Ela e eu

By laresppereira

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Luísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter... More

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Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXXIX
XXXX
XXXXI
Carta
:)
Informações

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By laresppereira


Ana:

Os médicos levaram-a hospital adentro e me barraram na porta de emergência. Raquel me puxou para uma cadeira e sentou ao meu lado. Me deu água e eu só conseguia chorar, sequer conseguia falar.

Fernando chegou um tempo depois. Mamãe acabou vindo ao hospital e chegou na mesma hora que a mãe de Luísa.

- Cadê Cecí? - Fer perguntou.

- Ela viajou, geralmente passa o Natal na casa da mãe, mas ela está sabendo e quer saber de notícias. - Raquel respondeu.

Minhas lágrimas eram insistentes, junto ao choro. Eles tentavam me acalmar, mas não conseguia, apenas queria saber o que tinha acontecido com ela e como ela estava.

Quando deu meia noite, já véspera de Natal, um médico pediu para chamar um acompanhante de Luísa, que fosse preferível o pai dos bebês.

- Pode ir, mas venha dar notícias, por favor. - Minha sogra disse aflita.

- Mandarei o médico vir informa-los de algo.

Entrei na parte de emergência e me encaminhei até uma recepção. Um médico estava me esperando com alguns papéis.

- Sou a esposa da Luísa, como ela está?

- Fizemos alguns exames, ela perdeu bastante tempo e precisará ficar em observação no hospital, está tomando soro na veia e em um quarto particular. Ela está bem e os bebês também.

- E o que ela teve?

- Não entrou em trabalho de parto, perdeu bastante sangue por um pequeno rompimento no útero. mas já conseguimos estancar o sangramento. Por enquanto ela está no quarto e acordada, se quiser pegar o elevador é ali na frente, o terceiro andar.

- E ela vai ficar quanto tempo em observação?

- Acredito que com esse sangramento logo agora no final da gestação, vamos ter que continuar com ela até entrar com trabalho de parto. Provavelmente ficará as festas de fim de ano aqui conosco.

- A mãe e alguns familiares estão lá embaixo esperando por alguma notícia, o senhor pode ir lá falar com eles enquanto vou visita-la?

- Sim, vou mandar um enfermeiro para informa-los. Qualquer coisa há um botão no quarto, se for emergência iremos imediatamente.

- Obrigada, doutor.

Fui em direção ao elevador e apertei o terceiro andar. Estava ansiosa para vê-la, enxuguei as mãos na calça de moletom (inclusive, meu pijama) e entrei no quarto após bater uma vez.

- Oi... - Falei baixo.

- Oi. - Ela mexeu os lábios.

Nossos olhares se encontraram, fechei a porta rapidamente e fui até ela, abraçando-a devagar.

- Como está? Ainda com a dor?

- Não, estou bem. Acho que me deram remédio para a dor, esse soro está ardendo um pouco. - Ela fez careta. - O médico me disse que teve um ferimento e acabei sangrando.

- Vai ficar de observação por um tempo, certo?

- Quero ir embora.

- Nós iremos, em breve. - Segurei sua mão e a beijei. - E com os nossos bebês.

- Como assim?

- Teremos que ficar aqui até a cesária. O médico informou que foi um pouco grave, está em reta final da gravidez, então precisaremos ficar aqui por enquanto.

- Não vou aguentar ficar Natal, Ano Novo e vários dias aqui dentro, vou morrer sufocada dentro de um quarto branco com cheiro de hospital e comida ruim! - Luísa estava ficando brava.

- Amor, fica calma, se ficar nervosa pode acontecer algo. Eu ficarei aqui todas as noites contigo, não se preocupe. A Justiça está de recesso, ou seja, o escritório permanecerá fechado até o próximo ano, a universidade está de férias, você nem retornará esse semestre para as aulas, então não precisaremos se preocupe com nada fora daqui.

- Amor, estou dentro de um hospital.

- Para cuidar da sua saúde e de sua família.

Luísa me olhou e encostou a cabeça no travesseiro, fechando os olhos. Dei a volta e sentei na ponta da cama, comecei uma pequena massagem em seus pés inchados por causa da gravidez e logo escutei a porta abrir. Sua mãe e a minha entraram juntas.

- Como está, meu amor? - A mãe dela correu até a cama e beijou sua filha. - Você me assustou! Como estão meus netos?

- Estão bem, não aconteceu nada com eles. - Lu sorriu.

- E você, está sentindo alguma dor? - Minha mãe perguntou séria, o jeito de sempre.

- Não, estou melhor. Acho que me deram remédio no soro.

- Está com quase nove meses, certo? - Ela perguntou novamente.

- Sim, mas completo apenas em janeiro.

- Você quer que eu fique alguns dias aqui com ela? - Mãe me perguntou. - Se tiver que resolver alguma coisa fora daqui, posso ficar sem problemas.

Minha sogra olhou minha mãe com cara de deboche e segurei o riso. Querendo ou não, aquela atitude de minha mãe era engraçada, logo ela que teimou com meu casamento e com a gravidez desde o início.

- Quando eu precisar de algo, prometo ligar para a senhora. - Falei sorrindo. - Obrigada.

- De nada. Preciso ir, deixei meu carro estacionado na rua detrás, acho que levarei uma multa. Qualquer coisa me ligue, serve para as duas. - Ela apontou Luísa e depois para min. - Tchau, meninas.

Ela colocou a bolsa no ombro e saiu do quarto.

- Tenho é medo. - Lu disse.

- Talvez ela esteja vendo que ficar contra você e a própria filha não vai adiantar muita coisa, principalmente agora quando tiverem filhos.

- Exatamente, vamos dar uma chance a mamãe. - Sorri e beijei a mão de Luísa. - Preciso buscar algumas coisas em casa para dormir aqui, tem algum problema de ficar com ela? Posso pedir a Raquel.

- Eu fico, pode ir pegar o que precisar.

- Obrigada. Não vou demorar.

Dei um selinho em Luísa e saí do quarto.

Fernando e mamãe haviam ido embora, Raque estava me esperando.

- Vou te dar carona, sorte que esperei, ia te ligar. - Ela disse. - E aí, como ela está?

Fui o caminho inteiro falando o que tinha acontecido, falei sobre mamãe e que eu ficaria com Luísa durante esses dias no hospital. Raquel me ajudou com uma mochila e algumas roupas para mim, pegamos uma bolsa que havia tudo dos gêmeos, peguei a chave do carro e me despedi de Raquel.

Segui para o hospital, coloquei o carro no estacionamento dos acompanhantes, peguei todas as bolsas e subi para o quarto após efetivar meu cadastro como acompanhante oficial de Luísa.

- Voltei. - Falei entrando.

Minha sogra me ajudou com as bolsas. Logo se despediu de nós e foi embora. Como eu já estava com calça de moletom, apenas vesti uma blusa larga, porém apresentável.

- O que é isso?! - Perguntei quando vi uma caixa próximo a cama, em uma mesa.

- O que?

- Uma caixa de presente. - Me aproximei e peguei a caixa azul.

- Acho que deve ser da paciente anterior.

Abri a caixa e vi dois macacões com a frase "Príncipe da Vovó", eram iguais, sendo um azul e um verde.

- Não acredito. - Mostrei. - Foi sua mãe?

- Mamãe estava sem bolsa.

Encontrei um papel no fundo da caixa com "Vovó ama muito Gael e Gustavo. Desculpa por esse tempo. Estou com vocês duas."

- Foi mamãe.

- Ela mudou, viu que ficar contra nós não adiantaria nada.

- Ela queria netos e vai ter. Estamos realizando o sonho dela. - Comentei.

- Exatamente. Agora vou dormir, estou cansada.

Sentei na poltrona ao seu lado e esperei que adormecesse. Quando vi sua respiração acalmar, também peguei no sono.

***

A noite de véspera de Natal foi meio tensa. Luísa quase não aceita tomar banho, alegando que não precisaria se arrumar para ficar deitada em um quarto de hospital. Depois de muita insistência e negociação comigo, a ajudei no banheiro e a vestir mais uma roupa de hospital, aquelas batas, de cor verde-clara.

- Roupa feia do caralho. - Ela disse ao deitar na cama. - Nem invente de tirar fotos.

- Como mamãe e Raquel já vieram aqui mais cedo, essa noite será apenas nós. - Sentei na ponta da cama e mostrei uma caixinha de presente pequena. - Trouxe seu presente de Natal.

- Ana...

- Você prefere abrir agora ou depois de jantar?

- Quero abrir logo, mas não precisava. - Entreguei o presente a ela.

Lu abriu e deparou-se com um colar de ouro com duas bonequinhas de mãos dadas. Seus olhos encheram-se de lágrimas e me aproximei, beijando sua boca e lhe abraçando.

- Olhe atrás.

Ela virou o pingente e tinha "L" e "A" atrás da respectiva bonequinha que nos representava.

- Você vai me matar antes de parir. - Ela riu em meio a lágrimas e me agarrou. - Eu não trouxe seu presente, aliás não comprei, mas eu juro que vou comprar.

- Não precisa.

- Precisa sim, só não fui porque ando que nem uma pata e como uma pessoa cagada, com as pernas abertas. - Ela revirou os olhos, mas logo passou a mão na barriga. - Eu reclamo, mas é a melhor sensação do mundo carregar dois bebês que vão te chamar de mamãe.

- Eu nem pareço aquela mulher que não queria filhos, né? - Ela riu e negou. - Estou ansiosa.

- Eu também. - Ela beijou minha mão e me deu um selinho longo. - Agora vamos comer.

- Trouxeram peru. - Falei rindo enquanto ia buscar as duas bandejas que estavam na mesa.

- Tô nem aí, não deve ser tão ruim como aquele macarrão e carne que eles mandam. - Ela fez uma careta. - Me ajuda aqui com essa bandeja.

Comemos em meio a risadas e conversa sobre Natais antigos. Depois tirei algumas fotos dela e selfies, mesmo ela xingando todas. Liguei a TV em um canal de filmes clássicos, onde passava "O Grinch", ficamos assistindo até que ela acabou adormecendo primeiro que eu.

***

Os dias foram passando. Luísa recebia visitas diárias e eu aproveitava para tomar um ar fora do hospital, tomar um café na padaria vizinha e ir em casa ver se estava tudo bem, limpar o quarto dos bebês vez ou outra.

O réveillon foi maravilhoso, na medida do possível. Luísa mais uma vez ficou chateada, mas logo se animou quando Cecília, Raquel e Fernando foram passar algumas horinhas conosco no quarto.

A manhã do réveillon foi bem chata. Fiquei assistindo as festas de fim de ano no jornal da TV enquanto Luísa dormia.

O médico entrou no quarto de repente e acabei me assustando.

- Desculpe, te assustei. - Ele sorriu. - Feliz ano novo.

- Igualmente. - Levantei do sofá-cama e lhe acompanhei até a cama. - Precisará de mais exames?

- Não, pelo visto ela está bem. - Ele pegou o lençol e levantou um pouco para ver os pés. - Os pés estão menos inchados, mas nada de esforço no chão.

- Eu sei, ela sequer quer levantar, então pode ajudar com isso.

O médico fez uma cara estranha para a cama e levantou ainda mais o lençol. Me aprontei para perguntar o que ele estava fazendo e procurando, quando vi a cama suja de sangue. Era pouco, mas estava suja.

- O mesmo sangue de antes. - Ele disse baixo.

- Doutor, eu...

- Levarei para sala de emergência. - Ele apertou um botão de emergência e logo entraram três enfermeiros, sendo duas mulheres e um homem.

- O que...

- Fique calma. - O médico verificou o pulso de Luísa e arregalou os olhos. - Está muito baixo, precisamos ser rápidos.

Antes que eu perguntasse qualquer coisa, Luísa estava indo embora pela porta do quarto.

E mais uma vez, sangrando e sem entrar em trabalho de parto.

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