Transformados pelo amor (Livr...

By KaSchuery

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EM REVISÃO!!! LIVRO COMPLETO!!! PLÁGIO É CRIME! É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio o... More

Transformados pelo amor
Capítulo 1: O acidente (Liz)
Capítulo 2: Mudanças (Liz)
Capítulo 3: Caindo na real (Rafael)
Bônus Vítor
Capítulo 4: O reencontro - Parte 1
Capítulo 5: O reencontro - Parte 2
Capítulo 6: O primeiro encontro
Capítulo 7: Aceita!?
Capítulo 8: O dia do aniversário (Rafael)
Capítulo 9: O presente de aniversário (Liz)
Bônus Rafael
Capítulo 10: O melhor presente de aniversário (Rafael)
Capítulo 11: O dia seguinte (Liz)
Capítulo 13: Sempre foi assim
Capítulo 14: O dia anterior à viagem
Capítulo 15: Férias perfeitas!?
Bônus Vítor 2
Capítulo 16: Abrindo o coração
Capítulo 16: POV Rafael
Capítulo 17: Festa Blackout Neon
Capítulo 18: Te amo simplesmente porque te amo!
Capítulo 19: O primeiro presente de Natal
Capítulo 20: Natal
Bônus Periguete do Vítor, Bá e Dito
Capítulo 21: Beija eu
Bônus Primeiro Mesversário de Namoro
Capítulo 22: Penúltima festa das férias
Bônus
Capítulo 23: Feliz Ano Novo!
Capítulo 23: POV Liz
Capítulo 24: De volta à rotina (Rafael)
Capítulo 25 (Parte 1): A conversa
Capítulo 25 (Parte 2): A reconciliação
Capítulo 26: A primeira despedida (Liz)
Capítulo 27: A carta (Rafael)
Book Trailer, esclarecimentos, enquete, "desafio"... NÃO É CAPÍTULO NOVO!
Explicando a fofurice literária da Liz
Capítulo 28 (Parte 1)...
Capítulo 28 (parte 2)
Capítulo 29: As buscas
Capítulo 30: O resgate (Rafael)
Bônus Vítor 3
Capítulo 31: Revelação
COMUNICADO!!!!
Bônus Liz
Capítulo 32...
Bônus Liz (Resgate)
NÃO É CAPÍTULO, É ENQUETE PARA O CAPÍTULO
Capítulo 33: Reencontro Liz, Cla e Biel
Bônus bandido
Capítulo 34: Quem são eles? (Rafael)
Bônus Clarissa e Vítor
Capítulo 35... Parte 1! (Liz)
Capítulo 35... Parte 2... Fim de mais um ciclo.
Capítulo 36 (Parte 1)
Capítulo 36 (Parte 2)
Bônus Bá e George
Bônus Clá e Vítor 2
Capítulo 37
Bônus Rico e Alice
Capítulo 38 - O poder do perdão (Liz)
Capítulo 39 (Liz e Rafa)
Bônus Bá e George: O amor não sabe esperar
Bônus Rico e Alice 2
Capítulo 40
NÃO É CAPÍTULO! URGENTE!
Capítulo 41 - O pedido (Rafael)
Cap 41 - POV Liz
FELIZ ANO NOVO
Capítulo 42: Depois do pedido... (LIZ)
Capítulo 43 - Rafael e Otto
Capítulo 44...
Capítulo 45
Capítulo 46...
Bônus Clarissa e Vítor
Capítulo FINAL - Parte 1
FINAL
AGRADECIMENTOS - NÃO É EPÍLOGO!!!
Sempre ao seu lado
Primeiro capítulo de Sempre ao Seu Lado
Para matar a saudade...
Bônus do nascimento dos gêmeos

Capítulo 12: O dia seguinte (Rafael)

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By KaSchuery

- CARALHO! QUE PORRA É ESSA? – Gritei enquanto a Liz chorava desesperadamente. Eu sei que o meu papel seria buscar o autocontrole e tentar amenizar a situação, mas eu também estava em pânico.

Só alguém muito desgraçado para fazer algo de tanto mau gosto.

Encarávamos aquele objeto que nos remetia a um passado não muito distante e que poderia ter me levado à morte. Eu sabia que ela também se questionava que merda era aquela, mas apenas respirávamos pesadamente, sem conseguir verbalizar.

O presente de grego era um boneco Rafael “El Toro”, do UFC. Não que eu não me sentisse honrado por ser um astro do MMA e ter uma coleção para chamar de minha, mas alguém usou minha própria imagem contra mim. Foi feito um “vodu” meu, que retratava exatamente a minha situação na UTI depois do acidente. A miniatura estava coberta por mini faixas e curativos em todos os locais que eu havia machucado. Não que eu me lembre ou tenha me visto no espelho, isso é óbvio, mas também não é necessário ser muito inteligente para fazer essa conexão.

Voltei meu olhar para Liz, que esteve lá comigo, que acompanhou de perto a fase mais crítica, e vi a dor que ela estava sentindo ao ter que reviver aquele momento traumático.

Engoli várias vezes, para ver se o caroço que estava entalado na minha garganta descia, e percebi que minha menina se contorcia de tanto chorar.

Muito nervosa, tentou balbuciar alguma coisa que não consegui entender e apontou para outros detalhes que, devido à raiva que me cegava, tinha deixado de ver.

Quem poderia ter feito uma porra dessas? Isso é coisa de profissional, um amador nunca conseguiria fazer isso! Era algo tão perfeito e retrava com tanta riqueza de detalhes o que eu havia passado que estava me causando náuseas. Parecia que eu tinha recebido um golpe baixo durante a luta e estava no chão, urrando de dor e hiperventilando.

Ao olhar mais minuciosamente, reparei que o boneco havia sido pintado de roxo em alguns locais nos quais, à época, eu provavelmente tinha hematomas. A caricatura também tinha desenhos que simbolizavam os cortes - com linhas cruzadas e pontos - mas o mais intrigante, na realidade, era a existência de uma atadura no peito, porque eu não tive qualquer lesão na região torácica.

PUTA QUE PARIU, com certeza tiraram uma foto minha no hospital. Quem teria feito isso? A troco de que? De dinheiro? Até que ponto vão a ganância e a falta de caráter?

Transtornado pelo ódio, comecei a desenrolar a faixa e me deparei com algo ainda mais macabro: havia um coração solto, como se tivesse sido arrancado e um buraco no peito do boneco. Dentro dessa abertura, que estava coberta por tinta vermelha assim como o coração, havia um bilhete.

Abri descoordenadamente o pedaço de papel e li:

“Há mais de uma forma de desestabilizar um homem”.

- NÃOOOO!!! – Gritou Liz. Eu nem percebi que ela lia o conteúdo da mensagem comigo.

Permaneci mais alguns momentos em silêncio. Nunca fui violento fora do octógono, mas naquele momento eu não responderia por mim se eu me deparasse com o responsável por aquilo. Eu o aniquilaria sem piedade.

Minha linda poderia ficar ainda mais em pânico se imaginasse o turbilhão que meu peito e meu cérebro estavam. Eu não sabia o que pensar, como agir, mas como o homem da relação eu precisava fazer alguma coisa.

- Isso não pode ser verdade, meu Deus! – Soluçava horrorizada, balançando a cabeça em negação.

Aninhei meu amor no peito e a consolei, deixando aquele pedaço de maldade de lado, pelo menos por um tempo.

Nenhum de nós proferiu uma única palavra. Eu só sentia os espasmos dela sacudirem meu corpo violentamente. Ela estava sofrendo por minha causa e essa era uma dor muito maior para mim. Meu coração também parecia estar em “trocação” – que no MMA significa atingir o oponente com golpes de contundência como socos, chutes, cotoveladas, joelhadas e cabeçadas – tamanha a força com a qual ele batia.

Eu estava puto, muito irado. Precisava dar muitas porradas para extravasar todo esse estresse acumulado. A melhor opção seria bater num saco, porque eu poderia machucar um inocente no meu atual estado de espírito.

Quem era esse ser sem mãe que estava fazendo isso? Eu gostaria de acreditar que era uma piada desprovida de graça, mas era algo muito mais sério que isso.

O pior era que a ameaça não era apenas a minha integridade física e emocional. Primeiro tentaram destruir meu corpo, minha caraça, agora querem destruir meu coração, minha nova motivação a viver, meu novo eu.

Meu Deus! Eu nunca, nem em meus piores pesadelos, imaginei que meu acidente pudesse ter sido provocado, mas agora não penso em nada diferente disso. Era a uma mensagem muito mais que explícita.

Como eu cultivei tanto ódio? Em que etapa da minha vida eu fui tão filho da puta para merecer isso?

Eram tantas questões que eu não consegui amarrá-las, muitas questões sem nexo ou muitos fios desconectados.

- ARGHNNNN!... – Soltei um grito estrangulado, fazendo minha linda pular de susto com meu rompante de desespero.

- A... amor? – Fungou tentando soar calma.

- Desculpa! Perdão! – Disse me enterrando no pescoço dela, me embriagando e acalmando com o cheiro natural dela.

- P.. por que você está se desculpando? – Gaguejou assustada.

- Eu te expus, amor! Eu expus todos que amo! – Sacudi a cabeça e explodi, chorando como um bebezão.

- Shiiii! Rafa... Rafa... Olha pra mim!

Ergui meus olhos e encontrei os que espelhavam minha alma. Eu vi dor, raiva, medo, mas apesar de tudo vi amor, muito amor, carinho, compreensão, esperança e fé.

- Nunca mais ouse falar isso. Estamos e estaremos sempre juntos, lindo! – Dizia pausadamente e secava meu rosto.

Senti sua mãozinha delicada me acariciando, me acalmando e balancei a cabeça concordando com o que ela tinha falado.

- Eu não sou tão tapada quanto pareço, garanhão! Eu, infelizmente, também entendi tudo. – Disse com um sorriso torto, nervoso e sem graça.

- Nunca duvidei disso! Estou me sentindo impotente, sem saber o que fazer. – Minha voz saiu baixa, trêmula e derrotada.

Ela se afastou, levantou e saiu, me deixando sem entender. Eu estava tão esgotado, tinha minhas energias tão drenadas, que continuei prostrado no chão, com a cabeça apoiada nos braços cruzados, que se escoravam nos joelhos erguidos.

Ao ouvir que retornava, tentei me aprumar rapidamente. Ela precisava de um homem ao lado dela, não um franguinho.

- Ligue para os seguranças. – Disse me entregando o celular. Seus olhos estavam tristes, ela estava muito abatida, no entanto sua voz estava mais firme e determinada.

Liz não cansa de me surpreender. Ela é meu porto seguro. Enquanto eu nem conseguia raciocinar, ela ponderou e decidiu pelo melhor, como sempre. Ela estava fazendo o meu papel, mas foda-se, que bom que tinha feito. Eu não estava em condições de sentir vergonha no momento.

- Vamos nos arrumar primeiro, ok? – Levantei, entrelacei meus dedos aos dela e fomos para o quarto. Estava mais recomposto, graças a ela.

Comecei a recolher minhas roupas que pareciam ter saído da boca de um boi. Olhei com confusão para aquele emaranhado, pensando na forma de vestir aquilo, quando ela me chamou e apontou para o armário.

Tentei lançar-lhe um olhar divertido e questionador, para amenizar o palpável clima pesado, e fui até lá.

- Liz, Liz. O que eu faço com você, hein? – Balancei a cabeça e tentei sorrir em agradecimento, surpreso por encontrar uma calça jeans, uma camisa pólo, uma cueca boxer, meias e calçados novos. Estava tudo impecavelmente organizado.

- Por quê? Não gostou? – Aproximou-se para pegar sua roupa que estava ao lado da minha.

- Quando eu penso que você é perfeita, você se supera! – Circulei a cintura dela beijando o topo de sua cabeça.

- Eu posso me acostumar a ouvir isso toda hora! – Jogou os braços em volta do meu pescoço e afundou o nariz no meu peito.

- Será uma constante! Aceite, minha vida!

Acabamos de nos arrumar e porra se ela não estava linda! A roupa que ela escolheu para mim também caiu perfeitamente bem, já se tornou minha preferida. O clima pesado e eu todo bambi falando de roupinha preferida.

Graças a Deus que ela ao invés de me estressar, me transmite paz e força.

Liguei para a recepção e autorizei a entrada do Maguila e do Betão que chegaram como um tsunami, menos de 5 minutos depois que telefonei para eles.

Despejei tudo o que aconteceu a eles, que lançaram olhares indecifráveis para o “vodu” e o bilhete. Pude perceber que, tanto quanto eu, demonstravam vontade de arrebentar a cara de quem estava metido nessa palhaçada, uma vez que estavam com as mãos fechadas, prontos para o ataque. Eles pegaram o objeto e o pedaço de papel com luvas descartáveis e colocaram em um plástico estéril – que estavam na pasta que um deles carregava.

Provavelmente vão mandar periciar e não querem deixar mais impressões digitais.

Eles nos fizeram inúmeras perguntas e as anotações pertinentes. Acertamos que ninguém além de nós e da equipe de segurança saberia o que estava acontecendo. Quanto menos gente envolvida, melhor. Além disso, o suspeito poderia estar mais próximo que imaginávamos. Era uma grande porcaria pensar que agora teríamos que viver pisando em ovos, mas paciência.

Eles se despediram, levando o jornal. Disseram que nos esperariam no saguão em uma hora.

Liz e eu decidimos que teríamos que forjar ciúmes e simular crises. A intenção é convencer o ser bizarro, quem quer que ele seja, que está conseguindo alcançar o objetivo. Vai doer muito, mas vamos ter que fingir que nosso relacionamento está abalado, quando a situação assim exigir. Ratificamos que não envolveremos ninguém nessa loucura. Os únicos a mentirem seremos nós, assim teoricamente fica mais fácil. Além disso, serão menos pessoas estressadas e preocupadas e não correremos o risco de nos abrir a alguém que poder estar ligado a esse absurdo.

Liz saiu do banheiro com uns pedaços de algodão molhados e depois os colocou nos olhos. Perguntou se eu também queria. Como eu achei muito estranho e não sabia para que servia, fiquei na minha. Só balancei a cabeça para a direita e para esquerda.

Depois de uma noite perfeita com MINHA MULHER e do maior estresse do nosso relacionamento até então, resolvemos, a contragosto, “voltar à vida real”. Liz mexia no celular com uma carinha melhor. Certamente está falando com o Vítor. Enquanto eu acabava de organizar as malas e ela estava com o algodão nos olhos – eu já tinha visto em filmes as mulheres com pepino nos olhos, talvez o algodão fizesse o mesmo efeito - já havia checado meu aparelho.

Estava ansioso para rever “os meus” com tranqüilidade e matar a saudade. Era óbvio que estava tenso, mas combinamos tentar transparecer tranqüilidade. Como ela mesma disse, teve que fazer uma “plástica” com a maquiagem, para não parecer que havia chorado tanto. Além disso, disse que havia colocado compressa fria, para minimizar o inchaço. Ah! Era isso!

Pena que nossa alma estava devastada com essa situação tão surreal que não dava nem para mascarar.

Após fazermos o check-out, pedi informações sobre minha família, mas Liz me interrompeu, pedindo desculpas.

Não entendi no momento, mas ao me virar, me deparei com quase todos vindo sorridentes em nossa direção. Percebi meu anjo ficar apetitosamente corada, certamente por termos sido pegos no flagra deixando o hotel juntos, com malas e bolsa de mão.

- Maninho! Você está lindo com essa roupa! – Ella estalou um beijo na minha bochecha enquanto me abraçava.

- Foi tudo obra da sua cunhada! – Sussurrei e olhei por cima dos ombros dela, encontrando Liz radiante, com Lorenzo e Nina agarrados a ela, enquanto conversa com meus pais e meu cunhado.

- Eu fico tão feliz que você tenha encontrado seu anjo, Rafa! Eu realmente não morri sem ver você nocauteado por uma mulher. – Disse às gargalhadas.

- Eu a amo, maninha! Nunca fui tão completo.

- Você nem precisa dizer. Basta olhar sua cara de babão. – Zombou.

Rompemos o abraço e caminhamos de mãos dadas em direção aos outros. Cumprimentei a todos e fiquei abraçado a minha mãe.

Ouvi um celular tocar e Liz se afastou momentaneamente para atendê-lo. Enquanto isso, alguns fãs se aproximaram pedindo fotos e autógrafos e foram prontamente atendidos.

Busquei-a com os olhos e percebi um Mané sem noção comendo meu anjo com os olhos. A família inteira me encarou divertida quando fui até ela, que já se virava, sem se dar conta de nada daquilo. Tomei-a em um beijo cinematográfico para o babaca saber que ela já tem dono. Eu sei que isso soa muito neandertal, mas foda-se, eu não ia aturar isso. Hoje eu já estou estressado demais para ainda ter que conviver com mais um idiota.

- Woaaaaa! - Gritou Murilo que recebeu um tapa da Antonella e foi repreendido pelo escândalo que fez.

- Vamos! – Ela nos chamou gentilmente, não antes de dizer entredentes que depois eu teria que me explicar a ela o que tinha acontecido.

Abaixei a cabeça e pensei no show que demos - OK, que eu dei - sem contar nos inúmeros celulares e câmeras que vi apontados para nós. O ogro a expôs de novo, paciência. Pelo menos coloquei aquele imbecil no lugar dele. Aliás, antes um beijo que uma porrada. Do jeito que eu estava o cara corria risco de morte.

- Afinal, como e pra onde vamos mesmo? – Lembrei de perguntar enquanto era rebocado com a maior cara de mau e explicava minha "ceninha" como ela disse.

- Uma coisa de cada vez, tourão!

- Como é que é? – Perguntei descrente no que havia ouvido.

- Você é meu tourão, não é? – Piscou rindo.

***

Eu não posso negar. Ela é foda. Tínhamos uma reserva na minha churrascaria preferida – lembro de um dia ter comentado por alto isso com ela.

Os seguranças nos esperavam na entrada do hotel, ao lado do meu carro e do dela – que alguém deve ter trazido em algum momento. Também percebi que já não eram dois seguranças, mas uma equipe. Nunca pensei que fossem tão rápidos, mas fiquei aliviado e impressionado com a agilidade e eficiência.

Fomos no carro da Liz com as crianças. Primeiro porque eles não queriam largá-la e depois, porque ela já tinha comprado e adaptado um assento para o marrentinho.

Chegamos ao restaurante e mais uma surpresa para mim! Bá, George e nossa turma estavam lá. Foi mais uma festa! Agradeci mentalmente porque íamos nos distrair um pouco.

Aproximei-me do Rico e vi que conversava animadamente com a Alice. Acho que ali tem!

Foi mais um dia maravilhoso. As meninas puxaram a Liz para um canto e eu nem preciso me esforçar muito para saber o que queriam saber. Eu e os caras formamos nossa panelinha e meus pais, Bá e George também conversavam animadamente. Binha estava um pouco mais relaxada. As crianças estavam na área de lazer, devidamente monitoradas.

Comemos, conversamos e nos divertimos, como sempre. Foi ótimo para espairecer.

Em um determinado momento, Liz se aproximou de mim e pediu a atenção de todos. Eu a abracei enquanto ela disse:

- Como vamos embora daqui a pouco, só quero confirmar... todos já estão com as malas prontas?

A galera foi literalmente à loucura enquanto eu os encarava com cara de paisagem, me sentindo um trouxa de novo. Porra se isso não estava se tornando uma constante.

Olhei para ela interrogativamente que, saltitante, plantou um beijo casto em meus lábios e respondeu:

- Vamos à la playa, mozão! Passaremos o Natal e o Reveillon lá!

- Mas e seus estudos!? – Perguntei preocupado, ainda tentando processar as informações, já pensando em nossa segurança.

- Não se preocupe! Está tudo sob controle! – Sussurrou que teríamos que manter o planejamento para que ninguém desconfiasse de nada e roçou os lábios no meu ouvido, me deixando duro como uma rocha! Essa mulher vai me enlouquecer.

- Aham... alguém pigarreou, fazendo todo mundo rir.

- Acabou a DR!? – Outro engraçadinho gritou.

- Isso tudo é inveja? – Respondi e olhei para minha feiticeira que já estava roxa de vergonha.

Meu pai, curiosa e felizmente ergueu o copo e propôs um brinde:

- A você, à sua recuperação e ao seu encontro com minha nora! – Falou com aquele sotaque arrastado, semelhante ao das crianças e o do Murilo. Os únicos que falamos praticamente sem sotoque somos eu, Rico, Ella e mamãe.

As crianças também estavam com os copos erguidos, achando aquilo o máximo.

- À família! – Completou Rico.

- À amizade! – Empolgou-se Vítor.

- Aos reencontros! – Propôs George com um sorriso gigante, que não entendi, mas gostei.

Esperei para ver se mais alguém se pronunciaria. Como ninguém mais o fez, resolvi fazer o meu brinde:

- A mim, que sou um filho da mãe sortudo por ter a melhor família, os melhores amigos e a namorada mais perfeita do mundo!

Busquei o olhar dela e sofri um baque. Havia um encantamento e uma emoção tão latentes que quase esqueci tudo o que ia dizer.

- Eu sou o homem mais feliz do mundo! E PORRA, podem me chamar de maricas, maricón, fag ou o que quer que seja, na língua que seja, mas eu amo todos vocês! – Desabafei e me abri de uma forma que nunca havia conseguido fazer.

Todos irromperam em palmas, muitos estavam com os olhos marejados. Novamente pensei que nunca havia sido tão feliz na vida e que aquela merda de ameaça não ia me tirar isso.

- Titio!

- Titio!

- Oi, meus amores! – Voltei meu olhar para eles.

- Você vai ter que dar dinheiro pra gente colocar no cofrinho! Você falou coisa feia! – Falaram Lorenzo e Nina em uníssono e foi o suficiente para continuar nossa algazarra.

Abri a carteira, dei uma nota para cada um e pedi desculpas por ter falado palavrões.

Abracei meu amor, agradeci novamente por tudo que tem feito e disse que a amava absurdamente.

- Absurdo seria se eu não te amasse, Rafa, meu garanhão!

***

- Amor! – Liz me chamou assim que acabou de se despedir do restante da galera.

- Fala, minha linda!

- Quero te fazer um convite!

- Já aceitei! – Eu nem me importei com o que seria, só sabia que naquele momento eu precisava ficar com ela, independente de onde. Que porra de namorado meloso e dependente eu me tornei, hein!?

- Nossa! Você é sempre tão fácil assim, tourão? – Disse dengosa.

- Só com quem merece!

- Ownnnn que...

- Nem pense em continuar e me chamar de fofo! – Cortei e ela sorriu, mas infelizmente o sorriso não chegou aos olhos dela.

- Vamos! – Chamei.

- Então toca para o hotel, motorista! – Tentou descontrair, levando as crianças à loucura.

 - OK! Sim, senhora! – Bati continência para ela, que esboçou um sorriso enquanto Nina e Lorenzo não se aguentavam, achando tudo muito engraçado. Ah, crianças! Vê-los assim conosco me fez sentir tão bem que tive vontade de ter filhos também. E agora não vou nem me auto-recriminar por pensar nisso. É a mais genuína verdade.

***

Depois de deixarmos as crianças no hotel, passarmos no meu apartamento e no da Liz, seguimos para o último compromisso do dia. E que dia!

Estávamos com uma parte da segurança que também ficou dividida entre nossas casas e o hotel. Não pouparei esforços, grana ou qualquer outra coisa que seja necessária para manter “os meus” e isso inclui, obviamente, além da minha família, Liz, Lolla, Vítor e Bá.

Pela primeira vez no dia eu me senti leve e em paz. Foi uma celebração linda em ação de graças pelo meu aniversário. Quando chegamos à igreja, ela me deixou um tempo sozinho e foi conversar com o responsável para colocar meu nome e fazer o que mais tinha que ser feito lá. Desculpem-me pela ignorância, mas não sou ciente dos processos.

Confesso que nunca fui de frequentar igrejas, centros ou templos. Não por não acreditar em Deus, mas eu nunca o tratei como prioridade e só agora percebo isso.

Hoje, com a ferida sangrando, tudo o que ouvi parecia estar sendo dito e direcionado para mim, como se não houvesse mais ninguém naquele momento. Chorei silenciosamente, como se lavasse minha alma.

Ao fim, esperamos o padre na sacristia. Foi o nome que ela deu ao lugar, estou só repetindo. Não sabia o que faríamos, mas não me senti mal, muito pelo contrário, naquele lugar eu vi luz e esperança.

Quando o padre se aproximou, Liz o abraçou timidamente. Ele deu um beijo na testa dela enquanto ela pedia que ele a abençoasse. Fomos devidamente apresentados e ele solicitou que nos assentássemos.

Foi uma conversa sincera e muito séria. Liz, que o conhece há anos, contou tudo o que aconteceu recentemente. Explicou-me que ele já conhecia nossa história e disse que já foi consolada pelo Padre José Maria muitas vezes. É claro que ela o poupou e nos poupou do constrangimento dos detalhes sórdidos, afinal não estávamos nos confessando e nossa vida sexual não era o foco. E eu pecando pensando em sexo dentro da igreja.

Ele conversou e rezou muito conosco. Ao final, nos deu uma bênção que foi muito, como posso dizer, libertadora. Sim, essa era a sensação.

Não estou fazendo apologia a qualquer religião, só sei que me encontrei naquele momento. Ali, senti que tínhamos excluído alguém muito importante dos nossos planos... nosso Pai, como fazemos tantas vezes.

***

Seguimos para o carro em silêncio, de mãos dadas, escoltados por Maguila e Betão.

O trajeto da igreja à casa dela era muito curto e o percorremos em um confortável silêncio. Entramos no condomínio e eu já estava com saudade sem ao menos tê-la deixado. Encostei o carro no meu lugar de sempre e me lembrei de uma música que sempre quis ouvir com ela.

- Obrigado por tudo! – Rompi o silêncio.

- Você não tem porque agradecer, eu já te expliquei, amor. – Respondeu fazendo beicinho.

- Que Deus te abençoe, Liz! – Falei emocionado.

- Que Ele nos abençoe, Rafa! – Resfolegou com lágrimas nos olhos. - Ele sempre estará conosco! 

Eu também estava no limite da minha sanidade hoje, parecia ter um reservatório de lágrimas gigante, assim como o dela.

Para quebrar o clima tenso e impedir que ela chorasse, fiz uma proposta que sabia que a divertiria.

- Dança comigo? – Pedi.

- Dançar com você? Onde, meu amor? – Deu um meio sorriso.

Coloquei a música no ponto, enquanto ela me olhava atentamente. Desatei meu cinto e desci do carro. Dei a volta, abri a porta dela e a ajudei peguei no colo. Deixei-a momentaneamente sozinha, voltei parte do corpo para dentro do carro novamente e “soltei o som”.

- Você é louco! – Sussurrou surpresa quando começamos a dançar.

Não respondi porque Djavan já falava por mim:

Um Amor Puro

O que há dentro do meu coração

Eu tenho guardado pra te dar

E todas as horas que o tempo

Tem pra me conceder

São tuas até morrer

Meu anjo já ria e chorava de novo.



E a tua história, eu não sei

Mas me diga só o que for bom

 - Só o que for bom. – Ecoei e ela olhou-me ternamente.

Um amor tão puro que ainda nem sabe

A força que tem

É teu e de mais ninguém

- De mais ninguém! – Falamos juntos e sorrimos um para o outro.


Te adoro em tudo, tudo, tudo

Quero mais que tudo, tudo, tudo

Te amar sem limites

Viver uma grande estória

Estávamos nos olhando fixamente, o que dispensava palavras, já que nossos olhos falavam por nós. Éramos nós  - e Deus - contra o mal! O tudo de um junto e misturado ao tudo do outro!



Aqui ou noutro lugar

Que pode ser feio ou bonito

Se nós estivermos juntos

Haverá um céu azul

Nesse momento essa é a nossa única certeza: independente do lugar, juntos sempre seremos mais fortes e enfrentaremos o que tiver que ser encarado.

E com a certeza desse amor e de que nada será fácil, vamos nos preparar para a luta, que pelo visto está apenas começando.

Espero que tenham gostado!!!

Aguardo o retorno... ansiosamente!!!

Tenham lindos e abençoados dias!!! Obrigada por TUDO!! Vocês são diferenciados!!!

Até sexta-feira!!!

Beijos - em especial a todas super poderosas ;)

 

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