Capítulo 4: O reencontro - Parte 1

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RAFAEL

DIAS ATUAIS

Estou muito bem agora. Finalmente consegui largar as malditas, ou melhor, as benditas muletas dias atrás. Tenho tentado ser mais positivista/otimista e ser mais grato a Deus, algo que nunca fiz.

Infelizmente, minha mãe não ficou muito tempo depois que voltei para casa. Meu velho já estava tenso por estar longe dela e ela vivia “entre a cruz e a espada”. Eu já estava plenamente adaptado a minha nova rotina e ao tratamento quando a “liberei”. Percebi que apesar de estar preocupada comigo, ela precisava voltar para a vida dela e cuidar do meu pai, da casa deles e da nossa família. Era necessário eu parar de pensar só em mim, não podia ser tão egoísta. Ela quase desabou de alívio ao ouvir minhas palavras: os ombros relaxaram e o olhar ficou ainda mais suave, quase sem pés de galinha - ainda penso naquele transplante, eu juro que alguém mexeu na minha cabeça. Desde quando eu comecei a reparar em rugas de expressão?

Esses últimos meses foram extenuantes, mas gratificantes. Segui cada vírgula que foi determinada pela equipe multidisciplinar e valeu a pena. Não precisei me submeter a qualquer outra cirurgia, nem mesmo reparadora, como pensaram que pudesse ser necessária.

Sei que tudo só deu tão certo porque o atendimento inicial foi de excelência e, meses atrás, fiz uma generosa doação para a universidade - e solicitei que fosse revertida ao pronto-socorro - em agradecimento a tudo o que fizeram por mim. Era o mínimo que eu poderia fazer e assim sei que ajudaria a salvar a vida de outros pacientes tanto com a melhora da estrutura física quanto com a aquisição de novos equipamentos.

Há alguns dias, recebi um convite para as solenidades de formatura de uma das turmas de medicina da universidade, inclusive para o baile. O reitor entrou em contato para me entregá-lo, fez questão de fazê-lo pessoalmente. Naquela oportunidade, ele disse que eu teria uma mesa ao lado da dele e que seria homenageado pela doação que fiz à instituição. Confirmei minha presença, mas pedi que minha doação fosse mantida em sigilo. Ele acatou minha decisão e perguntou, então, se eu poderia participar da homenagem aos alunos que se destacaram no curso. Senti-me muito honrado e aceitei o convite.

Como eu não tinha saído desde o acidente, apesar da insistência dos caras, resolvi convidá-los, já que tinha 6 convites. A data, felizmente, coincidirá com a vinda do Rico. Sendo assim, minha mesa ficará completa já que além de nós, irão Otto, Ethan, John e George. O último é meu empresário e os outros dois são amigos americanos do MMA que estão treinando aqui no Brasil. A diversão com eles sempre é garantida e eu já comecei a ver isso com bons olhos. Com certeza, seremos uma das sensações da festa, uma vez que não temos como passar despercebidos: de boa aparência, altos e atléticos. Por favor, não completem com convencidos, apesar de sermos!

A única coisa que ainda me inquieta são os sonhos diários com meu anjo. Por vezes, acordo sobressaltado e puto por ter sido apenas mais um sonho. O pior é o tamanho da ereção com a qual acordo. Todos os dias, devido a isso, tenho que me levantar, ir para o banheiro, entrar no box, fechar meus olhos, imaginar a voz da anjinha e me masturbar como um adolescente.

Os caras ficaram preocupados com minha reclusão, porque sempre fui um pegador, e ofereceram trazer umas gostosas para eu “aliviar minha tensão”, mas eu recusei todas as vezes. Estou fugindo de problema, principalmente depois do que passei com a Ava.

Por falar nela, o Otto sempre fala que ela pergunta por mim, principalmente depois que soube da minha recuperação. Santa cara de pau!

Por que  será que ele tem contato com ela mesmo? Vai saber, né?

Anotação mental: se Ava aparecer pela direita, pegar a esquerda e sumir!

Agora que estou quase que completamente recuperado pretendo virar a cidade à procura do meu anjo. Preciso recuperar cada segundo perdido. Mas por onde começar?

Transformados pelo amor (Livro 1: Tinha que ser Você) -  disponível até 30/09Onde as histórias ganham vida. Descobre agora