Capítulo Oito

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Ao chegar em frente aos aposentos da rainha, Amelin hesitou por alguns instantes antes de bater na porta de madeira. A rainha Aurora pediu gentilmente para que entrasse. Assustou-se ao ver sua filha entrar pelo belo recinto.

— Amelin? O que faz aqui?

— Olá — respondeu ela, entrelaçando suas mãos, visivelmente nervosa. — Eu só vim conversar... Ou melhor, me desculpar pela forma como agi mais cedo. Sei que passei dos limites.

— Fico feliz por você ter humildade e reconhecer seu erro. São algumas das características essenciais para ser uma boa governante — ela emitiu um sorriso, e, o sol, escondido nas nuvens, voltou a brilhar com mais intensidade. A chuva quase inexistente foi suficiente para formar um arco-íris, pouco nítido, no céu. — Outras características importantes são não questionar demais e aprender a seguir regras. Com o tempo, você aprenderá essas habilidades, creio eu.

Amelin ficou, por alguns minutos, sem expressar alguma reação. Por fim, a rainha quebrou o silêncio:

— Também devo admitir que exagerei. Peço desculpas pela forma como lhe tratei. Eu não quero prendê-la aqui, mas não quero colocar sua vida em risco. Você não está preparada para sair do castelo sozinha. Você precisa aprender a se defender antes!

— O que você quer dizer com isso? — respondeu-lhe, já imaginando qual seria sua resposta.

— Você não sairá do castelo sozinha até estiver preparada.

— Seja mais específica, por favor!

—Você precisa começar seu treinamento, Amelin! Enquanto você não souber algumas técnicas de defesa pessoal, não terá autorização para sair sozinha do castelo. Só sairá se estiver acompanhada. Fui clara agora?

— O quê? — Amelin irritou-se, mas controlou suas emoções. Não queria discutir novamente com sua mãe. — Quer dizer, tudo bem, vossa Majestade.

A rainha ficou feliz por Amelin controlar seu senso crítico, assim tudo seria mais fácil e menos estressante para ambas.

— Fiquei sabendo que a senhorita gosta de ler. Essa informação procede? — questionou Aurora.

— Sim, senhora. Sempre gostei muito de livros.

— Ótimo saber disso! — disse-lhe, levantando de sua cama. — Tenho uma pequena surpresa para você.

— Para mim? — Animou-se.

— Sim, fique aí e não se mexa.

A rainha foi até o seu closet e pegou uma echarpe preta. Voltou para o aposento principal e pediu:

—Amelin, feche os olhos, por favor.

— Ah, para quê? — Revirou-os.

— Não questione, só obedeça! Não vou pedir de novo.

— Está bem... — respondeu contra a sua vontade.

Amelin fechou seus olhos e sentiu um objeto ser colocado em seu rosto. Sentiu seus cabelos serem puxados e assustou-se. Curiosa, abriu seus olhos mesmo sabendo que não deveria; observou a escuridão por um breve momento, percebendo que estava vendada. O pano em seus olhos não permitia que nenhuma luminosidade adentrasse. Fechou novamente seus olhos. Sentiu uma mão tocar em seu ombro e conduzi-la para fora daquele ambiente. Era uma sensação estranha e notou que estava apavorada. "Qual será a surpresa que a rainha está preparando? Será que eu não poderia estar de olhos abertos?", pensou ela. Suas mãos suavam e ela não estava aguentando ficar com os olhos vendados.

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