de qualquer coisa: ㅡ Acho que preciso refletir um pouco. ㅡ Enquanto me debruço sobre a porta do carro, ele acaricia minha bochecha. ㅡ E você, de um pouco de espaço.

Eu reviro os olhos.

ㅡ Sério, eu não te acho meloso. ㅡ E exibo um sorriso para ele, que me devolve um fraquinho de volta, o qual faz meu coração bater mais rápido.

ㅡ Não por isso, meu bem. ㅡ Mais uma vez, desliza uma das mãos pelos meus fios platinados os quais estou pensando em trocar a cor mais uma vez. ㅡ Mas porque pessoas precisam de espaço, de qualquer forma. ㅡ É o que explica.

Eu sorrio, entendendo perfeitamente.

Depois de um tempo nos olhando, acabamos por nós beijar meio desajeitado mais um pouco, e terminar com breves e muitos selhinhos.

ㅡ Te venho amanhã? ㅡ Jun pergunta, já ajeitando a postura de modo firme outra vez.

Eu sorrio, desacreditado em como ele me faz não querer espaço mais, agora.

ㅡ Por favor... ㅡ Sorrio, meio tímido de um jeito idiota por ver Jun mais firme agora, diferente de ontem, que estava tão indefeso.

Sorrindo, então, desta vez mais natural do que durante todo esse tempo, ele agradece antes de sair com o carro: ㅡ Obrigado por tudo. Pelo pedido, pelas noites de amor, pelo cuidado... Absolutamente por tudo. Você me faz realizado e espero, um dia, poder fazer o mesmo com você. ㅡ Seu olhar é sincero para mim, e eu lhe devolvo o mesmo ao afagar sua mão mais uma vez, deixando de sorrir tranquilo na intenção de lhe mostrar que ele já me faz me sentir assim. ㅡ Eu estou aqui. ㅡ Completa, enfim.

ㅡ Eu estou aqui. ㅡ É o que digo quando os pneus de seu carro faz barulho ao derrapar no asfalto pela velocidade que ele já se inclina em sair, não muito alta, na verdade.

Com um sorriso bobo, eu entro para dentro. Mas não antes de ver, ao abrir a porta, um envelope com um lírio branco em cima.

Assim que o abro, sorrio mais que desacreditado, mas apaixonado igual um idiota nato.

Há duas passagens de avião ali.


🐥

Continue Reading

You'll Also Like

96.1K 10.2K 19
[CONCLUÍDA] Park Jimin era um dos melhores advogados ômegas de Seul, sempre buscando que a justiça pelos ômegas fosse feita mais que qualquer um. No...
25.4K 3.7K 8
⟩ EM ANDAMENTO ⟨ Park Jimin, um jovem estudante de medicina, resolveu seguir os passos dos pais de se tornar um grande médico em outro país, mas vê s...
838K 25.2K 30
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
23.8K 3.1K 4
Jungkook foi um garoto muito sozinho durante boa parte de sua vida e, até então, ele não se importava tanto com isso (ou fingia muito bem não se impo...