XXII

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Luísa:

Levantei primeiro que a senhorinha e sua neta. Lavei o rosto no banheiro, peguei uma faca na gaveta da cozinha, escrevi um bilhete agradecendo pelo que me deram e saí com o Sol já no céu.

Observei as ruas e notei que continuavam desertas, então caminhei apressada, sabendo exatamente para onde ir, pois a garotinha tinha informado em qual bairro moravam.

Quando cheguei na área mais movimentada da cidade, recebi alguns olhares estranhos e assustados das pessoas. A senhora tinha trocado meu curativo, mas eu ainda estava toda enfaixada. Apressei o passo até meu condomínio, que não ficava tão longe dali.

Mesmo sendo um local perigoso, eu precisava pegar alguma coisa no escritório ou trocar de roupa, também precisava saber onde Ana estava e saber se estava em algum lugar seguro.

O porteiro arregalou os olhos ao me ver e liberou a entrada.

- Sua esposa está lá em cima, dona Luísa. - Ele disse ainda me encarando.

- Obrigada, e eu sou uma miragem. - Falei firme e ele balançou a cabeça. - Bico fechado.

Subi pelo elevador de serviço para que não fosse vista por alguns vizinhos e quando cheguei no andar de casa, a porta estava entreaberta. Entrei devagar e vi Raquel enfiando algumas coisas em sacolas de plástico.

- Não grite e nada de alarme. - Ela deu um pulo e me encarou. - Vocês estão com o carro? - Ela assentiu. - Ótimo, desça e o ligue, vou procurar Ana.

- Está lá em cima.

- Certo, leve essas coisas e deixe o carro ligado.

- Onde você estava? De quem é esse vestido?

- Raquel, rápido!

Ela assentiu e começou a pegar as sacolas. Subi as escadas e passei direto para o quarto, mas ela não estava lá. Quando retornei para o quarto das crianças, ela chamou o nome de Raquel e quando a vi, estava com a arma apontada para a porta.

- Ela já está no carro, só falta você. Pegue essas coisas e vamos rápido.

- Luísa?!

Ela ficou de boca aberta e deixou a arma cair no chão, vindo até mim e me agarrando. Meu curativo do peito doeu um pouco, mas eu precisava daquele abraço. Retribui imediatamente.

- Onde você estava? Como veio até aqui? E essa roupa? - Ela segurou meu rosto e me deu um longo selinho. - Eu tive tanto medo de te perder!

- Eu sei me cuidar, amor... - Lhe dei mais um selinho. - Agora vamos, precisamos sair daqui.

- Estamos indo pra casa da Cecí e Raquel, tudo bem?

- Nada disso, eu tenho outro lugar.

Peguei a arma no chão, também segurei algumas bolsas e descemos as escadas com umas 10 mochilas nos ombros e mãos. Joguei tudo no sofá e a puxei até o escritório.

- Isso fica comigo e nunca deixe uma arma cair no chão. - Advertiu-a enquanto colocava a arma em um coldre e o apertava na cintura. - Aliás, você sequer destravou.

- Se for me dar sermão hora dessa eu dou na sua cara, Luísa. - Revirou os olhos. - Aqui não tem mais nada, já levei as duas armas, uma aqui e uma na mochila lá na casa das meninas.

- Você não conhece a sua própria casa. - Puxei a gaveta da minha mesa e tirei mais uma arma de um fundo falso. - Tenho um plano.

- Plano?

- Eu acordei na casa onde apreendi aquele material pornográfico, consegui fugir pela janela do banheiro e me abriguei pela noite na casa de uma senhorinha que mora sozinha com sua neta. Não consegui pregar o olho, mas descobri duas coisas.

Ela e euOù les histoires vivent. Découvrez maintenant