O carro corria pela estrada; no velocímetro 90km/h. Fellipo focava nas placas e nos carros à sua volta, sem olhar para Sidney. Ela , ensopada , molhava todo o banco do passageiro do carro do psicólogo.
--Ele não vai nos encontrar aqui. Fique tranquila.-Dizia ele, de olhos fixos na pista.
Sidney se virou lentamente para olhar o homem de perfil, que esteva com a feição calma e serena. Suas bochechas coraram de raiva.
--Pare o carro...-Sussurrou ela.
--O que? Ficou maluca?
--Pare a droga desse carro...-Insistiu ela.
Ele olhou pra garota de canto de olho, mas continuou o trajeto. Sem paciência, Sidney puxou o volante, assim como o freio de mão, fazendo o carro rodar até o acostamento.
--REALMETE VOCÊ É LOUCA!-Gritou ele ajeitando o chapéu coco que quase caiu de sua cabeça.
--QUEM É ELE? QUEM É VOCÊ? E O MAIS IMPORTANTE, QUE TIPO DE DROGA VOCÊ ME DEU?!-Gritava ela, enquanto desferia golpes no ombro do rapaz, que se encolhia no banco.
--Quando parar de me bater eu digo o que você quiser!-Disse ele, segurando as mãos da garota.
Ela se desvencilhou de Fellipo, agarrando o banco com tanta força que esteva prestes a furar o estofado. Ele respirou fundo, encarando as luzes da cidade á frente, procurando as palavras certas do que estava prestes a dizer.
--Primeiramente, eu sou um psicólogo de verdade. -Falou, ajeitando a franja que escapava do chapéu.
--Não é isso que eu quero escutar, seu idiota!-Logo falou, ríspida.
--O que quer que eu diga então?
--O que foi tudo isso que eu passei quando tomei aquele remédio e como sabe que eu sonhei com aquele cara. Só pra te avisar, dependendo da resposta, eu juro que saio desse carro e chamo a polícia! -Disse ela, com um olhar diabólico para cima do rapaz, que intimidado pendeu a cabeça para baixo.
--Não foi um sonho Sidney, ele é real.
Ela arregalou os olhos, mesmo que já desconfiada da afirmação que viria dele. Mas ainda estava curiosa em saber como aquele homem sabia do que havia acabado de acontecer.
--Seu nome é Claus e ele é um Nous...assim como você, Sidney.-Revelou ele, com um olhar sério para a garota.
--isso é algum tipo de doença mental? Me diz logo de uma vez!
--Não. Muito longe disso. Me diga, você nunca percebeu que é diferente dos outros? Que pode fazer e pensar de forma diferente da maioria?-Começou ele.
Ela se afastou por um instante, olhando para o nada por alguns segundos.
--O que isso tem a ver ? Chegue logo ao ponto.
--Nunca sentiu que podia fazer algo grandioso?
--Mas que tipo de conversa é essa?! Mas é claro que não, eu não sou ninguém, sou só mais uma como todos os outros, só mais alguém que sonha.
--Não. Você é daqueles que pode realizar!
Ela se calou, lançando um olhar de estranheza para Fellipo, embora estivesse curiosa como nunca esteve.
--Quando sentiu raiva de seu chefe e o imaginou como um porco, ou quando pensou em um país só seu, e ele se tornou real, e muitas outras coisas que poderia ter acontecido se não tivesse te encontrado antes.
--Então, era realmente eu? Como sabe disso?-Sussurrou ela, perplexa.
--Sim.--Respondeu ele, ignorando a segundo pergunta da jovem.
--E como eu paro tudo isso? Como faço pra não ser mais assim?
--Sid...isso é o que você é!-Disse ele, colocando a mão no ombro da jovem.
--Não me chame de Sid! Nem conheço você!-Sidney disse, sacudindo o ombro para se livrar do rapaz.
--Vai ter de se contentar com essa condição, seus poderes só tendem a crescer daqui pra frente.
--Poderes?!-Exclamou num sorriso nervoso.-Agora eu vou entrar pros X-men? Cadê o Professor X? hahahaha.
--Isso tudo é grande parte culpa sua. Quando você passou a odiar a realidade em que você vivia, sua mente começou a responder à isso, libertando o que já tinha dentro de você. Você é um Nous, um ser de percepção mais elevada do que o resto da humanidade.
Ela permaneceu calada, embora ouvia tudo com muita atenção. É claro que não deixava de sentir a descrença, mas os fatos diziam o contrário. Algo realmente estava errado com ela.
--Seus poderes estão inteiramente ligados com sua capacidade mental e criatividade, ou seja, cada pensamento seu pode se tornar real, afetando a matéria...é claro, com certas restrições.
Sidney pôs as mãos na têmpora, massageando os pensamentos que vinham em sua mente, mas a calma e a racionalidade parecia não se revelar à ela.
--Mas... o que eu vou fazer agora?-Falou, enxugando os braços que ainda estavam molhados, sentindo o frio que vinha do ar condicionado do carro.
--Isso nós veremos juntos.
--Por que diz isso? O que você tem a ganhar comigo? Aliás! Você não me disse quem você realmente é.-Falou ela, franzindo o cenho.
--Antes de te responder isso, preciso saber se confia em mim!-Fellipo disse, enquanto ajeitava o chapéu coco e apertava o touchscreen no painel do carro.
--Mas é claro que não confio-Respondeu de uma vez, pegando um guarda-chuva que estava sobre o painel do carro e apontando para o rapaz, como uma arma.-Pra onde vai me levar?
--Pra te dar todas as respostas que você precisa saber, Sidney. Finalmente é chegada a hora.
O carro deu ignição, e no piloto automático, voltou para estrada seguindo o caminho para dentro da cidade. Sidney passaria o trajeto inteiro segurando o guarda-chuva nas mãos, atenta para qualquer que fosse as intenções do psicólogo. Mas a sede por respostas lhe corroía muito mais do que a duvida, portanto, ela seguira quem quer que fosse até o fim do mundo para entender o que se passava em sua vida. Mal sabe a jovem de que estava prestes a encontrar o maior desafio de sua vida daqui pra frente.
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13 de Agosto de 2050.
Em algum ponto nas cordilheiras do Himalaia.
Um monge subia as escadarias do templo sagrado às pressas, enquanto segurava a barra de suas vestes sacerdotais para que pudesse avançar ainda mais rápido. Ao passar pelos pórticos que levavam até o saguão principal, se atirou ao chão em desespero.
--Mestres! Todos finalmente despertaram!-Disse o jovem monge, ajeitando sua postura, se ajoelhando no chão, embora ainda ofegante.
Um ancião, de barbas compridas e grisalhas abriu seus olhos despreocupados para encarar o rapaz, então consentiu com a cabeça.
No lugar, a fumaça de incenso subia até o teto, deixando um odor adocicado no ar, enquanto as milhões de velas iluminavam o lugar, além de aquecê-lo.
O ancião ergueu os braços cansados e fracos e proferiu por todo o templo, enquanto erguia os braços para o céu.
--A era da liberdade vai voltar a reinar no mundo dos homens! Viva à sabedoria e toda a sapiência que nos foi deixada, que os espíritos dos guias possam leva-los ao pleno conhecimento do que eles realmente nascerem para ser!
Outro ancião se levantou de seu transe e passando as mãos sobre a barba, disse:
--Nosso tempo chegou ao fim...sinto a presença da nuvem negra da ignorância...-Disse, com uma voz fraca e cansada.
--De fato já estão aqui, mas lutaremos até o fim. Pelos que despertaram!-Gritou o Ancião novamente.
Todos do templo pegaram suas espadas e se prepararam para o que já vinha às portas, enquanto entoavam hinos de guerra e coragem para o inimigo.
Algumas horas depois...
de uma rede de sinal de rádio criptografada, a seguinte mensagem foi enviada:
" O templo da visão caiu! O templo da visão caiu! Vida longa à todos que despertaram."
E ai pesoal!? Estão bem?
Desculpem pelo capítulo curtinho, mas prometo que o próximo vai ser recheado de novidades e de conteudo para que vocês se aprofundem mais na história que está se desenrolando por aqui.
Espero que gostem! Curtam e comentem para eu saber o que vocês estão pensando!