Evil Boy (Romance Gay)

By lorde_underworld

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Gay | + 18 | Classificação indicativa. [CONCLUÍDA] Após ser abandonado em um orfanato junto do irmão, Ivi co... More

0. Notas Iniciais
1. Bernardo - Parte I
2. Bernardo - Parte II
3. Destino
4. Reflexo
5. Sem parar
6. Sangue quente
7. Dono do jogo
9. O que fizeram com ele?
10. Perdão
11. Novo ataque
12. Vingança
13. Pele de cordeiro
14. Limpeza
15. O fim
00. Série Underworld

8. Retaliação

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By lorde_underworld


— O que diabos foi aquilo, Bernardo? – David gritou alto, com os punhos fechados e o rosto vermelho de ódio. – Você ficou maluco?

Sabia que aquela seria uma conversa difícil. David era a única coisa boa na minha vida, não queria perde-lo, mas tinha planos que estavam acima de qualquer sentimento.

— Desculpa, deveria ter sido mais educado com o seu pai, mas ele me estressou e acabei contando a notícia de maneira brusca.

— Brusca? Não! Aquilo foi muito pior! – Ele passou a mão na testa, limpando o suor.

Estávamos no estacionamento da Gordon & Cia. A reunião dos acionistas durou menos de dez minutos para que todos se vissem livres de mim e me apressei em deixar o lugar na tentativa de escapar dos questionamentos de David. Salvo engano!

— Aquilo não pareceu com alguém que só estava irritado com o chefe – ele continuou. – O seu olhar... O jeito como falou! Parecia tudo meticuloso demais. E me assustou!

— Não era minha intenção.

— Pois está me assustando agora.

Ele me olhava nos olhos, mantendo certa distância. Percebi que ainda não tinha me desarmado. Falava com ele como se David fosse um inimigo em potencial. Baixei o olhar, envergonhado.

— O que você está fazendo, Ben? – Ele perguntou um pouco mais calmo.

— Nada! – Menti. – Gosto da Gordon & Cia e quando Francis comentou que a venderia decidi comprar. Foi simples assim.

— Francis falou com você? Quando?

— No almoço de ontem, fomos ao restaurante do Grill e ele contou que por conta da confusão da empresa iria se livrar das ações. Então decidi comprar.

— E onde conseguiu o dinheiro? – Ele insistiu, arisco.

— Minha mãe biológica. Ela me deixou uma herança e agora com dezoito anos tenho acesso a tudo. Pensei um pouco e decidi investir na sua empresa. É um lugar que significa muito para mim!

Olhei ele nos olhos, me fazendo de vítima pela desconfiança.

Vi os ombros de David relaxarem um pouco. Ele havia caído naquele papo furado.

— Isso é muito estranho – ele continuou. – Aquela vez, quando te conheci, você estava mexendo no computador do meu pai. Por favor, diga que não tem nada a ver com a divulgação dos arquivos.

— Querido... – me aproximei dele e o abracei. Toquei seu rosto e quis lhe beijar, mas David virou o rosto. – Não gosto que desconfie de mim. Quero ajudar a Gordon & Cia. Acho que sou capaz disso. Então por favor, não comece a achar que sou o inimigo.

Ele refletiu. Pareceu amolecer um pouco, mas senti que uma parte dele sabia a verdade e a ignorava. Assim como a maioria dos homens, David se deixava levar pela minha lábia.

— Desculpe... Tudo isso me deixa louco! A pressão do meu pai, dos acionistas, os problemas da empresa... É demais para mim!

— Te entendo – segurei sua mão e entrelacei nossos dedos. – Mas a partir de agora estou aqui para te ajudar. Confie em mim! Juntos vamos tirar essa empresa do buraco.

Entrei em contato com Francis e o ameacei de novo. Falei a versão da história que contei para David — para o caso de Ryan insistir nas ligações — e disse que agora as coisas ficariam extremamente desagradáveis por aqui.

No fim de semana contratei um caminhão de mudanças e me despedi da minha família.

Agora moraria em um apartamento no lado mais afastado do Kansas. Usei quase todo o dinheiro da herança da minha mãe comprando o apartamento e alugando um galpão abandonado — que cedo ou tarde seria fundamental para a conclusão das minhas armações.

Além disso, tive que ser meticuloso na escolha do apartamento e optei por um com quarto do pânico. A porta para o cômodo era escondida, atrás de um closet, e lá coloquei os documentos que Francis me deu junto com todos os podres da família Gordon. Em uma das paredes estavam a foto e os dados do Francis, em outra tudo o que reuni sobre Lilian, na terceira as informações do meu pai biológico e por último Ryan.

Por via das dúvidas deixei um canto para David na parede do pai e pendurei algumas fotos minhas como Ivi ao lado da dele.

Minhas fotos como Ivi não eram tão antigas, porém meus cabelos loiros e compridos, os olhos marcantes e a roupa descuidada me faziam parecer outra pessoa. Observei como mudei em tão pouco tempo e um estranho pesar tomou conta de mim, tanto que precisei balançar a cabeça e esquecer daquilo.

Deixei o quarto com todos os meus segredos e após limpar o local decidi pegar a chave do galpão com o proprietário, que precisei encontrar fora da cidade. Quando retornei havia um caminhão estacionado em frente ao prédio e móveis eram descarregados dele.

Imaginei que outra pessoa também estava de mudança até entrar e perceber que os carregadores entravam e saíam do meu apartamento.

Não foi difícil deduzir que aquilo tinha um dedo do meu pai.

Filipe conversava com os carregadores e dava instruções claras sobre onde cada móvel deveria ficar. Assim que ele me viu levantou os braços e veio me abraçar.

Filhão! – Ele falou, me abraçando forte. Nem parecia que tínhamos nos visto naquela mesma manhã.

— Pai? O que o senhor...

— Ah, tomei a liberdade de comprar seus novos móveis. Comprei dois computadores, uma impressora com fax, cadeiras, poltronas, prateleiras, tapetes, fogão...

— Ok, já entendi – Interrompi, olhando em volta e vendo os espaços vazios serem totalmente preenchidos. Mesmo a decoração estando muito boa, fiquei irritado pela intromissão. – Estou me arrependendo de ter dado aquela chave para o senhor. Eu é quem deveria fazer isso. Ainda tenho dinheiro...

— Que nada! Sou seu pai. Enquanto puder te ajudar, irei. Então guarde esse dinheiro para coisa importantes e deixe o resto comigo.

Caramba, como ele era teimoso! A pior parte daquilo era ver tantas pessoas se aproximando do quarto do pânico. Comecei a suar frio enquanto pensava se tranquei ou não a porta de acesso ao closet.

Me virei, querendo ver o restante dos móveis que Filipe comprou e o gesto me fez esbarrar em um dos homens que trazia as caixas.

— David!?

— Oi, amor – ele me beijou, equilibrando o peso da caixa na perna, e então volta ao trabalho.

Ok. Aquilo era confuso.

Olhei para o meu pai e ele sorria de um jeito incriminador.

Desde o que aconteceu na empresa David não conversa mais comigo e não respondia meus telefonemas ou as mensagens de texto. Vê-lo ali era assustador! Sabe-se lá se Ryan não havia colocado o filho contra mim!

— David! – Chamei, seguindo o garoto até a cozinha, onde ele começou a guardar as coisas. – O faz aqui?

— Recebi sua mensagem com o endereço da casa nova – explicou. – Achava que a gente tinha que conversar. Confesso que te ignorei durante esse tempo, mas juro que me senti culpado quanto a isso e... Senti sua falta. De verdade.

Ele parou para me olhar. Nossos olhos se cruzaram e sorri, sincero.

Droga! Como ele podia mexer tanto comigo?

— E como acabou virando faz-tudo do meu pai? – E ri, vendo que o Sr. Ramires estava bem perto para bisbilhotar nossa conversa. Meu pai era uma figura!

— Ah, isso é simples: assim que me viu ele jogou uma caixa no meu colo e me mandou carregar. – David e eu rimos alto com isso.

Queria tocar naqueles lábios e beijá-lo. Estava morrendo de vontade de daquela boca, mas fiquei desconfiado e recuei um passo. Afinal, aquela mudança de atitude era muito suspeita.

Felizmente meu pai chegou por trás de mim e me empurrou para frente, jogando meu corpo contra o de David, que me segurou forte e deixou que nossos olhares se encontrassem por um longo momento. Tenho que confessar que sentir nossos corpos juntos era muito bom.

— Por que não vão dar uma volta? – Filipe sugeriu, como quem não quer nada. – Quando chegarem tudo estará pronto.

David assentiu e, sem me dar tempo de recusar, pegou minha mão e me tirou do apartamento.

Ele agiu rápido, sem falar nenhuma palavra comigo. Depois parou para apertar o botão do elevador e, quando a porta se abriu, praticamente me jogou lá dentro.

Bastou a porta se fechar para ele prensar aquele corpo musculoso sobre o meu.

— Francis saiu do país – ele disse, enfim. – Ryan acha que foi ele quem jogou os documentos na Internet. Isso porque os dois tinham o rabo preso e... Resumindo, desculpe ter desconfiado de você.

— David, eu...

Ele não me deixou falar. Seu beijo veio cheio de desejo e sua língua passou sobre a minha sem pedir licença. Senti as mãos dele abrirem caminho por dentro da minha blusa e David me permitiu sentir sua ereção quando chegou mais perto. Aquilo era uma louca. Jurava que transaríamos ali mesmo, minha razão sumiu e quando dei por mim...

A porta se abriu e David se afastou rápido, ajeitando o pau dentro da calça e agindo com naturalidade.

— Uau – Ele falou, meio sem jeito. – Isso foi intenso.

— Foi sim – estava meio grogue ainda, com os olhos arregalados e vendo a porta do elevador aberta no térreo.

— Que tal... Comida mexicana?

— Acho perfeito.

Jantamos juntos e David pareceu deixar nosso desentendimento no passado, assim como eu.

Na noite anterior havia dormido com a foto de Lilian, sabendo que ela seria meu próximo alvo. Imaginei o que deveria falar, como deveria agir, quanto sangue precisaria derramar... Dormi com a vingança em mente, mas então, agora, estava perdido com a chegada de David. Só ele conseguia me fazer esquecer daquilo e tudo se tornava menos cinza na minha vida. Voltava a ser eu mesmo, sem máscaras ou segundas intenções.

Conversamos e ele não parou de me beijar, mesmo que algumas pessoas no restaurante olhassem de um jeito transtornado — não estávamos nem aí para ninguém. Tanto que, quando saímos do restaurante, foi com ele ainda me beijando.

— Nossa. Como eu pude ser burro de pensa em ficar longe desse cara, MEU DEUS DO CÉU – ele deu um grito, me enchendo de selinhos e me apertando na porta do restaurante.

— Está bom, eu entendi – falei, adorando aquela brincadeira bruta dele. – Só não me esmaga porque ainda não tô preparado para morrer.

— Seu bobo – ele abriu a porta do carro para mim e entrei. Antes mesmo de colocar o cinto de segurança ele voltou com os beijos. – Sabia que sexo de reconciliação é a melhor coisa que existe?

— Hum, interessante... – mordi o lábio, com cara de safado. – Mas esqueceu que estou com um convidado em casa?

— Ah, sim. Adoro o Filipe, mas ele um pai bem grudento – ele bufou, e ligou o carro. – Mas agora que você tem um apartamento poderemos nos encontrar mais vezes.

— Sim, pode até ser. – e lhe dei um último beijo com um estalo. – Mas hoje não.

Ele revirou os olhos, depois me deu um último beijo no pescoço, riu de como senti cócegas fácil e seguiu viagem.

O caminho foi tranquilo, David comentou sobre os planos de Ryan para reerguer a empresa e fiquei atento a tudo o que ele dizia. Em breve haveria uma nova reunião com todos os acionistas e isso me deixou extremamente animado. Pelo visto tudo ia às mil maravilhas!

— Quer que eu suba com você? – David perguntou, assim que estacionou frente ao meu prédio.

— Não precisa. Meu pai ainda está lá em cima. Não seria uma boa ideia ele ver a gente desse jeito.

— Desse jeito como...?

Ele demorou para entender, olhou para baixo e riu alto.

— Ok. Mas amanhã não escapa de mim. – e passou a mão em volta da minha cintura. – Estou convidado para jantar?

— Com certeza está.

Apertei seu pescoço e ficamos naquele namoro que poderia ser eterno.

Infelizmente nada é eterno, principalmente em uma história de vingança.

Quando tudo o que você ama é tirado de você, o primeiro pensamento que surge é o de dar o troco. O problema é que depois de um tempo você se esquece que outras pessoas podem ter a mesma ideia.

As pessoas têm o costume de querer ferir umas às outras. Não importa o quanto acredite que está por cima, alguém sempre pode vir e te derrubar. Por isso a vingança é um caminho perigoso a se seguir, mas também o mais sangrento.

— Espera. – Disse David, apertando os olhos e olhando para a janela antes que eu saísse. – Aquele é seu pai?

Me virei para onde ele olhava e uma figura surgiu do interior do prédio, andando curvado e com uma nítida dificuldade. Tentei reconhecer Filipe e para isso abri a janela do carro.

— Sim, é ele. Mas por que está aqui fora?

Mal terminei de falar e vi o momento em que Filipe tentou se escorar em uma parede e caiu na calçada com força.

Meu sangue gelou. David foi o primeiro a reagir e sair do carro às pressas. O pânico começou a me atingir e vi a mesma cena de anos atrás: minha mãe esfaqueada, o sangue escorrendo pelo carpete da sala e Caleb escorado nela, chorando. Fiquei paralisado como naquele mesmo dia.

A poça vermelha ao redor do meu pai crescia e David tentava ajuda-lo no momento em que tomei coragem para sair do carro. Enquanto ele chamava pela ambulância cheguei perto do corpo e enxerguei as marcas na pele do meu pai. Meu cérebro começou a trabalhar e entendi que ele lutou com alguém. A pessoa provavelmente usou uma faca para desferir diversos golpes até atingir o alvo. Quanto tempo deve ter durado o ataque? As máscaras ainda eram recentes...

— Não! – Disse David, com as mãos sujas de sangue. – Não olha, Ben! Volte para o carro!

Não consegui. Meus joelhos pareciam querer ceder.

David me abraçava e me segurava. As lágrimas escorriam dos meus olhos involuntariamente e tudo no que conseguia pensar era havia acabado de perder minha família mais uma vez.

Perto dali, uma ambulância soava como um grito.

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