Azul Profundo ( Livro 1 Série...

By PriscillaaFerreira

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ATENÇÃO! PLÁGIO É CRIME, Livro devidamente registrado junto a Biblioteca Nacional. Violar direito autoral: P... More

Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 20
Agradecimentos

Capítulo 19

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By PriscillaaFerreira


OI, SURPRESAAAAAAAAAAAAA!!!

Como fiquei muito feliz com todos os comentários e os votos nos capítulos anteriores, resolvi antecipar os capítulos de sexta-feira. Um beijo, dessa autora que se diverte com os comentários de vocês e faz questão de ler e responder a todos... <3


Liz

Quando disse a Cris que minha menstruação estava atrasada ela entrou em estado de surto. Passou quase duas horas no telefone me xingando. E ela tinha razão, Gustavo e eu nunca nos preocupamos com isso. Sempre foi algo tão natural que o assunto simplesmente nunca surgiu. Eu ainda não senti nenhuma anormalidade com meu corpo além do atraso da minha menstruação. Na verdade, não tive tempo de pensar racionalmente, meus dias e horas livres do trabalho foram completamente preenchidos por um moreno bonito, de sorriso fácil que está sempre me provocando. Fui inconsequente pela primeira vez na minha vida, um erro de principiante como esse não estaria acontecendo comigo se eu simplesmente não tivesse parado de racionalizar sobre as coisas. 

Mas, eu perco qualquer funcionalidade prática quando Gustavo está descansando aqueles olhos em mim. O pavor começa a se infiltrar nas minhas veias lentamente a cada vez que me pergunto, porque não me lembrei de algo tão sério? Resolvi não comentar nada com Gustavo, não quero assustá-lo nem deixá-lo preocupado em vão, ele anda muito ocupado com os treinos. O que já me deixa com o coração na boca, não gosto nem de imaginar ele se machucando em cima daquela moto. Pedi a manhã de hoje livre ao meu chefe para ir ao hospital aqui perto para fazer um exame de gravidez. Quando Gustavo me deixa na porta do trabalho, finjo entrar no prédio, e quando ele se afasta,volto pra rua e chamo um táxi. 

Não gosto de mentir pra ele, sinto como se estivesse o traindo, mas será melhor se eu lhe fizer uma surpresa com a novidade,estou tão apreensiva sobre sua reação que prefiro receber o que tiver de obter dele em casa. Nunca me imaginei grávida, não sei o que fazer com uma criança, mas só de saber que é um pedacinho meu e do Gustavo começo vagamente amar a ideia. 

Ontem passei a noite rolando na cama apenas o vendo dormir. Só imaginando como ele reagiria ao saber que iríamos ter um bebê. Quando chego ao hospital, me informo onde fazer o exame sanguíneo, aproveito e marco uma consulta com a ginecologista, porque se der negativo, preciso começar a tomar um contraceptivo pra não ter outro susto como esse. 

A recepcionista me indica a sala de espera e pede para eu aguardar ser chamada. Entro em uma saleta com algumas cadeiras de plástico, vou confessar que nunca gostei muito de hospitais, me deixam enjoada só de sentir o clima de perdas e despedidas misturado com o cheiro forte de desinfetante. Vejo uma cadeira vaga e sento-me, já que meus joelhos não param de tremer. Começo a girar o anel que está no meu dedo e a colocar a mecha imaginária de cabelo atrás da minha orelha como costumo fazer em nervosismo e ansiedade. Uma enfermeira surge e chama uma das mulheres que também está aguardando. Verifico a hora no celular são pouco mais das oito horas da manhã. Passam-se uns trinta minutos para a enfermeira ressurgir e chamar meu nome.

— Liz Maria Albuquerque. – ela chama olhando pras pessoas sentadas aguardando.

— Sou eu. – falo eme levanto indo com ela pra dentro da sala de exames. 

A enfermeira me indica uma cadeira reclinável acolchoada com um suporte para o braço para retirar o sangue. Sento-me e aguardo a picada. A moça muito habilidosa foi bem rápida, pediu para eu aguardar lá fora por uma hora para ter o resultado ainda hoje. Saio da sala e sento-me novamente. Balanço minhas pernas de tanta inquietação, um frio se aloja no meu estômago. Preciso sair daqui, continuar vendo as outras mulheres com o mesmo olhar apreensivo que o meu só está piorando, é muito difícil saber que em uma hora minha vida pode mudar completamente, levanto de supetão e vou procurar um café pra passar o tempo. 

Caminho entre os corredores movimentados do hospital e acho uma máquina de café, procuro uma nota na bolsa, coloco na máquina e aguardo. Pego o café quentinho, feliz por poder ingerir algo tão reconfortante como um café em um momento como esse, quando me viro vejo projetado a minha frente duas tochas castanhas olhando pra mim como se visse uma aparição.

Gustavo. 

Tenho um susto tão grande com ele ali na minha frente que deixo o café cair no chão fazendo uma enorme sujeira, respingando café por todo lado.

— Meu Deus Liz, você se queimou? O que você está fazendo aqui? Você está doente? – Gustavo pergunta aflito.

— O quê? Sim, quer dizer não. Eu é ... – faltam-me as palavras para explicar. 

— Eu acabei de deixar você no trabalho, o que você está fazendo aqui? – meu namorado coloca as mãos nos meus ombros me conferindo, puxa-me pra mais junto dele e me afasta do café derramado no chão.

— Gustavo, é ...eu não sei como te dizer. – uma bola se forma na minha garganta, e agora estou ainda mais nervosa.

— Vem, vamos sentar ali, você está pálida. – ele passa o braço pelos meus ombros me guiando com o jeito protetor de sempre. Pega minha mão e se dirige comigo até uns bancos no corredor. O vai e vem das pessoas continua, todas alheias a guerra interior que estou travando.

— Liz, você está passando mal? O que você está sentindo? – seus dedos vêm até meu rosto, e começam a alisar minha bochecha afetuosamente.

— Nada, eu só estou surpresa que você está aqui. – tento desconversar.

— O que você veio fazer aqui, Liz? – ele indaga.

— Eu vim me consultar, e ... – eu não podia mais mentir. Minhas mãos tremiam— Gustavo...

— Liz, o que está acontecendo? Você está me deixando nervoso. – vejo sua feição se transformar em desespero. Não posso mais prorrogar a verdade, nem continuar mentindo para única pessoa que não merece isso de mim.

— Eu vim fazer um teste de gravidez. – desembucho de uma vez, esperando a sua reação. Mesmo em uma situação desesperadora como essa não resisto em admirar como ele parece bem, vestido a jaqueta de couro que eu amo, camiseta e jeans gastos. Ele parece tão selvagem com todo o cabelo castanho bagunçado sobre a testa, seus olhos sempre amorosos agora estão arregalados, como se não estivesse entendido o que eu acabei de dizer. 

— Você o quê? - me pede pra repetir, e eu confirmo que realmente ele não compreendeu uma só palavra do que falei. 

— Estou atrasada e como não nos prevenimos como deveríamos eu estou na dúvida, mas pode não ser. Eu não queria te falar nada pra não te assustar antes da hora. – me explico.

— Liz, você pode estar esperando um filho? Meu? 

— E de quem mais seria Gustavo? – pergunto afetada com lágrimas nos olhos, de tensão e aflição.

— Ah, me desculpe,eu não quis dizer isso, eu só... Estou surpreso. – Gustavo levanta-se e se ajoelha na minha frente. — Liz, eu preciso dizer uma coisa... E não vejo melhor momento pra isso. Eu te amo minha flor. –pela primeira vez em todos esses meses ele escolhe justo o momento que me sinto mais vulnerável para finalmente confessar que me ama. E não haveria melhor momento pra isso. Precisava saber que sou amada, e eu amo-o tanto por isso, Gustavo sempre fala a coisa certa no momento certo.

— O que você disse? – pergunto a fim de confirmar, que não tenha entendido errado.

— Eu amo você Liz, independentemente do resultado. E se o exame realmente der positivo eu serei o homem mais feliz do mundo. – ele segura minhas bochechas com as mãos em conchas fazendo-me olhar dentro dos seus olhos.

— Ah! Meu Deus Gustavo,eu não esperava ouvir isso... Eu também te amo. Levanta desse chão. – puxo-o pelos ombros pra ficarmos em pé. Gustavo me abraça, eu soluço entre as lágrimas em seu peito, nós nos beijamos enquanto ele seca as lágrimas que escorrem pelas minhas bochechas. São lágrimas de felicidade.

— Eu te amo muito.– murmuro.— Isso é tudo que precisamos. – ele me tranquiliza.

Depois que nos acalmamos eu confiro a hora.

— Vem, acho que o resultado já está pronto. – guio-o pela mão até a sala de entrega de exames.Nos aproximamos da recepção e eu pergunto a atendente:

— Com licença, o resultado de Liz Maria Albuquerque já está pronto? A moça verifica no computador, imprime uma folha à dobra, coloca em um envelope de papel e me entrega. Minhas mãos não param de tremer, olho pra Gustavo que está me encarando com os olhos brilhando de ansiedade.

— Você quer abrir?- pergunto a ele acovardada em ler as palavras que podem decidir meu futuro pra sempre.

— Você não se importa? — Não, eu estou sem coragem. Nem consigo fazer com que minhas mãos parem de tremer.

— Tudo bem. – ele pega o envelope das minhas mãos e abre lentamente. Gustavo lê por alguns segundos e depois sorri o sorriso mais lindo que já vi na vida. Não sei se de alívio por ter dado negativo ou de felicidade por ter dado positivo.

— E então? - pergunto ansiosa, nesse momento queria ter sua técnica em leitura corporal para saber oque ele está sentindo.

— Nós vamos ter um bebê! – Gustavo fala exultante, ele me levanta e me gira no meio da recepção, todas as pessoas que passam olham para agente como se fossemos loucos. Eu rio do que eu acho que é felicidade.

— Gustavo, me coloca no chão. Estou ficando enjoada. – grito ainda rindo e com lágrimas no rosto. Ele põe-me no chão ainda sorrindo pra mim. Gustavo salpica beijos pelo meu rosto.

 Estou tão confusa, não sei o que pensar, nunca me imaginei mãe de uma criança, sendo responsável pela vida de outra pessoa, às vezes nem eu sei cuidar de mim mesma. Sempre evitei me tornar uma mulher como minha mãe, será que serei assim com essa criança?

 Que irresponsável eu fui, em deixar isso acontecer. No que eu fui me meter?

— Liz? - Gustavo me chama me tirando dos meus pensamentos.

— Eu não posso fazer isso Gustavo. – falo chorando, só que agora de medo. Eu sou uma confusão.

— Ei, venha cá. – ele me abraça e beija a minha cabeça — Claro que podemos fazer isso, você não está sozinha Liz, eu sou pai dessa criança também. Nós vamos lidar com isso juntos, ok?

— E se eu for como ela, Gustavo?— Liz, nunca mais diga isso! Está me ouvindo? Você será uma mãe incrível para essa criança, você é uma pessoal maravilhosa minha flor. Pare de se achar inferior, você é uma pessoa incrível e vai ser uma mãe incrível também. 

— Eu não sei se consigo, nunca sequer peguei em um bebê.

— Ei, não chora.Nosso filho terá muito orgulho por você ser mãe dele. E cuidar de um filho parece ser algo instintivo.

— Gustavo, me promete que vai estar comigo? Promete que vai me ajudar? Porque sozinha não sei se consigo.— Eu estou aqui minha flor, e não vou a lugar algum. Gustavo me abraça ainda mais apertado, começo lentamente a aceitar a ideia. Estou tão aliviada pela forma que ele aceitou a notícia. 

Gustavo disse que me amava e sinto que não foi apenas da boca para fora ou uma reação de momento, isso é o que importa, nós nos amamos e isso precisa ser suficiente. Não é?

— Marquei uma consulta com uma ginecologista obstetra agora, pra mostrar o exame, você me acompanha?

— Claro meu amor, quero acompanhar tudo sobre nosso filho. Vamos. – ele passa o braço pelos meus ombros e vai me levando pelos corredores até a área de ginecologia. Gustavo me senta em uma cadeira, ele sempre foi super protetor, mas desde que ele leu aquele resultado, está me tratando como uma boneca de porcelana, ele me beija rápido nos lábios e vai até a recepcionista perguntar quando serei atendida. A moça sorri deixando claro que gostou da bela visão do moreno bonito a sua frente, o que me irrita profundamente, a vadia descarada responde que ainda tem duas pessoas para serem atendidas ates de mim, demorando muito a falar para o meu gosto para dar uma simples informação.

Meu namorado parece não notar o flerte descarado, agradece e vem sentar do meu lado. Na sala tem outras grávidas com barrigas imensas, o que me deixa muito apreensiva, como elas conseguem andar com barrigas do tamanho de uma melancia e os pés tão inchados? 

Meu Deus, como elas fazem sexo assim? Eu nem posso imaginar. Tenho certeza que Gustavo não vai me querer quando eu tiver uma barriga dessas. Começo a pensar todas as transformações ao qual meu corpo vai passar, todos os quilos extras,todas as dores e desconfortos, estrias e enjoos matinais. Deus, acho que não estou preparada.

— Tudo bem? –Gustavo pergunta olhando para as grávidas que estou encarando.

— Ainda não sei se está tudo bem, estou assustada. Olha pra elas, como conseguem? Você está vendo o tamanho da circunferência abdominal? Isso parece uma coisa muito estranha,quase sobrenatural. – cochicho em seu ouvido.

— Elas estão grávidas, e todas as mulheres grávidas são lindas. Você vai ficar ainda mais bonita, pode ter certeza. – Gustavo fala sorrindo.

— Como? Com uma barriga enorme e trinta quilos a mais?

— Minha flor, eu vou te achar linda pesando até uma tonelada.

— Você está falando isso agora, porque não é você que vai passar por tudo isso. Quero ver você me achar gostosa depois disso. – falo apontando pra as mulheres discretamente.

— Liz, não tem maneira no mundo que me faça não sentir tesão por você, e mesmo quando você estiver como elas eu vou te achar ainda mais foda, porque você vai está carregando o meu filho. E sobre o peso extra, eu sei uma forma de queimar cada grama de gordura, então não se preocupe. Meus olhos lacrimejam novamente, e ele aperta minha mão me passando confiança.

— Eu te amo. – falo baixinho perto do seu ouvido, essa é a terceira ou quarta vez hoje que digo isso, mas agora sinto uma necessidade enorme de deixá-lo ciente do meu amor a todo momento.

— Também te amo minha flor. – responde beijando minha orelha.

Uma enfermeira surge na porta chamando meu nome, nos levantamos e seguimos a porta que ela indica para entrarmos. 

O consultório da médica é bem agradável, paredes pintadas de um azul claro com lindos quadros de mulheres grávidas. Atrás da mesa está uma senhora de meia idade com belos cabelos cacheados, ela sorri pra nós e nos indica as cadeiras para sentarmos.

— Bom dia, eu sou a Dr. Paula Gusmão. Então, o que os trazem aqui? – ela pergunta olhando de mim para Gustavo.

— Bom dia, como à senhora deve saber me chamo Liz e esse é o Gustavo, meu namorado. Na verdade vim mostrar o resultado de um exame de Beta Hcg que fiz ainda agora. – falo me virando para Gustavo para pegar o exame de suas mãos.

— E pelo rosto de vocês vejo que deu positivo. 

— Sim, - Gustavo responde com um sorriso orgulhoso.

— Deixe-me ver. –ela apega o papel da minha mão e sorri — Sim, você está grávida Liz. Você esteve sentindo algum sintoma incomum na sua rotina para levá-la a fazer o exame?

— Não, apenas o atraso do meu ciclo menstrual.

— Isso é normal querida, nesses primeiros meses é provável que você sinta enjoos matinais, quedas de pressão, sonolência e muita fome. Na verdade, é o seu corpo se acostumando com a presença do feto. Liz, vamos fazer um exame transvaginal para vermos de quanto tempo você está, precisamos checar se está tudo bem com o bebê e com você. A palavra bebê vindo da boca da médica tornou a coisa ainda mais real, Gustavo apertou fortemente minha mão, que estava tremendo.

— Ok, vamos fazer.– digo.

— Vá até o banheiro, troque sua roupa por uma bata e deite-se naquela cama para que eu possa examiná-la. Fiz conforme ela pediu, deito-me na cama estreita que ela me indica e aguardo. Dra. Paula se aproxima, baixa a luz da sala, aperta alguns botões em um computador. 

Gustavo permanece em pé do meu lado da cama, segurando minha mão apreensivo. A médica me cobre da cintura para baixo com um lençol, me pede para apoiar os pés em dois apoios um pouco mais altos que a cama, me deixando totalmente aberta, a situação toda é constrangedora. Sinto meu rosto ficar carmesim. 

Ela tranquilamente coloca gel em um equipamento coberto com um preservativo muito semelhante a um pênis, engraçado pensar que a primeira vez que terei contato com uma camisinha será em um momento como esse. Ela percebe nossa cara de assustados e explica que aquilo é um transdutor de ultrassom, que serve para ver o bebê, já que ainda estou muito no começo da gravidez e que nesse caso ainda não seria possível fazer um ultrassom abdominal. A presença da camisinha foi justificada como uma forma de evitar contaminação. 

 — Mas não vai machucá-la doutora? 

— Não, esse equipamento é o mais indicado. 

— Poderemos ver o sexo do bebê? – pergunto tentando cortar o meu constrangimento para algo mais importante em que me preocupar.

— Ainda é cedo, talvez no seu terceiro mês. Ela penetra o equipamento estranho na minha vagina, não chega a doer, mas é desconfortável. De repente, o monitor mostra uma sementinha em cinza na tela, a médica encosta outro equipamento parecido com um estetoscópio no meu abdômen e de repente meu mundo se transforma. Um batimento forte e constante interrompe o silêncio do quarto. 

Gustavo aperta minha mão e não tira os olhos marejados do monitor.

  — O bebê de vocês está com sete ou oito semanas, ele ainda é apenas uma sementinha, mas seu crescimento está dentro do esperado e o coraçãozinho está batendo forte como vocês podem ouvir. Isso é um bom sinal. Mas é preciso que volte para acompanharmos uma vez por mês.

Eu não consigo nem responder, eu só choro. Todas as dúvidas e incertezas que eu tive antes de entrar nessa sala se transformaram em alegria e em certeza de que farei o que for preciso para cuidar dessa criança. Talvez eu erre algumas vezes como toda marinheira de primeira viajem, mas será sempre tentando acertar. Porque descobri que posso sim, ser capaz de amar meu bebezinho, que ainda nem conheço,mas já é dono de cada pedacinho do meu coração. 

É o meu pequeno milagre, e eu só quero agradecer a Deus por isso.

— Ok, agora pode se vestir, Liz. – a doutora imprime uma foto do monitor e entrega para Gustavo,que ainda estava olhando atônito para a imagem minúscula cinza na tela.

Desço da cama ajudada por Gustavo e vou me trocar, quando volto, ela está receitando alguns medicamentos.

— Liz, esses são remédios para possíveis enjoos que você possa ter e no caso de alguma eventual dor de cabeça. Você precisa continuar mantendo sua vida normalmente, mas são necessários alguns cuidados, como dormir bem, se alimentar de três em três horas, sempre optando por alimentos saudáveis, beber muita água, não ingerir bebidas alcoólicas e não fazer uso de substâncias tóxicas como cigarro e drogas. E o mais importante, é voltar para o pré-natal todos os meses ou sempre que perceber algo estranho. Passarei alguns exames de rotina para saber se está tudo bem com você. Marcarei nossa próxima consulta para esta mesma data no próximo mês, traga o resultado dos exames. Antes, preciso saber se você tem alguma doença crônica ou hereditária na família para que eu possa colocar no seu prontuário. Respondi as suas perguntas meio zonza com tudo. 

— Quaisquer dúvidas, Liz e Gustavo, não deixem de me consultar, estou todos os dias aqui no hospital, este é meu telefone pessoal para urgências. – Dra. Paula diz solícita entregando a Gustavo um cartão de visitas.

— Obrigado, doutora.– Gustavo diz se levantando. Também me levanto e agradeço me despedindo.

 Saímos da sala, Gustavo com a mão no final da minha coluna me guiando. Eu vou caminhando até o carro dele com as pernas bambas, juro que se ele não estivesse ao meu lado, não teria nem conseguido andar de tanto nervoso. Ele abre a porta do passageiro pra mim e eu subo com cuidado, Gustavo rodeia o carro e senta-se ao volante. 

— Liz, olha pra mim. Você está bem? - Gustavo me pergunta enquanto eu olho para a minha barriga que ainda está imperceptível.

— Sim, só está caindo à ficha que vou ser mãe. – sorrio tentando tranquilizá-lo.

— Eu nunca ouvi um som mais lindo na vida do que o coração do nosso filho batendo, Liz.

— Eu também não, você falou filho, mas pode ser uma menina.

—Sim, pode. E vou amá-lo da mesma forma, sendo menina ou menino. – ele fala com um sorriso bobo dando partida no carro. 

— Você ainda precisa voltar ao trabalho? – me pergunta com um olhar pidão.

— Sim. - respondo franzindo a testa pra ele.

— Ligue e diga que está se sentindo mal, você nunca falta. Precisamos do dia de folga.

 — E o que vamos fazer?

— Vou te levar para me ver treinar, depois vou alimentá-la. Quer dizer, alimentá-los.

Bobo.

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