Illuminata Naturae

By PatriciaMaiolini

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O que você faria se, de uma hora para outra, acordasse em um mundo onde seres mitológicos como sereias, troll... More

Aos Leitores!
Projeto Reconstruindo Clichês
Glossário
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Grupo do Whatsapp
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Feliz Ano Novo + Agradecimentos
Capítulo Sete
Avisos
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze

Capítulo Três

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By PatriciaMaiolini

Félix a levou até a sua carruagem escondida, que fora estacionada ao lado de uma árvore, na escuridão. Abriu a porta para que ela entrasse e estendeu suas mãos para ajudar Amelin a subir na carruagem. Amelin, por sua vez, recusou no início. Tentou subir sozinha, mas não obteve sucesso; a carruagem era alta demais para ela e seus pés enroscaram-se em um fino tronco de árvore, fazendo com que ela caísse sentada no chão. Félix abaixou-se e ofereceu sua mão mais uma vez, que dessa vez fora aceita. Amelin começou a chorar tanto que começara a soluçar. Félix entendia a situação, pois estava separando a princesa Amelin de sua família de criação. A princesa não fazia ideia de que era filha de pessoas extremamente poderosas e nem ousava pensar que estava predestinada a cumprir uma profecia. Amelin acabara de descobrir que possuía poderes e Félix sabia muito bem que deveria dar um tempo para ela processar as informações antes de contar-lhe toda a verdade.

A princesa Amelin estava tão cansada que deitou nos confortáveis bancos acolchoados da carruagem real antes mesmo de partirem. Félix deixou-a descansar, já que a viagem até o portal para Hammerlock era demorada e muito cansativa. A viagem demoraria aproximadamente dezesseis horas e quarenta minutos: eles sairiam de Eden Prairie, no estado americano de Minnesota e atravessariam até a província que os levava para o Canadá. De lá, eles viajariam até Kingston, cidade localizada na província canadense de Ontário.

Antes que Félix sentasse no banco do cocheiro, desamarrou as rédeas dos cavalos que estavam amarradas em torno de uma árvore e subiu na carruagem. Depois de quase meia hora, Amelin acordou e proferiu:

— Félix, onde estamos? – perguntou assustada enquanto olhava ao seu redor.

— Estamos em Madison, quase saindo do estado de Wisconsin.

— Para onde estamos indo?

— Vamos até o Canadá, mais precisamente até Kingston, na província de Ontário. A viagem será demorada, senhorita. Está com fome?

— Sim, estou faminta. Por que precisamos ir até o Canadá? Estou confusa.

– Nós vamos até o Canadá porque precisamos ir até Hammerlock. O portal para Hammerlock fica no Canadá – Fez uma pausa para procurar alguma coisa. – Pegue, Amelin, isso vai saciar a sua fome por um tempo. – disse-lhe estendendo uma sacola com alimentos.

— Obrigada, Félix. – Amelin pegou uma maçã e a mordiscou. Guardou a sacola para mais tarde, pois não sabia por quanto tempo aquela viagem duraria. Assim que terminou de comê-la, deitou-se novamente e adormeceu.

Três horas se passaram e Félix começou a sentir muito sono. Amelin ainda dormia no banco da carruagem e se ele não parasse, acabaria dormindo enquanto conduzia a carruagem. Estaria colocando a vida da princesa Amelin em risco e a sua própria, mas sua missão era proteger a princesa. Félix encontrou um galpão abandonado, caindo aos pedaços, no meio dos campos verdejantes de Naperville. O céu escuro indicava que a madrugada estava começando, não deveria se passar das três horas da manhã. Félix abriu as portas do galpão e estacionou a carruagem. Pegou uma coberta guardada dentro da carruagem, deitou-se no chão e cobriu-se, adormecendo logo em seguida.     

     — Félix, onde estamos? – Amelin acordara desnorteada. Ela chacoalhara o corpo de Félix até que ele acordasse.

— Paramos para descansar, Alteza. Estamos em Naperville, Illinois.

— Vamos demorar muito? Essa viagem está sendo cansativa – reclamou Amelin. – Por que você fica me chamando de Alteza? Eu não sou uma princesa!

— Sinto muito em discordar, mas a senhorita é uma princesa. Pode ser difícil de aceitar agora, você está vivenciando muitas coisas de uma única vez... – Félix interrompeu sua fala por alguns segundos. – Eu sei que está cansativa, mas ainda falta onze horas e alguns minutos para chegarmos em Kingston – Félix pegou uma sacola com comidas que havia guardado dentro da carruagem e retirou de lá um cacho de uva. Comeu rapidamente e continuou: – Amelin, é hora de continuarmos a viagem.

Amelin subiu novamente na carruagem e eles seguiram viagem. Por um longo tempo, Amelin ficou admirando as belas paisagens dos estados por onde passava. Alguns lugares eram cidades maiores e eles passavam despercebidos pelas pessoas. Isso era algo que ela não compreendia. Eles passavam por muitas pessoas e eles pareciam não notar uma carruagem puxada por cavalos.

— Félix?

— Sim, senhorita?

— Essas pessoas estão nos vendo?

— Não, senhorita. A carruagem Real tem um feitiço de invisibilidade. As pessoas que não sabem sobre a existência do reino de Hammerlock não conseguem enxergá-la.

A jovem assentiu com a cabeça, para demonstrar que havia compreendido, mas nada disse. Voltou sua atenção para a paisagem urbana em que se encontrava, olhando para os grandes prédios ao seu redor. O tempo parecia não estar passando e ela se sentia angustiada dentro daquele transporte medieval. Não tinha nada para fazer, exceto dormir, comer e olhar a paisagem – que, por sinal, não variava muito.

Amelin não compreendia o motivo para estar sendo levada para Hammerlock. Por que aquele homem estranho a chamava de princesa? Por que sua mãe disse que não era a sua verdadeira? Por que deveria ir para Hammerlock? Eram muitas perguntas a assustando e elas estavam fazendo a sua cabeça girar e latejar. Sua barriga começou a roncar e ela pegou a pequena sacola que havia guardado consigo.

— Amelin, me esqueci de mencionar que essa sacola é mágica. Quando a comida acabar, ela vai se restaurar com mais comida e ainda tem mais: qualquer comida que desejar comer, a sacola vai lhe oferecer. É só você pensar no que deseja comer e colocar sua mão dentro dela.

— Isso é incrível! – A jovem se animou. – Posso tentar?

— Fique à vontade, senhorita Amelin.

Amelin estava curiosa para testar a mágica da sacola, então, pensou em uma torta de morangos e em talheres para comer a torta. Enfiou a sua mão delicada dentro da sacola e retirou de lá a torta que havia pensado, em um prato, com um garfo e uma faca! Ela arregalou seus olhos de surpresa e comeu a torta, fascinada. Seus olhos até brilharam. Amelin a devorou, seus lábios estavam sujos de calda de morango e ela pensou em guardanapos de papel. Mais uma vez, colocou suas mãos e retirou o objeto da sacola. Limpou seus lábios e sentiu-se satisfeita. Nunca havia comido uma torta de morango tão boa quanto aquela.

O tempo estava escurecendo com rapidez, o sol estava quase se pondo e a noite logo chegaria. Félix acelerou os cavalos, pois eles precisavam chegar o mais rápido possível em Kingston. Era muito perigoso viajar à noite e ele sabia bem que estavam correndo riscos. Sabia que existiam boatos sobre a volta da princesa em Hammerlock, o que se tornava ainda mais perigoso. Se alguém que estivesse ao lado do lorde das sombras soubesse, certamente viria atrás deles.

Os cavalos estavam sendo guiados para fora da área urbana, para seguirem em direção à autoestrada de Michigan. Uma suave neblina dispersava na paisagem deixando-a mais sombria e gélida. O vento ricocheteava o rosto de Félix, fazendo-o tremer de frio com as poucas roupas que o agasalhavam, portanto, ele procurou uma peça de roupa que lhe aquecesse mais e seguiu viagem.

No acostamento da estrada, rodeado por árvores de grande e médio porte, uma carruagem de madeira estava parada, sem ninguém ao redor. Félix ficou desconfiado, mas decidiu parar a carruagem real para ver o que havia acontecido. Ele ordenou para que Amelin permanecesse dentro da carruagem, escondida. A jovem assentira com a cabeça, encolhendo-se no banco de trás.

De repente, não se soube exatamente de qual direção, uma figura masculina surgira com leves roupas de couro curtido, que lhe protegiam o torço e as pernas, deixando apenas os braços expostos. Estes por sua vez, estavam cobertos com faixas simples de pano, provavelmente para que ele tivesse agilidade para usar as adagas que carregava no cinto em seu peito. Sua cabeça, coberta por um capuz, revelara um rosto quadrado e exibia uma barba não muito cheia, que preenchia apenas a parte do seu queixo, dava um ar de malandragem ao sorriso que ostentava ao ver que sua emboscada dera certo. Ele habilmente girou a adaga que retirara do cinto e segurava na mão, mostrando sua habilidade com tal arma, e na mesma velocidade que a rodou, ele a lançou mirando na direção de Amelin, que se encontrava escondida na carruagem desesperada e sem entender nada.

Félix percebera que caíra em uma armadilha e que estava diante de um Ladino, colocando a vida de Amelin e a sua própria em risco. O ladino sabia da garota! Portanto, precisava defendê-la. Juntou suas mãos, formando um círculo de cristais e mirou na direção do ladino, lançando-o a alguns metros de distância. O corpo do ladino bateu em uma árvore, mas ele se recuperou com rapidez e ergueu-se, correndo na direção de Félix para atacá-lo. Félix, por sua vez, movimentou suas mãos com as palmas viradas para cima e as ergueu em um movimento que fez com que os cristais brotassem do solo e atingissem o corpo do inimigo, dilacerando sua pele com suas pontas agudas e afiadas. Os cristais o imobilizaram, prendendo seus pés no chão e, facilitando assim, o golpe final que Félix daria: pegou a adaga do ladino, presa na carruagem, e o atacou. Golpeou duas vezes seu abdômen, fazendo com que seu corpo pendesse para frente e despencasse para baixo, estirando-se no chão. Félix o golpeou mais uma vez, para ter a certeza de que ele não fosse atrás de Amelin novamente. Os cristais se dissiparam e Félix suspirou aliviado. A luta acabara, enfim. Eles podiam continuar com a viagem, em segurança.

Amelin observara toda a cena pela janela da carruagem. Estava assustada e tremia de medo, sabendo que estava correndo perigo. O único pensamento que lhe ocorreu era que aquele homem desejava machucá-la. Encolheu-se mais no banco onde estava, esperando Félix voltar. Ela acabara de presenciar uma luta seguida de morte! Félix acabara de matar o seu agressor para salvá-la. Isso era assustador demais.

Antes de continuar com a viagem, Félix precisava eliminar o corpo do ladino. Portanto, ele arrastou o seu corpo gélido até a carruagem de madeira e o jogou dentro dela. Amelin observava a cena ainda tremendo. Félix olhava em volta, claramente procurando algo para fazer fogo. Amelin sentiu aquela sensação intuitiva induzindo-a a pensar em como poderia ajudá-lo e imaginou mentalmente uma fogueira. De repente, ela sentiu um cheiro forte, que a fez lembrar-se do que havia acabado de pensar: fogo. O cheiro aumentou e uma fumaça se espalhou pela carruagem, fazendo-a perceber que sua mão havia formado uma chama. Assustada, lançou sua mão para fora da janela e a balançou, tentando apagá-lo. Entretanto, as chamas de sua mão atingiram a carruagem de madeira, onde o ladino se encontrava. A carruagem foi atingida em cheio pelas chamas de Amelin e Félix assustou-se. Seu coração estava acelerado e ele olhou na direção de Amelin, que estava muito mais assustada. Ela acabara de lançar chamas na direção da carruagem! Amelin conseguiu se acalmar quando as chamas em suas mãos se extinguiram. Seu corpo relaxou e seus olhos se fecharam.

Amelin desmaiara novamente.

       — Amelin? Amelin! – Félix estava sentado no banco de trás, sacudindo seu corpo. – Acorde, Amelin! Fale comigo, por favor! – Ele estava desesperado. Como ele poderia ter deixado a princesa desmaiar?! Ele precisava acordá-la o mais rápido possível.

— O que aconteceu, Félix? Eu desmaiei de novo?

— Sim, senhorita. Você está bem?

— Só estou me sentindo fraca.

— Coma alguma coisa, senhorita. Você está fraca porque usou seus poderes. Isso consumiu sua energia e a sua pressão caiu – Félix estendeu-lhe a sacola mágica e Amelin retirou de lá um pequeno pote com frutas diversas. Ela as comeu e sua fraqueza começou a diminuir. – Descanse, princesa. Você ainda está fraca. Coma mais e tome um copo de água. Acalme-se, você está apavorada – Félix notou que Amelin ainda tremia. – Assim que você acordar, estará se sentindo melhor.

Amelin seguiu as instruções de Félix e deitou-se na carruagem. Pediu para que ele lhe arranjasse uma coberta e voltou a dormir com mais tranquilidade. Félix continuou a conduzir os cavalos, acelerando-os para que eles conseguissem cruzar a fronteira com mais rapidez. A viagem seguiu tranquila, sem mais ataques. Félix não queria parar para descansar, pois ainda estava com muita adrenalina, por conta da batalha, em seu organismo. Estava sem sono e com pressa para chegar ao Canadá, então só parou para descansar quando notou que eles conseguiram atravessar a fronteira com êxito.

Félix parou para descansar emCambridge, Canadá. Eles estavam quase chegando em Toronto. De Toronto, elesviajariam direto para Kingston, levando aproximadamente duas horas e meia de viagem.          

Chegando em Kingston

       — Amelin, acorde. Estamos em Kingston.

— Já chegamos? – respondeu Amelin ainda sonolenta. Ela olhou em volta, percebendo que estava dentro de uma floresta. Havia árvores muito grandes ao seu redor e, dentre elas, conseguiu distinguir dois carvalhos, um de frente para o outro; alguns abetos e muitos pinheiros, sendo a espécie mais predominante.

— Sim. Está se sentindo melhor?

— Estou me sentindo muito melhor. Por quanto tempo eu dormi?

— Você dormiu por mais de seis horas. Fico mais aliviado sabendo que a senhorita está se sentindo melhor.

— Por que estamos em uma floresta?

— Porque estamos exatamente na frente do portal para Hammerlock. Está vendo aqueles dois carvalhos ali?

— Sim.

— Nós iremos atravessá-los – Félix pegou as rédeas dos cavalos e os conduziu para passarem precisamente no meio dos carvalhos. O portal se abriu e eles foram levados para Hammerlock. – Chegamos em Hammerlock, Amelin! Seja bem vinda ao seu verdadeiro reino!

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