Capítulo 5: O Psicólogo

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As pálpebras pesadas se recusavam a abrir, por mais que a garota tentasse. Aos poucos, suas forças foram voltando, possibilitando abrir os olhos, deixando a claridade invadir.

Enquanto as pupilas se acostumavam com a luz, ia percebendo aos poucos o lugar onde estava: Primeiramente, sentiu a macies de um estofado, onde estava deitada. Estava numa sala pequena e refrigerada, de paredes completamente brancas e decorada com quadros pintados a mão. Pinturas psicodélicas que Sidney não estava com cabeça para observar, além de alguns certificados de graduação. Bem à sua frente estava uma escrivaninha, com um computador e alguns materiais de escritório.

Quando virou o rosto, o dono do lugar estava a sua espera, sentando na poltrona ao lado, lhe oferecendo uma xícara de café.

--Aceita?—Ofereceu o Homem, com um sorriso amigável.

Tinha os cabelos negros encaracolados, com uma franja que vinha até a testa e o rosto quadrado com a barba por fazer. Seus olhos azuis denunciavam um certo cansaço, mas o café o mantinha firme. Sua roupa não aspirava um homem sério e de negócios—um terno roxo não é comumente usado no ramo do Business.

Sidney ficou observando o homem por um tempo, com os olhos caídos e desinteressados. Ele, por sua vez, insistia em ficar com o braço estendido, segurando a xícara.

--Quem é você?—Indagou ela, com a voz cansada.

--Pegue, vai te fazer bem!—Disse, com uma voz macia.

Ela por fim aceitou, segurando a xícara com o líquido quente com as duas mãos.

--Respondendo a pergunta, meu nome é Fellipo. Sou o psicólogo aqui do ambulatório.—Respondeu, sentando-se na cadeira de frente ao seu notebook.

Pode parecer estranho ter um psicólogo em uma empresa, mas acredite, na Exx é mais que necessário. Lugares com pessoas com grande disposição de ter um surto psicótico, ao ponto de pular de um prédio, realmente precisam de um profissional como este.

--Onde você me encontrou?—Indagou Sid, com uma das mãos massageando a têmpora.

--No banheiro...feminino.—Disse, ficando com as bochechas vermelhas.—Eu estava por perto quando ti vi correndo, quando entrei, você já estava apagada.

Ele encarava Sidney com as mãos entrelaçadas, como se esperasse alguma outra reação da garota que ainda estava abatida.

--Venha. Sente aqui, preciso te examinar antes de te liberar pro trabalho.

Ela se sentou na mesa do doutor, deixando o café de lado.

--Me diga, o que te deixou naquele estado?

Embora ainda estivesse confusa, Sidney se lembrava bem do que viu e ouviu. Um país havia emergido do nada, assim como havia pensado na noite passada. Não somente pensado, como havia sonhado também; e como da última vez, com a história do sonho com seu chefe, tudo parecia ter se tornado realidade.

Então, uma angustia bateu em seu peito acompanhada de um frio na espinha. Se sentia culpada e aterrorizada ao mesmo tempo, mas não queria deixar transparecer ao homem, embora ele certamente fosse perceber, afinal, era um profissional e podia tirar alguma coisa dela apenas pela forma que se movesse.

--Eu só estou muito estressada nos últimos dias.—Respondeu, se mantendo firme.

--Entendo. Então não teve nada a ver com o que aconteceu hoje de manhã.—Afirmou ele, embora esperasse uma resposta da garota.

--O que aconteceu...de manhã?—Disse ela. Teve medo de perguntar pois já esperava a resposta que não queria ouvir.

--O país, Nova Homéria.

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