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A Primeira Reunião
Chanyeol não aguentava mais as discussões chulas entre Yibo e Sehun. O alfa era difícil se irritar, no entanto, ele já estava a ponto de levantar do sofá e socar os dois amigos. Não suportava mais ouvir a voz dos dois, que discutiam por coisas desnecessárias outra vez. Ele tinha tido tantos problemas no hospital naquele dia, e não estava com um pingo de paciência para aturá-los com suas bobagens.
— É óbvio que eu sou o alfa mais másculo, eu sou lúpus. — Sehun argumentou arrumando sua postura no sofá.
Oh e Wang estavam sentados de frente um para o outro enquanto discutiam, sem nenhuma necessidade, sobre quem era o alfa mais viril entre os dois. Yixing apenas os ignorava, era assim desde que eles se conheceram no orfanato. Apesar de ser um dos mais velhos, Yibo agia como se fosse um adolescente rebelde.
— De que adianta ser lúpus se você não fica com ninguém. — riu Yibo, debochando do mais novo. Sehun nunca havia passado o cio com alguém e nunca comentava sobre ômegas com os mais velhos, então o alfa presumiu que o garoto não era uma pessoa que ficava com muitos ômegas ou betas.
— Sehun hyung? — Jongdae perguntou apontando para o maior. — Todo dia o hyung arrasta pessoas para o banheiro da faculdade, salas vagas... E ele sempre volta com o cabelo e a roupa toda desarrumada, já vi ele saindo até sem camisa de lá e com uns arranhões. — desviou o olhar para o chinês. — Tenho certeza que ele não leva as pessoas pra lá só para bater um papo. É ômega, beta, alfa, tudo que vier pra ele é lucro. — o alfa riu alto, sendo acompanhado por Yibo, que adorou saber que o maior ficava com alfas.
Kim sentiu um tapa forte ser depositado em sua nuca e olhou para cima, vendo que Sehun havia lhe batido e tinha a expressão bem fechada.
— E você, Jongdae? Não deve nem ter dado o primeiro beijo até hoje! — disse, se levantando do lugar onde estava sentado.
Jongdae abaixou a cabeça como resposta e permaneceu em silêncio. O que fazer se em dezenove anos de vida, ninguém nunca havia o desejado?
Ele não se achava o alfa mais bonito do mundo. Muito pelo contrário, era magro demais, baixinho demais, tinhas as maçãs do rosto muito elevadas e não tinha um cheiro muito bom. Quem raios cheirava à terra molhada? Desde quando isso era um cheiro atrativo? Não podia ser tipo Yibo e cheirar como alecrim? Tudo bem, que ele cheirava a mato, mas ainda era muito bom em sua opinião. Ou, talvez, o cheiro forte de pimenta negra que exalava de Chanyeol, era maravilhoso. Mesmo que seu cheiro preferido fosse o de Yixing, o cheiro forte de vinho era maravilhoso de se sentir. Não gostava do cheiro de Sehun, porque hortelã era um aroma desagradável em sua opinião, não conseguia nem mascar chiclete do sabor por se lembrar do amigo alfa.
Jongdae sentia que era o alfa mais azarado do mundo. Tinha dezenove anos, era virgem, nunca tinha beijado na boca, tinha um cheiro horrível e provavelmente nunca encontraria um ômega que o amasse.
— Então quer dizer que nosso Sehunnie curte ficar com alfas? — interrompeu Yibo, ignorando o que o alaranjado havia dito antes sobre o mais novo.
— Por quê? Está interessado? — Oh indagou, com um sorriso de lado dançando em seus lábios. Completamente cínico.
Yibo sorriu da mesma forma, prestes a rebater.
— Interessado por um saco de ossos, que segundo Jongdae, é mais rodado que catraca de ônibus? — Wang se levantou, aproximando-se do maior que estava em pé, encostado ao lado do sofá, sorriu ao ver a feição de raiva dele. — Passo!
— Seu... — as palavras escaparam dos lábios de Sehun, ele não soube o que responder. A ira sucumbiu todo o seu ser, e a única reação que o lúpus teve foi de fechar os punhos e levá-los diretamente para o maxilar de Yibo. — Às vezes eu acho que você perde a noção do perigo, alfinha de merda!
Wang soltou uma risada cínica, contornando os lábios com o polegar para limpar os rastros de sangue que saiu pelo corte. A força de Sehun era tanta, que apenas um soco era capaz de baquear um alfa comum, mas o chinês não deixou-se abater, mesmo estando um pouco desnorteado.
— Vamos lá, Sehun! Conte-nos como é dar a bunda. Quem sabe você não pode ajudar o Jongdae a fazer a chuca, já que você é tão acostumado com tal ato. — riu.
Sehun não pensou duas vezes antes de agarrar o alfa pelo colarinho e o jogar com força contra a parede da sala de estar.
— Só porque me relaciono com alfas, não significa que sou passivo, otário. E mesmo se fosse, minha vida pessoal não é da sua conta. — o lúpus esbravejou, cuspindo as palavras no rosto do outro.
Wang riu outra vez, levantando o joelho com força, acertando o estômago de Oh. Aquilo não havia feito nem cócegas em Sehun, só o deixou irritado, mais do que já estava.
— Bate nele, Yibo. — Jongdae gritou, pulando no sofá e batendo palmas. Sehun virou o rosto, ainda segurando Wang pelo colarinho da camisa, encarando o alfa mais novo com indignação, no mesmo instante, Kim refez suas palavras. — Espanca ele, Sese! Não deixa ele falar assim como você não.
Yibo tentou acertar um soco no lúpus, aproveitando o momento de distração do mesmo. Inutilmente. Oh segurou o alfa com força levantando-o do chão e jogando-o em cima da mesinha de centro, fazendo o vidro da mesma se estraçalhar em milhares de pedacinhos. O acizentado grunhiu de dor com o impacto que sofreu.
Jongdae pulava no sofá e incentivava a briga, enquanto Yixing lia calmamente um livro de romance policial, sem dar a mínima para os alfas briguentos. Chanyeol já estava começando a se cansar, sua cabeça estava explodindo e aquela briga idiota só estava fazendo tudo ficar pior. Massageava suas têmporas, mas não adiantava muita coisa.
Sehun se sentou em cima do abdômen de Yibo e acertou um soco no maxilar dele novamente, não usando total de sua força, sabia que poderia quebrá-lo se o fizesse. Oh estava tentando controlar seu lobo, sabia que poderia matá-lo se o lúpus tomasse conta da situação. No entanto, Wang estava o provocando tanto, que chagaria em um ponto que não conseguiria mais se segurar, só não tinha percepção daquilo.
— Sentou em cima de mim por quê? Acha que eu vou te comer? Não curto alfas não, cara. — debochou Yibo, rindo da cara do alaranjado.
As veias do rosto e pescoço de Sehun saltaram, e a coloração vermelha tingiu toda a sua face. Seu lúpus estava começando a ficar no controle daquilo. Percebendo a situação, Jongdae parou de instigar a briga porque sentia que estava prestes a acontecer o pior, e então cutucou Yixing, o encarando com medo explícito em sua feição.
— Xing... — chamou, mas o alfa nem deu ideia, continuou concentrado em sua leitura. — Chany, Xing! — gritou, chamando a atenção dos dois para si dessa vez.
— O que foi, Dae? — Zhang o encarou.
O pequeno alfa apontou para Sehun, com os olhos completamente arregalados e assustados.
— Droga! — resmungou Chanyeol, se levantando rapidamente assim com Yixing.
Os dois alfas agarraram Sehun de abrupto e o puxaram de cima de Yibo. A situação já estava feia, seu lobo estava no comando e a qualquer ponto ele poderia até matá-lo. Chanyeol não entendia para que o advogado sempre tinha que provocar o lúpus dessa maneira, sabendo que Oh ainda era muito novo e não tinha controle nenhum. Wang, definitivamente, pedia para morrer.
— Calma, Sehun. Não faça nada que possa se arrepender mais tarde. — falou Zhang, segurando o alfa com força pelos ombros. Apesar de ser menor, ele tinha muito mais força e controle do que o outro. Então, era o único que podia pará-lo em seus momentos de descontroles. Por isso estava sempre por perto.
— O que você tem na cabeça, Yibo? Você é doente? É um psicopata por acaso? Por que se for, eu vou mandar te internar urgentemente. — bufou Chanyeol, ajudando o alfa a se levantar. — Você sabe como ele é descontrolado. O que você tem na cabeça? Quer morrer?
Wang gargalhou, sem se importar em estar machucados, ou o fato de que alguns cacos de vidro haviam entrado em sua pele. Não ligava para nada disso.
— Relaxa, Sehun. Mantenha o seu controle, é só respirar e ficar calmo. — Yixing pressionou as mãos nas bochechas do mais novo, olhando bem em seus olhos. Sua voz saía tão calma e suave, que fazia as batidas do coração e a respiração do garoto ficarem mais relaxadas.
Jongdae se desesperou. Nunca havia visto os dois brigarem naquele nível, apenas alguns socos e xingamentos, nada além do normal. O alfa não sabia o que fazer além de chorar descontroladamente.
— O que está acontecendo aqui? — perguntou Kyungsoo, passando os olhos pela sua sala de estar, observando a mesa de vidro quebrada, Jongdae que chorava como um bebê, Chanyeol dando algum sermão em Yibo, e Yixing tentando acalmar o lúpus de Sehun.
— E-e-les... — o alfa mais novo tentou explicar a situação ao ômega, mas fora interrompido por soluços. Então ele se limitou em apenas apontar para Sehun e Yibo, fazendo o mais velho entender tudo.
No mesmo instante, os olhos de Sehun se dilataram, um cheiro delicioso de mel invadiu as suas narinas. O lúpus nunca havia gostado de cheiros muito doces em ômegas, no entanto, aquele lhe prendeu a atenção de uma forma surreal.
— Que cheiro delicioso é esse? — perguntou, se levantando de supetão.
— Cheiro? — Chanyeol franziu o cenho em confusão.
Kyungsoo revirou os olhos, esfregando as mãos no rosto.
— Por favor, se recomponham. Espero todos na cozinha.
Jongdae assentiu, limpando o rosto com a barra da camiseta e correndo para a cozinha. Yibo se levantou do chão e foi em direção ao banheiro de visitas daquele andar, enquanto os outros se dirigiam para a cozinha também.
— Desses cheiros que você estava falando? — questionou Park, inalando os diferentes cheiros misturados no ar.
— Estava falando do cheiro de mel.
O alfa assentiu ao que Sehun disse, mas estava muito confuso por conta daquela mistura louca de cheiros. Então ficou apenas em silêncio esperando por Kyungsoo. Segundos depois Wang apareceu com os cabelos molhados, alguns cortes era presente em seu rosto. Até porque o ômega não tinha dado tempo para ele tomar banho e mudar de roupa, teria que estar daquele jeito para o que fosse. E não se importava, sabia que estava lindo de qualquer forma.
Os alfas se surpreenderam quando vários cheiros maravilhosos ficaram mais fortes e se mesclaram no ambiente, e com Kyung outras seis pessoas apareceram, quatro ômegas, um alfa e talvez um beta, pois, não vinha nenhum cheiro dessa última pessoa.
— Bom, escolhi os ômegas que passarão os próximos seis meses. Inclusive dessa vez tem um lúpus para o cio do Sehun. — Do avisou, mantendo sua expressão firme. — Vocês sabem bem as regras, não é mesmo?
Todos assentiram. Os mais velhos já eram bem situados com tudo e outros dois foram informados como funcionava naquela casa quando chegaram, incluindo esse detalhe.
Cada um receberia um ômega, mas não poderiam abusar deles. Poderiam tocá-los apenas se tivesse a permissão dos mesmos, por isso passavam seis meses na casa, para poderem habituar-se a os alfas até os cios destes. Nenhum até hoje havia recusado a passar o cio com os alfas, no entanto, era sempre bom deixar as coisas de sobreaviso.
No outro cômodo, na sala de visitas, os seis encaravam aquele lugar com apreensão. A mesinha de vidro continuava estraçalhada no chão, havia alguns vasos de plantas caídos, mas nada a mais que isso. Mesmo naquele estado o local era bonito, grande e luxuoso. Haviam poltronas brancas, três sofás de cor preta, móveis brancos, pretos e um imenso tapete bege no centro. Uma lareira ficava à direita, mas esta estava apagada.
Minseok observava tudo com timidez, diferente de Tao e Baek que encaravam e andavam pelo lugar sem medo. Minseok observou alguns quadros na parede, reconheceu algum deles, era um Picasso e Monet, os outros dois eram desconhecidos por si, no entanto, eram muito belos. No canto direito da sala havia um bar e uma porta que estava fechada. Bem no centro havia uma grande escada de mármore, completamente revestida por um tapete vermelho, essa que provavelmente daria no andar superior. Havia um enorme lustre de cristal preso no teto, iluminando cada pedacinho daquele local.
— Estou com medo. — sussurrou Junmyeon, no ouvido de Luhan.
— Eu também...
Luhan se escondeu nas costas de Jongin, apertando a barra da camisa dele com bastante nervosismo, enquanto dava a mão para Junmyeon que estava tão escondido quanto ele.
— Não precisam ficar com medo, bebês. Tudo vai dar certo. — o alfa tentou passar confiança aos pequenos ômegas, por mais que ele também estivesse nervoso com tudo aquilo que estava acontecendo.
— Ninguém irá machucar vocês. Prometo. — foi a vez de Baekhyun tentar acalmá-los com sua voz suave, deixando um beijinho no topo da cabeça de cada um.
Os meninos esperaram por mais alguns minutos, com bastante apreensão, principalmente por parte do alfa. Só que não demorou muito para que o cheiro cítrico e marcante de Do inundasse o ambiente e os olfatos alheios, anunciando sua chegada.
— Me acompanhem, por favor. — pediu, maneando a cabeça em direção à porta em que ele havia saído.
A cozinha era grande e espaçosa assim como a sala. Luhan encarou o ambiente como se estivesse tentando enxergar através das paredes, ele queria fazer tudo para evitar contato visual com os alfas, apesar de que apenas o cheiro estava-o deixando com as pernas bambas. Nunca havia gostado tanto de chiclete com sabor de hortelã como naquele momento, aquele cheiro era um martírio para o seu olfato.
Baekhyun observou com curiosidade os alfas sentados à sua frente. Três deles eram altos demais, um tinha cara de vilão de historinhas em quadrinhos, enquanto outro tinha orelhas muitos grandes e o outro não tinha uma expressão decifrável, eram estranhos em sua visão, apesar de terem um cheiro consideravelmente bom, ele não sabia distinguir qual era de quem, afinal todos eles haviam se misturado. Os outros dois pareciam ser mais acolhedores, além de terem sorrisos direcionados a eles, aparentando gentileza.
Minseok os encarava com um pouco de timidez, não era tão descarado, mas também não era tímido, entretanto, nunca havia ficado perto de tantos alfas assim antes. Havia tido a mesma impressão que Baekhyun. Achou o alfa menorzinho muito charmoso, apesar dele não ter muito aparência de alfa. Não iria julgar, porque Tao não tinha nem corpo e nem altura de ômega. Kim gostava de coisas fora dos padrões que a sociedade impunha.
Zitao já estava mais desinibido, analisava cada um de cima a baixo com o nariz empinado, julgando qual era melhor e digno de lhe levar para cama. Talvez o que lhe desse mais joias ganharia.
Enquanto isso, Jongin tentava não deixar Junmyeon nervoso. O ômega estava sentindo frio, a cozinha era toda revestida de porcelanato, muito bonita diga-se de passagem, no entanto, o ambiente era muito mais gelado do que o cômodo onde estavam até aquele momento. Então, a fina blusa de frio que Jun usava não estava o aquecendo, juntando com o medo e a sua timidez, ele se agarrava cada vez mais no braço do irmão, que fazia de tudo para tentá-lo deixar confortável com aquela situação.
— Está com frio, pequeno? — perguntou Jongdae, observando a forma em que o ômega tremia.
— Com coisa que você é muito maior do que ele. — ironizou Yibo, debochando do alfa.
Jongdae revirou os olhos, ignorando as palavras do idiota. Ignorou também o fato de ter ficado chateado com aquilo, não gostava da sua altura, mas não tinha como mudá-la.
— Você pode pegar meu casaco se quiser. — disse, tirando o casaco e estendendo em direção à Junmyeon, com um sorriso gentil e acolhedor no rosto. Tentava ao máximo transparecer algo bom, não queria que achassem coisas erradas sobre si. E nem fez aquilo pensando em benefício algum, só queria esquentar o menor que tremia na sua frente.
Minseok deixou um pequeno sorriso formar em seus lábios. Estava com a cabeça abaixada e sorria com o ato do alfa. Sua primeira impressão dele havia sido muito boa, e o feito dele havia ganhado sua simpatia.
Myeom pegou o casaco nas mãos dele, totalmente encabulado. Mal havia sido capaz de olhar em seu rosto, apenas murmurou um agradecimento em voz baixa, que foi bem escutado pelos alfas, graças à ótima audição de seus lobos.
— Posso fazer uma pergunta? — Tao levantou a mão, atraindo a atenção para si.
— Prossiga. — Do respondeu.
— Sei que você não é um lúpus, mas sua audição é muito boa? — perguntou olhando para Chanyeol, que arregalou os olhos com o questionamento. Sehun colocou a mão sobre os lábios, em vão, pois, não conseguiu segurar a risada alta que escapou.
— Minha audição é como de um alfa comum. — respondeu, dando de ombros.
— É que você tem as orelhas muito grandes, você sabe voar? — insistiu o ômega maior.
— Para de ser invasivo! — Byun o repreendeu, dando um tapa em sua nuca.
— Quem você pensa que é para encostar em mim, Baekhyun? — gritou Tao, preparado para atacar.
— Alguém que tem alguma noção! — gritou de volta.
Huang bufou irritado, partindo para cima do outro ômega. Logo ambos já estavam gritando e se estapeando, quase rolando no chão com aquela besteira toda.
Kyungsoo revirou os olhos, pronto para separar a briga. Já bastavam as brigas insistentes entre Sehun e Yibo, agora tinha mais aqueles dois pra lidar.
O ômega mais velho realmente não fazia ideia de como aguentaria aquilo tudo por seis longos meses.