Ela e eu

By laresppereira

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Luísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter... More

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Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXXIX
XXXX
XXXXI
Carta
:)
Informações

XXI

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By laresppereira


Ana:

O quarto estava cheio de policiais, dois delegados e a segurança do hospital. Eu estava tão perdida e nervosa, que Diane me levou até outro quarto vazio e me sentou na cama alta, e eu só notei quando ela ficou me chamando várias vezes, estalando os dedos.

- Já pedimos as câmeras do hospital, é claro que vamos verificar quem fez isso.

- Diane, ela foi sequestrada! Você consegue imaginar o que podem estar fazendo ou já terem feito com ela?! A Luísa é delegada, esse povo não tem pena nem de cachorro, imagina de uma delegada, caralho! - Eu estava gritando e com a garganta ardendo.

- Não podemos pensar no pior, Ana! Nós vamos encontra-la e ela ficará segura.

- Segura? Como ela vai ficar segura se tinha um policial na porta e mesmo assim a levaram? - Eu fiquei de pé e andando de um lado para o outro. - Se eu encontrar esses bandidos, eu vou mata-los.

- Primeiro precisamos encontrar ela. E também preciso que se acalme.

- Muito fácil falar, não é o amor da sua vida, a pessoa com quem você é casada e tem filhos. O que eu vou falar quando ver as crianças?! Que a mãe deles foi sequestrada por uma facção?

- Vai falar nada, até porque ela estará com vocês. Beba um copo de água. - Ela me entregou um copo de vidro e o joguei na parede.

- EU QUERO SABER ONDE ESTÁ A LUÍSA, PORRA!

A porta se abriu e por ela entraram minha mãe e Raquel. Elas estavam nervosas e logo abracei-as.

- Onde estão os meninos?

- Cecí levou para tomar sorvete, algo assim. - Raquel me puxou para a cama e sentamos. - Nós ficamos sabendo e viemos o mais rápido.

- Eu quero saber onde está a minha esposa... - Choraminguei.

- Você vai encontrar, fique tranquila e vamos rezar. - As mãos dela me tocaram e sorri de lado. - Só preciso saber notícias corretas, estou indo para a casa da mãe dela e precisarei dar a notícia.

- Tem certeza, mãe? - Raquel perguntou.

- Claro, a mãe tem direito de saber sobre a filha. Com quem eu falo?

- Comigo, pode vir que vou falar o que deverá ser repassado para ela.

Diane saiu acompanhada dela e Raquel continuou ao meu lado.

- Sou péssima em confortar pessoas, não sei nem o que falar além de que tudo vai ser resolvido...

Ela me abraçou e eu fiquei ali por um longo tempo, só era necessário alguém que me ama ali meu lado. Mesmo sendo a Raquel, eu queria que fosse Luísa.

***

Luísa:

Após Ana sair, troquei o canal da TV e fiquei assistindo um documentário antigo sobre Michael Jackson. Por estar cansada da mesma posição, me deitei de lado, de costas para a porta e rezei para que nenhuma enfermeira entrasse e brigasse comigo.

Um tempo depois escutei a porta abrir e imaginei que fosse alguém do hospital, pois era evidente que não teria dado tempo de Ana ir em casa e voltar.

- Eu estava...

Antes de voltar a posição anterior, colocaram um pano pra cobrir minha boca e nariz, tentei não respirar, mas parecia que tinham enfiado todo o produto no pano. Tateei a cama em busca de algo para usar, mas não encontrei.

*

Acordei em cima de uma cama pequena, um quarto escuro e até limpo. Estava sem soro, porém com um curativo na marca que a agulha ficava. Observei o ambiente e tinha um armário branco com uma bandeja de frutas. Senti minha barriga roncar e me segurei para não atacar o que tinha ali.

- Ana? - Chamei baixo e depois levantei.

Andei pelo quarto e passei a mão no corpo. O curativo estava nos dois lugares, quanto no peito e minha cabeça continuava enfaixada, era o mesmo curativo do hospital.

Fui até a porta e coloquei o ouvido tentando escutar algo, mas não escutei nada. Olhei pela brecha e notei que estava trancada, então não tentei abrir para que continuassem achando que eu estava apagada.

Olhei para outra porta e notei que estava entreaberta, quando me aproximei percebi que era apenas um banheiro. Escutei um barulho alto vindo do lado de fora do quarto e voltei para a cama.

Alguns segundos depois, escutei a porta abrir. Escutei alguns passos até mim e provavelmente me observou por alguns segundos.

- Ela está dormindo. - Uma voz masculina e grave, porém conhecida falou bem perto de mim.

- Você exagerou, cara! Ela vai ficar apagada por um tempão! Seu inútil. - A outra voz eu não reconhecia, mas também era masculina.

- Mais tarde a gente vem aqui, OK?

- Sim, agora vamos, precisamos encontrar a Maya.

Escutei os passos se distanciarem e abri um pouco dos olhos e reconheci Maurício, um dos policiais da PF que trabalhava comigo. Fechei os olhos novamente e esperei que trancassem a porta. Ainda permaneci um tempo deitada até que tivesse certeza que tinham ido embora.

Levantei novamente e fui até o banheiro. Vi que tinha uma janela de tamanho médio, onde meu corpo passaria, mas teria que fazer um pequeno esforço. Lá fora haviam muitas árvores e galhos secos no chão. Eu ainda estava descalça, sequer tinha chinelo no quarto.

Peguei uma faca sem ponta na bandeja e tentei desparafusar a janela, mas não estava adiantando. Respirei fundo e tentei passar o corpo.

Com muito esforço, consegui passar e cai sobre algumas folhas. Me segurei para não gritar um palavrão. Olhei ao redor e sabia exatamente onde estava. Na casa onde apreendemos o material de pornografia infantil-juvenil.

Dei a volta pela casa, que era pequena, e percebi que estava mesmo sozinha. Por sorte, a porta da frente estava aberta, entrei devagar e peguei um facão na gaveta da cozinha.

Caminhei por entre os matos descalça e com a cabeça latejando com dor de cabeça. Eu sequer sabia para onde ia, mas precisava voltar logo para Ana ou a delegada Diane.

Andei descalça e sozinha por algumas ruas estranhas e desertas. Estava assustada, pois poderiam me ver e levar de volta, mas ao mesmo tempo estava armada e sabia que eu tinha potencial, aliás, havia sido treinada.

***

Ana:

Diane voltou sem minha mãe e me fez algumas perguntas. Contei sobre a invasão à nossa casa e ela disse que já estavam sabendo, pois já estavam atrás de pistas.

Cecília ligou para Raquel, então ela saiu do quarto e me deixou sozinha com Diane. Ela me contou sobre algumas coisas, mas eu estava nem aí, só queria que encontrassem logo a minha esposa.

Raquel retornou e disse que Cecília tinha levado os meninos para casa, pois estavam cansados de brincar. Diane saiu do quarto e aproveitei para deitar um pouco na cama, pois estava com muita dor de cabeça.

- Você pode ir para casa, não fique nesse ambiente, vai ser pior. - Raquel falou de mãos dadas comigo.

- Minha casa foi invadida e revirada.

- Vamos pra minha, os meninos estão lá.

- Você sabe que vou chorar...

- Precisa ser forte. Eu sei que Luísa nem está vendo eles, mas precisa ficar com eles, serão eles que vão te dar forças.

- Isso é seu. - Diane mostrou a mochila. - Se quiser carona, estou no carro da polícia.

- Não precisa, eu vim de carro.

- Eu dirijo. - Raquel pegou a mochila e a chave que estava dentro. - Vamos?

- Isso fica comigo. - Peguei a mochila e verifiquei se a arma estava dentro. - Tudo OK.

- Você não tem porte disso. - Raquel sussurrou.

- Eu não vou usar, só estou guardando o que diz respeito a Luísa. Vamos embora.

Nós saímos do hospital e fomos direto para sua casa. As crianças estavam dormindo no quarto de hóspedes, então deixei a mochila no quarto das meninas e fui encontra-las na cozinha.

- Eu fiz macarrão. Você precisa comer algo. - Cecí colocou um prato de macarrão na minha frente.

- Preciso dela...

- Meu macarrão é mais gostoso. - Cecí piscou.

- Tenha certeza que não. - Rebati sorrindo de lado. - Eles perguntaram por ela?

- Sim, na verdade por vocês duas, eu disse que ainda estavam no hospital. Eles disseram que estava estranho, pois não viam Luísa há algum tempo e que eu estava mentindo. - Cecí suspirou e sentou ao meu lado.

- O que respondeu?

- Eu não consigo mentir pra eles, sabe? Eu disse que mamãe Luísa tinha se machucado e estava no hospital, por isso que não podiam ir lá. Depois o Guilherme disse que quando ficou internado por dois dias, todo mundo foi ver e o viu machucado, então por qual motivo eles não poderiam ir ver a própria mãe?

- Essas crianças são adultas em corpo pequeno. - Raquel fez uma careta e me entregou o garfo, mas continuei sem tocar na comida.

- Eu falei que a mamãe Luísa estava com outras pessoas, mas logo a polícia ia encontra-la e trazer de volta.

- Não acredito que você falou isso, Ana Cecília! - Bati a mão na mesa e levantei.

- Calma! Eles só ficaram calados, talvez não tenham se tocado da gravidade que nós sabemos que existe.

- E se acontecer algo pior com ela? Como vamos falar pra eles? - Perguntei com a mão na cintura em tom mais alto.

- Não vai acontecer nada com ela, Ana! - Raquel se meteu. - Eles iriam ficar sabendo disso, mais cedo ou mais tarde.

De qualquer forma era verdade, mas eu não queria que eles ficassem sabendo que a mãe tinha sido sequestrada. Afastei o prato e fui para o quarto, me tranquei e deitei na cama com eles.

***

Luísa:

Parecia que eu estava andando em círculos, estava confusa e com um facão enferrujado na mão.

Em uma casa da esquina, vi uma senhora de vestido abaixo dos joelhos, chinelo e com o cabelo curto, completamente branco. Logo uma criança de uns 8 anos saiu pelo portão e ficou pulando na calçada, enquanto a senhorinha colocava o lixo para fora.

Caminhei o mais rápido que pude até eles e tentei não parecer louca, mas estava na cara que eu tinha saído do hospício ou era alguma ladra ensanguentada.

A senhora puxou a criança para trás quando me viu. Lembrei que estava com um pouco de sangue no peito e minha cabeça latejava, ou seja, também podia estar suja de sangue.

Ela olhou para minha mão e percebi que eu ainda segurava o facão. Joguei-o de lado, bem longe, e levantei as mãos.

- O que você quer? - Ela perguntou ainda com a criança atrás dela.

- Senhora, desculpe assusta-la, mas eu fui sequestrada e estava em um cativeiro aqui perto. Consegui fugir pela janela do banheiro e preciso muito de ajuda.

Ela continuou com a criança escondida, era uma menina de olhinhos curiosos que me espionava ainda atrás dela.

- Meu nome é Luísa, eu sou delegada federal, sou casada e tenho três filhos. Fui sequestrada por bandidos que querem me matar, pois descobri muitas coisas. Por favor, me dê ao menos um copo de água e me deixe ir ao banheiro, depois vou embora.

- Entre, minha querida, vou acreditar em você, só não faça nada comigo e com minha neta.

Ela entrou primeiro e lhe acompanhei. Ela me mostrou onde era o banheiro e depois me chamou até a cozinha.

- Pode sentar, vou lhe dar um pouco de comida. - Ela sorriu e começou a colocar arroz e carne em um prato. - Vitória, pegue o suco na geladeira.

Depois que ela me deu um prato e a garota um copo de suco, eu tentei não avançar na comida como uma esfomeada que nunca tinha visto carne.

- Por quê sua cabeça está machucada?

- Bem, eu levei dois tiros, um no peito e um de raspão na cabeça. Eles conseguiram acertar dois de seis, acho. Fui para o hospital e fui sequestrada de lá. Me deram remédio para dormir e me carregaram até aqui perto.

- Quer ligar pra polícia? - A senhora perguntou.

- Estou receosa, pois um dos seqüestradores trabalha comigo, ou seja, ele pode vir me buscar e raptar novamente. Preciso pensar.

Continuei a comer e a criança a me olhar.

- Qual o nome dos seus filhos? - Ela perguntou.

- São trigêmeos! São três meninos idênticos, o Gael, Guilherme e Gustavo.

- Que benção, três meninos!

- Sim, eles são bem espertos. - Ela riu.

- Você é só delegada? - A menina perguntou.

- E professora de Direito. E também tenho um escritório de advogados. - A senhora sorriu e notei que estava ganhando a sua confiança. - Sou casada, olha minha aliança.

Mostrei e ela sorriu, pediu para ver e retirei, lhe entregando.

- Tem sorvete, você quer? - A senhora perguntou.

- Pode ser, mas estou com vergonha, parece que eu nunca comi na vida.

- Tudo bem, querida, nessa casa é apenas minha neta e eu. A mãe dela faleceu há uns dois anos e nos deixou.

- Sinto muito...

- Vamos fazer assim, você toma um banho, eu troco o seu curativo e depois toma sorvete, pode ser?

- Nem sei como te agradecer...

A Vitória me levou até o banheiro, me entregou uma toalha e tomei um longo banho. Minhas pernas estavam arranhadas por causa dos galhos secos, passei a toalha e torci para que não ficassem piores. A senhora trouxe um vestido longo estampado, eu o vesti e coube perfeitamente.

- Era da minha mãe, mas ficou linda em você, Luísa. - A menina disse sorrindo. - Vou pegar sorvete pra nós!

Passei um tempo conversando e logo me mostraram uma cama para dormir. Eu agradeci e deitei, mas não consegui dormir bem, tirei alguns cochilos e fiquei atenta para qualquer movimento estranho.

***

Ana:

- Liberaram meu apartamento. Diane me ligou. - Avisei com Gael no colo e os outros ao meu lado.

- Tem certeza? Ainda pode ter algum risco... - Raquel falou sentada à mesa do café.

- Só quero pegar algumas coisas e volto pra cá. Preciso de roupas e os meninos também.

- Pois sentem e comam, depois nós duas vamos lá.

Sentamos, comemos e avisei para os meninos que voltaria rápido. Eles pediram para ficar na piscina e permiti.

Cecília desceu ainda de pijama e Raquel pediu que ficasse com as crianças, pois iríamos buscar roupas no apartamento. Ela só balançou a cabeça e desejou bom dia.

Quando chegamos no apartamento, estava menos revirado, mas continuava uma baderna. Raquel me encarou de olhos arregalados quando viu que eu estava com a arma na cintura.

- Segurança, só isso.

- Vou pegar o que tiver na geladeira, não vamos deixar as coisas estragarem. Qualquer coisa você grita. - Raquel falou indo pra cozinha.

- Você também.

Fui até o quarto e comecei a enfiar roupas dentro de todas as mochilas e bolsas. Fiz a mesma coisa com as coisas dos meninos.

Vi um movimento rápido na porta e me assustei. Peguei a arma e fiquei nervosa.

- Raquel? - Chamei.

- Ela já está no carro, só falta você. Pegue essas coisas e vamos rápido.

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