O Cara

By JesseWillian

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Brandon Fletcher é herdeiro de uma enorme fortuna. Além de um excelente quarterback e viver em uma mansão rod... More

Capitulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte e cinco
Parte sem título.
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete
Capítulo Trinta e Oito
Parte sem título
Capítulo Trinta e nove
Capítulo Quarenta
Capítulo Quarenta e um
Capítulo Quarenta e dois
Capítulo Quarenta e Três
Capítulo Quarenta e Quatro
Capítulo Quarenta e Cinco
Capítulo Quarenta e Seis
Capítulo Quarenta e Sete
Capítulo Quarenta e Oito
Capítulo Quarenta e Nove
Capítulo Cinquenta e Um
Capítulo Cinquenta e Dois
Capítulo Cinquenta e Três
Capítulo Cinquenta e Quatro
Capítulo Cinquenta e Cinco
Capítulo Cinquenta e Seis
ENQUETE
Capítulo Cinquenta e Sete
Capítulo Cinquenta e Oito
Capítulo Cinquenta e Nove
Capítulo Sessenta
Capítulo Sessenta e um
Capítulo Sessenta e Dois
COMUNICADO
Capítulo Sessenta e três
Capítulo Sessenta e Quatro
Capítulo Sessenta e Cinco
Capítulo sessenta e seis
Capítulo Sessenta e sete
Capítulo Sessenta e Oito
Capítulo Sessenta e Nove
O Espaço
Capítulo Setenta
Capítulo Setenta e Um
Capítulo Setenta e Dois
Comunicado
Informativo
Capítulo Final

Segunda temporada - Capítulo Cinquenta

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By JesseWillian


Os Black Horses


Acordar na manhã seguinte sem nenhuma notícia dela não foi nada agradável. Eu havia mandado uma mensagem para ela antes de dormir questionando se ela havia chegado bem mas até então ela não havia respondido. Tentei ligar para ela mas o número dela estava dando fora da area, é claro- pensei. Ela não podia usar o celular durante o voo e depois disso havia aterrisado em outro pais onde o sinal do seu celular não devia mais funcionar. Eu deveria ter previsto que isso iria acontecer. Em circunstâncias normais aquele seria o momento ideal para recorrer a uma rede social para me comunicar com ela, mas ela era Sarah Grace, uma garota que era tão estudiosa que nem ao menos tinha um facebook. Sem ter notícias dela levei um bom tempo para finalmente conseguir sair da cama. Minhas experiências com entes queridos viajando em aviões não eram nada agradáveis então isso colaborava muito para que minha aflição aumentasse. Quando finalmente consegui reunir um pouco de coragem para levantar resolvi ir até a cozinha para tomar um café bem forte. Encontrei Ana no fogão já preparando o almoço. Ela como sempre, cara identificou que eu não estava bem, porém desta vez ela não disse nada, apenas quando terminei de comer ela foi que ela veio até mim e me deu um abraço, aconchegante e silencioso. Por mais que eu estivesse aflito por não ter noticias de Sarah, aquilo me trouxe um certo conforto. Agradeci à ela e segui de volta para o meu quarto. Eu passava pela sala principal quando a campanhia tocou. Abri a porta e me deparei com uma surpresa nada agradável.

-Senhor Brandon Gletcher?-Disse um cara baixinho com uma aparencia de nerd e uma voz de fantoche.

-Fletcher.- Disse friamente.

-Ah sim, Brandon Fletcher, desculpe. Ah, me chamo Niels Carter, Sou do departamento de justiça da cidade. Como é de seu conhecimento, pois o senhor compareceu na audiencia e ja deve estar ciente da perda desse bem imóvel certo? bom, estou aqui para lhe informar que o senhor tem ate 2 dias para desocupar o imóvel, que agora, segundo meus relatórios pertence aos seus tios não é?

O encarei. Ele por sua vez gaguejava a cada frase e trazia nas mãos um papel cheio de rascunhos. Certamente havia planejado cada palavra iria dizer para mim mas não estava conseguindo colocar seu plano em execução. Era óbvio que ele era um estagiário e que certamente na repartição onde trabalhava resolveram trolar o novato dando a ele a missão de ir até a casa de um jogador de futebol americano para colocá-lo para fora.

-Escuta aqui.-Disse, e no mesmo instante ele deu um passo para trás e deixou sua pasta com papéis cair no chão.

-Por favor, não me mate eu... eu estou apenas cumprindo ordens. Eu não queria te expulsar da sua casa, eu..

-Ei cara, fica tranquilo. Não vou fazer nada com você. Eu já estava esperando por isso, pode avisar pro teu supervisor que está tudo sob controle. Eu vou desocupar o imóvel.

-Ele sorriu mas nao era um sorriso de felicidade mas sim um sorriso desesperado de alivio.

-Obr.. obrigado pela compreensão senhor.-Em seguida saiu correndo com medo de que eu mudasse de ideia e arrancasse sua cabeça.

Assim que entrei fechei a porta e respirei fundo. Agora mais essa. Teria que arrumar outro lugar para morar, por mais que aquilo fosse realmente importante eu não queria mais pensar em nada. voltei para o meu quarto e tentei me comunicar com Sarah novamente por diversas vezes, mas todas sem sucesso, passei então o dia inteiro lendo e estudando até cair no sono.

***

No dia seguinte precisei me preocupar apenas com as minhas coisas. Não tive de me preocupar com uma mudança radical pois eu havia herdado a mansão do meu avô com todos os móveis e então, deveria entregá-la da mesma forma que havia recebido. Seria apenas a mudança do meu quarto para um novo lugar que eu ainda não havia definido onde seria. Enquanto eu arrumava minhas coisas eu tive que me concentrar para não pegar nada além do que era realmente meu. Foi só naquele momento que percebi que aquela casa nunca havia sido minha, tudo aquilo que por um longo tempo eu esbanjei nunca foi definitivamente meu.

A parte mais dificil foi dizer a Ana que ela não teria mais seu emprego. Pensei que ela fosse ficar triste mas ela parecia que já estava esperando por aquilo. Ela compreendeu bem. Ana era uma mulher simples e viuva e havia guardado praticamente todo seu salário que havia conseguido nos últimos anos. Me disse que iria voltar para o Japão para descansar e visitar seus parentes e talvez até ficasse um tempo por lá. A despedida foi bem difícil para ambos mas mesmo assim tanto Ana como eu, optamos por não chorar, pelo contrário, nos despedimos comprometendo a nos encontrarmos novamente em uma data breve. Acompanhei ela até a porta de entrada pela última vez e recebi um último abraço.

-Não desista dos seus sonhos. Você é homem bom -disse ela sorrindo.

Sorri de volta e mais uma vez agradeci a ela por tudo. Por fim, caminhou devagar em direção ao táxi e então ela se foi.

Após pegar meu celular e checar o saldo em minha conta bancária tive uma surpresa boa seguida de outra ruim. A boa é que minha conta havia sido desbloqueada. A má, é que haviam apenas dez mil dólares nela. Meus tios haviam conseguido transferir todo o dinheiro da herança do meu avô para suas contas. Percebi logo de cara que havia algo errado, pois eu havia recebido uma boa quantia em dinheiro da herança dos meus pais também e, portanto, o saldo deveria ser pelo menos de uns cem mil dólares. Liguei para Mitchel e expliquei o ocorrido mas ele logo me explicou o motivo pelo qual aquilo havia acontecido. Como eu possuía apenas uma conta bancária meus tios haviam descontado praticamente todo o dinheiro que eu havia gasto nos últimos anos com festas, roupas e outras coisas fúteis e caras da parte da herança que eu havia recebido dos meus pais e não da herança que eu havia recebido do meu avô e que por conta disso meu saldo agora estava tão inferior.

Naquele momento eu perdi meu chão. Eu sabia que iria perder a herança do meu avô mais cedo ou mais tarde mas não esperava que eles descontassem da herança dos meus pais. Para quem estava acostumado com uma vida tão luxuosa começar do zero sem nem mesmo um teto com apenas dez mil dólares não seria nada fácil. Eu ainda tinha de receber a parte da herança de Diggory mas eu havia prometido que não ia usá-la comigo e eu iria manter aquele juramento. Olhei ao meu redor. Não havia outra escolha. Era o momento de começar a viver sem depender de ninguém.

***

Eu tinha muitos "amigos" que frequentavam a minha mansão nas festas, mas sabia que se tentasse falar com qualquer um deles a respeito de um lugar para ficar certamente receberia um belo não como resposta. Pensei em tentar conversar com algum jogador do time, Dyllan talvez, mas o fato é que eu não queria ser um estorvo na casa de ninguém. Eu estava tao acostumado a viver sozinho que tinha medo de não conseguir me adaptar em uma casa com uma familia repleta de pessoas. Foi então que subitamente me lembrei que a universidade tinha uma república, que eram como pequenos apartamentos para os estudantes do campus. No mesmo instante apanhei o telefone e liguei na recepção. De cara fui informado de que não haviam mais vagas, todas haviam sido preenchidas ou estavam reservadas. Era época da entrada dos calouros na universidade então todos estavam procurando uma vaga na república mas por sorte, antes que eu desligasse a recepcionista recebeu o comunicado de que uma das pessoas que havia feito reserva havia desistido então fiquei com a vaga. Fui informado que pagaria um aluguel de 250 dólares por mês e que deveria comparecer à universidade para preencher uns papéis. Concordei com a proposta e então desliguei o telefone. Por mais que eu nunca tivesse me preocupado tanto com despesas eu era muito bom em fazer cálculos então logo de cara percebi que não conseguiria me alimentar nem abastecer meu carro e pagar o aluguel da república por muito tempo. Eu precisaria arrumar um trabalho.

Eu ainda estava meio perdido com aquilo. Durante a minha vida toda eu não havia precisado trabalhar, meus pais me davam tudo e depois que eles faleceram meu avo tambem se encarregou das minhas despesas. Eu não tinha nem mesmo uma carteira de trabalho. Não tinha uma base de como era conseguir as coisas com o suor do proprio rosto. Porém mesmo que aquilo fosse estranhamente novo para mim eu sabia que precisava encarar. O que eu mais sentia falta naquele momento era de ter ela ao meu lado, pois quando ela estava por perto eu me sentia capaz de fazer tudo.

Tentei manter meu foco na mudança. levei pouco mais de duas horas para colocar todas minhas coisas dentro de algumas caixas e depois as coloquei no meu carro e levei para o campus. Por sorte meu veículo havia sido herança do meu pai e como meus tios nunca gostaram de carros antigos não mostraram interesse em tomá-lo de mim e nem ao menos se deram ao trabalho de penhorá-lo.

Assim que cheguei na universidade fui até recepção assinar a papelada e pegar as chaves do meu ''apertamento''. Por mais que o lugar fosse bem estreito eu me senti bem em estar ali. Era bom estar em um lugar em que eu não corria risco de ser expulso por oficiais de justiça. Terminei de arrumar todas as minhas coisas e então fui dar uma volta pelo campus.

A universidade estava agitada. Por todos os lados era possivel ver alunos tanto veteranos quanto os calouros que estavam chegando no meio do semestre. Vi alguns caras veteranos se oferecendo para ajudar as garotas calouras a se localizarem pelo campus . Era fácil ver na cara deles que eles não estavam fazendo aquilo por que eram bons samaritanos, mas as garotas ainda eram inocentes e não tinham a mesma visao que eu. Faltavam mais alguns dias para o fim das férias. Por mais que todos os alunos da universidade parecessem empolgados com a vitória do campeonato universitário que nos traria benefícios eu me sentia completamente abalado.

Sarah não estava mais por perto. Eu havia perdido todas as regalias de viver em uma mansão aconchegante com uma conta bancária praticamente infinita e além disso agora também teria que arrumar um emprego para me manter. Toda aquela pressão e incerteza de como seriam meus dias dali pra frente me consumia a cada segundo, e o fato de não poder tê-la ao meu lado naquele momento tão difícil só tornava as coisas ainda piores. Eu precisava muito ouvir a voz dela. Aquilo certamente me faria ficar melhor. Apanhei meu celular e liguei na casa dela para ver se Samantha tinha alguma notícia dela. Ela atendeu e percebi um tom alegre em sua voz, porém, no momento em que me identifiquei ela mudou seu tom completamente.

-Ah, olá Brandon, como você está? - Perguntou ela, mas pude perceber nitidamente que ela havia perguntado aquilo por pura educação e não porquê queria saber se eu realmente estava bem. Preferi ir direto ao ponto.

-Estou bem. Tem notícias da Sarah? Eu não consegui falar com ela, provavelmente porque o número dela está fora de área.

Ela levou alguns segundos para responder. Por um instante pensei que ela havia desligado na minha cara.

-Ah sim, a Sarah, ela chegou bem, ela me ligou do apartamento onde ela vai ficar, ela está se ajeitando por lá.

Ela não disse nada mais do que isso, o que fez a ligação ficar silenciosa por alguns segundos.

-Pode me passar o telefone do local onde ela está? Eu preciso falar com ela.

Mais uma vez ela demorou a responder.

-Olha-ela começou, e logo de cara soube onde aquilo ia parar- Brandon, eu sei que vocês se gostam muito e que se falavam todos os dias enquanto ela estava aqui mas, dê um tempo para a Sarah se acostumar com o lugar onde ela está agora. Eu conheço minha filha e sei que se ela ficar falando com você nesse momento ela vai acabar desistindo de ficar por la, ela precisa ficar um tempo sozinha até se acostumar com tudo por la entende? são só por alguns dias. A Sarah é uma garota muito independente e forte, mas isso só quando ela está mais focada em seus objetivos do que nos seus sentimentos. Ela é bem parecida comigo nesse aspecto então acredite em mim, eu sei o que é melhor para ela nesse momento.

Naquele instante pensei em gritar. Dizer para Samantha que pouco me importava o que ela pensava, que eu só queria que ela me passasse a droga do numero do lugar onde Sarah estava para que eu pudesse falar com ela. Eu já havia concordado com Samantha para que ela fosse para o Canadá por conta do que ela havia me dito mas agora ela também queria me proibir de falar com Sarah até mesmo por telefone. Aquilo me deixou enfurecido em um nível extremo, porém, hesitei em fazer um escândalo pois sabia que aquilo só pioraria a situação. Respirei fundo.

-Ok Samantha. Obrigado. -disse.

Desliguei o telefone antes que ela falasse qualquer outra coisa e então me senti completamente desnorteado. O fato de saber que não conseguiria falar com ela nos próximos dias logo de cara já começava a surtir seus efeitos. Sarah era como se fosse minha bússola, e sem ela eu me sentia desorientado, perdido, sem saber em que direção ir.

Enquanto eu caminhava pelo campus da universidade tudo ao meu redor parecia estar desmoronando. Tudo naquele lugar me fazia lembrar dela. Sentei na escada da entrada da universidade no mesmo lugar que Sarah costumava ficar durante o intervalo. Não sabia o quanto conseguiria suportar sem ela ali. Fiquei olhando para o horizonte imóvel por vários minutos pensando em tudo aquilo até que senti alguém cutucar meu ombro. Como se despertasse de um transe girei minha cabeça e dei de cara com um maluco esquisito de cabelo cumprido. Se não fosse pelo rosto barbudo eu acharia que era uma garota.

- Putz, Foi mal interromper sua briza ae irmão, mas será que você poderia me dar uma ajuda? To meio perdidasso aqui.

Ele falava um pouco devagar, como se estivesse em camera lenta mas parecia um cara decente. Me levantei.

-Diz ai.

-Então cara, na real to precisando de um lugar pra encostar a cabeça. Fiquei sabendo que aqui tinha uma república maneira, você sabe como eu faço pra alugar uma vaga lá ?

-Bom, pra falar a verdade eu sei, mas acho difícil que vocÊ consiga um quarto agora. a maioria dos quartos ja foram reservados para os calouros e pra ser sincero acho que eu fiquei com o ultimo quarto.

-ah não, fala sério. Eu estou com toda minha bagagem aqui, jurava que ainda tinham vagas nessa bosta de república.- Ei espera, voce disse que tem um quarto?

arregalei os olhos. Definitivamente eu não queria ter um parceiro de quarto. Estava acostumado a ficar sozinho no meu enorme quarto na mansão e aquele quarto da república já era pequeno demais pra mim, pior ainda seria dividí-lo com alguem, principalmente com um estranho de cabelo cumprido, as piadinhas que poderiam criar sobre mim não seriam nada legais para o pouco da reputação que ainda havia me sobrado.

-Olha cara, eu...- comecei a inventar uma desculpa mas ele me interrompeu.

-Ah, qual é cara vamos lá, podemos ser grandes parceiros de quarto, olha eu sou ótimo em jogos de cartas- disse, tirando um baralho do bolso-, toco gaita- ele tirou uma gaita do bolso da camisa- e ainda posso te ajudar no aluguel, qual é, me ajuda aí cara.

Por um instante hesitei. Por mais que eu não estivesse nenhum pouco afim de ganhar um colega de quarto tocador de gaita o fato de que ele poderia me ajudar nas despesas naquele momento me fez pensar. Talvez eu poderia aceitar dividir o quarto com ele até arrumar um emprego e então quando conseguisse me manter sem ajuda e o mandaria ele cair fora. Mesmo não gostando muito da ideia optei pela opção que parecia mais óbvia a se fazer.

-Certo. Você pode ficar no meu quarto. Vamos lá, eu te ajudo com essas malas.

-Ah muleque! - gritou, animado- Valeu mesmo cara, garanto que você não vai se arrepender,- Ele colocou o braço no meu ombro- vamos ser os colegas de quarto mais sinistros dessa universidade, alias, como é o teu nome parceiro?

-Brandon. E não me chama de parceiro- disse, tirando o braço dele do meu ombro e pegando uma das malas dele - não estamos no velho oeste.

-Jaeh. Espera, Brandon? Brandon Fletcher? o capitão do time dos Shultz?

-Exato.

-Nossa, eu nem tinha reconhecido você sem o capacete mas agora da pra notar, caramba, Brandon Fletcher, quem diria em, pensei que você fosse um daqueles capitães playboyzinhos que moram numa mansão onde tem festa todo dia, não esperava que você dormia numa república.

-Pois é. - disse, tentando manter minha verdadeira identidade oculta para evitar mais perguntas, mas não adiantou.

-Eu me chamo Steve Wood. A galera geralmente me chama Woody por causa do toystory.

-Encarei ele tentando encontrar algo que o ligasse ao personagem mas definitivamente não lembrava nem um pouco. Ele, percebendo, riu.

-É, sei que não pode fazer muito sentido agora, mas a real é que eu fico bem parecido com ele quando estou de cabelo curto e sem barba, mas como estava vindo pra cá e não queria ganhar esse apelido denovo por isso resolvi adotar esse estilo meio mendigo.

-Parece que voce incorporou bem esse papel de mendigo, já chegou até pedindo um lugar pra morar.

Ele riu.

-Você é engraçadão cara. Leva jeito, seria um bom comediante.

Eu ri.

-Valeu.

Até então a conversa até que estava agradável, por mais que ele fosse daquele tipo que fala constantemente tinha de confessar que aquela conversa estava me fazendo esquecer um pouco meus problemas, mas foi então que ele tocou em uma das minhas feridas mais recentes.

-E ai, e as garotas? Soube que aqui tem umas das universitárias bem sexy segundo o ranking universitário.

Permaneci em silêncio e então ele notou a aliança no meu dedo.

-Ah, já entendi tudo. - ele me encarou e sorriu- Bom, um concorrente a menos.

Depois disso ele permaneceu em silêncio, o que era um sinal claro de que ele sabia o limite de suas perguntas, o que logo de cara me deixou um pouco mais tranquilo com a escolha que havia feito.

Assim que chegamos na república ajudei Steve a se instalar. O espaço não era dos maiores, tinha apenas um quarto, uma pequena sala que se dividia com uma miniatura de cozinha e um banheiro nos fundos. Para alguém que, assim como eu vivia em uma mansão, para mim aquilo era como morar em uma caixa de sapatos mas Steve por sua vez achou o espaço bem aconchegante. Por possuir pouca bagagem em poucos minutos ele já havia arrumado tudo. Como havia apenas uma cama e eu havia chegado primeiro, Steve concordou em ficar no sofá sem problemas.

-Lar doce lar- disse ele se jogando no sofá- Esse lugar é tão maneiro que merece uma música.

Ele tirou a gaita do bolso e olhou pra mim.

-Se importa?

Acenei com a cabeça que tudo bem e então ele comeou a tocar. Definitivamente eu não esperava que ele tocasse tão bem. Ele tocava cada nota com perfeição, o som produzido por aquele pequeno instrumento era algo magnífico que penetrava diretamente na alma. Porém a melodia que ele reproduzia ao mesmo tempo que era bela era melancólica, quase fúnebre. Durante alguns segundos permaneci imóvel apenas escutando ele tocar. Em uma fração de segundos um filme trágico começou a se passar na minha cabeça. Todas as minhas dores que estavam me consumindo nos últimos dias pareciam vir diretamente ao meu encontro através de cada nota naquela melodia. Foi então que meu celular começou a vibrar no meu bolso e me fez acordar daquele transe fúnebre.

Era uma mensagem do treinador Reich.

Brandon ótimas notícias!!! O time do Black Horses da NFL está interessado em você! Isso não é maravilhoso?!?! O técnico do time deles entrou em contato comigo a alguns minutos e disse que viu o seu desempenho no campeonato universitário e quer fazer um teste com você. O treinador deles veio para cá exclusivamente te conhecer. Ele está a caminho da universidade nesse exato momento. Tomei a liberdade de dizer que você toparia fazer o teste, pois caso contrário eles não viriam. Garoto, sei que sem você nosso time vai sofrer uma grande perda, mas eu quero o melhor para você e se você realmente quer se tornar um grande jogador essa é a sua chance. Venha até o campo de treinamento da universidade o mais rápido possível. Aguardo você.

No mesmo instante em que li aquela mensagem meu coração começou a ficar acelerado. Depois de tantas notícias ruins aquela mensagem me animou novamente. Steve se assustou quando entreguei uma cópia das chaves nas mãos dele e saí correndo. Na verdade até eu ficaria meio assustado em entregar a chave do meu novo lar nas mãos de um cara que eu mal conhecia mas naquele momento a adrenalina tomou conta de mim de tal forma que eu nem ao menos me importei com isso.

Cheguei eufórico no vestiário. O treinador Reich me recebeu com um abraço e logo em seguida me deu algumas rápidas instruções de como agir diante do técnico dos black horses o tal do Edward Scotfield. Ele havia me dito que ele era um dos melhores técnicos da NFL, a todo momento ele o elogiava e dizia que era muito fã dele. Cheguei a conclusão que o trinador Reich estava mais ansioso do que eu para conhecer o técnico dos dark horses. Ele ressaltou por fim que os treinadores da NFL costumam ser bem rigorosos em alguns aspectos e então me passou algumas dicas importantes sobre como poderia impressioná-lo.

Poucos minutos depois a equipe de soldados negros surgiu no corredor. Cerca de dez jogadores uniformizados caminhavam em sincronia como soldados indo para o campo de batalha etrajavam . Aquele era definitivamente o uniforme mais maneiro que eu já havia visto na vida. Era como estar diante dos power rangers do futebol americano. Diante daquela cena eu soube de cara que eu precisava entrar naquele time. Um homem que presumi ser o técnico do time caminhava na frente de todos. Ele trajava um terno preto muito sofisticado e usava um par de óculos escuros. A expressão do seu rosto era totalmente neutra. Ao se aproximar de mim ele retirou os óculos revelando seus olhos acinzentados e deu um leve sorriso.

-Brandon Fletcher. É um prazer te conhecer. Sou Edward Scotfield, mas pode me chamar de Scot.

-É um prazer conhecê-lo Scot. Ouvi falar muito bem de você. - disse, olhando para o treinador Reich que estava acenando para ele como um garotinho de seis anos vendo um cosplay do seu super-herói predileto. Ele havia até mesmo tirado seu boné em reverência a presença do técnico do Black Horses.

-Muitos falam bem de mim. -Disse ele, se aproximando ainda mais de mim e não dando a mínima para o treinador Reich. -Vamos direto ao assunto. Você está realmente pronto para o teste que pode mudar sua vida para sempre?

Engoli seco. Scot era um cara enorme com uma voz grave e usava as palavras de um jeito que era impossível não ficar nervoso. Porém, logo de cara percebi que era exatamente isso que ele queria; o teste já havia começado, e aquela era a primeira pergunta para testar meu psicológico. Respirei fundo e com um sorriso sarcástico respondi.

-Nasci preparado.

Ele sorriu.

-Boa resposta. Vamos a etapa dois.

- Está vendo os caras ali atrás?- disse ele apontando pelos ombros com o polegar.

-Entre eles estão nove dos seus possíveis futuros parceiros de equipe.

Olhei mais uma vez rapidamente para os jogadores e calculei algo que me chamou atenção.

-Nove? mas ali tem dez.

-Ah sim, é que um deles não foi totalmente efetivado ainda, na verdade... a sua vaga depende exclusivamente em se sair melhor que ele.

Encarei Scot, confuso.

-Ah sim, é que geralmente quando queremos encontrar um jogador novo nós escolhemos os dois melhores jogadores de um determinado time em que estamos de olho e fazemos com que eles disputem entre sí pela vaga.- Ele deu uma leve risada- É uma questão de tradição.

Certo, aquilo fazia mais sentido, mas agora a questão era, com quem eu iria disputar aquela vaga? Dyllan? Gary talvez? Foi enquanto eu pensava em quem poderia ser meu adversário que um dos jogadores com seu equipamento preto reluzente deu um passo a frente. Após fazer uma reverência tirou o capacete. Foi então que finalmente eu pude ver quem era.

-E ai Brandon.



Era o Saymon.



***

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