De repente parecia que de um dia pro outro havia acontecido uma tremenda mudança de planos na vida de todos.
Jungkook saiu da cama com seu corpo dolorido por ter corrido tanto noite passada e não poderia estar mais cansado e sedento pelo café da manhã de uma de suas mães.
Desceu as escadas com seus cabelos atrapalhando a visão e não deu a mínima quando o vento soprou na direção de seu peito descoberto o causando um arrepio matinal e gostoso.
– Bom dia mã- Duck?
– Bom dia Jungkook. - viu o homem deixar alguns pratos de lado enquanto carregava consigo uma caixinha de leite e um sorriso ladino.
– O que você faz aqui?
– Filho, não vai trocar o disco nunca?
Jungkook mal havia acordado e já estava totalmente sem paciência para aquele tipo de diálogo desgastante.
– Não me chame de filho. - passou pelo homem o ignorando e indo na direção da geladeira.
– É um direito meu. - A voz grossa respondeu.
– Deixou de ser um direito seu há muito tempo. - revirou os olhos, pronto para encarar o homem cara a cara. – Muito tempo.
– Filho...
– Vai se fazer de desentendido agora? O que foi que te deu!? - Jungkook aumentava o tom de voz amargo. – Você fica sem aparecer por anos e agora acha que pode voltar e estabelecer uma rotina normal na casa das minhas mães? - gesticulava.
– Eu não estou dizendo isso.
– Você nunca disse! Nunca disse antes e nem agora, porque esse é você! O pai ausente que teve o que mereceu. - apontou para o homem com lágrimas em seus olhos ardentes. – Você pode me chamar de filho, mas eu nunca vou ter o prazer de te chamar de pai!
– Jeon Jungkook!
O garoto e o homem, ambos com semblante magoado, olharam na direção da entrada da cozinha, onde a mulher morena encarava seu filho com seus olhos severos soando proeza e acidez.
– Wang, não estava acontecendo nada. - O homem caminhou na direção da mulher acalmando-a. – Jungkook e eu estávamos apenas... conversando.
A mulher suspirou enquanto passava suas mãos delicadas pelo rosto, massageando suas têmporas e assentindo com os lábios inferiores presos aos dentes corretamente alinhados.
– Son-ye, por favor, venha. - a morena chamou com a voz calma, já sabendo que a esposa estava na sala apenas para que não atrapalhasse aquele assunto "da família".
A mulher loira entrou na cozinha com suas bochechas levemente avermelhadas e seus cabelos presos num rabo de cavalo que já se soltava, ela analisou a situação e não tirou os olhos do filho mais novo que, com os punhos cerrados e a respiração descompensada se apoiava na pia.
– Amor, leve o Jungkook pro quarto dele para que ele se acalme, eu vou conversar com o Duck. - a de cabelos castanhos pediu calmamente enquanto Son segurava nas mãos cerradas do mais novo e o puxava delicadamente para fora dali.
Já fora do cômodo, Jungkook pode ouvir a voz de sua mãe soando calma pela cozinha; – Me desculpe por isso Duck.
Ele estava detonado, Jungkook segurava toda a raiva que crescia em si até sentir os braços de sua mãe o envolvendo num caloroso e calmo abraço que fez o moreno desmontar nos ombros da mulher que acariciou os cabelos ainda bagunçados do garoto.
– Mãe... o que ele está fazendo aqui?
Son respirou fundo antes de explicar aquela situação. Era complicado dizer aquilo para Jungkook porque, querendo ou não o menino guardava mágoas de sua infância no coração, ele já havia se acostumado em ter duas mães e amava a ideia, mas é claro que ele sentiu falta de uma figura masculina para seguir de exemplo quando menor.
– Meu anjo... eu sei que é complicado o ver novamente depois de tanto tempo... - acariciou as costas do filho. – Mas ele continua sendo seu pai, continua te amando...
– Não! Mãe, eu não quero ver ele junto com a mamãe ela fica melhor ao seu lado, por favor...
Son riu baixo. – Ele não veio aqui para reconquistar a mamãe, seu pabo.
– Então o que ele quer?
– Ele está nos ajudando com muitas coisas.
– Que coisas? Eu posso ajudar, se o problema for dinheiro eu posso arrumar um emprego!
– Não, Jungkook. - a mulher o acalmou. – Ele quer ajudar e quer se redimir, então não seja rude com ele enquanto ele estiver aqui.
– Mãe... estava tudo tão bem até ele chegar, eu até briguei com o jimin!
– Ele não irá atrapalhar nossa família Jungkook... a mamãe e eu não vamos deixar isso acontecer.
Jungkook não tirava os olhos de seus pés cobertos pela meia do homem de ferro, apenas absorvendo as palavras de sua mãe e tentando de todo jeito botar confiança nelas.
– Eu entendo que é difícil pra você anjo, sei que ele não foi exatamente o melhor pai do mundo... mas ele está aqui para tentar se redimir com você e com o hyun. Converse com ele.
– Não temos nada para conversar, mãe.
– Aposto que vocês têm muito assunto para botar em dia... já contou a ele sobre o jimin?
– Pra que? Pra ver ele surtar como quando você e a mamãe se assumiram?
Son sorriu. – Ele ficou maluquinho não foi?
– Ele realmente se deu o trabalho de procurar as câmeras escondidas. - Jungkook riu baixo.
– Seu pai não é um homem mal Jungkook... ele apenas tinha os motivos dele para se manter tão afastado. - passou a mão pelos cabelos sedosos do filho. – Prometo que será bom vocês dois se resolverem.
– Mas eu não quero que ele fique entre você e a mamãe.
– Jungkook. - Son revirou os olhos. – Sua mãe e eu somos muito lésbicas, homem nenhum conseguiu separar a gente naquela época, você acha que algo mudaria?
– O pai está mais musculoso...
– E eu não? - ela mostrou os "músculos" – Achei que a maldita musculação já tivesse me dado resultados!
Jungkook riu enquanto via sua mãe beijando seus músculos molengas porém bem definidos, amava suas mães e torcia para que as palavras delas em relação ao seu pai fossem verdadeiras.
Afinal, ele estava ali. Pela primeira vez em anos.
– Eu te amo mãe, obrigada por ser o pai que eu nunca tive a oportunidade de ter... - sorriu ladino encarando os olhos amendoados de sua mãe.
– Eu te amo kookiezinho. - beijou a testa do garoto. – Agora tome um banho, você está cheirando a suor noturno! - ela empurrou o torso do filho para longe enquanto ria.
– Qual é mãe, beija mais um pouquinho! Vem! - ele puxava ela para mais perto enquanto a mesma se negava a parar de recuar.
– Vai logo garoto! Antes que eu chame a mamãe. - ameaçou risonha.
– Você não ousaria. - cerrou os olhos.
– Prefere arriscar?
– Nem fodendo, se a mamãe me pega nessa situação eu sinto o gosto do couro. - correu pro banheiro, fechando a porta rapidamente antes que sua mãe o alcançasse com o travesseiro em mãos.
– Olha a boca garoto! - se apoiou na porta, sorrindo enquanto jogava os cabelos pra trás.
– Blá blá blá! - ouviu e em seguida o barulho da água do chuveiro caindo pelo chão liso.
– Eu te amo meu garotinho... - ela sussurrou pela porta, dando dois toquinhos leves antes de se afastar dali em direção à cozinha.
Chegando no cômodo iluminado pelas cortinas que agora estavam abertas Son encontrou apenas Wang apoiada no balcão da cozinha enquanto lia alguns papéis e massageava as têmporas novamente.
Son sorriu minimamente até ir ao encontro da esposa a envolvendo num abraço por trás e encaixando seu pescoço no ombro da mulher.
– Ele está mais calmo? - a morena perguntou, segurando as mãos de sua mulher que as envolviam na cintura.
– Nós conversamos... ele só está magoado com o pai ainda.
Wang suspirou cabisbaixa. – Eu imagino.
– Não se preocupe amor... os dois precisam apenas de tempo para se resolverem, o Jungkook precisa entender.
– Eu sei o quanto o Jungkook sentiu falta do pai esse tempo todo, se o Duck não estivesse nos ajudando tanto eu já o teria expulsado.
– Duck não fazia de propósito. - a loira disse com sua voz mais calma. – E eu entendo o medo do Jungkook.
– Que medo?
– Medo de que você volte para ele. - Son escondeu um sorriso.
Wang abriu a boca inconformada e se virou para encarar melhor os olhos e a feição risonha da esposa que guardava um sorriso bobo.
– Eu? voltar pro Duck? Da onde você tirou essa ideia maluca Son? - perguntava surpresa.
Son se virou sem jeito para a bancada. – Até o kook disse que o Duck está mais musculoso...
Wang riu alto espalmando suas mãos nos quadris cobertos por sua calça vinho. – Há! Não me diga.
Son-ye se manteve no silêncio apenas esperando mais reações da esposa.
– É talvez ele esteja mais musculoso mesmo... - A morena começou dizendo. – Mas tem algo que o Duck jamais vai conseguir.
– O que?
– Essa sua bunda magnífica. - Wang estapeou a bunda da esposa que automaticamente deu um sobressalto e botou as mãos na frente da boca.
– Wang! - repreendeu a mulher se encolhendo.
– Eu te amo mulher, e nada nem ninguém vai mudar isso. - beijou seus lábios fortemente enquanto apertava a cintura da mulher.
– Vocês definitivamente parecem aquelas adolescentes que se descobriram lésbicas pela primeira vez. - ouviram.
– Hmmm. - Son sorriu ladina e se soltou da esposa rapidamente. – Vou dar uma olhada no jardim. - saiu de fininho, piscando pra esposa enquanto passava por trás de Duck que mantinha seus braços cruzados.
– Você adora estragar meus momentos não é? - Perguntou, risonha.
– Você sabe que sim. - o homem riu, estapeando a mulher no ombro com o jornal enrolado em uma das mãos.
(...)
– Mal posso acreditar! - jimin cobria sua boca aberta de espanto com suas mãozinhas enquanto quase caia da cadeira ao ouvir.
– Seokjin do céu! - Sra Park imitava as feições do filho, apenas se mantendo mais equilibrada.
– Por que a surpresa? - Jin perguntou abismado com seu sorrisinho.
Jimin tinha um sorriso cem por cento satisfeito no rosto. – Porque você decidiu mudar os planos do nada!?
– Vocês sabem... nós conversamos e-
– E VOCÊS VÃO SE CASAR, JIN!!! - jimin pulou da cadeira para que não acabasse caído no chão. – Tem noção do quanto eu esperei por isso?
Jin estranhou a reação espalhafatosa do mais novo, era impressão sua ou jimin andava mais... normal? Animado? Menos sádico e cruel?
– Eu não posso acreditar, eu estou tão orgulhosa. - Sra Park abanava o rosto com as próprias mãos repletas de anéis.
– E onde está o namjoon afinal? - jimin perguntou.
– Ele foi entregar os convites dele. - ajeitou o suéter rosa que vestia. – E isso me fez lembrar de que... - pegou uma caixinha branca com desenhos dourados e pequenos detalhes na cor rosa. – Jimin, eu quero que você seja meu padrinho de casamento.
O loirinho se ergueu ainda mais com sua feição ainda animada para o Hyung que se encolhia na cadeira ao perceber a fodenta animação de jimin. Ele certamente estava diferente e isso era um alívio para Jin, que desde de sempre se preocupou muito com a vida social de Park, mas pelo visto, já não necessário tanta preocupação.
– Sim Hyung, eu quero! Quero muito! Ah, estou tão feliz por você e pelo jonnie! - abraçou seu Hyung que sendo totalmente pego de surpresa acabou recuando antes de devolver ao garoto um abraço apertado.
– Senhora Park. - Jin tossiu levemente. – Onde está o jimin cauteloso e frio? E onde conseguiu essa cópia perfeita numa versão fofa e animada?
A mulher terminou de beber a champanhe barata que estava em um dos copos batucando suas unhas longas pela extensão do vidro antes de sorrir larga e direcionar seus olhos para Seokjin.
– Acredite, quando acordou hoje de manhã eu também fiquei na dúvida de onde estava meu jimin coração de gelo.
– Jimin Elsa, eu me lembro bem desse apelido. - Jin riu por alguns segundos fazendo as bochechas do loiro se esquentarem.
– Mas pelo visto o jimin tem muitos motivos para estar nesse bom humor, não é anjo? - a mulher piscou, e com aquilo fez jimin se lembrar de algo importantíssimo.
– Sim, Hyung! Você nem sabe de tudo, eu fui ao médico há alguns dias e recebi o resultado dos meus exames finais!
– Você quer me matar de susto sua naja? Fala logo! - o moreno bateu com suas mãos na mesa demonstrando estar tão ansioso para saber quanto jimin para dar a notícia.
O loiro não cedeu um segundo sequer de seu tempo, correu com seus pézinhos descalços pelo piso amadeirado em direção ao seu quarto, em busca de seus exames afim de mostrá-los ao seu Hyung que era uma das poucas pessoas que sempre o ofereceu ajuda e apoio emocional.
Desde muito pequeno jimin nunca fora de ter amigos da sua idade. Era sempre muito mais maduro que todos e aquilo o incomodava.
Por isso mesmo quando tinha seus quatorze anos, só gostava de dialogar com os amigos de sua mãe, claro que nem todos davam bola para um garoto pré adolescente com mal humor e seus assuntos avançados demais para aquela idade mas, Seokjin foi um dos únicos a demonstrar certo interesse pela personalidade de Jimin.
Foi Seokjin que apresentou Taehyung á Park, já que Jin havia cursado enfermagem com Yuri em seu tempo de faculdade.
E jimin não podia ser tão grato por Jin tê-lo apresentado alguém tão gentil e amoroso, Taehyung certamente era seu melhor amigo e Jimin o amava muito pelo simples fato de Tae sempre ter sido muito paciente em relação a sua personalidade fria e muitas vezes ignorante.
Claro que os dois não se entenderam logo na primeira conversa, e mais óbvio ainda foi que jimin certamente demorou um bocado de tempo para contar a Taehyung sobre sua doença.
Mas felizmente depois de algum tempo os garotos haviam estabelecido uma amizade forte e que ambos juravam que duraria por uma vida inteira...
Jimin chegou em seu quarto dando pulinhos baixos para que pudesse se livrar de sua ansiedade de algum modo que não fosse surtar, naquele dia ele havia acordado feliz e disposto, coisa que nenhum remédio havia o causado alguma vez.
Caminhou diretamente até sua bancada qual sempre organizava seus exames por ordem de data, ele tinha desde os seus primeiros exames que os diagnosticou até o que ele havia feito alguns dias atrás, sempre foi muito organizado e preocupado com aqueles documentos que de forma alguma poderiam cair em mãos erradas.
Todos os exames constatavam que Jimin era soropositivo ou aidético, todos revelavam o número de células combatentes de seu corpo e todos os outros resultados de extrema importância.
Eram obviamente documentos sigilosos.
E por isso arrancou a sacolinha de exames mais recente com seu sorriso largo e tratou de correr o mais rápido possível de volta para a sala, escorregando em alguns degraus devido à euforia que utilizava para pisar "cuidadosamente" nos mesmos.
– Aqui! Achei. - anunciou bem alto, entregando os primeiros papéis que viu dentro da sacola.
Jin sorria bobo ao reparar no semblante animado do amigo, porque podia não parecer, mas era extremamente satisfatório ver alguém que sempre fora tão magoado e depressivo, se tornar alguém animado e sorridente.
– Veja Hyung, está orgulhoso? - segurava as mãozinhas atrás das costas enquanto sua mãe sorria na direção dos exames.
Jin bebericou seu café expresso e levantou uma de suas sobrancelhas. – Orgulhoso de que você engordou três quilos em três meses?
– O que!? - a boca de jimin estava aberta como nunca.
– Está feliz porque engordou? - jin riu baixo.
Jimin gesticulava desesperadamente em forma de negação, arrancando depressa os exames das mãos de seu hyung e os encarando depressa.
– Aish! Esse não é o exame certo... isso aí é só meus exames de rotina! - enfiou a cabeça dentro da sacola novamente.
– Seu corpo está bonito. - jin apertou as laterais fofinhas da barriga mole de jimin.
– Não me aperta Hyung. - cerrou os olhos estapeando a mão de jin.
– Seokjin, esqueceu que só o jungkook pode fazer isso? - sra Park comentou descontraída com seus olhinhos formando riscas pretas.
– Vocês me cansam. - jimin disse, voltando a fuçar dentro da sacola e nas pastas.
– Relaxa jimin, sempre que começamos a namorar engordamos uns bons quilos. - Seokjin comentou.
– Tem razão? Espera só até se casar jin! - a mulher respondia risonha fazendo jin se doer internamente.
Jimin definitivamente não escutou uma palavra sequer que foi dita ali entre sua mãe e Seokjin.
Jimin não ouvia nada porque estava paralisado.
Seu coração palpitava forte contra seu peito causando um desconforto descomunal dentro de si, suas mãos tremiam enquanto seguravam as folhas também trêmulas graças a inquietude do rapaz.
– Mas valeu a pena depois que começamos a transar eu perdi muitas calorias e... Jimin? - jin notou o olhar assustado de jimin.
– Filho? O que houve?
– O-os... re-resultados...
– Sim? O que tem eles? - segurou em seu ombro trêmulo.
– E-eles... s-sumiram.
Jimin não podia acreditar. Enfiou a cabeça na sacola pela quinta vez enquanto seu coração batia atordoado pela confusão mental que lhe habitava.
Droga, mil vezes droga! Pensava.
– Jimin espera... deve ter caído enquanto você corria para vir pra cá, eu te ajudo vem. - Jin se levantou apressado tentando acalmar o amigo que já se preparava para surtar de vez.
Quando a mulher se desencostou no balcão com o objetivo de ajudar os garotos na procura dos exames a campainha fora ouvida e ela obrigatoriamente andava desconfortável para abrir a porta.
– Quem pode ser? - perguntou atônita tentando se manter calma mesmo sabendo que também surtava internamente.
Antes de abrir deu uma breve olhada para trás avistando jin e jimin procurando pelo chão amadeirado algum documento ou papel que poderia ter caído acidentalmente no chão.
Um garoto de pele clara e cabelo num tom castanho escuro estava do lado de fora, sua jaqueta preta só podiam denunciar duas coisas;
Ou ele era muito estiloso ou estava com muito frio.
– Posso ajudar? - sra Park perguntou encarando o garoto que ao ouvir a voz da mulher se apressou em melhorar a postura.
– O jimin está?
A mulher o encarava ainda incrédula e confusa, pois nunca tinha visto o filho com aquele garoto... se bem que ele era reconhecível aos olhos dela.
– Jimin! É pra você! - ela exclamou alto chamando atenção do filho. – Pode entrar. - deu passagem ao garoto que apenas se curvou e entrou deslumbrantemente.
– Jungkook eu to ocupado agora e... - o menor avistou aquele rosto obviamente reconhecível. – Taemin...?
– Oi jimin! - sorriu largo. – Acho que eu não era a visita que estava esperando mas...
– É tão bom te ver! - jimin correu até taemin e só não o abraçou de súbito porque um milésimo antes pode raciocinar que eles não tinham toda essa intimidade ainda.
Parou a milímetros de distância do corpo visivelmente mais alto e bem mais definido que o de jimin e olhou para cima para encarar a feição sorridente de Taemin.
– Pode me abraçar se quiser. - sussurrou pro baixinho.
Jimin esqueceu de seu desespero descomunal assim que sorriu e se jogou no abraço do maior, jimin já não tinha mais todo aquele receio de dar um abraço em alguém. Principalmente em Taemin que havia se tornado um grande amigo de Park.
– Jimin você viu no seu quar... puta merda. - Seokjin havia voltado para a sala de estar e assim que botou os olhos naquele enlace dos garotos não pode deixar de fazer seus comentários ilustres. – O que fizeram com o jungkook?
Chegava apressado até os garotos fazendo sons no assoalho graças as botas que calçava. – Ele está tão mais másculo... grande... - apertava os braços de Taemin. – Olha essa maxilar tão delineado...
Jimin ria abafado contra o peitoral do mais velho que encarava jin meio surpreso.
– Hyung... - jimin se afastou para encarar jin que encravava suas unhas curtas nos músculos de tae. – Ele não é o jungkook.
– O que?
– Han... prazer, eu sou o Taemin amigo do jimminie. - sorriu largo.
Seokjin lançou um olhar desconfiado até park. – Fez a escolha errada jimin. - avisou.
O loiro estapeou as costas do hyung que apenas se dirigia ao lado da senhora Park que assistia a cena ainda preocupada.
– O que faz aqui?
– Você não sentiu falta?
– Do que? - perguntou alheio a situação.
– Tsc. - Taemin tirou da mochila de couro que carregava um moletom rosa bebê que estava extremamente cheiroso. – Tadãm!
– Taemin! Você é realmente meu anjo da guarda. - jimin apanhou o moletom o abraçando porque era um de seus favoritos.
– Porque ele está com o seu moletom? Esqueceu na casa dele foi? - Seokjin usou um tom de duplo sentido para perguntar fazendo até mesmo a sra Park engasgar com o que bebia.
– Não pabo! Eu esqueci quando fui comprar amaciante e...
– E não comprou. - Sra Park disse em meio a uma tosse mal disfarçada.
– Muito obrigado tae. - jimin o olhou profundamente nos olhos e o viu retribuir aquele olhar tão intenso que parecia o prender.
– Não há de que jimin. - mordiscou os lábios inferiores sem tirar os olhos do menor.
– Me sinto num filme pornô. - Jin comentou.
– Essa é só a parte da historinha. - A mulher indagou rindo baixo enquanto ia até a porta novamente depois de ouvir algumas batidinhas.
Jimin e tae continuavam se olhando como se o mundo em volta nem existisse, eles deram risadas dos comentários ilustres vindo dos dois mais velhos mas não deram muito a mínima.
Só algo muito mais importante chamaria atenção de jimin naquele momento.
– É bom te ver de novo jungkook! - ouviu a voz de sua mãe vindo da porta e numa rapidez descomunal encarou a entrada.
– Jungkook? - se perguntou.
– Pelo visto só não entra na casa do jimin quem não quer. - Disse Seokjin.
– Agora eu me sinto num daqueles doramas que o jimin vê na televisão. - senhora Park voltou novamente ao lado do colega pra comentar sobre a situação.
– Essa é a parte que o protagonista se depara com os dois grandes amores da vida dele e precisa se decidir com qual vai ficar. - Jin bebericou o suco.
– Tem como vocês pararem com esses comentários ridículos? - pediu jimin.
– Até porque é claro que o jimin me escolheria. - jungkook exclamou seriamente enquanto Taemin encarava qualquer ponto aleatório.
– Isso não é uma história de triângulo amoroso. - Jin disse por fim voltando para a geladeira em busca de mais suco.
– Esse cara é algum primo distante seu por acaso jimin? Você está sempre com ele! - jungkook brincou mas no fundo falava sério.
– Nós somos apenas amigos, eu não vou interferir na relação de vocês. - Taemin se adiantou. – Se é que isso pode ser chamado de relação.
O coração de jimin batia incansavelmente porque era constrangedor ter que vivenciar aquilo.
– Como é? - jungkook deu um passo para ficar mais próximo de Taemin que era certamente bem mais alto.
– Já que estão todos aqui que tal jantarmos todos juntos ein? Vamos acalmar os ânimos já que o casamento do jin está próximo! - A mulher rapidamente interviu na discussão visando que jimin já estava abalado demais.
– Eu preciso ter uma semana de princesa antes do casamento e vocês estão me estressando. - fez pose de madame.
– Você vai se casar? - Taemin foi até Seokjin o olhando com um sorriso. – Felicidades ao casal.
– Jura que precisava dar esse show? Taemin é meu amigo! - jimin segurou o braço de jungkook o puxando para baixo pra sussurrar.
– Você já olhou pra esse cara? Ele é um deus! Eu jamais me perdoaria se você me trocasse por ele. - baixou o olhar.
jimin sorriu minimamente. – Está com ciúmes é?
Jungkook sentiu raiva, não era óbvio!? Mas ele se sentia orgulhoso demais para admitir.
– Não, não preciso sentir ciúmes, você não é meu namorado e pode flertar com quem quiser. - sussurrou em resposta soando um pouco mais duro do que o desejado.
O peito de jimin ardeu em tristeza, logo fechou a cara e voltou a perceber que sentimentos só serviam para machucar as pessoas.
– Bom eu adoraria ficar mas preciso voltar pra casa. - Taemin anunciou enquanto jin insistia em apertar os músculos de seus braços.
– Jura? Não quer ficar pro jantar? - Sra Park perguntou sorridente. – A casa fica vazia só comigo e com o jimin aqui.
– Ignorado com sucesso. - Jin debochou.
Taemin deu sua típica risada charmosa e negou com a cabeça. – Preciso ajudar minha mãe a repor os itens do mercacat...
– Espera um pouco... você é um daqueles atendentes super gatos que trabalham lá? - Jin arregalou seus olhos.
Jimin viu Taemin se envergonhando pela primeira vez. – S-sou... acho que sou.
– Mais um motivo pra eu amar aquele mercado. - cruzou as pernas.
– Bom, eu já vou indo. - sorriu e se despediu formalmente dos mais velhos seguindo para jimin que tinha um jungkook emburrado logo ao lado.
– Desculpe ter falado daquele jeito da relação de vocês dois.
– Não temos uma relação. - Jimin disse duramente.
O peito de jungkook desceu automaticamente ao ouvir aquilo, fora dolorido e jimin sabia que havia machucado jeon ao dizer aquilo.
Mas não deixava de ser uma verdade.
– Vocês são bonitos juntos. - piscou com um dos olhos. – Deveriam investir logo nisso.
Passou pelos mais jovens e abriu a porta. – Até mais galera! - saiu sorridente.
– Que homem... - Jin suspirou.
– Um príncipe de poucas palavras! - senhora Park sorriu pequeno enquanto andava distraída.
"Deveriam investir logo nisso" .... jungkook repetia em sua cabeça a frase que o fez se sentir meio molenga por não dar um passo a mais na relação que ele mais queria ter com jimin.
Jungkook queria namorar jimin mais do que tudo.
Era tão difícil assim?
– Jungkook, acho melhor você ir. - todos ouviram, encarando o rostinho magoado de jimin.
– O q-que...?
– Eu... eu preciso de tempo, okay? me de um tempo. - encarou o chão pois sabia que se olhasse fundo nos olhos de jungkook perderia todas as palavras em sua boca.
Jungkook engoliu o choro, claro que engoliu.
Aquele não parecia ser seu jimin, parecia que ele estava voltando a suas origens de coração de gelo, e o motivo ainda parecia invisível aos olhos do mais novo.
– Bom... eu... - encarava todos dali, sem uma reação específica. – Até mais.
Jungkook apenas saiu.
Assim que suspirou pesado ao ver aquele que mais mexia consigo sair pela porta, jimin já tinha a privacidade que queria para conversar sobre algo que ainda fazia seu coração errar batidas fortes e necessárias para aquele tipo de situação.
– Omma... os exames. - disse fraco com sua voz soando um calmo desespero.
Sua mãe piscou forte e manteve seus olhos fechados por um instante, precisava pensar e manter a cabeça no lugar para lidar com aquilo de forma madura.
– Jimin, você precisa apenas relaxar okay meu anjo? Eu sei que é desesperador perceber a falta desses exames! Mas você não saiu daqui de casa com a sacola certo? o exame deve ter se perdido pela casa, você sabe quantos papéis estão jogados por aqui! - riu fraca.
– Eu tenho medo. - ele respondeu.
– Eu também tive.
– E como o curou?
– Eu encontrei alguém especial.
– E isso foi o suficiente?
– Você vai descobrir apenas se ir até lá, e o enfrentar.
– Omma...
– Eu confio em você meu anjo, você é forte.
– Mas e se ele... desistir depois?
– Então significa que não é ele, e tudo bem jimin.... lembre-se do que eu te disse. - jin se pronunciou finalmente.
– Você nunca vai saber se não arriscar.
Seus braços envolveram a mulher e o homem num enlace gostoso e reconfortante que fizeram um pouco de si se acalmar, e para que tudo ficasse bem por completo jimin já sabia que só precisava de mais uma coisa naquele fim de tarde.
Não disse nada quando passou pela porta com seus coração calmo e latejante, ignorando o olhar de um homem que passava com um cachorro sobre si.
Viu jungkook andando desanimado com seus ombros caídos na direção do próprio gramado, e correu o mais rápido que sua fragilidade o permitia para que pudesse o encarar de uma vez por todas e fazer aquilo que ele não só queria, mas necessitava.
– Jungkook! Espera!
O moreno se virou um pouco surpreso por ver jimin indo até si com um sorriso largo, aquele sim parecia ser sincero e fez jungkook se perguntar o motivo de tal semblante sorridente.
Jimin parou bem à frente do corpo visivelmente mais alto do moreno com seu sorriso marcante e seus olhos fixados nas orbes marejadas do garoto.
– Eu esqueci de fazer uma coisa. - disse ofegante.
– O que é?
Com seus pés bem erguidos para que pudesse alcançar seu desejo, jimin não perdeu tempo e um beijo calmo, desesperado e apaixonado foi instalado ali com todo o amor que jimin mal sabia que existia dentro de seu coração agora pouco rancoroso.
E depois que os garotos se olharam fixamente a certeza veio como um baque forte e não restou muita coisa a ser dita.
Um pouco daquela dor que havia em ambos os garotos foi embora como folhas vão embora devido a ventania forte. A ventania era o amor de jungkook, e as folhas a insegurança que habitava jimin.
– Jungkook....
– Sim? - apertou jimin contra si, torcendo muito para que fosse o que estava esperando.
– Eu te amo.
Jungkook abriu o que julgava ser o maior sorriso que ja havia dado em toda sua vida.
– O que você disse? - continuava sorrindo encarando o sorriso de seu garoto.
– Eu disse que eu te amo. - jimin repetiu, parecendo ainda mais convicto de seu sentimento.
– Pode repetir? - perguntou o mais novo.
Jimin estapeou seu peitoral rindo com aquela risada aguda e gostosa. – Você não vai me responder?
– Achei que fosse óbvio! - se defendeu.
– O que era tão óbvio assim?
– Que eu te amo.
Seus olhos carregavam lagrimazinhas que só denunciavam a felicidade que ambos os garotos sentiam por terem um ao outro para que, dessa vez, pudessem se amar sem medo.
Jungkook não se imaginava amando tanto outro garoto de tal maneira.
Jimin não se imaginava amando tanto qualquer pessoa que fosse.
Mas ali estavam os dois, no meio da rua, com aquele por do sol que carregava também uma ventania gelada, expondo o que sentiam com toda a sinceridade do mundo.
– Você acha que ele vai dizer? - seokjin perguntou a senhora park que junto de si assistia aquela cena de dar água nos olhos.
– Ele é mole demais. - ela disse sorrindo enquanto se aconchegava no abraço de seokjin. – E é por isso que ele dirá.
– Jimin. - chamou pelo loiro que sorria abobado.
– Sim?
– Eu posso te pedir uma coisa?
– Você quer que eu repita que eu te amo?
Jungkook riu. – Sim, mas só depois de me responder uma coisa.
– Pode dizer.
– Você aceita ser meu namorado?
Os olhos de jimin se abriram enormemente enquanto milhões e milhões de coisas turbinavam em sua cabeça.
Ele jurava que demoraria muito mais tempo para pensar, mas era como se a certeza estivesse ali desde sempre.
– Sim Jungkook. - disse em meio um sorriso enorme que era contornado pelas lágrimas que desciam vindas de seus olhos marejados. – Eu aceito ser seu namorado.
Jungkook havia prometido a si mesmo que não choraria mesmo ja sabendo que era impossível não se emocionar com o seu sentimento de amor verdadeiro vindo finalmente à tona.
Naquele final de tarde muita coisa aconteceu.
Enquanto a senhora Park e seokjin aplaudiam aquele beijo apaixonado que os dois garotos davam, um avião pousava com um garoto sorridente e bem ansioso para que muitos de seus sonhos fossem realizados, e tudo isso no mesmo momento em que preso numa árvore, um papel foi encontrado.
E o que realmente era novidade?
Jimin e Jungkook eram oficialmente namorados.
Taehyung havia finalmente chegado a Seoul.
Um papel importante havia sido entregue em mãos nem tão limpas assim.
E a data de um casamento pode se tornar alvo de grandes desejos.
Desejos que, nem sempre deleitam a todos.
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to viva e provei com essa atualização que eu espero muito que tenha valido a pena pelo tanto de tempo que fiquei sem postar aqui.
não prometo que volto rápido, mas prometo que volto.
obrigado pelos 60k amo vocês <3