XXI

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Ana:

O quarto estava cheio de policiais, dois delegados e a segurança do hospital. Eu estava tão perdida e nervosa, que Diane me levou até outro quarto vazio e me sentou na cama alta, e eu só notei quando ela ficou me chamando várias vezes, estalando os dedos.

- Já pedimos as câmeras do hospital, é claro que vamos verificar quem fez isso.

- Diane, ela foi sequestrada! Você consegue imaginar o que podem estar fazendo ou já terem feito com ela?! A Luísa é delegada, esse povo não tem pena nem de cachorro, imagina de uma delegada, caralho! - Eu estava gritando e com a garganta ardendo.

- Não podemos pensar no pior, Ana! Nós vamos encontra-la e ela ficará segura.

- Segura? Como ela vai ficar segura se tinha um policial na porta e mesmo assim a levaram? - Eu fiquei de pé e andando de um lado para o outro. - Se eu encontrar esses bandidos, eu vou mata-los.

- Primeiro precisamos encontrar ela. E também preciso que se acalme.

- Muito fácil falar, não é o amor da sua vida, a pessoa com quem você é casada e tem filhos. O que eu vou falar quando ver as crianças?! Que a mãe deles foi sequestrada por uma facção?

- Vai falar nada, até porque ela estará com vocês. Beba um copo de água. - Ela me entregou um copo de vidro e o joguei na parede.

- EU QUERO SABER ONDE ESTÁ A LUÍSA, PORRA!

A porta se abriu e por ela entraram minha mãe e Raquel. Elas estavam nervosas e logo abracei-as.

- Onde estão os meninos?

- Cecí levou para tomar sorvete, algo assim. - Raquel me puxou para a cama e sentamos. - Nós ficamos sabendo e viemos o mais rápido.

- Eu quero saber onde está a minha esposa... - Choraminguei.

- Você vai encontrar, fique tranquila e vamos rezar. - As mãos dela me tocaram e sorri de lado. - Só preciso saber notícias corretas, estou indo para a casa da mãe dela e precisarei dar a notícia.

- Tem certeza, mãe? - Raquel perguntou.

- Claro, a mãe tem direito de saber sobre a filha. Com quem eu falo?

- Comigo, pode vir que vou falar o que deverá ser repassado para ela.

Diane saiu acompanhada dela e Raquel continuou ao meu lado.

- Sou péssima em confortar pessoas, não sei nem o que falar além de que tudo vai ser resolvido...

Ela me abraçou e eu fiquei ali por um longo tempo, só era necessário alguém que me ama ali meu lado. Mesmo sendo a Raquel, eu queria que fosse Luísa.

***

Luísa:

Após Ana sair, troquei o canal da TV e fiquei assistindo um documentário antigo sobre Michael Jackson. Por estar cansada da mesma posição, me deitei de lado, de costas para a porta e rezei para que nenhuma enfermeira entrasse e brigasse comigo.

Um tempo depois escutei a porta abrir e imaginei que fosse alguém do hospital, pois era evidente que não teria dado tempo de Ana ir em casa e voltar.

- Eu estava...

Antes de voltar a posição anterior, colocaram um pano pra cobrir minha boca e nariz, tentei não respirar, mas parecia que tinham enfiado todo o produto no pano. Tateei a cama em busca de algo para usar, mas não encontrei.

*

Acordei em cima de uma cama pequena, um quarto escuro e até limpo. Estava sem soro, porém com um curativo na marca que a agulha ficava. Observei o ambiente e tinha um armário branco com uma bandeja de frutas. Senti minha barriga roncar e me segurei para não atacar o que tinha ali.

Ela e euWhere stories live. Discover now