Capítulo 22

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A lua estava alta nessa noite e eu não conseguia dormir, o azul que emanava dela me chamava, eu precisava ir para fora da montanha, não sei como a luz do sol e da noite entram na cidade, mas é de grande ajuda para iluminar o lugar

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A lua estava alta nessa noite e eu não conseguia dormir, o azul que emanava dela me chamava, eu precisava ir para fora da montanha, não sei como a luz do sol e da noite entram na cidade, mas é de grande ajuda para iluminar o lugar.

Chegando na porta me deparo com um guarda muito alto e musculoso, ele me olha e pergunta se quero alguma coisa, tinha me esquecido que tinha um cão de guarda ali, rapidamente invento que estou com fome e pergunto se ele poderia ir buscar algo na cozinha para mim.

O homem sai prontamente para atender o meu pedido, bem, músculos não são sinal de inteligência pois assim que ele vira no corredor, saio do quarto de mansinho e me encaminho para o túnel que dá no cume da montanha.

Foi um esforço andar até ali, mas por causa dos meus poderes meu pé já começava a se curar, entretanto, isso não impediu os cortes de sangrarem e mancharem a faixa.

Me sentei cuidadosamente na escada do templo e fiquei admirando a noite, eu estava certa, a visão era muito mais bonita aqui de fora do que somente a luz que entrava na montanha.

Minha mãe teria adorado este lugar, a presença dela estava em tudo que fiz no meu dia, começando pelo pesadelo, depois o aniversário dela, eu estava sozinha naquele lugar e pela primeira vez, depois de muito tempo, eu chorei de saudades.

- Posso me juntar a você?

Raoni se aproximava do templo com uma roupa linda, uma calça branca e uma faixa vermelha atravessada no peito, o que ressaltava que ele estava sem camisa. Limpei minhas lágrimas e encarei o céu.

- Minha irmã veio me dar uma bronca hoje por sua causa.

- Eu não pedi que ela fizesse isso.

- Eu sei que não, mas ela me fez ver o quão estúpido eu fui.

Arregalei os olhos, aquele ser estava falando que ele estava sendo estúpido comigo, eu deveria ter escutado errado.

- Sinto muito pela sua mãe, Kuana me disse que hoje é o aniversário dela, eu não deveria ter forçado você a falar. Pensei que fosse algo...

- Fútil?

- Sim. – Raoni abaixou os olhos com vergonha – Sei que você já contou sua história para Kuana, e ela me passou um breve resumo, sabe nós também perdemos a nossa mãe.

- Eu não sabia, sinto muito.

- Acontece, ela adoeceu e ninguém conseguiu cura-la.

- Minha mãe foi assassinada, ela ainda era jovem e linda, eu sinto saudades dela.

- Eu também sinto da minha, me conte como era a sua mãe.

- Ela era um anjo, tinha cabelos ruivos iguais aos meus e olhos verdes que nem esmeraldas. Era uma excelente curandeira, foi ela que me ensinou o que eu sei, todos na minha aldeia a amavam, era a pessoa mais doce que eu já conheci, e seu sorriso, a seu sorriso alegrava qualquer lugar que ela estava.

- Eu gostaria de tê-la conhecido, mas pelo que você falou muito dela existe em você.

- Minha aparência é bem parecida com a dela tirando a cor dos meus olhos, e a delicadeza que ela tinha, eu sou muito estabanada.

- Nem todo mundo é perfeito – essa frase me fez rir.

Pela primeira vez desde que cheguei, Raoni estava sendo simpático comigo, e por mais estranho que pareça, a presença dele me acalmou, conversar com ele me fez bem, mas eu não diria isso a ele, o seu ego ficaria muito inflado.

A noite foi passando e ficando cada vez mais fria, eu estava com os braços cruzados e encolhida na escada, mas não queria ir para o meu quarto ainda.

- Esta com frio?

- Sim.

- Vamos voltar então.

- Não quero entrar agora, a lua está quase no seu ponto mais alto, e ela está tão linda.

Raoni retirou a faixa que estava em seu peito, a abriu colocando-a ao redor dos meus ombros e me abraçou, eu fiquei paralisada com o gesto, não estava esperando por essa proximidade repentina.

Ele estava muito perto e meu rosto com certeza estava vermelho, seu corpo estava quente, o que não ajudou muito. Estava tentando manter o olhar para o céu, pois se virasse, me depararia com seu peito exposto e seu rosto muito próximo do meu.

- Está melhor agora?

Eu o encarei e assenti com a cabeça, engoli em seco quando vi que nossos rostos estavam a menos de um palmo de distância, ele me olhava com muita doçura, reparei que seus olhos eram castanhos claros e que ele não estava fazendo nenhum movimento para se afastar.

A tensão ficou quase tangível entre nós, não conseguia parar de olhar para seus olhos e sua boca, queria cobrir aquela mínima distância entre nós dois, mas então.

- Lia! – nos separamos num pulo - Finalmente te achei, passei no seu quarto para ver como estava, e imagina a minha surpresa quando o guarda me disse que você tinha sumido.

Eu não consegui responder a minha amiga, meu coração estava acelerado com o que quase aconteceu antes dela chegar.

- Hey, Raoni o que você está fazendo aqui?

- Eu só vim ver como ela estava, depois da conversa que você teve comigo, imagino que não serei punido por estar aqui, afinal não entrei no templo.

- Você sabe muito bem que você e papai podem vir até aqui em cima quando quiserem, só o templo é protegido, aqui fora é território livre.

- Que bom, maninha que você não vai me transformar num sapo.

- Você bem que merecia, mas pera, vocês dois não estavam tentando se matar estavam?

- NÃO – Raoni e eu falamos juntos, o que fez com que Kuana levantasse uma sobrancelha e olhasse para nós dois com um olhar malicioso.

- Sei, bom, sinto estragar a noite de vocês, mas você tem que descansar e o frio da noite não vai lhe fazer muito bem.

Me levantei para voltar para dentro, mas assim que fiquei de pé fiz uma careta de dor e me agarrei ao corrimão da escada para não cair, Raoni passou seu braço pela minha cintura imediatamente para não me deixar cair, o que fez com que Kuana levantasse mais ainda a sobrancelha, se é que isso era possível.

Ela me deu uma bronca quando viu as faixas com sangue, Raoni se ofereceu para me levar no colo para meu quarto, recusei imediatamente, mas Kuana me ignorou e falou para o irmão me carregar mesmo assim.

O caminho até o meu quarto foi de muito controle, eu estava em seu colo, agarrada ao seu pescoço e aninhada em seu peito, sua mão que estava em minhas costas fazia caricias discretas, sua respiração estava tão irregular como a minha, e duvido que fosse por causa do meu peso.

Nós três entramos no meu quarto, falei que poderia ir andando até a cama, mas Raoni só me soltou quando me apoiou na mesma, ficamos muito perto novamente, e então por um breve momento, ele sorriu e saiu do quarto desejando boa noite.

Kuana trocou as faixas e se despediu, mas não sem antes olhar para mim com um sorriso malicioso, como se falasse que ela tinha percebido o que aconteceu e que iríamos falar sobre isso depois.

Deitei na cama para dormir, e me dei conta que ainda estava com a faixa de Raoni, a abracei contra meu peito e então adormeci, sonhando com um belo guerreiro moreno que me tirava do sério.

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora