Anne tinha passado a semana toda praticamente me evitando, mesmo depois de combinarmos de passarmos a tarde e noite de sábado juntas. Eu entendia que ela estava chateada comigo porém era horrível já que nunca ficamos frias desse jeito, ela ficava andando com Brenda para todos os lados e quando estávamos todos juntos me respondia apenas com meias palavras.
Com meu namoro com Trevor sendo supervisionado pelos meus pais não podia abusar, eles não tocavam no assunto mas deixaram claro que se alguma coisa da minha vidinha saísse do normal as coisas ficariam feias, e essa não era a intenção.
Sábado a tarde eu terminava de arrumar minhas coisas para ir à casa de Anne, iriamos fazer um piquenique e eu dormiria em sua casa dando tempo para que eu pudesse me desculpar, não via a hora de ficarmos bem outra vez.
A casa estava silenciosa quando fui até a cozinha, meus pais geralmente ficavam no quarto deles, na sala ou no jardim e na maioria das vezes juntos. Eles sempre tinham assunto e isso me impressionava, a forma que eles conversavam e mostravam carinho me fazia almejar algo assim um dia, apesar das coisas ruins que aconteceram com os dois. Camberly quando estava em casa ficava em seu quarto, uma vez ou outra passava no meu para mexer comigo porém não durava muito tempo.
Abri a geladeira e comecei a pegar algumas coisas, também assaltei o armário e a fruteira colocando tudo em um cesto comum.
– Eu sempre pensei que seria eu a fugir de casa, mas que surpresa ainda mais na luz do dia. – Camberly apareceu na cozinha e rolei os olhos tampando a cesta com um lençol.
– Muito engraçado. – resmunguei e ela pegou um morango do pote que estava sobre a mesa. – Surpresa é você estar em casa em um sábado.
– Ainda estou esperando alguma resposta das minhas amigas, sabe como é, as melhores festas do pijama são marcadas de última hora. – falou e franzi a testa, ela sabia que não me enganava.
– Ah, claro. Ouvi dizer ontem que você e o Ryan do segundo ano estavam ficando. – comentei e dessa vez ela me olhou de forma estranha.
– O que? Não. Ele não é muito atraente e também não é uma boa companhia. – disse se encostando à bancada e ajeitei o cesto no braço.
– Como se isso importasse pra você. – dei os ombros e Camberly mexeu a cabeça em negação.
– Você e Trevor parecem estar bem, você é bem sortuda. – falou e sorri concordando. – Espero que nada atrapalhe vocês dois, você sabe, ele é bem popular entre as meninas.
– Eu não acho que isso seja um problema no final de contas. – rebati um pouco séria e ela apenas deu os ombros.
– Pode ficar tranquila que não vou roubar seu namorado, já basta ter que dividir um pai e um teto com você, imagina um cara. – ela falou e acabei dando uma risada, da maneira Camberly, foi uma maneira legal de dizer. – Vou voltar para o meu ninho, boa diversão com sua amiga esquisita.
Eu ia rebater, mas deixei que ela saísse da cozinha antes que eu a afrontasse, bebi um copo de água e subi para o meu quarto a fim de pegar o resto das minhas coisas. Depois de ter pego tudo resolvi passar no quarto dos meus pais, a porta estava encostada então bati e quando minha mãe avisou que podia entrei.
– Já está saindo? – perguntou minha mãe e assenti.
– Parece que alguém fez a feira, pelo visto vamos ter que ir ao mercado segunda. – meu pai brincou e minha mãe o cutucou deitada ao seu lado como de costume.
– Qualquer coisa eu vou estar na casa do lado, vocês vão sair hoje? – indaguei e eles se entreolharam.
– Provavelmente não, mas te deixamos avisada caso alguma coisa mude. – mamãe me respondeu e concordei.
Me despedi deles e fui para a casa de Anne, chegando lá ela me atendeu contente porém receosa, fazia um tempo consideravelmente bom que eu não ia à sua casa.
– Pode entrar, deixei as coisas arrumadas no jardim assim ninguém incomoda a gente. – Anne falou depois que a abracei e concordei a seguindo pela sala e corredor até a parte de trás.
Ela estendeu um lençol no gramado e já havia algumas coisas, com sua ajuda coloquei o que eu tinha levado e bem, a sorte que éramos duas comilonas.
– Precisei argumentar bem para que minha mãe nos liberasse do jantar, mas depois de consegui uma torta salgada ela considerou que o piquenique fosse o suficiente. – disse Anne, os pais dela eram definitivamente bem rígidos quando alimentação, e eu já senti isso na pele.
Trocamos algumas palavras e começamos a comer, porém eu não queria enrolar muito para dizer o que eu pretendia.
– Olha eu sei que não tenho sido a melhor amiga e desculpa, é que tudo vem acontecendo tão rápido e não sei administrar como antes. Você merece minha atenção mais que qualquer pessoa e eu venho sendo péssima, não culpo outra pessoa a não ser eu mesma por isso e espero que não tenha desistido de mim. – falei e Anne sorriu de lado.
– Eu nunca desistiria de você Hayden Jane, eu fiquei meio fora de mim também porque eu imaginava que quando uma de nós duas começasse a namorar ficaríamos trocando conversas e essas coisas, fora que antes éramos só nos duas e hoje temos um grupo de amigos entende? Não quis parecer brava com você. – disse ela e também sorri.
– A partir de agora não vou deixar passar nada, e nós podemos ter outros amigos porém essa dupla aqui é a mais forte. – disse e rimos, eu sentia falta disso.
– Não mais forte que o pedaço de bolo queimado, precisamos dar um jeito de jogar isso fora sem minha mãe ver. – observou e concordei.
Nós nos abraçamos apertado e fiquei aliviada, metade do lanche já tinha ido "embora" e nos deitamos no lençol antes de Anne fazer uma pergunta duvidosa.
– Você já se sentiu atraída por uma garota? – a fitei e ela começou a ficar vermelha. – Não uma celebridade, e sim uma garota que você conhecia?
– Não que eu me lembre. – respondi. – Você já?
– Eu não sei, quer dizer eu gosto de garotos, mas Brenda e eu estamos bem próximas e ela vai se assumir bi pra família dela amanhã, eu acho ela tão linda e inteligente que não sei, talvez seja só admiração. – explicou e curvei minha boca em uma espécie de beiço, fazendo Anne me olhar preocupada. – O que foi?
– Sempre imaginei que quando se sentisse atraída por uma garota seria por mim, agora estou me sentindo traída! – falei deitando de barriga para cima e ela gargalhou.
– Você é péssima Hayden! – Anne exclamou e eu ri alto enquanto ela me empurrava para deitar outra vez.
Assim passamos o resto do começo de noite e a noite também, colocamos a conversa em dia em meio a brincadeira e provocações. Trevor me mandou algumas mensagens que eu respondi, mas nada estava sendo melhor que passar o tempo com minha melhor amiga.
P E R R I E
Depois que Hayden saiu Zayn e eu ficamos na mesma situação que a tarde inteira, deitados na nossa cama vendo TV. Não era a pior coisa a se fazer porém eu estava com um pouco de tédio e Zayn aparentava a mesma coisa, ele se aninhava no meu corpo resmungava alguma coisa e ficava quieto até começar tudo de novo.
Já tinha escurecido quando Camberly apareceu no quarto, ela olhou em volta antes de se direcionar a mim.
– Onde está o meu pai? – perguntou encostada na porta.
– No banho, pode esperar aqui se quiser. – respondi porém ela negou voltando para o corredor.
Nós não tínhamos intimidade nem de longe e eu não culpava Camberly por isso, afinal foram anos sendo apenas ela e o pai então de repente chegar alguém e mudar toda uma rotina de cabeça para baixo não era uma das melhores coisas.
Zayn saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura, ele parou para me olhar fazendo pose apenas por graça.
– Camberly esteve aqui te procurando, é melhor ir ver o que ela quer. – disse e ele concordou antes de entrar no closet para se vestir.
Mudei de canal mais algumas vezes até Zayn passar por mim e deixar o quarto, abracei um travesseiro e fechei os olhos definitivamente quase morrendo de tédio. Não sabia quanto tempo tinha passado, apenas sabia que eu estava prestes a cochilar quando ele voltou para a cama e me abraçou por trás.
– Cam pediu para dormir na casa de uma amiga já que Hayden saiu também e eu deixei, tudo bem? – perguntou ele depositando um beijo em meu ombro.
– Claro, só acho que ela sai demais, talvez seja apenas impressão. – falei ainda sentindo sua respiração contra minha pele.
– Também penso nisso, mas é a idade dela e pelo menos ela não teve problemas em se adaptar aqui, não acha?
– É, tem razão. – concordei – O que vamos fazer já que estamos sozinhos?
Me virei de frente para ele e abracei seu pescoço, Zayn olhou para o teto e jogou o braço sobre minha cintura, descendo até minha cocha onde ele ficou massageando com a mão.
– Eu tive uma ideia, mas você provavelmente vai achar besteira. – deu os ombros e contraí a sobrancelha, ele sempre tinha ótimas ideias, na maioria pervertidas, mas ótimas.
– Ah vamos lá, me diga. – insisti empurrando seu ombro, Zayn molhou os lábios e me olhou divertido.
– Que tal irmos passar a noite em um hotel? Eu sei que você vai dizer que é a mesma coisa que em casa, porém podemos ter um bom quarto e um ambiente diferente. – sugeriu e ao contrário do que ele pensou, eu adorei a ideia.
– Como você duvidou que eu gostasse? É ótimo amor, mas não sei se vai ser fácil conseguir um bom quarto de última hora. – sua mão continuava a passar por minha pele e por baixo do pano do short que eu vestia, brinquei com sua orelha e me arrepiava só de imaginar como seria a noite.
– Eu tenho dinheiro e ótimos argumentos, não me subestime babe. – Zayn juntou seus lábios aos meus e saiu da cama pegando o celular – Vou resolver isso e beber um pouco de água, pode arrumar suas coisas.
Concordei animada e saí da cama assim que ele deixou o quarto, fui até o closet escolher o que vestir e algo para o dia seguinte, aproveitei para vestir um lingerie novo e um vestido vinho que eu mal tinha usado. Ele era curto de gola alta, porém com um decote no colo e nas costas, também era apertado da cintura para cima e com saia um pouco mais solta.
Com um sobretudo, o cabelo solto e apenas um batom vermelho de maquiagem eu estava pronta quando Zayn voltou para o quarto, ele fez um bico e sorriu me olhando de cima a baixo enquanto eu terminava de arrumar a bolsa em cima da cama.
Voltei e pronta pra uma att dupla! Espero que gostem e não se importem (até parece) com o próximo capítulo ser todo zerriezinho...
Obrigada por todas as leituras, votos e comentários, mas também pela paciência que vocês têm comigo mesmo quando piso na bola.