Ela e eu

By laresppereira

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Luísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter... More

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Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVIII
XXXIX
XXXX
XXXXI
Carta
:)
Informações

XXVII

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By laresppereira


Luísa:

Fiz o check-in no hotel, peguei um dos quartos do penúltimo andar e informei o nome de Fernanda Marinho, que iriam procurar por ela e que me ligassem. Me identifiquei como delegada federal e informei que era sobre um caso e que era sigiloso. O gerente assentiu com cara de nervoso.

O quarto era grande, tinha um banheiro enorme com jacuzzi e vários produtos para usar. No quarto tinha uma cama enorme, TV e era espelhado. No frigobar haviam cervejas, refrigerantes e outras bebidas, também tinha algumas comidas industrializadas em uma mesa e um balde com champanhe e duas taças.

- Será que invadi um quarto de lua-de-mel? Jesus. - Olhei a marca cara do champanhe. - Porra, espero que não aumente na conta.

Coloquei minhas coisas na mesa, junto com o envelope amarelo e sentei em uma poltrona. Liguei a TV e fiquei olhando, mas não assistindo, estava voando em pensamentos e ansiosa para a sua chegada.

***

Ana:

Estacionei o carro na lateral do hotel e fui andando até entrar no saguão. Uma mulher simpática sorriu quando me aproximei do balcão.

- Fernanda Marinho, ela está me esperando. Me chamo Ana, advogada que ela espera.

- Vou ligar para o quarto, aguarde um minuto,
por favor. - Assenti.

Ela ligou e informou que eu estava lá embaixo. A mulher falou algo e me liberou.

- Pode subir, é o 13º andar, o último quarto do corredor.

- Deus, fique comigo. - Suspirei e a mulher franziu o cenho. - Algum problema?

- A mulher que subiu para esse quarto é bem bonita, acho que não precisa ficar com medo. Bem, eu não conversei com ela.

- Pode me informar como ela é? Tipo, se estava assustada?

- Parecia nervosa e olhava para os lados, subiu com um envelope e tudo. A senhora precisa de algo?

- Não, está tudo bem... Sei me virar. Obrigada.

Coloquei a mão nas costas e verifiquei se a arma continuava ali. Caminhei até o elevador e subi com mais duas mulheres. Apertei o 13º, enquanto elas ficaram no 6º andar.

Parei de frente para a porta e encarei a madeira escura, com 1301. Respirei fundo, ajeitei a arma na cintura e bati porta. A porta abriu sozinha, entrei devagar e a porta fechou da mesma forma, sozinha.

Andei pelo quarto e vi que era bem luxuoso, verifiquei alguns envelopes sobre uma mesa e uma bolsa parecida com uma antiga que eu usava e Luísa estava usando. Meu coração acelerou e imaginei que Maya estivesse ali.

Coloquei minhas coisas sobre a mesma mesa e fiquei olhando para o quarto. A TV estava passando um filme clássico, acho que Bonequinho de Luxo.

Senti mãos ao meu redor e dei um pulo, puxando a arma e apontando para a pessoa. Era Luísa com braços erguidos.

- O que você está fazendo?! - Ela perguntou de olhos arregalados.

- O que você está fazendo?! - Rebati.

Abaixei a arma e coloquei sobre a mesa, aí notei que a dela estava perto de um envelope.

- Não sabia que estava andando armada por aí.

- Eu estava indo encontrar uma mulher que estava com medo, não com minha ex-mulher que não tem medo de nada.

- Não somos ex-esposas, continuamos casadas.

- O que você quer comigo? Você quem inventou esse negócio?

- Tive ajuda do Fernando, mas não fique brava com ele, foi por uma boa causa.

- E o que é a boa causa?

- Trouxe nosso divórcio.

- Boa causa? Se apaixonou rápido pela outra.

- Quero conversar contigo sobre isso.

- Não tem conversa, se tiver algo a ver com os meninos tudo bem, de resto não tem.

Caminhei até a cama, retirei meus sapatos e sentei.

- Descobri algumas coisas sobre a Maya.

- Não me importo.

- Ela está conversando com Diane, por isso que não adianta conversar com a delegada, pois tudo é acobertado. Conversei com Nero e ele está junto comigo, contei do divórcio, ele achou estranho, mas não comentou nada.

Permaneci calada, mas o fato da Diane estar conversando com Maya me deixou surpresa, ou não.

- Depois disso eu resolvi fazer o divórcio. A Maya se formou em Direito, mas é burra para muitas coisas, então eu criei um contrato de divórcio, mas não vamos nos divorciar, é falso e fala monte de coisa aleatória. Nós vamos assinar e vou pedir que ela assine um de casamento, mas esse vai ser um que terá cláusulas que ela afirma tudo o que está fazendo com a gente.

- Com você, comigo está tudo normal. - Falei e ela revirou os olhos.

- Depois vou repassar para o Nero e tudo será resolvido. Eu trouxe os papéis e você pode ler tudo o que coloquei.

Ela pegou o envelope amarelo e me entregou vários papéis grampeados. Peguei receosa e folheei, eu sequer li uma frase, pois não queria fazer parte daquela merda toda. Devolvi a papelada pra ela.

- Não vou participar disso, Luísa.

- A única forma dela acreditar em mim é com essa papel assinado.

Levantei da cama, retirei o relógio do pulso, pois estava apertando, e o coloquei sobre o criado-mudo. Ela me acompanhou com os olhos por todo o quarto, enquanto eu caminhava. Entrei no banheiro e verifiquei uma jacuzzi com alguns produtos. Liguei a torneira para encher e após uns minutos, desliguei, coloquei alguns produtos e voltei para o quarto.

Luísa estava sentada na ponta da cama, encarando a TV. Ela me olhou quando comecei a retirar a blusa social e a calça jeans.

- O que está fazendo?

- Você pegou o quarto com a nossa conta, então vou aproveitar, já estamos pagando tudo mesmo. - Coloquei a roupa sobre a mesa e retornei para o banheiro só com a lingerie.

Retirei o conjunto ao lado da jacuzzi, ficando nau, e entrei. Sentei em um canto e tentei relaxar por apenas alguns minutos. Um tempo depois escutei um barulho e quando abri os olhos Luísa estava entrando, também nua, na banheira.

- Conta conjunta, vou aproveitar da mesma forma. - Disse firme e sentou à minha frente.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, até que fechei meus olhos e tentei relaxar mais uma vez.

- Queria ficar com as crianças alguns dias da semana, é possível?

- Sim, depois dividimos isso.

- Por quê tudo depois?

- Estou tentando relaxar e esquecer da minha vida por uns vinte minutos.

Ela suspirou e se calou. Quando abri os olhos, ela estava de olhos fechados, com a cabeça para trás encostada na borda da banheira. Seus seios estavam cobertos pela linha da água e espuma, iguais aos meus.

Notei que estava com algumas olheiras, provavelmente não estava dormindo, e seus ossos estavam à mostra, sua magreza estava bem notória. Senti meu coração apertar ao vê-la daquele jeito. Eu notei quando a encarei no quarto, mas não comentei e estava irritada demais para comentar qualquer outra coisa.

Me aproximei dela e passei os dedos em seus ombros, principalmente onde seu osso estava mais à mostra. Ela abriu os olhos devagar, mas logo voltou a fechar quando me viu lhe tocando.

- Por quê você está mais magra? - Minha voz saiu embargada, falhada.

- Estou me alimentando à base de comida de aplicativo e cerveja.

- Por quê?

- Odeio a casa da Maya e eu quero sair de lá o mais rápido possível.

- Amor, você é delegada, não deveria estar no meio disso tudo, tem tantas outras formas de resolver.

- Repete. - Ela abriu os olhos mais uma vez.

- Você é delegada e...

- A primeira palavra.

Seu olhar encontrou o meu e ficamos nos encarando por alguns segundos. Ela segurou minha cintura e me puxou para cima de seu colo. Nosso corpo molhado chocou-se contra o outro e gemi baixo com o impacto.

- Luísa...

Ela abriu mais os olhos e notei que haviam lágrimas em seus olhos, provavelmente prestes a chorar.

- Por quê está chorando? - Perguntei baixo.

- Tenho saudade de nós. Estou sendo tão burra e...

Segurei seu rosto, forçando que me olhasse.

- Você não é burra, é apenas teimosa, cabeça dura e não me escuta quando sei o que é melhor pra nós. Nem parece que é delegada e professora, parece aquela menina boba que me apaixonei quando tinha 20 e poucos anos e era apenas minha aluna na universidade. Olha quem você é hoje, Luísa!

Ela deixou as lágrimas caírem, tentei enxuga-las, mas minhas mãos molhadas faziam com que seu rosto ficasse molhado. Saí de seu colo e a puxei para o meu. Ela sentou de lado e eu segurei sua cintura, enquanto ela tentava parar de chorar.

- Você é uma pessoa forte e é por isso e outros motivos que eu estou casada com você.

- Casada até assinar o divórcio. - Ela suspirou e tentou sair do meu colo, mas não permiti. - Você vai querer assinar um de verdade.

- Quem disse? - Sorri de lado. - Achei seu plano bem ruim, mas podemos tentar.

- Sério?

Ela abriu um sorriso e lhe puxei, beijando sua boca de uma vez. Ela enfiou a língua rapidamente, travando uma guerra com a minha, enquanto eu apertava sua cintura e ela meu seio.

- Ok, vamos com calma. - Pedi segurando sua mão.

- Ai, Ana, parece que nunca transamos, né?

- Numa jacuzzi não, prefiro a cama. - Sorri e ela me deu um selinho. - Agora falando sério, você acha que seu plano vai dar certo?

- Espero que sim.

- Hum, sabe o dia da nossa briga, que você falou do divórcio? - Ela assentiu. - Fui na delegacia depois de você, o Nero me ligou.

- E aí?

Contei tudo o que falei na delegacia e ela escutou atenciosa.

- Você acha que ele está envolvido com algo? - Questionou.

- Acredito que não, e você?

- Nero é mais profissional que Diane, acredito que ele esteja realmente nos ajudando. Agora todo cuidado é pouco com qualquer outra pessoa que não seja nós duas.

- E pra onde você vai depois que sairmos daqui? Voltar pra casa daquela mulher?

- Preciso continuar bancando a doida que entrou na armadilha ridícula dela.

- Amor, por quê não fica aqui?

- Gosto quando me chama de amor. - Ela segurou meu rosto e me deu um selinho demorado. - Consigo me cuidar.

- Consegue não, olha como está magra e com olheiras! Outra coisa, por mim já teria matado aquela mulher.

- "Delegada mata ex-namorada de sua esposa", seria um ótimo título de matéria de jornal, não acha? Provavelmente vou até sair em jornais americanos.

- Ficaríamos famosas internacionalmente. Gostei da ideia. - Falei rindo e ela me deu um tapa.

- Aliás, fiquei surpresa com você carregando aquela arma pra cima e pra baixo. Teve sorte da polícia não ver isso, sou eu que tenho posse e porte.

- Precisei proteger os meninos e me proteger de qualquer pessoa na rua, e eu não saio com ela todos os dias, eu só trouxe hoje com medo da pessoa que eu iria encontrar.

- Não desconfiou que seria eu?

- Desconfiei quando a recepcionista disse que era uma mulher bem aparentada, então eu fiquei meio receosa de subir e te encontrar, mas depois que ela me contou que era alta, bonita e gostosa, eu vi que não era você e decidi subir.

- Cale a boca, Ana. - Ela me deu um beliscão no braço e um beijo longo em seguida. - Vamos pra cama.

- Faz quanto tempo que não transa? Que fogo, meu Deus!

- Última vez que transei foi hoje cedo com a Maya.

- Meu amor, é mais fácil eu transar com o corno do Fernando, do que você beijar a Maya, você tem ódio mortal dela desde quando descobriu meu antigo namoro com ela. E outra coisa, vou dar uns tapas em Fernando.

- Ele só quis ajudar.

- Claro, me mandando te encontrar.

- Até parece que não gostou... - Ela beijou meu pescoço. - Eu faria tudo de novo. Nunca imaginei que você ficaria assim comigo numa banheira de um hotel depois de toda a semana conturbada.

- Obrigada pelo sanduíche do final de semana, eu estava morrendo de fome.

- Achei que tivesse dito pra jogar no lixo.

- Quem te contou isso? Olha, a Cecília é fofoqueira de mão cheia, viu?

- Foi sua irmã Raquel. - Ela sorriu e eu revirei os olhos.

- Duas cobras. Não ande com elas, Luísa.

Ela riu e nos beijamos mais uma vez. Decidimos sair da banheiro, nos enxugamos em toalhas e me enrolei em um roupão branco, enquanto ela saía totalmente nua me puxando para a cama.

- Eu deveria fazer greve de sexo pra você, sabia? - Falei sendo jogada na cama e ela subindo em mim.

- Você não aguentaria uma semana.

Ela beijou meu pescoço e mordeu meu ouvido, enquanto com uma mão desatava o nó do meu roupão.

O meu celular começou a tocar na mesa e ela suspirou.

- Deixa tocar, amor.

- Pode ser algo com as crianças.

Ela suspirou mais uma vez e se jogou para o lado. Me levantei e peguei o celular. Era um número desconhecido.

- Alô?

- Oi, dona Ana. Aqui é o delegado Nero.

- Oi, Nero.

Luísa deu um pulo da cama e puxou meu celular, colocando-o no viva-voz.

- Preciso que venha na delegacia, prendemos três suspeitos e eles estão relevando algumas coisas.

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