Ela e eu

By laresppereira

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Luísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter... More

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Prólogo
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXXIX
XXXX
XXXXI
Carta
:)
Informações

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By laresppereira


Luísa:

- Só pode ser brincadeira. - Falei baixo, mas todos ouviram e me olharam.

- Não vai me parabenizar, Ana?

- Parabéns pelo trabalho. - Ela disse sorrindo de lado e se aproximou de mim. - Mas nossa comemoração é algo pessoal.

- Estão me dispensando? Nossa... - Ela levou a mão ao peito fingindo que ficou magoada.

- Não entendeu ou quer que a gente desenhe? - Raquel disse tomando a frente, mas Cecí segurou ela pelo braço.

- Tudo bem, tudo bem! - Ela ergueu as mãos. - Nós vamos nos encontrar na faculdade, então até próxima semana.

Maya se retirou da área em que estávamos e eu coloquei a taça sobre a mesa.

- Vou ao banheiro. - Saí andando e desci as escadas até o banheiro do restaurante.

Fiz xixi e quando saí da cabine, Ana estava encostada na pia do banheiro.

- Tudo bem com você? - Questionou.

- Só vim fazer xixi. - Sorri de lado e lavei as mãos.

- Eu não sabia que tinha rolado seleção de professores, nem que ela estava aqui.

- Eu confio em você, acredito mesmo, só não vou com a cara dela.

- Vem cá. - Me aproximei dela e Ana segurou minha cintura, colou nossos corpos e me deu um selinho demorado. - Não vamos deixar ela acabar com nada que envolva a gente.

- Por mim ela nem existiria. - Ana riu e me deu mais um selinho.

- Vamos contar a novidade para aqueles loucos?

- Sim, do jeito que ensaiamos.

Voltamos para o local e eles estavam bebendo e conversando.

- E aí, mataram a Maya? - Cecí perguntou.

- Não ligamos para ela. - Balancei os ombros e Ana piscou para a amiga. - Aliás, temos uma coisinha pra contar.

- O que?

- Na verdade é um pequeno erro que deu no escritório. - Ana sorriu amarelo e todos lhe encararam. - Esquecemos de reservar uma sala.

- Pensei que estivesse tudo correto, Ana. De quem é a outra sala? - Fernando disse colocando a taça na mesa, sentando na cadeira e apoiando os cotovelos nas pernas.

- Daqui uns meses uma pessoa vai chegar e vai ter que entrar em nossas vidas, inclusive na rotina do escritório.

- Puta merda, quem tu trouxe da Espanha? - Raquel disse colocando a taça ao lado da taça de Fernando.

- Ela é brasileira, pequenininha e até agora tem apenas dois meses. - Falei sorrindo e Ana passou a mão na minha barriga.

Os três ficaram nos encarando por uns segundos com cara de idiota, mas Fernando foi o primeiro a falar algo.

- Sério?!

- Eu vou madrinha! - Raquel disse com lágrima nos olhos e correu para me abraçar.

Senti os braços de Cecí em seguida e quanto me afastei, Fernando me abraçou.

- Como foi isso?! - Cecí perguntou ainda sorridente e encarando minha barriga discreta.

- Após a lua-de-mel.

- Ana, você é... - Fernando perguntou encarando a calça de Ana, ela riu e lhe mostrou o dedo do meio.

- Pagamos tratamento in vitro, Luísa fez o procedimento e agora estamos grávidas.

- Estamos? Você também? - Raquel continuava em choque.

- Não, modo de falar.

- Estou tão feliz! - Ela comentou e abraçou a irmã. - Qual o nome?

- Nem sabemos o sexo, imagina o nome. Também não pensamos em nenhum nome.

- Eu lembro que quando Ana era criança, era louca por gêmeos e dizia que queria muito ter gêmeos para vestir igual. - Raquel falou revirando os olhos e rindo. - Então eu disse que iria vir mais que dois.

- Vire sua bora pra lá! - Ana disse sentando e a imitei.

- Imagina trigêmeos correndo atrás de Ana, meu Deus! "Mamãe, mamãe, mamãe!" - Todos riram, inclusive minha mulher.

- Isso vai virar praga. - Fer falou.

- Espero que não. Somos mães de primeira viagem. - Falei segurando a mão dela e sorrindo de lado.

Ficamos o restante da noite conversando e comendo. Ana e eu retornamos para casa e logo adormecemos.

Os dias foram passando. O escritório havia sido inaugurado e obviamente funcionando. Por Fernando fazer uma grande divulgação, algumas pessoas já estavam procurando. Eu ficava pelo período da tarde junto com Ana e Fernando. Pela manhã Raquel e Cecília (algumas vezes) ficavam com estagiários.

A maioria dos estagiários eram da nossa faculdade, então facilitava ainda mais o trabalho, colocamos até para atender algumas vezes.

Maya realmente havia começado a lecionar em uma cadeira de Direito do Trabalho e isso me irritava, visto que eu estava com outra área e não a que eu queria, mas Direito Penal ainda é bom.

Maya lecionava pela manhã e noite, então algumas vezes eu ficava enciumada com isso, pois pela noite eu estava no mestrado e Ana no bloco com ela, então a louca poderia tentar qualquer coisa.

Minha barriga já estava ficando em evidência, estava com quase três meses e com as roupas mais coladas de escritório, elas ficava marcada. Senti alguns olhares de alunos do mestrado e até de Roberta, mas fingi que não vi. Joyce estava animada com minha gravidez e me passava até a ideia de alguns nomes.

- Você sabia que já dá para ver o sexo, né?

- Sim, amanhã vou fazer uma nova ultrassom, talvez a gente saiba, vai depender da posição.

- Quantas ultra-sons você já fez?

- Apenas uma, não consegui fazer no mês passado por causa da correria do escritório.

- Está com três meses, né? - Assenti. - Acho que sua barriga está evidente demais para três meses.

- Joy, eu já tinha barriga, né? Cerveja, sanduíche e pizza...

- Nunca pensou em gêmeos?

- Vire a boca pra lá, Joyce. Queremos um, não vamos ter capacidade para cuidar de três.

- As meninas querem dividir o assunto com a turma? - Roberta parou a aula e perguntou a nós.

Os olhares de todos bateram em mim e Joyce, fiquei nervosa e Joyce deu uma risadinha.

- Estávamos falando da ultrassom da Luísa, ela vai descobrir o sexo do bebê amanhã, mas agora que já fui atualizada das informações, pode retomar a aula sem conversa. - Joyce falou e eu quis enfiar a cabeça em um buraco.

Roberta me encarou e depois de alguns segundos, voltou a dar aula.

O restante da aula fiquei olhando Roberta, mas viajei pensando em outras coisas. Quando terminou a aula, peguei o carro e fui logo para casa. Tomei um banho, comi alguma besteira e fui deitar.

Quando Ana chegou, eu já estava cochilando. Ela beijou meu rosto e foi para o banheiro, depois disso vi mais nada.

***

Na sexta, acordei com Ana beijando minha barriga.

- Bom dia, meu amor! - Ela disse subindo e me dando um beijo.

- Estou com sono... - Reclamei.

- Normal, sabe que a médica disse. - Assenti. - Vamos? Temos que dar aula e depois vamos pra consulta.

- Estou com fome.

- Vou preparar nosso café enquanto você toma banho.

- Certo.

Levantei com bastante esforço. Tomei banho, coloquei um macacão que batia abaixo do joelho e fui para a cozinha. Ana tinha feito misto quente, panqueca e suco.

- Vou tomar banho e já venho.

- Vou te esperar.

Ana sorriu e foi para o quarto. Fiquei beliscando meu misto quente até que ela voltou e eu comi o restante. Pegamos nossas coisas e fomos para a faculdade em um único carro.

- Mamãe quer jantar com a gente. - Avisei quando vi a mensagem no celular enquanto ela dirigia.

- Lá em casa?

- Não, ela disse que vai fazer um jantar na casa dela. Pode ser?

- Claro, confirme.

Confirmei o horário com mamãe e logo chegamos na universidade. Ana foi para o Tutorial e eu fui dar a primeira aula do dia.

Os alunos estavam conversando demais e não se concentravam direito. O ruim de dar aula para alguns alunos de 18 anos é que muitos saem do colégio e já entram em universidade particular, então não tem maturidade suficiente para se calar e prestar atenção em aula importante que vai ajuda-los profissionalmente.

Terminei a aula, fiz a chamada e fui esperar a aula seguinte na sala dos professores. Estava no notebook organizando algumas questões para as provas quando Maya entrou rindo com Ana. Olhei de relance e voltei a encarar a tela, tentando nem dar cabimento.

- Luísa, o convite do meu casamento. - Uma professora de Processo sentou ao meu lado e me entregou o convite. - Dentro tem seu exibível e o de Ana.

- Obrigada. - Ela sorriu e levantou.

Quando voltei a encarar o computador, Ana estava entregando um copo de café para Maya. Revirei os olhos, olhei a hora e baixei a tela do notebook, guardei na bolsa e saí da sala pisando firme com meu salto.

- Bom dia. - Falei para as duas e saí da secretária.

Subi a rampa sem nem checar meu celular que vibrava com várias mensagens. Cheguei na sala e mais uma vez o barulho dos alunos. Estava ficando com dor de cabeça, olhei a lousa anotada ainda da primeira aula e comecei a dar uma aula diferente, buscando trazer a atenção para mim.

Quando finalizei, permaneci na sala para dar logo a última aula da manhã. Quando terminou, desci a rampa e fiquei sentada numa mesa do hall do bloco, enquanto esperava Ana se tocar do horário da consulta.

- Já ia atrás de você, esqueceu da consulta? - Ana disse quando me encarou no hall.

- Sua conversa com ela acabou? Ou ainda estão trocando histórias?

Ana olhou para alguns alunos do hall e me encarou.

- Estou indo para o carro. - Levantei.

- Vou buscar minha bolsa.

Segui para o estacionamento e Ana chegou um minuto depois destravando o carro. Entrei no passageiro e ela no motorista. Ela jogou a bolsa no banco de trás e afivelou o cinto.

- Vocês ficam rindo sempre que estou longe?

- Amor, você estava na sala.

- Uhum.

- Já almoçou?

- Só quero fazer essa consulta e ir para casa. Não irei ao escritório hoje.

- Luísa...

Fiquei calada e ela dirigiu até o consultório. Esperamos por uns vinte minutos, ambas caladas e mexendo no celular. A médica chamou e fomos para a sala.

- Vista aquela bata azul. - Ela apontou e eu fui ao banheiro vestir.

Deitei na cama alta e Ana ficou ao meu lado. Ela passou o gel frio na minha barriga e espalhou. Quando o monitor mostrou um bebê, meu coração acelerou e encheu-se de lágrimas. Senti a mão de Ana segurar a minha e apertei.

A médica continuou espalhando o gel com a máquina pequena.

- São quantas semanas?

- Doze.

- Três meses, né? Sua barriga está em tamanho normal para dois. - Ela sorriu e continuou a espalhar.

- Dois não, três meses. - Ana corrigiu.

- Não, são gêmeos.

- Gêmeos?! - Falamos em uníssono.

- Não sabiam? São dois bebês! - Ela mostrou cada um. - E aqui tem alguma coisa, mas um está no meio.

- Como assim?

- Pode ter outro bebê aqui atrás, mas não é certeza. Em outra ultrassom podemos confirmar.

- Nã-não! Amor, não tem condição de ser trigêmeos. - Ana disse nervosa e apertando minha mão.

- Calma, vamos focar em gêmeos. Esse é certeza. - A médica riu.

- Vou ficar enorme! - Resmunguei.

- E linda. - Ela me deu um selinho. - Dá pra saber o sexo?

- Está vendo aqui e aqui? - Ela apontou. - São dois meninos. Parabéns! Mesma placenta, são idênticos.

- Meu pai amado! - Ana colocou a mão no coração e acabei rindo. - Seremos mães de gêmeos!

- Estou ansiosa para conhece-los.

- Vou deixa-las a sós. - A médica desligou o visor, acendeu a luz e saiu.

Me sentei na cama e ela sentou ao lado, beijou minha boca e me abraçou.

- Não podia ser melhor que isso.

- Eu te amo. - Meus olhos encheram-se de lágrimas mais uma vez e ela me abraçou forte.

- Vamos escolher os nomes, montar o quarto e esperar a chegada deles para daqui uns seis meses.

Depois de conversar mais com a médica, deixamos o consultório e fomos almoçar no restaurante favorito de Ana, e agora meu.

- Desculpa pelo ciúmes. - Falei sem graça.

- Seus hormônios estão diferentes, eu super entendo. - Ela segurou minha mão e sorriu. - Eu te amo, sabe que apenas sou simpática com ela.

- Aham, tudo bem.

Ficamos conversando, comemos e fomos embora, direto para casa, não iríamos nem ao escritório. Passamos a tarde inteira vendo filme e quando anoiteceu fomos para casa de minha mãe.

- Não é uma loucura? Gêmeos? Não teríamos que ter algo na família para facilitar? - Ana perguntou.

- Sim, mas ninguém na minha família tem.

- Vamos tirar a dúvida. Sua mãe sabe? - Neguei. - Vamos fazer uma surpresa.

Quando chegamos, Ana contou toda animada que seriam dois netos e minha mãe ficou enlouquecendo.

- Já escolheram o nome?!

- Não, vai ser um longo processo. - Ana disse sentando na mesa de jantar.

- Queria Francisgleydson e Francisgládson, mas negaram. - Falei revirando os olhos e mamãe riu.

- Até sua mãe acha uma piada!

- Sabia que seu pai era gêmeo, né? Só que o irmão dele morreu quando ainda era pequeno, acho que três anos. E o seu avô paterno era gêmeo também, mas não cheguei a conhecer nenhum dos dois.

Arregalei os olhos para Ana, que riu.

- Está aí porque engravidou de gêmeos. - Ana disse rindo.

- Vou ficar enorme demais. - Resmunguei.

- Pare com isso, ficará linda. - Ana beijou meu rosto.

- Fora que a médica disse que tinha algo, pode ser trigêmeos... - Falei.

- Meu Deus, vocês com três bebês? - Mamãe disse de olhos arregalados. - Deus, por favor, ajude essas duas.

- A senhora vai ajudar, né? - Perguntei e ela negou.

- Não, responsabilidade de vocês, posso ajudar vez ou outra, mas direto não. Precisam criar responsabilidade.

Assenti e fiquei em silêncio. Ana beijou meu rosto e sussurrou: "Vamos conseguir, amor".

Depois do jantar, voltamos para casa e ficamos coladinhas. No sábado, arrumamos a casa, preparamos o almoço e fomos ao shopping ver algum filme.

- Estou com fome. - Falei assim que entramos no shopping.

- Você acabou de almoçar em casa.

- Seus filhos estão pedindo comida, Ana.

- E o que ele quer?

- Doce.

Ela me puxou até uma doceria.

- Escolha.

- Quero dois brownies, um frozen iogurte com chocolate e uma paleta mexicana. - Falei pra mulher e Ana arregalou os olhos.

- E você? - A vendedora perguntou a Ana.

- Eu comerei com ela.

- Nada disso, isso tudo é meu.

- Minha nossa senhora... - Ana disse e pediu apenas um brownie.

Pagamos e ficamos ao lado esperando, abri logo um brownie e comi.

- Não acredito... - Ana disse e acompanhei seu olhar, era Roberta e Maya de mãos dadas.

- Maya é casada, né?

- Divorciou e voltou ao Brasil, os filhos ficaram.

As duas nos viram e vieram até nos, sorridentes.

- Oi, desejo de doce? - Maya perguntou encarando minha barriga.

- Sim, uma pena que o azedo chegou primeiro.

Ana me deu um beliscão por debaixo da blusa.

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