Nous [HIATUS]

Capítulo 9: Entre dúvidas e respostas

O portão eletrônico se levantava lentamente e o carro esperava paciente para adentrar na garagem. Sidney e Fellipo permaneceram calados o resto do trajeto, criando um clima um tanto desconfortável. Só não vencia o desconforto das roupas molhadas grudadas no corpo da garota, que queria se livrar delas o mais rápido possível.

--Me levou para sua casa?—Indagou ela, enquanto ele manobrava o carro.

--Você quer respostas, vou lhe dar elas.—Respondeu ele.

Aliás, estamos falando de uma casa e tanto: sobrado, grande, arquitetura moderna, tudo em um ótimo bairro, visto pelas outras casas no lugar. Não deixou de passar pela cabeça de Sidney como um psicólogo teria uma condição de vida tão boa (não que a profissão não merecesse tal padrão de vida) mas para Fellipo, que trabalhava em consultório abafado e pouco decorado, parecia que não recebia o equivalente à seus bens. Mas esse de fato não era sua grande preocupação, eram apenas observações dignas de um bom espécime feminino, o que realmente importava era o que estava prestes a ver. Seja lá o que for, estava com o guarda chuva a postos para interromper qualquer gracinha da parte do rapaz, segurando o objeto firmemente, quase lhe arrancando sangue.

A escada na garagem levava para o interior da casa, os dois subiram em silêncio. Quando estavam de fato dentro da residência, Fellipo jogou seu paletó roxo sobre a jovem, que deu alguns passos para o lado, assustada, mas aceitou a gentileza em silêncio. Não iria precisar tanto, já que a casa estava bem aquecida, principalmente o ambiente onde estavam: uma biblioteca suntuosa, abarrotada de livros em estantes de madeira escura e fina, que ia até o teto. O tapete era felpudo, cujos pés de Sidney se acomodaram facilmente, gerando um conforto que ela preferia não demonstrar ao homem naquele momento—Se pudesse, deitaria ali mesmo para dormir.

Os móveis eram de época, embora bem conservados, se misturando à algumas decorações modernas pela casa, como vasos e quadros com paisagens abstratas. Sidney, enquanto observava o lugar feito criança, esbarrou em um criado mudo, quase derrubando um dos vasos. O homem pegou o objeto com as duas mãos como se fosse um bebê, lançando um olhar que a garota facilmente entendeu ser um belo "Não esbarre em nada, sua desastrada".

--Uau! Bela casa você tem!—Disse ela, balançando a cabeça e fazendo bico.

--Obrigado. Não faz muito meu estilo...mas tá valendo.

--Oi? Como assim?! Esse lugar é realmente fantástico, matéria alguém pra morar aqui.—Confessou ela, embora sentiu que havia exagerado na Hipérbole.

--Quer comer alguma coisa? Aceita um chá quente?—Indagou ele, deixando o chapéu na mesa de centro.

--Não, obrigado.—Respondeu ela, diretamente, enquanto encarava o rapaz. Até estava com vontade de comer, mas a fome por respostas era maior naquela hora.

Ele respirou fundo.

--Tudo bem...vamos direto ao assunto!

Ele se dirigiu até uma das estantes de livros, puxou um exemplar de "the call of the wild", imediatamente um som de engrenagens surgiu de dentro da parede. Sidney ergueu as sobrancelhas um tanto confusa, enquanto aguardava o que estava prestes a acontecer. Então, a estante de abriu em duas, como uma porta, dando visão à um corredor estreito, donde vinha uma luz lúgubre e medonha.

--O-M-G...—Sibilou ela, boquiaberta.

Fellipo estendeu-lhe a mão, esperando que ela aceitasse o convite. A jovem o aceitou sem hesitar, adentrando na passagem que se abriu.

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O lugar era como um pequeno quarto, com uma mesa abarrotada de documentos e imagens, praticamente cobrindo o computador que permanecia ligado em standby. Nas paredes, vários quadros com folhas e mais folhas pregadas com tachinhas coloridas; eram desenhos estranhos, que Sidney não pôde decifrar, assim como manchetes de jornais bem antigas, outras, de alguns anos atrás: