Rosa Negra - A Ordem da Rosa

By ThalitaNaine

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Histórias de amor, guerras e ódio foram sendo esquecidas e mudadas ao longo dos anos, entretanto, um assassin... More

Recados
Personagens
Capas
Prêmios
Mapa
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Agradecimentos
Playlist - BÔNUS

Capítulo 2

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By ThalitaNaine

Eu estava correndo na direção do campo e Ron estava me seguindo, mas como sou mais rápida estava muito na sua frente, quando cheguei no campo, meu coração parecia que ia sair do meu peito, sem a luz da tocha não conseguia ver de onde tinha vindo o grito, comecei a andar procurando pela pessoa que tinha gritado.

Ron finalmente me alcançou, estava ofegante, mas não demonstrou cansaço, ele já tinha acendido a tocha e continuamos a procurar. Quando estávamos na metade do caminho, vi uma sombra correr para dentro do bosque e um calafrio percorreu todo o meu corpo, uma sensação de vazio se instaurou.

O encapuzado parou nas sombras e me encarou, mas nessa hora Ron gritou para eu ir ao seu encontro e o sujeito sumiu bosque adentro, sem que eu conseguisse identificar quem era.

Quando cheguei onde Ron estava, vi uma pessoa deitada no chão, estava machucada pois tinha muito sangue espalhado em volta dela, não consegui ver quem era, precisava chegar mais perto, e foi nessa hora que Ron me segurou pelo braço e me impediu de ver quem estava deitado ali.

Olhou bem sério para mim e falou para eu ir correndo até o vilarejo, pedir ajuda aos homens para levarmos o ferido até a cabana, me detive um tempo, mas fiz o que ele pediu.

Em Polinys temos um sistema de sino, quando alguém precisa de ajuda, seja em qualquer hora do dia ou da noite, ao tocar o sino três vezes alguém viria ajudar.

Fui direto a torre do sino bati três vezes ninguém apareceu, bati mais três vezes e ao longe comecei a ver pessoas aparecendo, desci as escadas correndo e expliquei que um forasteiro tinha atacado alguém. Disse que Ron estava com a pessoa no campo, e precisava de ajuda urgente para traze-la para a cabana.

Cinco homens foram comigo até a cabana pegar uma maca, onde poderíamos colocar o ferido e carrega-lo, tínhamos que buscar minha mãe, ninguém melhor do que ela para atender essa emergência.

Pedi para que os homens fossem na frente com a maca, que eu iria buscar minha mãe em casa, cheguei e abri a porta com um empurrão, estava ofegante, comecei a procurar pela casa, na sala ela não estava, fui na cozinha ver se estava preparando os tônicos, mas nada, gritei por ela e não tive nenhuma resposta.

Um medo começou a se instalar em mim, onde minha mãe estava, no segundo andar da casa, fui até seu quarto que se encontrava todo revirado e com um cheiro estranho, foi ai que me lembrei, "Lia chegarei tarde em casa, pois vou no campo colher alfazema para o tônico da senhorita Rebeca".

Minha cabeça começou a girar, comecei a ter falta de ar e eu só conseguia pronunciar não, repetidas vezes em minha mente. Isso não podia estar acontecendo, minha mãe sumiu e tem uma pessoa ferida no CAMPO, e Ron não me deixou chegar perto da vítima.

Desci as escadas que nem um furacão e fui na direção do campo me guiando pelas luzes das tochas dos aldeões, que foram na frente com a maca.

Os alcancei um pouco antes deles chegarem a Ron. Passei na frente das pessoas empurrando quem estivesse no meu caminho, corri para ver quem estava ferido, meu amigo tentou me segurar, mas me desvencilhei de seus braços rapidamente.

Minhas pernas bambearam e lágrimas começaram a escapar de meus olhos, minha mãe estava deitada no meio de girassóis amassados, envolta numa poça de sangue, seu vestido rosa claro estava sujo e rasgado, e seu cabelo estava jogado em seu rosto.

Me ajoelhei perto de sua cabeça com minhas mãos tremendo. Me perguntei como alguém poderia fazer tal barbaridade, com medo do pior, aproximei meu rosto do seu e esperei. Uma onda de esperança cresceu em mim quando escutei sua respiração fraca, ela ainda estava viva.

Comecei a dar ordens aos homens para colocá-la com muito cuidado na maca, pois não sabia o tamanho da gravidade, mas pela quantidade de sangue julguei que muito, entretanto não era hora para pensar nisso.

Os homens junto com Ron tiveram o maior cuidado ao prende-la na maca de madeira. No caminho ao vilarejo estive do lado dela o tempo todo, sua respiração ficava mais fraca a cada minuto que passava, pedi que Ron fosse na frente e trouxesse a senhora Cloudete para minha casa, pois a cabana estava muito cheia e os medicamentos estavam em meu lar.

Quando chegamos ao vilarejo, fomos direto a minha casa, os aldeões colocaram minha mãe em cima do balcão onde preparávamos os tônicos, pois não tínhamos espaço para cuidar de feridos em casa, e subir para o quarto de mamãe para usar a cama, estava fora de cogitação.

Agradeci a ajuda dos vizinhos e eles se ofereceram para ficar de guarda, caso precisássemos de mais alguma coisa, dois se sentaram no sofá perto do balcão, dois ficaram na porta da frente e um estava na cozinha.

Se passaram dez minutos, mas para mim pareceu uma eternidade até a senhora Cloudete chegar com Ron, ao entrar a velha arregalou os olhos com a visão da minha mãe ensanguentada no balcão.

Contudo seu choque durou pouco, pediu ao homem que estava na cozinha para esquentar água, se virou para Ron e mandou ele trazer os medicamentos que ela ia precisar.

A senhora foi até minha mãe, a olhou de cima a baixo, cortou as mangas de seu vestido e foi até a cozinha para dar ordens aos rapazes. Eu estava em choque, não conseguia fazer nada, só ficava perto com lágrimas pelo rosto e as mãos tremendo.

Claudete veio até mim e perguntou o que tinha acontecido, lhe falei que estava voltando da colina com Ron, e que quando chegamos no final da trilha escutamos um rugido alto, mas não sabíamos o que era.

Estávamos vindo direto para a vila quando escutamos um grito muito alto e fomos ver do que se tratava. Foi nessa hora que encontramos minha mãe, lhe disse que vi alguém correndo para o bosque e que minha mãe já estava assim.

A senhora Claudete era a curandeira da vila antes de minha mãe chegar, desde que me lembro, as duas trabalhavam juntas na cabana e eram amigas muito próximas.

A velha apesar de séria, é muito competente no que faz. Ela e minha mãe faziam uma boa dupla de curandeiras, mamãe falava que a senhora Claudete era uma das poucas pessoas que ela considerava da nossa família, como se ela fosse sua irmã.

Ron estava fervendo algumas ervas que Claudete mandou, enquanto ela cortava as roupas da minha mãe e limpava o sangue para ver os machucados, conforme trabalhava, ia passando remédios e costurando alguns cortes, porém a febre de minha mãe não baixava apesar de sua respiração ter normalizado.

Quando o tônico ficou pronto, a ajudei fazer com que minha mãe bebesse, quando ela terminou, me olhou e falou que não tinha mais o que fazer, agora era esperar e rezar.

Me sentei na cadeira perto do balcão e fiquei segurando a sua mão, se passaram quase duas horas, até que a febre cedesse finalmente. Todos estavam em minha casa, rezando ou ajudando quando Claudete pedia, não sei em qual momento isso aconteceu, porém mais aldeões foram parar no meu lar.

O vilarejo inteiro estava acordado, a notícia do ataque a minha mãe correu rápido, muitas pessoas estavam em frente a minha porta com tochas, rezando para que ela ficasse boa. Eu só conseguia pensar que se tivesse colhido mais alfazema, ela não precisaria voltar no campo quase no pôr do sol e não teria sido atacada.

Quando era quase meia noite, minha mãe enfim despertou, ainda estava muito fraca e sua respiração agora estava pior. Claudete rapidamente se aproximou, minha mãe a olhou e falou apenas uma palavra "Raruk".

A senhora pareceu congelar, me olhou e pediu para que todos da sala saíssem. Disse que precisava ir em casa e que já voltaria, por fim pediu que Ron fosse com ela para lhe proteger, mas na verdade ela queria deixar minha mãe a sós comigo.

Ficou na sala da minha casa, eu e minha mãe, ela me olhava com uma doçura no olhar, aqueles olhos verdes penetrantes, agora estavam com dificuldades para ficarem abertos. Ela pediu água e fui rapidamente na cozinha buscar, ela bebeu o copo e se ajeitou no balcão. Sua respiração ainda era muito fraca, e por isso estava com dificuldade de falar.

- Lia, eu preciso que você preste muita atenção no que eu vou dizer, e que você faça exatamente o que eu mandar.

- Mãe não fale, você está fraca, precisa descansar para ficar boa.

- Minha filha querida, já não me resta muito mais tempo, por favor me escute.

- Mãe...

- Lia, nós não somos iguais as outras pessoas, nós nascemos diferentes, e você minha pequena, é a esperança de uma guerra a muito tempo começada. Um grande mal veio atrás de mim, e vai atrás de você também por causa do que você é, ele pode te farejar Lia, você vai precisar estar preparada para enfrentá-lo.

- Mãe do que você está falando?

- Só escute, você não está segura aqui Lia. Ele me achou e vai te achar também, você vai ter que fugir no primeiro raio de sol, vá atrás das suas origens, confie nos seus instintos, eles nunca falham.

- Quem é ele?

- Me escute Lia, essa jornada ninguém pode fazer por você, eu cometi um erro de ter fugido, mas você pode reparar o que há muito tempo foi quebrado.

- Eu não vou te deixar aqui sozinha, eu não posso...

- Minha filha querida, eu te amo mais do que qualquer outra coisa nesse mundo, sua mãe está indo em paz. Por favor, faça o que eu pedi, Claudete vai te ajudar, não confie em ninguém que seu coração não deixar Lia.

- Eu te amo mãe...

Minha mãe começou a tossir sangue, nessa hora, Claudete voltou com uma trouxa na mão e foi rapidamente pro lado da minha mãe, ela a abraçou e lhe deu um beijo na testa, me olhou com profunda tristeza.

- Obrigada minha amiga, por tudo, proteja minha filha e se cuide também.

Minha mãe teve outro ataque de tosse violento, olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas, e sussurrou "eu te amo", e assim, a vida em seus olhos verdes radiantes foi apagada. 

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