Drag Me Down ( Harry Styles F...

Von harrydesordeiro

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Harry Styles saiu de casa aos 15 anos, após o anúncio do divórcio de seus pais, algo que o deixou devastado... Mehr

Prólogo
Capítulo 1.
Capítulo 2.
Capítulo 3.
Capítulo 4.
Capítulo 5.
Capítulo 6.
Capítulo 7.
Capítulo 8.
Capítulo 9.
Capítulo 10.
Capítulo 11.
Capítulo 12.
Capítulo 13.
Capítulo 14.
Capítulo 15.
Atenção!!!
Capítulo 16.
Parte 2.
Capítulo 17.
Capítulo 18.
Capítulo 19.
Capítulo 20.
Capítulo 21.
Capítulo 23.
Capítulo 24.
Capítulo 25.
Últimos Avisos!!!!!!
Capítulo 26.
Capítulo 27.
Capítulo 28.
Parte 2.
Capítulo 29.
Capítulo 30.
Epílogo.
Agradecimentos!

Capítulo 22.

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Von harrydesordeiro

- Não vale, você roubou e descaradamente! - Emily ri e bagunça todas as cartas do baralho - você não tem vergonha?

- Eu não - levanto e me espreguiço.

- Seu feio, menino mau! - começo a rir.

- Eu sou bem mau, você nem imagina - dou uma pescadinha para ela e passo a mão no cabelo, depois de ter dançado para mim, resolvemos jogar baralho no quarto dela e eu trapaceei algumas vezes, só algumas.

- Depois disso preciso de um copo de água, seu trapaceiro! - Emily sai da cama e eu continuo rindo, me aproximo da mesa onde tem as fotos da família e vejo um anel, uma ideia vem na minha cabeça, pego o anel e enfio no bolso, provavelmente ela não vai sentir falta, vou devolver logo.

- Se você jogasse com o meu avô, ele cortaria suas mãos - Emily volta com um copo de água - ele não gosta de trapaça.

- Não? - me aproximo e pego o copo de água, que está na metade.

- Não - ela diz rindo.

- Quando eu jogar com ele, não vou trapacear - bebo um pouco de água.

- E comigo pode né? Seu espertinho! - coloco o copo na mesinha de cabeceira - e você ainda diz isso na minha cara, inacreditável.

- Vamos jogar outra partida, prometo não roubar - Emily cruza os braços, ela está a coisa mais adorável, ainda vestida de bailarina.

- Tá bom - ela diz.

[...]

Joguei duas partidas com Emily e deixei ela ganhar, eu poderia ter ganhado, meu jogo de cartas estava maravilhoso, mas deixei ela ganhar, mas acho que no final eu saí ganhando, um sorriso lindo, enquanto ela organizava as cartas. Saí de lá com o coração apertado, Emily ficaria sozinha e Ryan chegaria logo, comecei a pensar positivo, de que ele não faria nada com ela. Estaciono o carro na frente da joalheria onde já fiz algumas entregas, o dono, um homem alto, todo almofadinha e de cabelo lambido consegue disfarçar bem suas preferências, quando entro, ele está conversando com um casal, que parece já estar de saída, me aproximo do balcão e começo a olhar alguns anéis.

- Posso ajudar? - o cara de cabelo lambido pergunta, assim que o casal sai da joalheria.

- Pode, quero fazer uma encomenda, quero um anel, mas não quero algo simples, quero algo diferente, único, você faz?

- Claro, você fala como quer e eu desenho - o cara de cabelo lambido, do qual esqueci o nome, pega um caderno e um lápis - mas aviso, vai demorar para ficar pronto.

- Se você me entregar na segunda, eu pago o dobro - ele arregala os olhos - preciso desse anel com urgência.

- Bom eu...

- Tenho certeza que você vai dar um jeitinho cara - ele mexe na gravata - trouxe até a medida - tiro o anel que peguei emprestado da Emily e coloco no balcão de vidro - quero um anel de prata, não pode ser muito fino, porque quero que tenha tipo um trançado ao redor dele, com pedrinhas intercalando o trançado e no meio quero um diamante, em formato de coração - conforme vou falando, o cara de cabelo lambido vai rabiscando na folha e está exatamente do jeito que eu quero - quero coisa boa, nada de pedra vagabunda, certo?

- Claro, não se preocupe - ele retoca mais o desenho e me mostra.

- Perfeito - digo e sorrio - do jeitinho que eu quero. ”

Fiquei pensando tanto nesse anel, que até sonhei com ele, só que no meu sonho ele não tinha ficado bonito e não coube no dedo da Emily, fiquei tão nervoso que voltei na joalheria e fiz o cara de cabelo lambido engolir o anel, essa parte foi bem engraçada.

- Do que você está rindo?

- Oi? - olho para o lado e Emily fecha a porta do armário.

- Você estava rindo - ela diz - viu algo engraçado?

- Não, estava só lembrando do jogo de ontem - minto - foi engraçado.

- Não é engraçado trapacear Styles - adoro quando ela me chama pelo meu sobrenome, acho sensual demais - é feio.

- Vou te ensinar uns truques - pego a mão dela e caminhamos pelo corredor, na direção da sala.

- Até no jogo sou honesta, então não quero aulas de como ser trapaceira, obrigada - ela diz, num tom brincalhão.

- Nem no bingo de família você trapaceia?

- Não - ela ri - nunca fiz esse tipo de coisa na minha vida - entramos na sala, solto a mão dela e ela me olha.

- Vou colocar minha mochila no lugar, eu volto - sorrio, Emily vai para sua mesa e eu para a minha, coloco minha mochila em cima da cadeira - achou que eu ia fugir?

- Não, só estranhei você soltar minha mão, só isso - as bochechas dela ficam meio vermelhas.

- Se eu pudesse, não soltaria nunca a sua mão - chego perto dela - na verdade, se eu pudesse te prenderia a mim, para nunca ficar longe de você - pego suas mãos - toda vez que me despeço de você, me aperta o coração, Ryan não tentou nada não?

- Não, não tentou.

- Que bom - beijo sua testa.

- Você não vai conseguir me proteger para sempre.

- Eu vou, nem que eu tenha que te sequestrar, sumir com você daqui e ir morar no fim do mundo - Emily suspira.

- Às vezes o pego me olhando, como se estivesse planejando algo, onde vai me encurralar, como vai me pegar, fico muito assustada.

- Ele não vai te pegar, não vai, nunca mais vai tocar em você, nunca, eu não vou deixar, prometo - Emily me olha e sorri, meio sem vontade - como você falou para mim uma vez, se eu pudesse, te colocaria em um potinho e protegeria você de toda maldade do mundo, mas não dá para fazer isso.

- É, não dá - ela diz - o mundo não é cor-de-rosa, não é mesmo? - balanço a cabeça - você foi para a boate ontem? - Emily se afasta, solta minhas mãos e senta na cadeira.

- Não - pego a mochila dela, coloco no chão e me sento em cima da mesa.

- Não?

- Nate me ligou, avisando que eu não precisaria ir, acho que ele estava com alguma mulher, deu para ouvir - Nate ligou quando eu estava chegando no apartamento, só disse que eu não precisava ir para a boate, achei estranho, mas não questionei - parece que ele está adivinhando o que quero falar com ele, de hoje não passa.

- Cuidado tá? - Emily coloca a mão na minha perna - por favor.

- Pode deixar.

- E o que você ficou fazendo ontem?

- O texto que o professor pediu - esfrego as mãos.

- Você fez?

- Fiz.

Até agora não acredito que consegui fazer o texto, foram algumas horas de desespero, folhas amassadas, farelo de bolacha na minha calça de moletom, o lápis ficou só o cotoco.

- Me mostra? - Emily pergunta, sorridente.

- Não, nem sei se vou mostrar para o professor - passo a mão no cabelo.

- Por favor Harry, por favor!

- E nem adianta fazer beicinho - ela junta as mãos, olho para o relógio - o sinal vai tocar em três, dois, um - e toca, levanto num pulo da mesa, a sala começa a encher - falo com você depois - me abaixo, beijo a bochecha da minha menina bicuda e me afasto, rindo.

- Bom dia, bom dia - o professor Grey entra na sala, todo animado - vamos começar com os trabalhos? Vamos? - alguns resmungam - quero os cadernos aqui na minha mesa, estou ansioso para ler o que vocês escreveram - ele mexe no óculos - como hoje temos duas aulas seguidas, vou poder olhar com calma o que vocês escreveram.

Entregar meu caderno não foi fácil, senti alguns olhares sobre mim, mas me acalmei quando vi que Emily estava me olhando e fez sinal de joinha, algo engraçado e bonitinho. Fiquei fazendo círculos com a caneta preta na folha rabiscada do meu caderno, o professor olhava os cadernos um por um, quando ele pegou o meu, senti um calafrio, ele parecia chocado, surpreso, me olhou rapidamente, deve ter lido a observação que deixei no final do meu texto. Pedi que, se por acaso ele fosse ler para a sala toda, que não falasse o meu nome, conheço bem o professor Bryan Grey, quando ele lê algo de algum aluno, às vezes lê para sala inteira, ano passado ele ficou comovido com o texto de uma menina que escreveu sobre a morte de seu peixinho, que acidentalmente caiu na privada e o irmão mais velho dela mandou o coitado descarga abaixo.

Tive que escrever essa observação, porque me lembro da cara que a menina fez quando o professor falou o nome dela no final do texto. Vi também quando ele pegou o caderno da Emily, ela deve ter se saído bem, porque ele sorriu no final, antes de colocar o caderno de lado, ele também fez caretas engraçadas, tenho certeza que deve ter lido absurdos.

- Bom - o professor Grey ajeita o óculos - li coisas ótimas e fui pego de surpresa com um texto, quero ler para vocês - QUE NÃO SEJA O MEU, QUE NÃO SEJA O MEU, ele ajeita um caderno, não dá para ver se é o meu - vou começar, atenção por favor... Eu não sou poeta, não tenho pretensão de ser, não sou bom com as palavras, não sei me expressar, nunca soube - PUTA QUE PARIU PROFESSOR GREY, É MEU TEXTO SEU VIADO! - meus sentimentos ficaram guardados por muito tempo, eu os tranquei em uma caixa e escondi a chave, mas não escondi bem, porque você acabou encontrando essa chave e abriu a caixa, onde havia trancado meus sentimentos e acabei descobrindo que nela não estavam apenas os meus sentimentos, estavam também os meus sonhos, sonhos dos quais eu nem me lembrava mais.

POR QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO PROFESSOR GREY? EU VOU TE MATAR!

- Você pegou meus sentimentos e meus sonhos e me mostrou que não posso simplesmente trancá-los, só porque não fui capaz de suportar uma dor, você me mostrou que não devo desistir, só porque a decepção me derrubou - todo mundo está em silêncio, só se ouve a voz do professor - você me disse que vale a pena sonhar, independente do tamanho do sonho, disse que se eu quiser eu posso tocar as nuvens, que posso voar, você me mostrou que eu não devo ter medo, você disse que sou maior que ele, disse que ele não pode me vencer, você me mostrou que existem pessoas boas nesse mundo, que nem todo mundo tem um coração negro, você me mostrou que o seu coração é puro.

Finjo não estar prestando atenção, mas estou ouvindo tudo.

- Eu havia me fechado para todo tipo de sentimento, por sempre ter o coração partido, mas me permiti uma chance, porque você me disse que vale a pena amar, que vale a pena acreditar no amor - AH PROFESSOR GREY, O SENHOR ME PAGA, SEU DESGRAÇADO! - eu sei que vão segurar minha mão ao longo do caminho, na verdade, eu sei que é você quem vai estar comigo e irá segurar a minha mão.

Cochichos começam na sala, todos se perguntam de quem é o texto, continuo fingindo não prestar atenção.

- É muito bom, bom mesmo, parabéns Emily - OI? COMO É? - muito bom o texto - olho surpreso para o professor, ele sabe que o texto é meu - podem pegar seus cadernos.

A cambada se levanta ao mesmo tempo, coço a cabeça, tentando entender o que acabou de acontecer, me levanto e vou até a mesa do professor, Emily está lá, em pé, falando com ele.

- Mas não é meu - ouço ela falar baixinho, o sinal toca.

- Até semana que vem - o professor diz, aos poucos a sala começa a esvaziar - oi Harry.

- Oi professor - digo, ele me entrega meu caderno.

- Belo texto, parabéns.

- Então é seu? - Emily olha para mim, balanço a cabeça - sério?

- Sim, é meu.

- É a primeira vez que você entrega algo assim, estou orgulhoso de você - Emily pega minha mão - sei que você não queria se expor, por isso disse que o texto é da Emily, espero ver mais textos assim - o professor se levanta - o seu texto está muito bom também Emily, o seu e o do Harry foram os melhores que li hoje, parabéns para os dois.

[...]

Depois de todos os elogios do professor Grey - elogios que me deixaram bem sem graça - foi a vez da Emily me cobrir de elogios e de beijos antes de irmos para a próxima aula. Ela leu meu texto duas vezes e leu para o John na hora do almoço, ela parecia uma mãe orgulhosa do filho, que tirou dez na prova de Matemática, ela era só orgulho e sorrisos.

- Disse que se eu quiser, eu posso tocar as nuvens, que posso voar, essa parte é tão bonitinha - Emily diz, já perdi a conta de quantas vezes ela já leu meu texto - e o final também, eu sei que é você quem vai estar comigo e vai segurar a minha mão - ela fecha o caderno e o abraça - é lindo! - estamos a caminho da aula de balé dela - estou tão orgulhosa de você, tipo muito, muito mesmo.

- Até eu estou orgulhoso de mim - rio e viro a rua - mas só consegui por sua causa.

- Minha causa?

- Você foi minha inspiração - estaciono o carro, vejo algumas meninas do outro lado da rua, subindo a escada da entrada da escola - pensei em você o tempo todo Emily, olhava as suas fotos no meu celular, lembrava das nossas conversas e escrevia, não foi fácil, eu não sou bom com essas coisas, mas você me inspirou - tiro o cinto.

- Ai Harry, nossa, nem sei o que dizer, assim que o professor começou a ler o texto - ela diz - me perguntei de quem poderia ser e a surpresa foi bem grande, não imaginei que você pudesse escrever algo tão bonito.

- Nem eu - passo a mão em sua bochecha - obrigado.

- Pelo quê? - ela ri - nem fiz nada.

- Você fez, você faz, todos os dias, quando me olha, quando sorri, quando ri, quando me abraça, quando me beija - aproximo o rosto do dela.

- O que deu em você hoje? Está todo romântico - beijo sua bochecha, ela passa a mão no meu cabelo.

- É porque eu te amo - sussurro - amo muito.

- Eu também te amo - ela também sussurra - mas agora eu preciso ir - me afasto - tenho aula daqui a dez minutos, se você continuar falando essas coisas bonitas, vou acabar desistindo da aula.

- Se for para você matar aula eu posso continuar falando... Posso dizer que você é linda, que eu amo você, que gosto quando você sorri para mim, quando dá uma de tagarela, gosto do seu sotaque e gosto também quando você faz coisinhas gostosas para mim comer - rio - acho que gosto mais e eu... - Emily cobre minha boca com a mão.

- Pronto, acabou a magia, acabou o encanto - ela ri e me dá um empurrãozinho.

- Eu estava brincando bebê, você sabe.

- Eu sei, agora eu preciso ir, pega - ela me entrega o meu caderno e respira fundo.

- O que foi? - pergunto, ela parece meio tensa.

- Nada, eu...

- Está com medo? Acha que vão mexer com você? Falar alguma coisa? Quer que eu entre com você? Eu posso ir.

- Não precisa - Emily tira o cinto - vou ficar bem, você vem me buscar?

- Claro, vou precisar ficar um tempo com você antes de ir para a boate dar um ponto final no meu trabalho - suspiro - vou ter que ir atrás de um emprego de verdade - coloco meu caderno no banco de trás.

- Você vai conseguir, vou te ajudar, posso perguntar para o senhor Hebert se ele sabe de alguma coisa, você vai precisar de dinheiro? Tipo, você tem alguma reserva? Se você precisar de qualquer coisa, você pode falar comigo.

- Eu tenho dinheiro, isso não é um problema, eu sou controlado em relação a isso, não tenho muitos gastos, gastos absurdos - lembro dos quinze mil que gastei em uma única noite, com prostitutas, como eu era idiota - também tenho um bom dinheiro no banco se você quer saber, então quando nos casarmos vai ser com separação total de bens ok?

- Ah claro - rimos.

- Mas falando sério agora, obrigado, eu sei que posso contar com você, com sua ajuda, seu apoio, você é como um presente do céu Emily, Deus ainda gosta de mim, por isso mandou você para mim.

- Deus gosta de todos os seus filhos Harry, até daqueles que cometem travessuras - Emily aperta meu nariz - agora eu tenho mesmo que ir.

- Tá bom - ela sorri e abre a porta do carro, antes de sair me beija - boa aula - olho para o banco e vejo uma meia rosa, a escondo debaixo da minha mão.

- Obrigada - ela fecha a porta do carro e se afasta, atravessa a rua, com passos rápidos e some porta  dentro.

- Pronto, agora tenho uma desculpa para entrar lá - olho para a meia rosa - não é pequena meia? - enfio ela no bolso da jaqueta.

Saio do carro, olho meu celular, nada de mensagens ou ligações, enrolo mais um pouco, para dar tempo da aula começar. Dou uma olhada nos meus contatos e vejo o número de casa, o número da minha mãe e da minha irmã.

- Será que vocês sentem minha falta?

Depois que saí de casa, um mês depois mandei um mensagem para a minha irmã, salvei os contatos e mudei de número, foi preciso, para que elas não ficassem ligando. Já se passaram anos e nunca mais falei com elas.

- E se eu ligar? - penso e segundos depois já estou ligando para casa, torço para ninguém atender.

- Alô? - sinto um calafrio - alô? - é minha irmã - alô? Olha, eu sei que tem alguém na linha, estou ouvindo a respiração.

Encerro a ligação, desligo o celular e enfio ele no bolso, passo as mãos no rosto, estou suando, as mãos trêmulas e o coração agitado. Era a voz da minha irmã, era ela, anos sem ouvir a voz dela.

- Meu Deus! - apoio as mãos no carro, respiro fundo algumas vezes - era ela, minha irmã.

Lembranças começam a invadir minha cabeça, Gemma e eu correndo pela casa, pelo quintal, brigando pelo último biscoito de nata do pote de tampa amarela que ficava em cima da mesa da cozinha, das vezes que ela me ajudava com o dever de casa, quando segurava a minha mão ao atravessarmos a rua, o abraço apertado e seu cheiro de baunilha.

- Como será que você está agora? - me afasto e olho no espelho, estou pálido.

Passo as mãos no rosto novamente, respiro fundo e atravesso a rua, indo na direção da escola de balé, subo os degraus e passo pela porta preta. Na recepção tem vários quadros com bailarinas, com fotografias antigas e recentes, no canto tem uma mesa redonda e pequena, com um vaso, cheio de rosas brancas, que combinam com a cor da parede.

- Posso ajudar? - olho para o lado e uma moça, que parece ter a minha idade me olha, de cima a baixo.

- Pode, eu - me aproximo da mesa escura, onde a moça está, ela é bonita, traços delicados, cabelos claros e olhos verdes - minha namorada faz aula aqui e ela esqueceu isso no meu carro - tiro a meia do bolso - eu quero entregar, será que posso? Ela deve estar precisando - passo a mão no cabelo e dou um meio sorriso, se Emily me pegasse agora, acharia que estou paquerando essa moça, mas só estou tentando facilitar as coisas para mim.

- Como ela se chama?

- Emily, Emily Hilliard Tooley - digo, a moça, que se chama Charlotte, pelo menos é o que estão escrito em seu crachá, ela mexe no mouse e olha para a tela do computador.

- Hmm, certo - ela olha para mim - segue reto e sobe a escada, é a sala maior, com uma janela de vidro, comprida, fica perto do bebedouro, sala quatro.

- Obrigado... - finjo olhar para o crachá dela - Charlotte - sorrio e ela retribui o sorriso.

Sigo as instruções de Charlotte, por todos os cantos tem algo relacionado ao balé, quadros e bailarinas pintadas na parede. Subo a escada e logo avisto o corredor, algumas portas com placas numeradas, vou andando e vejo o bebedouro e logo a sala quatro, ouço uma música suave tocando e uma mulher falando alto, me aproximo devagar e chego perto da janela comprida, não muito, mas dou um passo para trás e fico na porta, olhando pelo pequeno quadrado de vidro, dá para ver a sala toda.

Várias meninas de rosa, me lembram a Peppa Pig, vejo quatro garotos, de malha preta, bem apertada, não é uma coisa bonita de se ver, a professora, uma mulher alta e bem magra, anda pela sala e parece estar nervosa, gesticula e aponta para Emily, que não está parecendo a Peppa Pig, está com uma malha preta e parece meio tensa, a professora aponta para um dos garotos, um alto, magricela e cabeçudo, ele olha de cara feia para Emily e fala alguma coisa para ela, que abaixa a cabeça.

Os dois se posicionam na sala, afastados, a professora dá instruções, esse deve ser o tal garoto que mexeu com ela. Ela esfrega as mãos, está nervosa, o garoto cabeçudo passa a mão no cabelo lambido, Emily começa a dançar na direção dele e quando ele vai levantá-la, não consegue, fala algo e faz cara feia para ela, algumas garotas dão risada, o garoto olha de novo para Emily e fala outra coisa e dessa vez consigo ler seus lábios, GORDA, ele acabou de chamá-la de gorda, ele pediu para perder os dentes, não me seguro e abro a porta.

- Gorda não! - a sala toda arregala os olhos assim que entro na sala, Emily também - quem você pensa que é para chamar minha namorada de gorda? Seu magricela cabeçudo! - vou até o tal garoto, mas alguém segura meu braço, a professora.

- Quem é você? Como ousa interromper a minha aula? - ela diz, a professora tem quase o meu tamanho, seus olhos são escuros, assim como o cabelo, tem um rosto severo e algumas rugas.

- É meu namorado - Emily diz e se aproxima, a professora solta meu braço - ele é meu namorado senhora Kowall - Emily olha para mim - o que você veio fazer aqui?

- Você esqueceu isso - balanço a meia para ela - vim entregar, achei que você fosse precisar - a professora aponta um controle para um rádio e a música para.

- Rapaz, você está atrapalhando a minha aula, agora faça o favor de se retirar.

- Não - ouço cochichos - não vou me retirar.

- Harry, por favor, você tem que ir - Emily diz e toca meu braço.

- É esse aí o garoto de quem você falou? - olho para o garoto magricela e cabeçudo - o que não foi gentil com você?

- Eu tenho nome ok? Me chamo Rick.

- Tá tá tá, que seja, não quero saber de você falando merda para minha namorada, ela é linda, gostosa e dança super bem - digo, a professora me fuzila com os olhos - se você não consegue levantá-la é porque é muito fraco, precisa malhar, com esses gravetos aí, você não levanta nem uma garrafa de refrigerante de dois litros, o problema não é com ela, mas com você, que em vez de ser gentil e passar confiança para ela, age com grosseria - olho para a professora - Emily sabe fazer esse passo, eu e ela já fizemos, na casa dela - desvio o olhar dela e olho para Emily - vamos mostrar para ela Emily, você e eu.

- Harry...

- Podemos professora?

- Sim, não tem outro jeito mesmo - ela revira os olhos e suspira, enfio a meia no bolso da jaqueta, a tiro e jogo para o magricela cabeçudo, o tal Rick.

- Segura e aprecie o show - sorrio para ele, que continua de cara feia.

As meninas cochicham entre si, com sorrisinhos e olhares em minha direção, não me incomodo e olho para Emily.

- Vai lá Emily, vamos mostrar o que você sabe fazer, abram mais espaço aí Peppas Pig - Emily, que tinha começado a andar, olha para trás, pronta para chamar minha atenção - desculpa, mas estão todas de rosa, parecem a Peppa Pig, ela é rosa, não estou chamando vocês de porcas não tá? É só...

- Comecem logo - a chata da professora diz e cruza os braços.

Os outros garotos se juntam ao resto das garotas, dou uma olhada na sala, é bem grande, parecida com o quarto de ensaio da Emily, espelhos, barras de ferro, um aparelho de som, em cima de uma mesa branca e comprida, cheia de papéis e um banco de madeira do lado. Emily se posiciona, mas não se mexe, olha para os lados, para baixo e nada, a professora está impaciente.

- Emily - digo e vou até ela - o que foi? - paro na frente dela.

- Não vou conseguir - ela diz baixinho - não com todo mundo me olhando.

- Emily - coloco as mãos em seu rosto - você vai conseguir, eu sei que vai, finge que estamos sozinhos, que não tem a bruxa, nem as Peppas Pig e nem os urubus - sussurro, ela dá uma risadinha - finge que estou pelado.

- Ai Deus! - as bochechas dela coram.

- Tudo bem, você nunca me viu pelado, esquece essa parte - rio - só imagina você e eu, vai dar tudo certo, confia em mim - beijo sua testa e me afasto - pode soltar a música aí professora, por favor.

A música começa a tocar, Emily respira fundo e começa a dançar, da mesma forma que fizemos na casa dela, só que dessa vez ela utiliza bem o espaço, porque a sala é maior, está linda e está mais calma, a professora já não está de cara feia, agora sorri, assim como quatro garotas, as mesmas que vi com Emily, na primeira vez que vim buscá-la, o magricela cabeçudo encostou na parede e a cara ainda está feia, pelo menos continua segurando a minha jaqueta. Emily dá um giro e para, respira fundo e com passos lentos, começa a vir em minha direção, sorrio, assim que ela se aproxima e a levanto pela cintura, demoro mais alguns segundos, só para o magricela aprender uma lição, deixo Emily deslizar pelos meus braços, mas mantenho as mãos firmes em sua cintura.

- Eu disse que você conseguiria - falo baixinho, ela está um pouco ofegante.

- Você é maluco - ela diz.

- Eu sou maluco por você minha linda bailarina - ela sorri - sou maluco por você.

[...]

De boca aberta, foi assim que todos naquela sala ficaram. Eu até ia abrir a minha boca para falar alguma coisa para o magricela cabeçudo, mas não falei, estragaria o momento da Emily, que recebeu elogios da professora e das quatro colegas, enquanto o resto a olhava de cara feia, incluindo o magricela cabeçudo. A professora prometeu falar com ele e pedir para ele ser mais gentil com Emily, porque tudo que Emily precisa é se sentir segura.

O resto da aula foi tranquila, me sentei no chão, perto da outra janela, assisti a aula, com os olhares do magricela cabeçudo, ele devolveu minha jaqueta e nem sequer pediu desculpas para Emily, armei um plano para pegar ele na saída, algo que não coloquei em ação, pois Emily brigaria comigo, de resto foi tranquilo, quer dizer, não tanto, devido a ligação que fiz.

- É sério, você viu a cara dele? - Emily ri - aquilo foi demais para ele - desde que chegamos no apartamento, Emily não parou de falar, veio o caminho inteiro falando da aula, do Rick, o magricela cabeçudo, a professora Joanna, que depois foi só sorrisos e elogios - a cara das outras garotas, você é maluco e... - ela para de falar - Harry? O que aconteceu? Estou falando faz tempo e você está tão calado - ela se afasta de mim e senta na cama - estou falando demais, eu sei.

- Não não, não é isso, adoro quando você solta essa língua - sorrio - é que fiz uma coisa, minutos antes de ir te ver.

- O que você fez? - Emily já fica alarmada.

- Liguei para minha casa - ela coloca a mão no peito.

- Sério? - balanço a cabeça - quem atendeu?

- Minha irmã.

- Deus do céu... Vocês conversaram?

- Não - suspiro - não consegui falar nada - me ajeito na cama, deitando de lado, dando as costas para Emily - assim que ela atendeu, senti um calafrio, travei, só fiquei ouvindo ela falar, depois encerrei a ligação, me deu uma coisa estranha, suor, tremedeira, meu coração bateu tão forte - fecho os olhos, sinto a mão da Emily no meu ombro.

- Imagino o quanto foi difícil para você, faz anos que vocês não se falam - sua mão desliza devagar pelo meu braço, subindo e descendo - é muito ruim ficar longe das pessoas que amamos, digo por experiência própria, deixei minha família em Lenoir e sinto muita saudade deles, sei que não posso comparar a minha situação com a sua, porque o que aconteceu com você foi delicado e doloroso, mas... Como você se sente agora? - abro os olhos e me viro, para olhar para ela.

- Tenho vontade de chorar, me sinto triste, com saudade - ela passa a mão no meu cabelo - sinto muita falta delas, muito mesmo.

- Liga de novo Harry, dê esse passo.

- Ligar de novo?

- Sim - me levanto - liga, mas dessa vez fala, vou estar aqui com você, liga - olho para o meu celular, em cima da mesinha, perto do livro que a Emily me deu, junto com a toalhinha rosa, estico o braço e o pego, está desligado, precisei fazer isso, talvez minha irmã pudesse retornar a ligação - eu vou ficar do seu lado.

Emily coloca a mão no meu joelho, ligo o celular, já sinto minhas mãos começarem a soar, assim que o celular liga, vejo as ligações perdidas, minha irmã ligou sete vezes, sabia que ela ligaria, ligo e começa a chamar, coloco no viva-voz, para que Emily possa escutar.

- Alô? - é minha irmã, respiro fundo e digo:

- Gemma.

- Harry? É você? - ela diz - é você irmão?

- Sou eu - Gemma começa a chorar.

- Eu sabia que era você que tinha ligado, me dei conta assim que você desligou, oh meu Deus! - a voz dela está embargada - Harry eu sinto tanta saudade de você irmãozinho, aí Deus, preciso me sentar, minhas pernas estão tremendo, minhas mãos estão tremendo, eu estou tremendo!

- Então senta logo - sinto um nó na garganta, Emily pega minha mão, seus olhos estão marejados - já sentou?

- Já já, me sentei - ela diz - é você mesmo Harry?

- Sou eu Gemma, seu irmão, aquele que você ajudava com o dever de casa, com quem você brigava pelo último biscoito de nata do pote de tampa amarela, o que ficava na mesa da cozinha, você continua usando shampoo de baunilha? - sinto até o cheiro, é o mesmo que a Emily usa.

- Continuo - ela ri - você lembra - ela funga - irmãozinho, como você está? Onde você está?

- Eu estou bem, estou morando em Liverpool, mamãe... Ela está aí? - pergunto, aperto a mão da Emily.

- Não, ela não chegou do trabalho, daqui a pouco ela chega, vai ficar tão feliz quando eu contar que você ligou, vem para casa Harry, moramos no mesmo lugar, volta, nem que seja para uma visita, por favor, sentimos saudades, todos nós sentimos... - fecho os olhos, não quero chorar, apesar da vontade que estou sentindo - mamãe sente sua falta Harry, ela sofre tanto... Papai, ele...

- Não fala desse homem, não quero saber dele - digo, meio ríspido - desculpa, não quis falar assim, mas não quero falar dele - as bochechas da Emily estão molhadas, beijo sua mão.

- Tudo bem, não tem problema - Gemma sempre foi muito gentil, muito doce, nunca brigou comigo nas poucas vezes que fui meio rude com ela - mas pensa com carinho, vem nos visitar, vem amanhã, vem passar o final de semana aqui, na sua casa.

- Não sei, eu não sei, tenho coisas para fazer.

- Por favor - Gemma suplica, Emily diz aceita ”  bem baixinho - Harry, por favor.

- Tá bom, vou ver se apareço aí, mas não fala nada com a mamãe, não sei se vou mesmo, não é nada certo ok? - Gemma dá gritinhos, rio.

- Combinado, mas eu sei que você vai aparecer.

- Vou desligar, tenho coisas para fazer - minto.

- Tá bom, mas, liga mais vezes, eu posso... Te ligar?

- Pode sim, agora tchau, beijo, eu te amo - falo rápido, nem lembro quando foi a ultima vez que falei essas palavras para ela.

- Eu também te amo irmãozinho, eu te amo muito - encerro a ligação, deixo o celular escorregar da minha mão e cubro o rosto com as mãos.

- Ei - Emily sussurra - você conseguiu Harry - tiro as mãos do rosto e passo na calça, Emily chega mais perto e me envolve com seus braços - estou orgulhosa, muito - não consigo falar nada, minha garganta parece ter fechado - sua irmã foi tão doce com você, viu, ela sente saudade, quer te ver - ela passa a mão nas minhas costas - você vai fazer o que ela pediu? Vai fazer uma visita?

- Não sei se vou consegui - puxo Emily para mais perto de mim e a sento no meu colo.

- Lembra que eu disse uma vez que se você resolvesse ir ver sua mãe, eu iria com você? - só balanço a cabeça - se você quiser eu vou com você, eu disse que iria e que adoraria conhecer a sua mãe.

- Você iria mesmo? - olho para Emily - faria isso por mim?

- Claro Harry, eu só preciso falar com a minha mãe.

- Duvido que ela deixe você ir, Holmes Chapel não é perto - ela suspira e eu também.

- Vamos dar um jeito nisso, você é esperto e vai saber o que falar para a minha mãe.

- Porra, é coisa demais para um dia - Emily passa a mão no meu cabelo e desliza pelas minhas costas, sua mão está quente - eu não vou mentir para sua mãe, não vamos mentir, vamos falar a verdade, vou pedir para você ir comigo, podemos passar o final de semana lá, já que não temos aula na segunda - essa foi a melhor notícia do dia, segunda não vai ter aula, vão fazer uma manutenção nas salas, checar ar condicionado - você passaria o final de semana fora?

- Sim, é por você, então sim - Emily diz e me beija.

[...]

Dizem que falara verdade é uma coisa libertadora, e realmente é, senti isso duas vezes, quando contei toda a minha vida para Emily e três horas atrás, na conversa que tive com Michele. Assim que estacionei o carro do outro lado da rua, Michele estava chegando, a pé, as luzes da casa estavam acessas e o carro do Ryan estava estacionado, quando nos viu, Michele abriu um sorriso e notei de quem Emily herdou o sorriso caloroso. Michele foi muito simpática, apesar da aparência cansada, nos sentamos no sofá e ela fez questão de conversarmos, mesmo depois de Emily ter falado para ela fazer as coisas dela, que poderíamos esperar.  Mas ela não quis, disse que tomaria banho e faria o jantar depois.

Ryan deu as caras e quando me viu, fez cara feia, mas beijou e abraçou Michele, logo depois subiu a escada. Esperei ele sumir e fui direto ao assunto, Michele acha que eu moro com um primo, que vim morar em Liverpool para estudar e que vejo minha família de quinze em quinze dias, disse que gostaria de levar Emily comigo, para apresentá-la para a minha família.

“ - Segunda não temos aula, pensei em mostrar Holmes Chapel para ela, apresentá-la para minha família - falo, com Emily apertando minha mão. ”

Eu estava nervoso, ainda mais nervoso do que na primeira vez que falei com Michele, mas ela estava calma e não ficou séria em nenhum momento, pelo contrário, foi só sorrisos o tempo todo, o que deixou Emily bem surpresa, ela olhava incrédula para a mãe o tempo todo.

“ - É claro que eu deixo, desde que vocês não durmam juntos - nessa parte Michele fica séria, mas depois sorri - o fato de você querer levar minha filha para conhecer sua família, mostra que você é um bom rapaz e que suas intenções com a minha filha são as melhores e logo quero um jantar com as famílias, talvez demore um pouquinho, mas quero fazer isso. ”

Michele me surpreendeu, achei que ela não fosse deixar, mas para a minha surpresa e para a surpresa da Emily, ela deixou, fez recomendações, depois que combinei a hora que passaria para pegar Emily, Michele fez perguntas sobre minha família, como é a minha relação com minha mãe, se eu me dou bem com a minha irmã, porque ela é os irmãos brigavam muito quando eram pequenos, falei sobre o divórcio dos meus pais e me surpreendi mais uma vez, pois Michele foi delicada e não fez perguntas sobre isso, ela é uma mulher incrível, entendo o porquê da Emily admirá-la tanto, ela é uma mulher cheia de qualidades e não merece o marido que tem.

- Tenho certeza que sua namorada não vai gostar disso - David diz, me servindo um pouquinho de uísque, bem pouquinho.

- Eu vou contar para ela depois - digo, estou na boate, esperando por Nate, hoje teremos a conversa definitiva - e eu não estou bebendo um copo cheio, são só dois dedos de uísque.

- Você está nervoso?

- Sim - bebo o uísque e passo a mão na boca - hoje vou dar um passo importante, amanhã darei outro passo - contei para David que vou ver minha família e ele ficou feliz por mim.

- Isso é bom para você cara, você está amadurecendo, é bonito de ver - rio, tem vezes que David age como se fosse meu pai, apesar de não ter filhos - não ria, estou falando sério - ele ri também - olha, se você precisar de qualquer coisa, conta comigo.

- Vou precisar de emprego, você pode me conseguir um? - pergunto.

- Você pode trabalhar aqui, mas acho que a Emily não vai gostar - é, ela não vai, penso - posso ver outra coisa, tenho contatos.

- Poxa, valeu mesmo, você é um grande amigo, você sempre foi legal comigo, pode deixar que quando eu ficar rico, vou lembrar de você - rimos, mas não dura muito.

- Harry - é Nate, me viro, ele está com dois brutamontes, seus seguranças, os apelidei de Tico e Teco, são altos, carrancudos e andam armados, até os dentes, apesar de não parecer.

- Oi Nate - digo.

- David, e aí, tudo bem? Tudo certo essa noite?

- Tudo certo - David diz, sinto uma certa tensão em sua voz.

- Ótimo, qualquer coisa que você precisar, me avisa - Nate passa a mão no cabelo - então Harry, vamos conversar? Estou curioso para saber o que você tanto quer falar comigo.

David nos deixou usar o escritório, Tico e Teco estão do lado de fora, Nate e eu estamos de frente um para o outro, respiro fundo e começo.

- Acredito que você deve imaginar o assunto, você pode dizer que não faz ideia do que seja, mas você é esperto, sei que sabe.

- Não, não sei, você quer aumento de salário? - ele ironiza.

- Vou parar de trabalhar para você Nate - digo de vez, mas ele não parece surpreso - sou grato por todas as coisas que você fez por mim, você me estendeu a mão quando precisei, mas já faz algum tempo que estou pensando em largar a vida que levo - paro de falar.

- Continua - ele diz, calmo.

- Nunca pensei em mexer com isso, nunca pensei que faria as coisas que fiz, me drogar, beber, torrar dinheiro com prostitutas, não vou dizer que me arrependo, fiz porque quis - passo as mãos no rosto - mas muita coisa aconteceu e sinto que preciso deixar isso para trás e recomeçar do zero.

- É por causa da Emily, não é? Ai mulheres, elas mexem com nossas cabeças, nos enlouquecem - Nate sorri, não gosto da forma como sorri - Emily é a razão para você querer largar tudo? - balanço a cabeça - você tem certeza do que quer? Você ganha muito dinheiro Harry e pode ter a mulher que quiser, nada contra a Emily, ela é linda, atraente, talvez só muito menininha para você, já vi as mulheres que você pegou, será que vale a pena largar tudo o que você já conquistou?

- Eu não conquistei nada Nate, não o que sonhei.

- Você quer voltar a ter a vidinha que você tinha antes? É isso?

- Não posso voltar a ter o que eu tinha antes, tudo que eu quero é recomeçar, por mim, pela Emily - Nate esfrega as mãos - eu sou grato pela ajuda que você me deu, você fez muito por mim, sei reconhecer isso - faço uma pausa, Nate não diz nada, então continuo - se você quiser, devolvo todo o dinheiro que ganhei, não me importo, posso desocupar o apartamento, arrumo outro lugar para morar.

- Você ganhou o dinheiro com o seu trabalho, é seu, agora, sobre o apartamento - Nate diz - bom, está no seu nome, então é seu, você deve ter um bom dinheiro e pode bancar e por falar nisso, como você vai se sustentar? Você pode ter um bom dinheiro, mas dinheiro não dura para sempre, você vai arrumar emprego?

- Sim, eu vou começar a ver isso segunda-feira - digo - não tenho experiência com nada, mas tenho vontade de aprender.

- Sabe, alguns dos caras com quem tenho negócios, os que você conhece, queriam tirar você de mim, porque você é um bom funcionário, discreto, fiel, sabe negociar, nunca vou esquecer aquele negócio que você fechou com aquele chinês, ganhamos um bom dinheiro, acredita que ainda nem mexi naquele dinheiro?

- Acredito, você não joga dinheiro fora - Nate ri - não foi difícil negociar com ele, ele estava disposto até a pagar mais, você poderia ter cobrado o valor que quisesse pelo caminhão com a carga de pó.

- Poderia, mas não quis abusar, ele ainda é um cliente fixo, acho que um dos mais fiéis, você vai fazer falta.

- Então você está me liberando?

- Sim, mas é aquele esquema, você não pode abrir a boca - concordo com ele - não posso te obrigar a continuar comigo, vou arrumar outro braço direito, mas se por acaso você quiser voltar, sempre terei um lugar para você.

- Você sabe que não vou abrir a boca e nem a Emily, já falamos sobre isso, agradeço, mas acho que isso não vai acontecer, mas é aquele ditado, nunca diga nunca.

- Te desejo boa sorte nesse seu novo rumo, você vai precisar - Nate estende a mão, nos cumprimentamos.

Foi tudo fácil demais, Nate está tranquilo demais, calmo demais, tudo demais, mas algo em seus olhos e em seu sorriso, me causam arrepios, parece o diabo disfarçado de anjo e que está sorrindo para mim.


[N/A] Hello meu povo lindo, maravilhoso e gostoso, como vocês estão? onde vocês moram está fazendo sol? gente, aqui onde moro está frio, chovendo, está uma coisa, EU QUERO SOL, PRECISO DE SOLLLLL!!! kkkkkk Bom, primeiro, quero pedir desculpas por não ter atualizado Drag Me Down, me atrapalhei um pouco com o final de Friends, alias, muito obrigada pelos votos e comentários, por terem acompanhado até o final ♥ Friends acabou sábado, está completinha, quem ainda não leu, dá uma passadinha no meu perfil, ela está lá. Voltando a Drag Me Down, bem, eu vou voltar a atualizar direitinho, estão me cobrando muito kkkk e bem, eu resolvi participar do #Wattys2016, estou muito nervosa, sou insegura com o que eu escrevo, eu pensei em dar uma parada na fanfic, para poder olhar de novo os capítulos, mas acho que não vai ser necessário fazer isso, eu vou poder ajeitar de novo os capítulos e ir postando normalmente, espero que vocês me apoiem nisso kkkk AHHHHHHHH, É CLARO QUE VOU AGRADECER NÉ? 4K DE VISUALIZAÇÕESSSSSSSS AMORESSSSSSSS, MUITO OBRIGADA, VOCÊS SÃO OS MELHORESSSSSSSSSSS E EU AMO CADA UM DE VOCÊSSSSS ♥ o apoio e o carinho que tenho recebido de vocês, é fundamental, muito obrigada por tudo. Sobre a segunda temporada, já tenho 14 capítulos prontos, AHHHHH MAYARA SUA VACA, VOCÊ QUER NOS MATAR????? talvez........ kkkkk só de curiosidade kkkkkk e muito obrigada anaceciliaf e Thay_singer1D por terem me mandado musicas no pv, vocês são uns amores ♥ Outra coisinha que vou compartilhar aqui e que alguns já sabem, é a minha nova fanfic, Hey Angel.

Socorro, ficou enorme aqui kkkkkkk já postei um aviso e o prólogo, é diferente do que escrevo, estou me arriscando nessa fanfic, espero que vocês gostem, quem puder, dá uma olhadinha lá. All The Love ♥

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