Nous [HIATUS]

By KPPhilip

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Quando sua mente está presa dentro de si mesmo, tudo que podes ver é nada além do que seus olhos enxergam. Pa... More

Prólogo: vozes noturnas
Capítulo 1: Sidney
Capítulo 2: Porcos
Capítulo 3: Cuidado com o que sonhas.
Capítulo 4: O país
Capítulo 6: Sem saída.
Capítulo 7: Assim como eu...
Capítulo 8: Quem eu realmente sou!
Capítulo 9: Entre dúvidas e respostas

Capítulo 5: O Psicólogo

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By KPPhilip

As pálpebras pesadas se recusavam a abrir, por mais que a garota tentasse. Aos poucos, suas forças foram voltando, possibilitando abrir os olhos, deixando a claridade invadir.

Enquanto as pupilas se acostumavam com a luz, ia percebendo aos poucos o lugar onde estava: Primeiramente, sentiu a macies de um estofado, onde estava deitada. Estava numa sala pequena e refrigerada, de paredes completamente brancas e decorada com quadros pintados a mão. Pinturas psicodélicas que Sidney não estava com cabeça para observar, além de alguns certificados de graduação. Bem à sua frente estava uma escrivaninha, com um computador e alguns materiais de escritório.

Quando virou o rosto, o dono do lugar estava a sua espera, sentando na poltrona ao lado, lhe oferecendo uma xícara de café.

--Aceita?—Ofereceu o Homem, com um sorriso amigável.

Tinha os cabelos negros encaracolados, com uma franja que vinha até a testa e o rosto quadrado com a barba por fazer. Seus olhos azuis denunciavam um certo cansaço, mas o café o mantinha firme. Sua roupa não aspirava um homem sério e de negócios—um terno roxo não é comumente usado no ramo do Business.

Sidney ficou observando o homem por um tempo, com os olhos caídos e desinteressados. Ele, por sua vez, insistia em ficar com o braço estendido, segurando a xícara.

--Quem é você?—Indagou ela, com a voz cansada.

--Pegue, vai te fazer bem!—Disse, com uma voz macia.

Ela por fim aceitou, segurando a xícara com o líquido quente com as duas mãos.

--Respondendo a pergunta, meu nome é Fellipo. Sou o psicólogo aqui do ambulatório.—Respondeu, sentando-se na cadeira de frente ao seu notebook.

Pode parecer estranho ter um psicólogo em uma empresa, mas acredite, na Exx é mais que necessário. Lugares com pessoas com grande disposição de ter um surto psicótico, ao ponto de pular de um prédio, realmente precisam de um profissional como este.

--Onde você me encontrou?—Indagou Sid, com uma das mãos massageando a têmpora.

--No banheiro...feminino.—Disse, ficando com as bochechas vermelhas.—Eu estava por perto quando ti vi correndo, quando entrei, você já estava apagada.

Ele encarava Sidney com as mãos entrelaçadas, como se esperasse alguma outra reação da garota que ainda estava abatida.

--Venha. Sente aqui, preciso te examinar antes de te liberar pro trabalho.

Ela se sentou na mesa do doutor, deixando o café de lado.

--Me diga, o que te deixou naquele estado?

Embora ainda estivesse confusa, Sidney se lembrava bem do que viu e ouviu. Um país havia emergido do nada, assim como havia pensado na noite passada. Não somente pensado, como havia sonhado também; e como da última vez, com a história do sonho com seu chefe, tudo parecia ter se tornado realidade.

Então, uma angustia bateu em seu peito acompanhada de um frio na espinha. Se sentia culpada e aterrorizada ao mesmo tempo, mas não queria deixar transparecer ao homem, embora ele certamente fosse perceber, afinal, era um profissional e podia tirar alguma coisa dela apenas pela forma que se movesse.

--Eu só estou muito estressada nos últimos dias.—Respondeu, se mantendo firme.

--Entendo. Então não teve nada a ver com o que aconteceu hoje de manhã.—Afirmou ele, embora esperasse uma resposta da garota.

--O que aconteceu...de manhã?—Disse ela. Teve medo de perguntar pois já esperava a resposta que não queria ouvir.

--O país, Nova Homéria.

Ficou muda, apenas tremia enquanto mordia o lábio, afim de não cair aos prantos no consultório. Queria a todo custo saber o que estava lhe acontecendo e só de pensar que aquela loucura podia ter vindo dela, isso a aterrorizava.

Fellipo suspirou, pegou o Notebook e virou a tela para que Sidney pudesse ver. Uma página estava aberta no navegador, conectada em algum portal de notícias, com uma manchete em destaque:

" Maior mistério da humanidade some da mesma forma como apareceu!"

E algumas linhas abaixo:

" As dez horas da manha de hoje, Nova Homéria não fazia mais parte de nossa terra. Pesquisadores estão em completa desordem e pensam em realizar um comitê para decidirem o que de fato aconteceu com o caso que já vem sendo chamado de o maior mistério da humanidade."

--Então aquilo desapareceu?—Indagou ela, aliviada.

--Pelo que os jornais vem dizendo, parece que sim.

Sidney percebeu a tranquilidade no homem, o que a fez ficar intrigada.

--Não te espanta?

Ele sorriu pra ela, enquanto desligava o aparelho.

--O ser humano é intrigante, Sidney. Há tantas coisas neste mundo que fariam todos perderem a cabeça como hoje, mas preferem fechar os olhos e focar na "realidade". Então, quando algo foge do comum, se desesperam feito crianças. Nós todos temos medo do desconhecido porque somos medrosos de mais para ultrapassar a porta entre o comum e o surreal.

--Você fala como se não fosse desse mundo.—Disse ela, com um tom de brincadeira.

--Há! há! É o que a maioria das pessoas pensam sobre mim...mas enfim. Preciso fazer alguns testes em você, tudo bem?

--Que seja, desde que você me dê algum atestado!

O homem abriu uma maleta que estava ao seu lado—Curiosamente ela tinha a mesma cor do terno que Fellipo vestia— parecia ser feita de couro de algum réptil. O gosto do homem parecia ser bem excêntrico e Sidney se questionava se seus métodos seriam também.

Ele tirou uma pilha de cartões brancos, feitos de um papel espesso e quadrado. Pegou um na mão e colocou de frente para Sidney.

--Este é o Teste de rorschach.—Disse, virando o cartão, mostrando uma mancha negra simétrica.

Sidney imediatamente se lembrou dos tempos de escola, quando desenhava num lado do papel com tinta guache e depois unia as folhas; quando abria, tinha um lindo desenho que não fazia sentido algum, mas que sempre lhe lembrava um borboleta. Ao ver o desenho bizarro, suspirou entediada.

--Só vamos logo com isso, tudo bem?

--Tudo bem. Só me diga o que vê no cartão.—Falou Fellipo, seriamente.

--Vejo a ambição humana na esfera dessa sociedade egoísta!—Ironizou ela.

--Certo...era isso mesmo! Parabéns!—Fellipo entrou na brincadeira.—Agora tente este. Eu garanto que não será algo tão profundo.

Pegou o cartão e virou. Sidney encarou a mancha de tinta com descrença, mas se esforçou em participar do teste. Encarou fundo a mancha, procurando por formas que poderiam lembrar aquele borrão de tinta, assim como ver as nuvens tentando criar formas com elas. Os olhos fixos ficaram ali, imaginando no que aquilo iria resultar, até que a figura passou a se mexer, como se assumisse uma forma diferente.

Sidney piscou várias vezes, pensando que poderia estar se enganando. Voltou a ver a imagem, ela continuava a se mover constantemente, como se uma reação química dançasse no papel. A pareidolia fez criar um rosto feminino, simétrico, que parecia berrar de fúria e dor.

--Sidney, tudo bem?--A voz de Fellipo fez a garota romper o transe em que estava, voltando sua atenção para o homem.—Me diga, o que está vendo?

Ela pensou por alguns instantes e mostrou um sorriso falso.

--Uma borboleta!

Ela foi salva de dar mais explicações ao ouvir o ruído do sino anunciando o horário de almoço, o que fez o prédio inteiro ficar com a iluminação baixa, afim de incentivar que todos fossem ao refeitório.

Fellipo pegou um relógio de bolso no paletó, um objeto dourado e reluzente que parecia ser uma relíquia. Tudo naquele homem era diferente de qualquer outra pessoa.

--Bem, acho que você já pode ir.—Disse ele, dispensando a jovem.

Ela se levantou da cadeira, arrumou a roupa amassada e já ia se dirigindo à porta.

--Espere!—Ele enfiou a mão na maleta, tirando um pequeno frasco de vidro.—Leve isso com você!

--O que é?—Ela pegou o frasco, balançando os comprimidos dentro dele.

--Vão te ajudar em tempos difíceis...quando sentir que está perdendo a cabeça, tome apenas um. Vai ajudar bastante.—Disse ele, olhando fundo nos olhos de Sidney.

--Obrigado.—Já ia abrindo a porta, quando lembrou de algo que já estava na ponta de sua língua.—Como sabe meu nome? Já nos esbarramos alguma vez?

--Eu...tenho a ficha de todos os funcionários. Não foi difícil encontrar seu nome.—Disse Fellipo sorrindo.

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