Ela e eu

By laresppereira

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Luísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter... More

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Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXXIX
XXXX
XXXXI
Carta
:)
Informações

XXIV

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By laresppereira


Luísa:

- Vou buscar água pra você. - Maya levantou e logo voltou com uma garrafinha de água lacrada. - Pra você não achar que coloquei veneno.

- Você é doente, Maya.

Abri a garrafa e dei um gole. Mesmo se tivesse com algo pra mim, eu estava com a boca seca e com a voz meio rouca com toda aquela situação.

- Vou te dar alguns minutos para pensar.

- Não tem no que pensar, Maya. Eu não vou me separar da Ana pra ficar com você, isso não tem lógica e vai ficar na cara que é armação sua, que você tem algo a ver com o sequestro. Você vai se foder de uma maneira ou de outra.

- Espero que eu me foda com você. - Ela deu um sorriso safado e eu revirei os olhos.

- Puta merda, não sei o que Ana viu em você.

Coloquei a água na mesa de centro e levantei, andando de um lado para o outro.

- Bem, estou cansada e preciso dormir um pouco. Você pode pensar na proposta, mas por favor, me dê a resposta ainda hoje, pois preciso prosseguir com meus planos.

Continuei calada e ela apontou para a porta.

- Já sabe onde me encontrar, quando tiver a resposta venha me ver.

Coloquei a arma de volta na cintura e saí do sei apartamento. Meu choro estava preso na garganta, mas consegui segurar até sair do condomínio. Estava próximo da praia, então caminhei até a orla e deixei o choro sair.

Chorei por quase uma hora deitada na areia. O Sol nasceu ali na minha frente, algumas pessoas caminhavam ou corriam no calçadão, enquanto eu parecia uma bêbada deitada na areia quase às 6 da manhã.

***

Ana:

As crianças acordaram uma hora depois que eu tinha colocado pra dormir novamente. Gustavo veio até a sala e sentou em meu colo.

- Estou com fome. - Reclamou agarrada a mim.

- Vou preparar um café delicioso, OK?

Depois que fiz o café da manhã para eles, procurei a chave do carro e encontrei.

- Meninos, coloquem o chinelo, nós vamos visitar o tio Fernando.

- Oba! - Eles gritaram.

- Até que fim sair daqui. - Gael levantou os braços.

Descemos até a garagem e os coloquei nas cadeirinhas. Dirigi com calma até o apartamento de Fernando. Me identifiquei para o porteiro que rapidamente permitiu minha entrada.

- O que estão fazendo aqui? - Fernando arregalou os olhos quando o elevador abriu.

- Passeando. - Guilherme respondeu.

- Ah, é claro. - Ele riu nervoso e agarrou Gustavo. - Entrem logo.

Os meninos correram para o quarto de Fernando, pois lá tinha uma cama grande e um vídeo game.

- Me explica o que está rolando.

- Luísa sumiu de madrugada e não voltou. Levou meu celular e eu estou incomunicável.

- E pra onde ela foi?

- Ela disse que queria resolver essas coisas de uma vez, mas eu pedi que não fosse, para a polícia fazer o próprio trabalho, mas você sabe como ela é teimosa. Aposto que está no meio do mundo atrás da Maya ou de qualquer outro que ela ache culpado.

- Pensei que a Diane estivesse a frente do caso junto com aquele coroa.

- E estão, mas até agora Diane não fez merda alguma. E Luísa disse pra não confiar muito nas pessoas.

- Então ela acha que Diane está envolvida?

- O que a gente sabe é que a mulher ficou muito nervosa quando viu Luísa comigo. - Fernando franziu as sobrancelhas. - E não entrou mais em contato.

- E o Nero?

- Muito menos.

- E o que nós vamos fazer?

- Eu queria que você ficasse com os meninos enquanto eu a procuro por aí. Caso eu não encontre até o fim da tarde, retorno e a gente conversa sobre o que fazer.

- Cuidado, Ana.

- Fica tranquilo, sei me proteger.

***

Andei com o carro por vários locais da cidade e não encontrei Luísa. Fui até a casa das meninas, mas ela não estava lá.

- Quer dizer que ela fugiu? - Raquel perguntou confusa.

- Ela não fugiu, ela está bancando a heroína por aí. - Cecília revirou os olhos. - Vou trocar de roupa e irei com você.

- Nada disso, eu vou com ela. - Raquel parou Cecília no meio da sala.

- Ninguém vai comigo, eu vou sozinha. Se acontecer algo, estarei sozinha. Se acontecer o pior, vocês ficarão com os meninos, não posso correr o risco com vocês.

- Pare de falar merda, Ana! - Raquel disse. - Você está sem celular?

- Sim, ela levou o meu.

- Está dando desligado. - Cecília disse com o celular no ouvido. - Ou ela desligou pra ninguém ligar ou jogou fora.

- Ou alguém a pegou e se livrou do celular.

- Não vamos pensar o pior, certo? - Pedi e elas assentiram. - Vou dar mais uma volta, qualquer coisa eu retorno aqui.

- Leve esse celular. - Cecí me deu um celular antigo, mas que poderia me ajudar. - Só coloque crédito e deixe ligado, o chip é antigo, só eu sei o número, quem for te ligar será sempre Raquel ou eu.

- Obrigada, meninas. Ah, e se puderem ficar de olho no Fernando com os três, vou ficar agradecida.

- Pode deixar, não sou louca de deixar o Fernando o dia inteiro alimentando meus sobrinhos com coca-cola e biscoito. - Raquel piscou. - Por favor, mande notícias.

- Pode deixar.

***

Luísa:

Quando deu oito horas da manhã, entrei em uma padaria pequena e estranha, aquelas de bairro que o café é frio e o pão duro. Pedi uma xícara de café puro e peguei um pacote de biscoito em uma prateleira. Sentei em uma mesa de plástico e bebi um pouco do café amargo e morno.

Ainda estava pensando no que fazer a respeito da proposta.

Ana era tudo pra mim, nós construímos uma história há um tempão, tivemos trigêmeos, enfrentamos o preconceito de sua mãe comigo, entre tantas outras coisas, que não podiam ser estragadas com a merda de proposta feita por Maya.

Caso eu chegasse a uma proposta de divórcio para Ana, ela iria suspeitar de muita coisa, ficaria evidente que teria alguma chantagem por trás de tudo.

Só que também estava sendo perigoso quanto para mim e para ela, as crianças estavam ficando impacientes dentro de um apartamento pequeno, então eu teria que escolher algo.

Fora que ainda tinha a delegada Diane, da qual repassei informações sobre o sequestro e nada foi resolvido. Deveria ter falado para o Nero, provavelmente teria feito algo.

Paguei o que consumi na padaria de quinta categoria e entrei em uma loja pequena para comprar um novo chip. Após o cadastro, consegui acessar Internet e pegar o número de Maya mais uma vez por Direct, só que dessa vez estava desligado.

Fiquei alguns segundos parada no meio da rua pensando seriamente em qual decisão tomar.

Poderia matar Maya, ir presa e a vida de Ana e dos meninos serem horríveis, ou poderia me entregar a Maya e viver um romance falso por algum tempo, machucando Ana.

De qualquer forma, ela queria machucar Ana a troco de alguma coisa, e certamente seria pelo nosso casamento ter saído de uma crise e ter voltado com tudo.

Fiquei na parada do ônibus esperando qual seguir, um que iria para o bairro onde eu estava com Ana e as crianças, ou o outro coletivo que iria diretamente ao endereço de Maya.

***

Ana:

Quase às 14 horas, decidi voltar para o apartamento, pois Ana poderia muito bem ter voltado depois de uma volta na cidade. Coloquei o carro na garagem e subi, rezando para que ela estivesse em casa.

Ela estava sentada no sofá com os cotovelos apoiados nas pernas e o rosto coberto com as mãos. Fechei a porta com força e corri até ela, puxando-a e beijando seu rosto.

- Onde você se meteu, sua corna filha da puta! - Perguntei com raiva, ódio e felicidade, tudo misturado. - Eu andei por todos os locais te procurando!

- Estava na praia, depois tomei café em uma padaria e voltei pra casa.

- Você está louca? Luísa, tem um bando de filho da puta atrás de você!

- Vamos maneirar no palavrão, meu amor? - Perguntou sentando novamente.

- O que foi? Por quê você saiu? Você disse que iria ficar aqui. - Empurrei seu corpo e sentei em seu colo. - Pensei no pior.

- Eu precisava pensar sobre algumas coisas.

- E precisou sair desse apartamento? Não podia pensar aqui?

- Ana, precisamos conversar.

- Estamos conversando.

- Sobre um assunto delicado, do qual eu descobri e preciso resolver agora.

- Tudo bem, o que descobriu? - Levantei do seu colo e a encarei.

- Na verdade não posso contar, mas...

- Obrigada por confiar na sua esposa. - Sorri cínica.

- Ana, me escuta. - Assenti com a cabeça. - Eu quero divorciar, me separar de você.

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