Capítulo 48

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Dois dias após a chegada do comandante, mais corpos chegaram no mesmo estado que os outros

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Dois dias após a chegada do comandante, mais corpos chegaram no mesmo estado que os outros. Eu estava polindo uma adaga, quando vi os soldados, levarem os cadáveres para a sala ao lado do armazém de armas.

Eu precisava dar um jeito de entrar naquela sala, precisava ver se esses também continham mensagens secretas, mas teria que ser bem cuidadosa, o comandante no pouco tempo que está aqui, se mostrou bastante rígido e perigoso.

Estava na metade da segunda semana do prazo que Ani tinha me dado, eu precisava agir logo e não poderia contar com ninguém, eu tinha que entrar naquela sala hoje a noite, e se algo desse errado, tinha que arrumar uma rota de fuga daquele lugar.

Pedi para Diel me cobrir nesse turno, dando a desculpa que precisava de um copo de cerveja, o menino estava tão agradecido pelas poucas lições que dei para ele, que não questionou o pedido e fez de bom grado.

Andei lentamente pelo local, observando cada torre, cada saída, as trocas de guarda e todas as atividades feitas naquele lugar. Eu já sabia o cronograma dos soldados, teria somente dois minutos para sair pela muralha norte, antes que alguém percebesse.

Fui até os estábulos, coloquei minhas armas na bolsa, junto dos meus poucos pertences, acrescentei uma corda de escalada com gancho e comida. Deixei a bolsa escondida novamente na parede e me retirei sorrateiramente dali.

Após o jantar, só ficavam acordados os soldados das patrulhas de vigilância, segui pelas sombras até o armazém das armas e me escondi nele, observando quando o comandante iria deixar a sala com os corpos vazia.

Eu mofei naquele armazém, minhas costas e pernas estavam doendo de ficar na mesma posição, estava agachada atrás dos barris, quando já estava pensando em uma forma nada silenciosa de naquela sala, bolando algumas estratégias para enfrentar o homem lá dentro, ele resolveu sair.

Trancou a porta, deixando qualquer iluminação que tinha na sala apagada, eu já estava pronta para agir, quando vi que ele chamou um dos vigias e o colocou como cão de guarda.

Fiz uma careta, isso atrasaria meus planos, não posso arrombar uma fechadura com um cão no meu cangote. Respirei fundo, tinha que mudar a minha tática, e ela sem dúvida me forçaria a ir embora dali naquela noite.

Olhei a minha volta e achei o frasco que eu queria, sempre achei estranho ter vidros de clorofórmio no arsenal de armas, mas nesse momento essa esquisitice estava ao meu favor.

Pego um pano velho, que estava sujo de limpar as armas e derramo o líquido de cheiro forte, saio pelo portal do arsenal e para minha alegria, o guarda está de costas para mim.

Sou rápida, utilizo o que Raoni me ensinou, o guarda é mais alto do que eu, então chuto seu joelho por trás o fazendo cair, agarro seu pescoço o imobilizando e colocando o pano com clorofórmio em sua boca e nariz.

O guarda tenta se livrar do meu aperto e começa a se debater, deixando sua lança cair no chão, o que faz um barulho enorme. Xingo baixo pelo barulho inesperado, e torço para ninguém ter escutado, ou não ligar e vir ver o que é.

Finalmente o homem desmaia, eu arrasto o seu corpo até o arsenal o escondendo atrás dos barris. Remexo em suas vestes para ver se ele está com a chave da porta e para meu azar, não está.

- Ok, vai ter que ser da maneira difícil então.

Tateio a bancada mais próxima e encontro uma adaga com a ponta curva, tudo o que eu precisava. Vou cuidadosamente até a porta, olho para os lados observando se não tem ninguém pelos arredores, me agacho e começo a trabalhar com a adaga na fechadura da porta.

A fechadura não é muito resistente, escuto um clik e então a porta se abre. Entro com cautela, a sala está um breu, o cheiro de defunto está muito forte, o que faz com que tampe meu nariz com minha mão.

Vou passando a minha outra mão cuidadosamente pela parede até achar uma tocha, ela ainda está molhada com querosene, na base que a mesma está apoiada, sinto duas pedras de acendedores.

Não queria iluminar para não chamar a atenção, mas não tenho escolha, pois não estou enxergando nada a minha frente. Com a tocha acessa, vejo os dois corpos que chegaram hoje em um canto, quando procuro os mais antigos quase vomito, percebendo o que o comandante fazia ali.

Os corpos dos soldados estavam esquartejados, seus troncos abertos, os órgãos estavam em potes e um coração em cima de uma balança. Controlo minha ânsia de vomito colocando uma mão sobre minha boca, e sigo para a parte onde estão os braços desmembrados.

Vejo o braço com a mensagem que li quando chegou, em outro leio, " Isso está muito fácil", procuro nos outros membros espalhados, mas não tem mais nada escrito.

Sigo para os corpos intocados ainda pelo comandando, retiro o lençol e não precisei olhar os braços, pois em seus peitos a mensagem era bem clara, em um dos corpos lia-se, "quantos mais você deixará morrer antes de vir me encontrar?", já no outro, "espero que você seja um divertimento melhor que esses quando nos reencontrarmos, estou com saudades".

Sim, aquelas mensagens eram para mim, eu não tinha errado, meu coração acelerou ao ler aquilo, aquele monstro era sádico e estava brincando comigo. Ele mataria mais inocentes enquanto eu não fosse ao seu encontro, eu precisava terminar com aquilo e logo.

Peguei uma pena, a molhei no tinteiro e escrevi correndo uma mensagem num pedaço de pergaminho, que rasquei das anotações que o comandante fazia. Dobrei o pedaço de papel e o queimei.

- Ewch i Ani

Escutei um estalo no fogo e então o papel foi consumido pelas chamas.

- O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?!

Me virei num pulo com o susto que levei, o comandante estava na porta, junto com mais quatro guardas. Eles devem ter visto a luz dentro da sala e vieram ver o que estava acontecendo. Amaldiçoei mentalmente eu ter precisado acender a tocha.

- Cadê o guarda que eu deixei tomando conta? – A voz do comandante era cortante e cheia de desconfiança.

Eu encarava os homens a minha frente, minha cabeça já estava a mil planejando uma forma de sair dali, mas a única saída estava bloqueada pelos guardas. Estava com receio deles também terem visto que eu fiz magia, e se viram, eu estava bem mais encrencada.

- RESPONDA AS PERGUNTAS RECRUTA!

Uma ideia me veio a cabeça, eles ainda não tinham achado o guarda desmaiado, se eu falar o que estou pensando, talvez consiga sair daqui sem precisar entrar numa briga desnecessária, que colocaria um bando de homens correndo atrás de mim.

- Eu estava curioso para ver os corpos senhor, me desculpe, mas quando vi que não tinha ninguém aqui não resisti e entrei.

Olho para baixo, como se tivesse arrependida, torço para que essa desculpe cole. Vejo o comandante se aproximando de mim, reteso o corpo, não estou gostando dessa aproximação, não quero que ele chegue muito perto, ele pode me reconhecer do dia que me ajudou em Gerda.

- Nenhum soldado desobedece uma ordem minha por nenhum motivo e sai impune.

Ele torce o meu braço num aperto muito forte, me jogando no chão e me imobilizando, ele foi muito rápido, não previ os seus movimentos e eu também estava em desvantagem ali.

- Levem-no para o calabouço e lhe deem o devido tratamento.

Os guardas que estavam até então parados, me pegaram pelos braços, tentei sair do aperto deles, mas levei um soco no estômago e no rosto em resposta a minha resistência.

- E não esqueçam de descobrir o que ele estava aprontando aqui dentro, não acredito que tenha falado a verdade.

Vou sendo arrastada da sala, não ofereci muita resistência aos meus recém captores. Aquela situação não era a ideal para entrar em conflito com eles, eu estava em muita desvantagem.

Analisei todas as possibilidades de fuga dali, respirei fundo, lembrando que tinha que ser paciente, pois vou ter que esperar o momento certo para revidar e fugir de Torre de Vigilância. 

Rosa Negra - A Ordem da RosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora