Curando Feridas ( Hiatus)

By alinecori

66.7K 8.2K 1.9K

Juliana sempre foi expert em usar máscaras, afinal, eram nelas que ela podia se esconder. A sua defesa sempre... More

Prólogo
Capitulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6 - Hugo.
Hiatus
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Ebook Grátis...
Capítulo 10
Capítulo 11
Capitulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Dica de leitura!!
Capítulo 16
Aviso!!
Chamada!!!
Capitulo 17
Perguntinhaa...
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Bônus Marina
Capítulo 27
Por favor não ignorem
capitulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Aviso.....
Capitulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Amorecos.
Capitulo 38
Capitulo 39
Capitulo 40
Olha eu de novo!

Capítulo 3

2.6K 262 51
By alinecori


Opa!!! Boa noite!!! Cheguei... um pouquinho atrasadaaaa.... Mas cheguei....

Sem enrolação vamos ao capítulo.....

brigadim, pelos comentários, votos e afins.... bjkas.


 

Dias atuais

O celular da sinal de vida me acordando e me dizendo que hoje será um dia daqueles! Não, espera, não um dia ruim, mas um dia excelente, cheio de coisas novas e grandes realizações! Esse é o meu primeiro pensamento do dia antes que eu abra os olhos.

Olho no celular e vejo que tem uma mensagem da minha amiga.

Lu – Bom dia! Já acordada?

Eu- Não! Ainda madrugada!

Lu – Levanta já da cama. Não estou ai para puxar a coberta, mas não te deixo enquanto não levantar dessa cama!

Como eu queria que ela estivesse aqui para puxar minha coberta.

Eu- Esqueceu que agora sou mocinha responsável? Já tenho meu próprio negócio! Meu primeiro dia!

Lu- Eu sei.... está feliz?

Demoro um pouco a responder. Pergunto-me qual é o nível da minha felicidade, mas não tenho resposta.

Eu – Claro! Depois de tanto tempo.

Prefiro não demonstrar nada que não seja felicidade, antes que saia da casa dela grudada com as crias e pare aqui em casa.

Lu- Queria poder te dá um abraço....

Eu- Eu também. Larga o feio do Daniel ai e vem para cá!

Lu- Largar o Dani? Eu morro! Quer que eu morra?

Eu- Morre nada.... e meus sobrinhos, como estão?

Lu- Lindos ! Igual a mãe e o pai, você sabe! Agora deixa eu ir arrumar café da manhã! Dani precisa ir para a clínica.

Eu – Ok. Te ligo mais tarde para contar como foi a inauguração. Bjs

Lu- Bjs.

Solto o celular e olhando para o teto, solto o ar, como se isso fosse me ajudar. E na verdade, ajuda de fato. Inspira e Expira.

Depois de formada fui trabalhar em um escritório de Arquitetura. Cuidava da parte de Design de Interiores, que é minha paixão. Não foi à toa que passei aqueles árduos meses fora da cidade e longe de todos. Valeu a pena cada dia. Aprendi muito naquela pós, que tive a alegria de ganhar por ser uma aluna Proeminente. Sim, eu era sim muito inteligente e me destacava sempre, com os meus projetos, e isso me rendeu uma pós e de quebra um contrato temporário em uma empresa de sucesso, naquela cidade. Adorei prestar serviço para uma empresa excelente como aquela, e aprendi muito.

Claro, que esse fato, não amenizou toda a outra parte que passei. Mas isso é uma coisa que deixei no passado, e de verdade, não quero lembrar. Por mais que isso me machuque, e acabe comigo, sou expert em colocar minhas várias máscaras e fingir que tudo está bem.

Bom, muitos anos se passaram desde aquele tempo, e muitas coisas mudaram por aqui. Depois dessa pós, e do término do contrato, eu voltei para a cidade e fui trabalhar neste escritório. Mas o meu sonho era ter o meu próprio. Como sabem, rejeitei trabalhar com o Felipe, não queria ficar colada com ele o tempo todo. Eu não podia. Então, fiz o máximo que pude para evitá-lo. Claro, que por causa da Luciana, nós mantemos o contato, e não posso negar, que apesar de tudo eu não o odeio, apenas não o quero mais. Não mesmo.

Aprendi que preciso gostar de quem gosta de mim. Amar quem me ama. Ele diz que me ama. Mas quem ama cuida, certo? Quem ama fica, não vai embora. Quem ama valoriza. Quem ama não desaparece. Então, não, ele não me ama, se é que você me entende. Ele então voltou a ser para mim aquilo que sempre foi e deixou bem claro quando foi embora sem avisar nada: amigo.

Se tem uma coisa que amo quando coloco os pés para fora casa e olhar o céu. O azul radiante contrastando com o sol, o leve soprar do vento balançando meus cabelos me dá a sensação de vida! É isso aí, vamos viver!

Estaciono o carro de frente ao prédio onde meu escritório está instalado — e sim, eu tenho um carro e não utilizo mais ônibus como meio de transporte —, na janela do quarto andar vejo Kate andar de um lado para o outro com o telefone na mão. Esqueci de mencionar, que com o abandono da minha amiga, eu agora tenho uma nova colega. Moramos no mesmo apartamento. Kate e eu nos conhecemos no antigo escritório. Ela sempre foi excelente secretária, e quando me afundei em trabalho, por ter sido abandonada pela Luciana, que casou com o Dr. Sorriso, me permiti conhecer um pouco mais a secretária de cabelos vermelho fogo e alguns pircings no rosto.

Se tem uma figura autêntica e que não se importa mesmo com o que vão dizer a seu respeito é a Kate. Sempre com uma resposta na ponta da língua, o que a faz ser totalmente segura de si, e deixando muitas vezes as pessoas mudas diante de sua aparência marcante.

— Graças a Deus você chegou! Vou te dizer, ainda bem que não posso andar armada, que se não hoje seria o dia ideal para dar um tiro em alguém. — Ela diz movimentando uma mão e apontando para o celular.

Sorri e dei de ombros. Fiquei parada na porta olhando todo o escritório. Tive medo. Estava acontecendo. Eu agora, sou uma empresária. Dá para acreditar?

— Você não entendeu! Eu não quero te ver de novo. — Kate diz enfurecida.

Ela é assim. Não gosta de compromisso. Não namora. Segundo ela é uma escolha, mas com certeza é por que não achou ninguém que a fizesse se apaixonar, e aí toda essa coisa de não se comprometer cai por terra. Afinal, você há de concordar que o tal de se apaixonar, te faz ser idiota, e esquecer muitas vezes que tem opinião própria e decisões que não podem ser deixadas de lado. O bom de toda essa droga de se apaixonar, é que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, então estou livre dessa.

Kate desliga o telefone e vem até a minha mesa com a agenda na mão.

— Tudo bem, já estou calma e não preciso mais de uma arma. Preciso de um chá de camomila e uns croassants.

— Que bom, assim não precisarei pegar meu primeiro salário de empresária para pagar sua fiança.

— Você pagaria minha fiança?

— Claro! Ou acha que ficaria sem o melhor brigadeiro de panela que já comi?

— É isso que eu valho? Um brigadeiro de panela? Ok. Quero mesmo uma arma. — Ela diz fazendo um sinal de arma e apontando para sua cabeça.

Balanço a cabeça e sorrio.

— OK. Vamos trabalhar Kate? O que temos para hoje?

— Em primeiro lugar, ainda não me conformo de você não fazer uma inauguração de arromba, nesse escritório lindo. Não encheu o lugar de gente interessado em comer todo o Buffet, e beber todo o seu vinho!

— Disse bem! As únicas pessoas que me interessariam estar aqui, não podem, então, não vou dar lanchinho de graça para seu ninguém.

— Tudo bem! A gente sai e bebe todas para comemorar, o que você acha?

— Boa ideia. Mas não hoje! Hoje vou trabalhar o máximo que eu puder.

Kate com toda sua eficiência me deixou a par de todos os projetos. Alguns clientes que souberam da minha mudança, decidiram me acompanhar, o que me deu um conforto. Iniciar já com certa clientela não é ruim. Pela manhã estava bem tranquilo e a tarde tinha um encontro com dois clientes novos. Luciana já ligou várias vezes no escritório. Segundo ela, era só para ter o gostinho de ouvir a Kate atender pelo nome da empresa.

— Sua amiga linda já ligou um milhão de vezes, me desculpa tive que ser mal educada. Eu não mereço ficar atendendo telefone só para ela ouvir minha voz e ouvir o nome da empresa.

— Dá um desconto para minha amiga Kate. Ela está feliz, mais que eu, na verdade.

— Isso é. Posso saber o que ainda falta para você colocar um sorrisão neste rosto?

— Nada. Eu acho. Analisa comigo — Disse a chamando e dando sinal com a mão para que ela se sente. — Depois de um bom tempo trabalhando naquele escritório, eu finalmente consegui ter a minha empresa. Tenho um carro, e moro em um apartamento, que não é meu, é alugado, mas é bem melhor que uma Kitnet; moro com uma garota estranha cheia de piercings no rosto e cabelo vermelho fogo, como o melhor brigadeiro quase todos os dias e sou solteira e linda! Não falta nada. Certo?

Ela me analisa por um tempo.

— Deixa eu ver. Foi uma boa análise da sua vida, e deixou claro que tem parte nela, que eu particularmente gostei mais. O fato da garota de pircing ser estranha, não tira o quanto ela é inteligente, autêntica e determinada, e isso realmente é bem legal, te leva para frente. Agora a parte do linda, realmente isso é verdade, porém, estar solteira não sei bem como você de verdade encara isso. Está faltando alguma coisa ou alguém.

— Não falta ninguém Kate, eu esto......

A batidinha leve na porta me impede de concluir meu raciocínio.

— Posso entrar?

Meus olhos se abrem o máximo que podem e antes que eu responde Kate se adianta.

— Claro Lipe, estava aqui dizendo para ela, que estava faltando alguma coisa e agora eu acho que não falta mais nada.

Ele sorri e a cumprimenta.

— Desculpa não ter ligado antes de vir Kate, mas queria fazer uma surpresa para minha amiga.

— Preocupa não. Tem gente que não precisa de aviso. Bom vou ali comprar mais Croassants, já que não teve Buffet, nessa inauguração sem graça, que minha chefa fez questão de fazer.

Kate saiu sem mais alardes. Felipe olhou a sua volta e voltou seus olhos para mim.

— Como está se sentindo Ju? — Disse sentando-se.

— Ainda não sei como estou me sentindo. Era para eu estar realizada, certo?

— Claro, é a realização de um sonho. Tem que estar radiante.

— Eu sei. Eu estou feliz, muito mesmo, Você sabe o quanto eu sonhei com isso. Mas e você como esta se sentindo?

— Vou levando. Estou pensando em viajar um tempo. Vou pegar uma mochila e sair por ai.

— Sozinho? — A preocupação de imaginar Lipe viajando sozinho bate no coração sem avisos.

— Sozinho, já que minha Sandy, não vai comigo.

Sorrio ao ouvir o Sandy, sair de seus lábios depois de tanto tempo.

— Não sou sua Lipe! — ele balança a cabeça em negativo.

— Disse certo! Não é minha, e ainda me pergunto até quando você vai fugir de mim e fingir que nada aconteceu.

— Lipe, por favor, não faz isso. Não hoje. Não aqui. — digo o encarando, e sentindo meu peito esmagando meu coração. Estava cada vez mais difíceis nossos encontros. Olhar para Felipe, sempre me levava para o dia em que acordei sozinha naquela cama, depois de me entregar totalmente a ele. Não estava sendo fácil nem ser amiga dele. — Eu não finjo Lipe, apenas faço aquilo que você fez anos atrás. Esqueço o que aconteceu. E assim é muito melhor.

Lipe engole em seco. E eu também não fico diferente. É um tapa na cara quando a verdade é lançada ao vento e vem direto até você.

— Ju — ele se aproxima e eu encosto na cadeira me distanciando — acho que já me puniu demais. Quanto tempo ainda vai levar isso? Não há nada que eu fale ou faça, que quebre esta muralha que você criou.

— Eu tinha deixado você entrar Lipe! Mas você fugiu e então, ergui novamente.

Vejo os olhos de Lipe brilharem com as minhas palavras. E não é um brilho de admiração, mas de constatação daquilo que já deixei muito claro.

— Não dá Lipe. Já falamos demais, sobre tudo. Não tenho mais o que falar, e queria que você realmente respeitasse minha vontade de não falar mais sobre isso. Somos amigos e é o que podemos ser.

— Podemos? Você decidiu isso Juliana. Não quero ser seu amigo.

— Eu não decidi Felipe. Você decidiu no dia em que foi embora. Você decidiu por nós dois — solto enfurecida.

Vejo o engolir em seco e talvez procurando na mente algo que possa falar para justificar sua atitude. Mas não há nada que ele diga. Já deu todas as desculpas possíveis que podia dar; tinha medo de não me fazer feliz e foi embora. Essa é a pior de todas para mim. Devia ter sido pelo menos o amigo que era e esperado eu acordar, nem que fosse para me dizer que tínhamos cometido um erro. Mas não. Foi covarde, e por isso não merece nenhuma chance. Não conseguiria, não depois de tudo que passei por causa daquele dia. Não depois de toda a bagagem que arrasto comigo em consequência daquela noite.

— Está certa Ju. Você tem toda razão. Não vou te importunar mais.

— Lipe, ainda somos amigos. E mesmo que minha vontade de dar na sua cara, seja maior que tudo, eu me controlo e sou sua amiga. Antes de tudo, a nossa amizade foi muito importante. Não tem como apagar isso.

Ele sorri e vem em minha direção. Meu corpo gela em antecipação pela sua aproximação.

— Então levanta dessa cadeira e venha me abraçar Sandy! — Meu coração se aquece, porquê apesar de tudo o laço que criamos de amizade ainda é muito forte. Aliás, laços, é o que mais temos. — Se é a sua amizade que ainda posso ter, então que seja, sou seu amigo.

— Ok. Danny! Daqui um abraço na mais nova empresária da cidade.

Nos abraçamos e sorrimos. Mesmo que a amizade estivesse ainda abalada, ainda mantínhamos os laços.

— Ficou lindo! Está tudo maravilhoso. Eu sabia que você ia arrasar Ju. Pena que a Lu, não pode vir.

— É uma pena. Mas fazer o que se ela agora tem duas crias para cuidar, e ainda tem aquele Dr. Sorriso, para ocupar o meu lugar.

— Ju! Ninguém ocupa seu lugar. Você é amiga dela, e o Dr. Sorriso dorme com ela.

— E dai? Eu também dormia com ela.

— Ju, você entendeu.

— Eu sei. Ela esta feliz. E eu a amo. Pronto é o suficiente. Já almoçou?

— Não.

— Jantar não. Mas vamos almoçar, e falarmos de todas as bobeiras possíveis, e quem sabe adivinharmos se vai chover ou não!

— Só se eu pagar.

— De jeito nenhum. Eu chamei, e agora sou empresária do escritório mais lindo, e que vai ganhar vários prêmios, portanto, eu pago, e não se fala mais nisso.

Estendi minha mão, e ele a pegou. Apesar de tudo, ainda nos esforçávamos. E eu mais ainda. De alguma forma queríamos compensar tudo com a amizade.

........................................................................

A semana de inauguração do escritório passa rápido. Novos projetos e conclusões daqueles que vieram comigo de antigos clientes, me deixa em total estado de euforia. Kate, com toda a sua eficiência deixa tudo organizado e agendado. Oito horas de trabalho por dia tem feito meus dias voarem.

— Kate, onde está o telefone daquela Pizzaria ? Estava nesta mesa, mas não encontro. — Procuro o panfleto que anuncia promoções de pizzas na sexta- feira, e tudo que eu acho são papéis e mais papéis por todos os lados. Tudo que você puder imaginar está em cima dessa mesa. — Como pode isso? Estava aqui! — Digo pegando um sutiã da Kate e jogando nela.

— Não acredito! Achou meu sutiã preferido. Meu Deus Juliana, que bagunça, você precisa ser mais organizada.

— Que saudade da Lu. Eu encontrava tudo. Aquela ali sim é organizada.

— Querida, isso é questão de ponto de vista. É uma bagunça organizada. Achamos tudo. Agora arruma essa zona aí pra ver o que acontece.

— Então explica porque até achei meu jogo de canetas que estavam sumidas há mais de uma semana, e não acho o maldito panfleto?

— Isso realmente deveria ter uma explicação.

— Você deveria ter uma explicação ! Por que cargas d'água você é muito organizada no seu trabalho e em casa, é uma catástrofe? Desse jeito, daqui uns dias não conseguiremos nem entrar em casa. — Solto o ar olhando ao meu redor e a encarando.

— Acho que você não precisa de Pizza e nem de panfleto. Você precisa se divertir. Espairecer, relaxar, se acalmar, e depois a gente vê o lance da bagunça ok? Prometo que trabalharemos nisso! Agora, acho que você deve ir tomar um banho se arrumar, e cair na noite!

Me jogo no sofá em meio ao monte de roupas e edredons.

— Não quero cair na noite. Quero vestir pijama e assistir um bom filme abraçada na Nina. — Sim, eu ainda durmo com a nina, aquele urso de pelúcia de muito tempo atrás.

— Eu fiquei sabendo que aquela banda que tocou lá da última vez e que você adorou vai estar lá novamente.

Vejo Kate insistindo, e lembro que não muito tempo atrás era eu quem insistia para que Luciana saísse comigo. Mas o que posso fazer? Minha vida anda mesmo muito sem graça.

— Prometo faxinar essa casa. Prometo limpar até o teto se você quiser! Mas vamos sair daqui, respirar. — Kate diz sorrindo e dobrando o Edredom.

Acho que eu preciso mesmo respirar. A ideia de que Felipe vai viajar sem data para voltar me deixou abalada. Ele não foi justo comigo, quando no almoço disse que se eu pedisse para ele ficar ele ficaria. Eu não podia e nem vou fazer isso. Não vou pedir, porque seu eu fizer isso, é como se eu estivesse dando esperança para ele e eu não tenho nada a oferecer. Nada mesmo,

— Ok Kate. Você venceu. Mas até domingo, eu quero poder sentar e fazer uma bela refeição nesta mesa, e não achar outro sutiã. Pelo amor de Deus, isso aqui tá parecendo um hospício.

Ela sorri e vem em minha direção. Antes que ela se jogue me meus braços coloco minhas mãos na frente a impedindo. Tudo bem , que moramos juntas, e que até somos amiguinhas, mas sem abraços e beijos.

— Tudo bem! Não vou te abraçar.

........................................................................

A noite fresca e as luzes da cidade fazem meus pulmões se encherem de ar com mais facilidade. Antes de sair de casa depois de mandar uma mensagem para a Luciana, recebi várias recomendações.

LU : Não vai beber demais!

Affs, mesmo de longe ainda me vigia...

Eu: Não prometo.

LU: Você sabe que passa dos limites as vezes.

Eu: Não se preocupe. Pego um táxi. E de qualquer forma a Kate dirigi.

Lu: A Kate e nada é a mesma coisa.

Eu: Tá com ciúmes?

Lu: Ciúmes? Claro que não. É que ela parece que não bate bem e junta com você ai tenho até medo.

Eu: Sinto falta do seu lado mãe.

Lu: Eu ainda estou aqui por você amiga!

Eu: Como as coisas podem mudar tanto. Quem diria, agora você cuida de mim, Quando você era uma pirralha eu te defendia. Isso não é justo. Preciso crescer e parar de dar trabalho.

Lu: Não pira Ju. Você cresceu. Agora vai, já está ficando tarde.

Eu: Beijos.

Kate eu nos sentamos em uma mesa de frente para o palco. O lugar como sempre está cheio de gente. Provavelmente as mesmas pessoas apaixonadas por músicas da década de 80. A boa música sendo tocada me relaxa um pouco. Na verdade uma boa bebida sempre me ajuda a relaxar e somada com músicas boas é um tiro certo. Segundo Luciana, aquela amiga desnaturada que me abandonou, essa realmente não é uma boa combinação para mim. Sempre vou além do que posso, mas, como ela não está aqui e neste momento minha nova colega está dançando agarrada a um carinha que eu realmente sei que não vai dar em nada além de apenas mais uma noite, vou ficar por aqui ouvindo essas músicas e beber para esquecer.

As músicas de antigamente são verdadeiras histórias de amor, e a constatação disso em cada letra cantada parece querer me afundar um pouco mais neste momento de entrega a bebida. Quando os primeiros acordes de I Must Have Been Love soa, eu me vejo completamente afundada em um lugar escuro onde com minhas mãos tateio o melhor caminho para chegar a um lugar onde eu possa ver claramente o que estou fazendo, onde o escuro não seja mais a minha companhia.

Olho ao redor e vejo casais se abraçarem e se renderem a olhares apaixonados. Procuro em algum rosto algo que me chame a atenção ou que talvez me cause uma sensação de segurança mas não encontro então volto meus olhos para o copo a minha frente, e me agarro a ele com toda a minha força. Ele sim, nunca me deixará sozinha.

"I Must Have Been Love

"Deve ter sido amor"

O vocalista canta e eu o acompanho concordando. Deve ter sido mesmo amor, mas onde somente um amou. Sinto mais uma vez a raiva crescer em mim. de uma forma que eu não consigo impedir. Cansada de lutar contra tudo pareço que vou morrer sufocada neste lugar. Procuro forças em minhas pernas para se levantar e quem sabe ir para fora e respirar um pouco melhor. As pernas não obedecem, então pego o copo e faço o líquido ardente descer rasgando pela minha garganta. A sensação de calor que ela me causa alivia um pouco toda essa loucura que esta em minha cabeça. Mesmo sentada tento movimentar meu corpo para acompanhar a melodia da canção e a única coisa que soa em minha mente é a voz de Felipe soando em meu ouvido.

— Me perdoa Ju! Eu preciso do seu perdão.

Ele não pode fazer isso. Não é isso que eu queria ouvir. Ele não pode simplesmente pedir perdão. Não é tão simples assim. Eu não consigo, eu não posso. Forço-me a levantar –me mais uma vez e dessa vez consigo pelo menos ficar de pé. Os olhos pesados procuram a garota de cabelos vermelhos, mas, não tenho certeza se a vi. Com o raciocínio leve tento encontrar a porta pela qual eu entrei para que assim eu possa sair. Preciso sair.

Ju, se beber demais não vai sozinha. Procure a kate.

Lembro-me do conselho da Luciana e forço mais uma vez olhar tentando achar a Kate. Não a vejo e mesmo assim continuo indo em direção à porta — só vou respirar um pouco.

Com dificuldade e sentindo um peso grande em minhas pernas, é a bebida fazendo efeito. A rua não está movimentada e mesmo que eu esteja vendo tudo em dose dupla, resolvo andar um pouco, talvez assim as pernas obedeçam aos meus comandos. A única companhia que eu tenho agora é a da minha sombra projetada pelas poucas luzes na rua. Se eu tenho medo de estar sozinha e na madrugada? Não, não tenho. Acho que a bebida me encorajou.

Os passos dados com cuidado e lentamente vão me levando para mais longe do lugar que eu estava. As pernas bambeiam mas o vento frio da madrugada alivia a tensão em que eu estava dentro daquele lugar fechado. Para onde estou indo eu não sei, apenas vou seguindo minha própria sombra até perceber uma outra sombra se juntando com a minha.

O coração acelera, quando para ter certeza de que o que estou vendo não é alucinação causada pelas boas doses de bebida, escuto passos atrás de mim. Tento acelerar mas o maldito peso nas pernas me impede.

— Ei gatinha, não tem medo de andar sozinha na rua a essa hora?

Não olho para trás e coloco minha mão em minha bolsa tentando me proteger do que possa vir pela frente.

— Ei, estou falando com você. Não adianta acelerar, se está na rua sozinha é que está procurando diversão.

O suor começa a descer em meu rosto e tento não me apavorar e antes que eu possa correr, sinto um braço me segurar forte. Fecho os olhos em uma tentativa, de abri-lo novamente e acordar deste pesadelo mas não funciona.

É muito mais linda do que imaginei. Relaxa linda, não vou levar nada seu, quero só me divertir aposto que você também quer provar do que eu tenho para te dar.

O empurro, mas não tenho forças. Suas mãos me puxam com força e sinto meu corpo bater contra um muro. Ameaço gritar e sou impedida por ele.

— Shiii, sem grito loirinha. Só deixo gritar se for de prazer.

Tento me esquivar mais uma vez e não consigo. Suas mãos começam a passear pelo meu corpo, e sinto minha cabeça girar. O medo tomando conta de mim. Luto o máximo que posso, tentando me livrar deste pesadelo e penso por um minuto que por mais essa eu não aguentaria passar. As lágrimas descem enquanto ele força mais o meu corpo contra o muro e rasga a minha blusa.

Vou te dar o que você merece, assim aprende a não andar mais sozinha na rua gatinha.

Ele força a minha calça para baixo e sinto o ar faltar em meus pulmões. Eu não vou aguentar, prefiro a morte. Sinto a morte.

— Falta pouco gatinha, eu não vou demorar, prometo a você.

Reúno o máximo de força que tenho e dou uma mordida em seu braço que segura meu ombro contra a parede. Sinto o tapa no meu rosto e grito.

— Larga a moça.

Ouço outra voz mas não consigo ver. Tento respirar mas não consigo.

— Eu disse para largar a moça.

A voz se aproxima e sinto o monstro sendo puxado violentamente. O meu corpo não aguenta e eu caio no chão. O ar faltando. O ar indo embora. Não consigo respirar. Tudo está escuro.

Continue Reading

You'll Also Like

22.9K 1.8K 60
Alex Fox é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele, Ele acha que eles tem que apanhar se acaso algo estiver errado...
1.1M 122K 163
Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...
208K 12.4K 92
Eu sempre fico atrás de um imagine que consiga prender a minha atenção na madrugada, então eu decidi ajudar os que também querem se iludir um pouquin...
809K 1K 3
Túlio é um homem de personalidade forte, não costuma demonstrar simpatia atoa. Mente criminosa e coração de gelo é assim que ele se enxerga. Pra e...